- 30/06/2025
Fábio Rabin é um ator, humorista de stand-up comedy, apresentador e ex-VJ da MTV Brasil. Em 2018 lançou seu terceiro DVD, fazendo shows Stand Up por todo o Brasil e por outros países do mundo. Fábio é de origem judaica, e torcedor do São Paulo.
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NotíciasTranscrição
00:00:00De conversa boa, todo mundo quer participar. O Antagonista também.
00:00:07Nossa equipe recebe convidados especiais para um bate-papo leve e divertido sobre as experiências de cada um.
00:00:15Podcast O.A. Conversa boa de ver e ouvir.
00:00:20Salve, salve. Eu sou Felipe Moura Brasil. Sejam bem-vindos a mais um episódio do Podcast O.A.
00:00:24Toda segunda-feira, às 19h30, no canal de YouTube de O Antagonista, um episódio novo dessa conversa com um convidado presencial aqui no estúdio de O Antagonista em São Paulo
00:00:34para falar da sua trajetória, dos seus posicionamentos, das tendências na sua área de atuação e para a gente se descontrair também,
00:00:41para a gente se divertir, principalmente nesse episódio. Olha só quem está na área.
00:00:46Depois de vários episódios de conversas muito profundas, muito sérias, a gente precisava trazer mais uma vez um comediante,
00:00:53Fábio Rabin, essa figura raríssima. Seja bem-vindo.
00:00:57Saúde. Saúde só com cafezinho. Feliz 2025.
00:01:02Feliz 2025, grande Rabin.
00:01:04Muito obrigado aí pelo convite. É sempre um prazer estar aqui contigo, viu?
00:01:09O prazer é meu. Já fui a show do Rabin. Recomendo muito.
00:01:12Assistam também ao canal de YouTube dele. Sigam no Instagram, porque a gente se diverte horrores com o Fábio Rabin.
00:01:19Há muito tempo, já fizemos algumas lives aqui.
00:01:21Eu quero logo de cara pedir desculpa.
00:01:24E volta e meia, eu cito você, inclusive, nos programas jornalísticos e tal.
00:01:27Sério mesmo? Eu já ouvi falar, é verdade.
00:01:29Eu cito principalmente aquela que você faz, como seria o rap na Suíça.
00:01:33O rap na Suíça.
00:01:34O rap é uma música de protesta, aí você fala que o Brasil é uma bosta, então tudo casa.
00:01:39Imagina fazer o rap na Suíça. Faz aí o rap na Suíça.
00:01:41Rap na Suíça não tem como, porque a Suíça é perfeito, né?
00:01:44Aí ia ser mais ou menos assim, aqui tá tudo bem.
00:01:49Eu ganho bem.
00:01:51Minha mina é um tesão.
00:01:53E a sua também.
00:01:55Logo mais eu vou comer o chocolate melhor do mundo.
00:01:59Tá aí o Rabin locutando teatros em todo o Brasil.
00:02:02Rabin, outro dia você lembrou a sua participação no Jô Soares.
00:02:05Sim.
00:02:06E aí você contou a história que você roubou um hippie.
00:02:09Isso é verdade.
00:02:10E eu acho muito engraçado, tem uma coisa em comum entre algumas histórias que você conta,
00:02:13que eu compro o seu trabalho e sei, você faz piada com a sua mãe.
00:02:16Sim.
00:02:16Principalmente do tempo que vocês moravam juntos, que você morava na casa,
00:02:19espero que você já tenha saído de lá.
00:02:21Já saí.
00:02:22É que é fazer o que eles nunca se mudavam, né, mano?
00:02:26A casa é minha, isso não vem ao caso.
00:02:29E aí a sua mãe se preocupa de você ter virado um hippie.
00:02:33E você fala, não, você roubou um hippie.
00:02:37É, isso faz parte.
00:02:37Tem outro de cocaína também.
00:02:38Sim, sim.
00:02:39A sua mãe preocupada de você sair agasalhado.
00:02:42Lembra aí.
00:02:42Tem várias.
00:02:44Na verdade eu sempre fui um boêmio, né?
00:02:47Eu sempre fui um cara boêmio.
00:02:49Então era meio problemático, assim.
00:02:51Eu me metia em umas roubadas, assim.
00:02:53E numa dessas eu acabei indo numa balada aqui pertinho, né?
00:02:58A gente tá aqui na região de São Paulo, perto da Augusta, aqui na Paulista.
00:03:02E aí eu fui ali na Augusta, descendo.
00:03:06Mas no sentido, pessoas do bem eu falo, né?
00:03:09Sem ser...
00:03:10História verídica.
00:03:11História verídica.
00:03:11Pudir nada, um pouquinho.
00:03:13Não, verdade.
00:03:14100% verdade.
00:03:16E aí, cara, eu tava meio louco naquela época, né?
00:03:20Hoje em dia dá até KD.
00:03:22Mas eu tava meio chapado, dirigindo.
00:03:23Não é legal, não faço mais isso.
00:03:25Mas enfim, não tinha blitz.
00:03:27E aí, no meio do caminho, cara, o cara pediu uma carona pra mim.
00:03:32Falou, mano, me dá uma carona.
00:03:33E era um hippie.
00:03:36E aí eu falei, porra...
00:03:37Lógico, né, mano?
00:03:40Aí eu dei uma carona pro hippie.
00:03:42O que é errado, né?
00:03:43Que você não deve confiar estranhos.
00:03:45A prova disse que eu roubei o cara.
00:03:47Porque o que que é que você...
00:03:49É, no meio do caminho, o cara falou, mano, para aí pra eu pegar umas paradas, não sei o quê.
00:03:54Aí ele parou num beco e ele foi pegar algumas coisas.
00:03:58E aí eu fiquei com medo.
00:03:59Aí é aquele minuto que você fica sozinho e você fala, mano, o que que eu tô fazendo da minha vida?
00:04:03Esse cara vai voltar com o quê pro meu carro?
00:04:05É, então, o cara vai voltar com droga ou ele vai voltar com um amigo, com uma arma, alguma coisa.
00:04:10Aí eu falei, mano, eu vou deixar esse maluco aqui e vou embora.
00:04:12Aí eu fugi e fui pra casa.
00:04:14Só que eu cheguei na garagem e eu tava com as miçangas do cara.
00:04:19Aquele painelzinho com os produtos pendurados que ele expõe.
00:04:22Brinco, pulseira, tudo.
00:04:23É, e no outro dia meu pai ia usar o carro.
00:04:26Aí eu peguei o painel e levei pro meu quarto, né?
00:04:30Deixei do lado da minha cama.
00:04:32Aí minha mãe abriu a porta pra me acordar, aquele cheiro de cachaça, né?
00:04:36Abriu a porta e falou, puta que pariu, o que que é isso, cara?
00:04:39Você virou um hippie.
00:04:40Eu falei, não, mãe, relaxa, eu não virei um hippie, eu roubei um hippie.
00:04:44Eu não sou um hippie, eu sou um ladrão.
00:04:46Ela falou, ah, bom, graças a Deus.
00:04:47Tem a história do agasalho, vai sair agasalhado.
00:04:52Mas eu lembrei de uma outra, muito triste.
00:04:55Não era pra contar isso aqui, mas tudo bem.
00:04:56Não, pode contar.
00:04:57É porque, ó, primeiro desculpa a minha voz aí, pessoal, que eu tô meio gripado.
00:05:02Aí eu tô falando, parece que eu sou um alienígena, né?
00:05:04Que tem um rabinho, tá dentro do meu peito.
00:05:06É, a rabinha tava aquecendo a voz antes de começar o programa.
00:05:08É, eu tô um pouco resfriado.
00:05:10Há três semanas eu tô resfriado.
00:05:11A gente vai falar aí, fica pegando onda na hora errada, né, Nils?
00:05:14E aí, cara, esses...
00:05:16Eu sempre, tipo, às vezes fico louco, né?
00:05:19Ficava louco.
00:05:19E tem um momento de consciência.
00:05:21Sabe aquele momento de consciência?
00:05:23Não sei se você já...
00:05:25É, pra mim é o tempo todo, porque eu não bebo.
00:05:27Você nunca bebeu?
00:05:28Nunca bebeu?
00:05:29Não.
00:05:29Às vezes, quando você bebe, você tá fazendo uma merda.
00:05:32Só que no meio do caminho...
00:05:34Não, no meio do caminho você tem um minuto de consciência.
00:05:37Você volta e fala, opa, peraí, o que eu tô fazendo?
00:05:39Aí você decide se você vai continuar fazendo merda ou não.
00:05:44É isso.
00:05:44Momento importante.
00:05:45Às vezes você tem essa consciência.
00:05:47No meu caso, ela às vezes acontece.
00:05:49Então, teve uma vez que eu acho que eu tinha uns 18 anos, cara.
00:05:53Mais ou menos.
00:05:54E eu tava num puteiro.
00:05:56Aqui na...
00:05:57Nesses aqui da...
00:05:58Bem chinelo, assim.
00:06:00E aí, cara, eu entrei, mas eu entrei numa de...
00:06:03Eu não era, tipo, sabe?
00:06:04Eu entrei pra tomar uma cerveja.
00:06:06Tipo, era três cervejas, 10 reais.
00:06:07Mas como é que é aquele negócio?
00:06:08É, tava passando ali.
00:06:09O cara, três cervejas, 10 reais.
00:06:10Eu falei, vamos aí, porra.
00:06:12Tava loucão.
00:06:13Entrei e comecei a tomar.
00:06:14Tomei três cervejas.
00:06:15Vi que era ruim, né?
00:06:17E aí, cara, eu tinha uma sauna, esse puteiro.
00:06:21E aí saiu um cara de toalha, assim.
00:06:23Um trabalhador.
00:06:24Uma cara sofrida, assim.
00:06:26Um cara saiu da sauna, assim.
00:06:27E aí eu me compadeci desse cara, sabe?
00:06:30Eu falei, cara...
00:06:31Ficou com dó.
00:06:32O que você tá fazendo, né, mano?
00:06:33Da sua vida aí, né, cara?
00:06:35Aí o cara, pô, eu tô...
00:06:37Sei lá, eu tô aqui, né?
00:06:39Vivendo o momento e tal, né?
00:06:41Aí eu falei, meu irmão.
00:06:42Acabou essa sua tristeza.
00:06:44Esse lugar é ruim.
00:06:45As meninas que estão aqui são ruins.
00:06:47Eu vou te levar pra um lugar que você vai gostar pra caramba.
00:06:51Você vai ficar muito feliz.
00:06:52Aí o cara até se animou, assim, né, mano?
00:06:54Eu falei, bota uma roupa.
00:06:55Aí o cara foi, voltou pra dentro, assim, pra se trocar.
00:06:58Aí eu me arrependi.
00:06:59Aí eu vejo a consciência e falei, o que eu tô fazendo?
00:07:02Aí eu fui embora.
00:07:03Aí o cara...
00:07:04Prometeu pra ele?
00:07:04Prometi.
00:07:05Aí o cara deve ter voltado, assim, vestido.
00:07:07Falei, pô, que merda, cara.
00:07:09Vou voltar pra sauna.
00:07:11Ô, Rabinho, já que você falou dos seus hábitos etílicos...
00:07:13Nada a ver, nada a ver.
00:07:14E você ironiza o Lula em relação a isso, mas eu não quero politizar aqui a nossa conversa.
00:07:19Agora, você não teve esse momento no Catar.
00:07:21Esse momento de...
00:07:23Será que eu tô fazendo alguma coisa errada?
00:07:26Melhor eu parar por aqui.
00:07:28Lá você foi ladeira abaixo.
00:07:30Você ainda aguenta falar sobre isso?
00:07:31Porque você já falou bastante sobre isso.
00:07:33Eu falo bastante.
00:07:34Não, mas não tem problema, não.
00:07:35Ali foi um episódio...
00:07:36Um episódio marcante, diria assim, na minha vida, né?
00:07:40E, mano...
00:07:42Exagerei.
00:07:43Fiquei muito feliz na Copa, num país absolutamente restrito.
00:07:48E fiquei muito louco, né, cara?
00:07:49E nesse contexto, a hora que eu fui tirar uma onda com o policial, ele me botou numa salinha.
00:07:56E a hora que eu sentei nessa salinha, eu dormi.
00:08:00Eu tava cansado.
00:08:01A hora que eu acordei que foi a merda.
00:08:03Porque eu acordei e sim...
00:08:04Acordou preso.
00:08:05Me deu um branco.
00:08:05Eu não sabia que...
00:08:06Não, eu tava tipo numa salinha de...
00:08:08Uma tenda de louco, né?
00:08:10Que ficava no jogo.
00:08:11Até passar o jogo e eu me soltar.
00:08:13Só que eu me vi cercado por uns caras meio armados, falando árabe.
00:08:18E ninguém falava inglês comigo.
00:08:20E aí eu...
00:08:21Eu, como eu tava chapado...
00:08:23Você tinha sido sequestrado pelo Hamas.
00:08:24Exatamente.
00:08:24Eu achei que eu tinha sido sequestrado por uma organização terrorista.
00:08:28E aí eu consegui pegar meu celular e fiz uma live, cara, pra escapar.
00:08:32Porque eu pensei...
00:08:33Porra, vai que tem alguém aqui de botar fogo pra me salvar, sei lá.
00:08:36Você produziu prova contra si próprio.
00:08:38Exatamente.
00:08:39E a gente filmou.
00:08:40Você que filmou.
00:08:40Não, fui eu mesmo.
00:08:41Foi eu mesmo.
00:08:41Chorando, desesperado, pedindo socorro.
00:08:43E aí me deu um ataque de pânico, né?
00:08:45Foi isso.
00:08:46Bebaço.
00:08:47Com várias chicletes de nicotina na boca e viralizei planeta fora.
00:08:51Planeta inteiro.
00:08:52O problema maior não foi nem ter viralizado.
00:08:54Foi ter chegado na minha esposa.
00:08:55Isso que foi a merda.
00:08:56E aí?
00:08:57Aí, cara, acabou, né?
00:08:59O bagulho.
00:08:59Porque eu enfrento consequências até hoje.
00:09:03Mas você conseguiu tomar um porre depois disso?
00:09:05Não, consegui já tomar vários.
00:09:07Um pouco mais restrito, né?
00:09:08Mais discreto.
00:09:09Ainda segura a onda, né?
00:09:10Na verdade, tem segredos ainda sobre o Qatar que vão ser revelados futuramente.
00:09:15Eu tô esperando um momento oportuno.
00:09:17Você também faz um monte de piada com a sua esposa.
00:09:19Ela ainda acha graça de você?
00:09:20Cara, eu faço piada com a minha esposa, com o Qatar.
00:09:24Com o Qatar eu fiz três anos de piada.
00:09:26Depois que passou, né?
00:09:28Três anos de piada.
00:09:29Eu fiz um show.
00:09:30Na verdade, eu ganhei 40 minutos de piada sobre isso.
00:09:33Obviamente, eu me arrependo.
00:09:34Não é uma coisa que eu tenho orgulho.
00:09:36Mas eu vou fazer o quê, né?
00:09:37Cara, eu sou comediante e eu tenho que rir da desgraça.
00:09:40Exatamente.
00:09:41Especialmente da minha.
00:09:42Esse episódio é muito ilustrativo de que qualquer coisa que aconteça na sua vida,
00:09:45e por mais errada que seja a sua conduta ou mais louca,
00:09:49ela acaba virando piada e você acaba se dando bem e capitalizando em cima.
00:09:53Na verdade, cara, você tem que assumir, né?
00:09:57Se você não morrer.
00:09:58Exatamente.
00:09:59Tem que tomar cuidado.
00:10:00As pessoas gostam da comédia stand-up porque a gente conta essas piadas que são histórias
00:10:08e que são histórias da nossa vida.
00:10:10Então, não é a piada do português, do estereótipo, da loira burra, da bichinha, do não sei o quê.
00:10:16Não, é a nossa vida.
00:10:18E, cara, esse episódio do Qatar, que foi uma merda pra mim,
00:10:22ele foi uma coisa muito ilustrativa no sentido de, mano, caralho, esse cara realmente aconteceu isso com ele.
00:10:29Então, quando eu conto a história do Qatar no meu show, era uma coisa muito forte.
00:10:34Eu chego a dizer que foi um dos textos que mais funcionou.
00:10:39E, ao mesmo tempo, eu sofria contando aquilo.
00:10:41Porque eu tive um ataque de pânico, entendeu?
00:10:44Eu não tava legal quando aconteceu.
00:10:46Mas, na outra semana, eu já tive que fazer o texto.
00:10:49Senão, mano, eu ia, sei lá, ia dar ruim pra mim.
00:10:52Você é comediante, não teve, assim, cancelamento de show porque, ah, esse cara aqui, não, vai pegar mal.
00:10:58Então, você não teve, ah, bota esse maluco aí, é mais história pra ele contar.
00:11:02Cara, na verdade, assim, todo ser humano, ele erra pra caramba, né?
00:11:06E eu, puta, esse foi um dos meus menores erros.
00:11:10Eu já fiz muito mais merda.
00:11:12Essa história é uma história pra ilustrar que realmente eu roubei um hippie, entendeu?
00:11:16Que realmente eu fiz essas coisas.
00:11:18E que, mano, eu, assim como 90% dos brasileiros, tenho que me cuidar na hora de tomar um goró,
00:11:23que realmente eu vou pra Nárnia, entendeu?
00:11:27Então, eu me controlo mais hoje em dia pra não voltar a fazer essas coisas, né?
00:11:31Aliás, recentemente...
00:11:32Eu tenho família.
00:11:33Graças a Deus, eu não fiz nada de errado, entendeu?
00:11:36Tipo, imagina, porque a merda...
00:11:38Você ficou com um susto.
00:11:39Cara, a merda foi o seguinte, eu tava doidão.
00:11:41Imagina se eu tenho algum tipo de preconceito, algum tipo de maldade dentro de mim,
00:11:45e aí eu falo aquilo numa entrevista, cara, alguma cagada, sabe assim, sei lá.
00:11:52Foda-se os indígenas, qualquer coisa, imagina.
00:11:55Desculpa, não é isso, inclusive, o cara vai usar de trend no bagulho.
00:11:58Só uma hipótese.
00:12:00Mas, vem cá, teve aquela polêmica no final de 2024,
00:12:04que foi da moça que se recusou a sair do lugar de um avião, na janela do avião,
00:12:08que a mãe reclamou e tal.
00:12:09E aí você fez piada, eu ri pra caramba a respeito disso,
00:12:11porque aquela moça ganhou 2 milhões de seguidores da noite pro dia.
00:12:16É um absurdo.
00:12:17E você trabalhou anos pra conseguir isso.
00:12:19Metade eu tenho.
00:12:20E aí você fala assim, já destratei um monte de criança.
00:12:23É isso aí.
00:12:25Já tratei criança mal pra cacete.
00:12:26Piada politicamente incorreta.
00:12:28É.
00:12:29Mas é verdade, já tratei um monte de criança mal,
00:12:31já dei rasteira em festinha de criança.
00:12:33Não deu nada.
00:12:34Criança correndo, você dá uma rasteira, cara, festinha de criança,
00:12:38quando a criança corre,
00:12:39você só dá o rapa aqui, mano.
00:12:41Não façam isso em casa.
00:12:42A criança dá 3 estrelas assim, mano.
00:12:45Porque é bom que quebra um braço, mas é rápido pra...
00:12:48Ele, quando é criança, o braço se regenera rápido.
00:12:52Que nem lagartixa.
00:12:53Você continua falando essas coisas, mesmo com toda a patrulha.
00:12:55Porque assim, até na sua entrevista no Jô,
00:12:58você tava falando que a sua mulher engravidou,
00:13:01e aí você ficou fazendo planos.
00:13:04Por exemplo, vou tacar ela da escada.
00:13:06E aí as pessoas riem e tal,
00:13:09mas não tem gente que fala,
00:13:10não pode falar isso.
00:13:12Sim, é porque tem maluco que joga da escada mesmo, né?
00:13:15Por isso que tem o goleiro Bruno,
00:13:16tem os caras desse tipo, né?
00:13:18Mas a gente não tem culpa, né, que tem esses caras.
00:13:21Eu, mano, sou mais maluco beleza,
00:13:23mas tem os malucos assassinos, né?
00:13:25Pra fazer o quê?
00:13:26Mas a piada, ela é uma surpresa.
00:13:29E muitas vezes a surpresa,
00:13:31ela tá ligada pro absurdo e pro incorreto.
00:13:34Então, assim, por isso que é muito engraçado
00:13:36você falar um absurdo desse.
00:13:39Que eu dou uma rasteira na criança.
00:13:40Obviamente, eu não dou uma rasteira na criança.
00:13:43A não ser que seja corinthianinho.
00:13:45Passando assim, entendeu?
00:13:47Enchendo o salto, tô brincando.
00:13:48Mas, tipo, mano, é engraçado você.
00:13:50É um absurdo você falar.
00:13:52Era São Paulino.
00:13:53Quando perguntaram pra ele da polêmica da escala 6x1,
00:13:56ele achou que fosse o placar.
00:13:57É, eu achei que era o Corinthians contra nós.
00:14:01Mas, inclusive, isso é uma coisa que eu falei.
00:14:03Que eu falei, hoje em dia,
00:14:04tá nessa polarização de merda.
00:14:06E eles ficam polarizando todos os assuntos,
00:14:09inclusive o 6x1, a escala 6x1.
00:14:11Que não tem nada a ver.
00:14:12Que, na minha opinião,
00:14:13você tem que trabalhar de acordo com a sua profissão.
00:14:19Então, por exemplo, eu, comediante,
00:14:20pode botar pra trabalhar todo dia.
00:14:22Porque, mano, não é nada demais.
00:14:24A gente fica uma hora e meia falando besteira.
00:14:26Pode botar pra trabalhar todo dia.
00:14:28É, trabalhar entre aspas, né?
00:14:29Trabalha todo dia.
00:14:29Agora, cirurgião.
00:14:31Cirurgião é melhor colocar 3x por semana, certo?
00:14:34Porque vai pegar um cara cansado.
00:14:36Você vai operar o joelho e você acorda com teta.
00:14:38Imagina.
00:14:38Você chegando com teta pra apresentar o antagonista aqui.
00:14:41Ia ser embaçado.
00:14:42Eu nem imaginava.
00:14:43É, ia aparecer o Cláudio.
00:14:45Mas, enfim.
00:14:46Ia ficar estranho.
00:14:47Ele tem um pouco, você já viu?
00:14:49Mas, enfim, deixa quieto.
00:14:50E, mano, não era pra ter falado isso aí.
00:14:52Fica à vontade.
00:14:54Agora, pedreiro.
00:14:55Pedreiro, mano.
00:14:56Todo dia tem que trabalhar.
00:14:58Porque se 5 dias os caras já não vêm, imagina se você bota 3, sua obra não fica pronta nunca, mano.
00:15:04Vai ser assim aqui em São Paulo também, né?
00:15:06O que?
00:15:07De obra?
00:15:07Aparece de obra, atrasa.
00:15:09Mas, não, eu não sei.
00:15:10Mas, em São Paulo, dá uma impressão pro Carioca de que é um lugar mais sério.
00:15:13Ah, não é.
00:15:15Assim, depende da equipe que você pega, né?
00:15:17A gente pegou uma equipe foda.
00:15:19Que, na verdade, não era culpa.
00:15:20Os pedreiros não tinham culpa de nada, né?
00:15:22Mas a galera que organizava lá que deu uma cagada pra nós.
00:15:26Mas a gente pegou depois uma equipe muito boa.
00:15:28Que eu vou até fazer uma propaganda.
00:15:31Uma crônus engenharia.
00:15:32Muito bom.
00:15:33Os caras resolveram minha obra.
00:15:34O cara vai cortado.
00:15:35Eu perguntei.
00:15:36Uma vez eu fui ao stand-up do Fábio Rabin.
00:15:39Na verdade, meus pais estavam aqui em São Paulo e vieram passar um fim de semana.
00:15:42Ah, é verdade.
00:15:43Aí eu vi que tinha show do Rabin.
00:15:45Aí eu chamei meus pais.
00:15:47Ah, vamos divertir, fazer uma coisa diferente.
00:15:49Meus pais não estão acostumados a ver stand-up, né?
00:15:51Não era um fenômeno na época deles.
00:15:53Falei, vou levar lá.
00:15:54Então, eu mandei uma mensagem pro Rabin.
00:15:55Falei que eu ia.
00:15:56E a gente foi.
00:15:59E aí, no meio do show, aliás, com o Maurício Meirelles, a gente até discute.
00:16:04Vocês chamam de show?
00:16:05Vocês chamam de espetáculo?
00:16:06Vocês chamam de stand-up?
00:16:07Qual é a palavra?
00:16:08É o show.
00:16:09No meio do show, o Rabin pergunta assim, quem é que tem 10 anos de casado na plateia?
00:16:14Aí umas pessoas levantam a mão.
00:16:17E 20?
00:16:17Aí outras levantam a mão.
00:16:19E 30?
00:16:20Aí começa a diminuir, né?
00:16:22E mais de 30 anos de casado e tal?
00:16:25Aí meu pai olhou assim.
00:16:29Levantou a mão.
00:16:30Aí o Rabin, vocês quantos anos e tal?
00:16:32E eram 48 anos de casado.
00:16:34Agora já são 51 já, por aí.
00:16:37Já fizeram bodas de ouro.
00:16:40Aí o Rabin começou a puxar a mão a papo e tal.
00:16:42Depois seguiu o show.
00:16:43Aí cada oportunidade ele fazia uma piada com os meus pais.
00:16:46Ele não viu que eu tava ali perto.
00:16:48Porque do palco, aquela luz e tal, é sempre difícil.
00:16:52E aí fez piada com os meus pais o show inteiro.
00:16:56Foi aquele gancho, né?
00:16:58Aquela piada de improviso que se faz com uma parte do público e depois se volta a ela o tempo todo, que é típico do stand-up.
00:17:04Aí acaba o show.
00:17:05O Rabin pega ali um papelzinho.
00:17:08Eu queria agradecer a presença na plateia de fulano, fulano, fulano.
00:17:11Ah, tem o Felipe Moura Brasil aí, jornalista que eu gosto, que eu admiro.
00:17:14Felipe, vem pra cá pro palco.
00:17:16Aí me chamou no palco.
00:17:17Cheguei lá no palco, ele me entregou o microfone e falei, ó.
00:17:21Meus pais são aqueles ali.
00:17:22Puta merda, eu lembro.
00:17:23Aí o Rabin é assim, ah, não, desculpa e tal.
00:17:27Cara, eu sempre dou dessa, bicho.
00:17:29Eu sempre dou dessa.
00:17:30É uma mira, eu não sei o que acontece.
00:17:33Teve a primeira vez que isso aconteceu, acho que foi no Comédia Ao Vivo, que a gente tava fazendo o show, o show de elenco.
00:17:41Tinha o Adnet no elenco, a Calabresa.
00:17:43Meu colega de faculdade.
00:17:45O Marcelo?
00:17:45Ai, que legal, mano.
00:17:46A gente fez algumas turmas juntos.
00:17:47Que legal, pô.
00:17:49Que eu descobri ele quando ele tava fazendo teatro de rua e eu levei e chamei ele pra fazer uma gravação em troca de um prato de comida.
00:17:57Mentira.
00:17:57Ele já era um talento naquela época.
00:17:59Ele é gigante, né, cara?
00:18:01Pô, ele cantando ali no Botafogo, eu fiquei mó emocionado.
00:18:03Mas ele fez Eu Tenho Que Resgatar, uma crônica minha antiga de 2004, que foi um sobro em Salvador, porque eu não bebo.
00:18:09Era uma crônica sobre o carnaval e aí ele fez em áudio a leitura interpretativa e era muito engraçado o Adnet fazendo aquilo.
00:18:18Ai, que da hora.
00:18:19E aí, então, a gente tava nesse show e aí, pô, a galera se apresentando e tal, daí eu subi e tinha uma notícia na época que era o Rubinho Barrichello foi contratado pela McLaren.
00:18:31E ainda tava naquele estigma de fazer piada que o Rubinho...
00:18:35Chega a atrasar.
00:18:35Era lerdo pra caralho, não sei o que, não sei o que lá.
00:18:38E aí eu fiz uma piada, falei, ah, não sei o que, porque, pô, o Rubinho foi, eu não sei se foi a McLaren, enfim, alguma, alguma, é, alguma, grupo de corrida.
00:18:47Não é grupo, como é que fala? Equipe, alguma equipe.
00:18:50Eu falei, pô, que não sei o que, o Rubinho foi chamado pela Ferrari, sei lá.
00:18:55Tipo, nossa, nada a ver, mano.
00:18:57É a mesma coisa que alguém contratar o Roberto Justus pra cantar.
00:19:01E aí, cara, o negócio explodiu assim.
00:19:05Aí eu falei, não, peraí.
00:19:06Tipo, essa piada é uma piada média.
00:19:09É uma piada que tem uma risada média, assim, não é pra ter isso tudo.
00:19:13Aí eu falei, gente, ele não tá aí, né?
00:19:16O cara tava na plateia, o Justus.
00:19:18O Justus foi bem o dia que ele foi.
00:19:20Que beleza.
00:19:21E ele tava muito querendo cantar, sabe?
00:19:23Foi na época que ele tava lançando o CD, não sei o que.
00:19:26E eu dei aquela puta destruída.
00:19:28E não subiu no palco pra cantar?
00:19:29Nossa, mano.
00:19:30Então eu sempre faço isso aí, cara.
00:19:33Direto.
00:19:34E as piadas com a tua filha?
00:19:35Quais foram as melhores piadas que você já fez com a sua filha?
00:19:37Cara, atualmente temos problemas com isso, porque ela tá pré-adolescente.
00:19:43Então eu tenho uma lista de piada que eu tô negociando pra conseguir fazer.
00:19:49Exatamente.
00:19:50Inclusive vídeos maravilhosos.
00:19:52Ela se regrota com você, não fala com você.
00:19:54É, agora ela já tem consciência do negócio, entendeu?
00:19:57Porque agora, tipo, ela já tem os amiguinhos que tem rede social.
00:20:03E aí pode chegar nela.
00:20:05Então agora é mais cauteloso, entendeu?
00:20:07Ela pode ser alvo de bullying por causa de uma piada do pai.
00:20:10Exatamente.
00:20:11E aí realmente é perigoso.
00:20:11E aí eu tô negociando.
00:20:13Mas eu tô escrevendo de qualquer jeito pra caramba.
00:20:15Mas tem várias piadas da minha filha.
00:20:17Acho que a saga, né, cara?
00:20:19A saga maior.
00:20:21Eu tentando fazer ela virar São Paulina, né?
00:20:24Que acho que é uma saga interminável.
00:20:27Porque eu tenho um sogro que ele quer fazer ela torcer pro Corinthians.
00:20:32E eu tento levar ela pro São Paulo.
00:20:35Só que a fase do São Paulo não ajuda muito.
00:20:37Não ajuda, é.
00:20:38E quando ajuda eu faço besteira.
00:20:39Então, por exemplo, depois teve essa final que a gente ganhou do Flamengo, da Copa do Brasil.
00:20:45Levei minha filha pro estádio, pro jogo.
00:20:47Só que é uma escolha meio estranha também, porque 70 mil pessoas, Morumbi, Fogos, entendeu?
00:20:55Não é um programa muito legal pra você levar uma menina, uma menininha de 10 anos.
00:20:59É pra você chamar ela.
00:21:00Pô, vamos sair, vamos no parque, não.
00:21:02Vamos pra Guerra da Ucrânia.
00:21:03Pra você dar uma volta.
00:21:05E aí eu peguei um camarotinho pra ela, pra ter, entendeu?
00:21:08Comer, pizzinha, não sei o que.
00:21:10Ver o jogo sentadinha, sem estresse.
00:21:13Mas no meio do caminho, como sou eu, o pai, falei, ah, vamos dar uma passada no esquenta
00:21:18da torcida independente.
00:21:20Porque pra ela sentir um pouco a torcida, entendeu?
00:21:23Aquele calorzinho.
00:21:24Aquele calor.
00:21:24E aí, cara, só que a hora que a gente desceu, a galera tava muito animada.
00:21:29Então era assim, cara, sem brincadeira.
00:21:303 mil caras sem camisa, suado, tomando uísque e cerveja e fumando muita maconha.
00:21:373 mil.
00:21:39Assim, mano, a polícia tinha medo de tá lá.
00:21:41Eu e minha filha.
00:21:43Minha filha olhando feio.
00:21:44Quantos anos?
00:21:4510 anos.
00:21:46E a minha filha marofa pra caralho.
00:21:48Minha filha olhando pra mim feio.
00:21:50Aí eu falei, tá vendo como eu me sinto em festinha de criança?
00:21:54A vingança do pai.
00:21:57Ô, Rabin, e o texto, Rabin, você ainda escreve no computador?
00:22:02Você anota no boquinho quando você tem uma ideia, tá andando na rua?
00:22:06Como é que você lapida e como é que você costura, né?
00:22:09A gente conversou muito isso aqui com Maurício Meirelles, com Renato Albani, porque às vezes parece um colchão de retalhos o show de comédia.
00:22:17Mas alguns conseguem fazer algo conceitual.
00:22:19É claro que não tem fórmula.
00:22:21Cada um faz do seu jeito.
00:22:22Não tô fazendo uma crítica.
00:22:23Mas você busca dar um conceito a um show?
00:22:26Eu acho que eu busco dar uma amarração pra esse show, né?
00:22:31É, uma amarração.
00:22:32A gente acaba dando sentido.
00:22:34Ele vira uma coisa mais ou menos com uma temática, né?
00:22:39Digamos assim.
00:22:40Agora, muitas pessoas, elas são dessa maneira, né?
00:22:45São pessoas extintivas, do modo geral, artisticamente falando.
00:22:50Tem pessoas que são mais racionais, né?
00:22:52Então, o cara cria desde o começo até o fim.
00:22:55Ali, antes de ter a piada, ele já sabe o que ele vai fazer.
00:23:01Um exemplo, acho que até o Rodrigo Marques.
00:23:03Ele é um comediante muito bom do Nordeste, do Recife, né?
00:23:08E ele faz assim.
00:23:09Então, ele tem uma temática e ele começa o meio e o fim.
00:23:12Eu sou completamente extintivo.
00:23:14Meu instinto me guia.
00:23:16Tanto que eu me guia pra merda também, né?
00:23:18Roubar o catar, roubar o rio.
00:23:21E também guia pro lado bom da criatividade.
00:23:24Então, extintivamente, eu tô numa época de escrever sobre determinada coisa.
00:23:30Quando eu fiz 40 anos, eu comecei a escrever sobre isso.
00:23:34Sobre todas as mudanças, as pequenas mudanças no meu corpo.
00:23:39Mudanças de comportamento.
00:23:42Tá virando mais cronista.
00:23:43Sobre o meu casamento.
00:23:45Sobre como eu tento consertar, ainda consertar o meu casamento, depois de ter vacilado pra caralho no catar.
00:23:54E como isso não tá funcionando.
00:23:58Entendeu?
00:23:59Tá dando tudo errado.
00:24:00Por isso que o show chama Ladeira Abaixo.
00:24:03E tá muito engraçado esse show.
00:24:05Então, acaba tendo uma amarração natural.
00:24:07Porque, no fim das contas, sou eu com 40 anos tentando salvar o meu casamento, depois de ter vacilado.
00:24:13Porque, apesar de ter 40 anos, a idade mentalmente ainda não chegou pra mim.
00:24:17Entendeu?
00:24:18Então, cara...
00:24:18A gente nem tinha notado, Rabir.
00:24:20É, então o show, ele é isso.
00:24:23E aí, fora isso, a gente tem as piadas com atualidades.
00:24:27Seja política, futebol, celebridade, a mulher da janela do avião.
00:24:32Tudo que der e vier.
00:24:33Agora, Albani era engenheiro, Meirelles tinha uma banda de rock, músico, falou aqui de frustração, inclusive.
00:24:42Você era ator e você continua sendo ator, se colocando pra jogo aí?
00:24:46Eu continuo sendo ator, mas eu fiz relações internacionais de faculdade.
00:24:50Olha só.
00:24:51Por isso que eu tenho muita facilidade em zoar políticos.
00:24:55É uma facilidade e um prazer.
00:24:57Durante um tempo, se tornou um fardo, durante um tempo.
00:25:01E agora voltou a ser tranquilo pra mim.
00:25:05Voltou a ser mais tranquilo, mas eu precisei parar durante um tempo.
00:25:08Eu vi que você, outro dia, fez um show dizendo que...
00:25:12Cansei da política, larguei, fiquei muito medo.
00:25:15Fez um detox, praticamente.
00:25:17Sim, sim, sim.
00:25:18Aliviei, mas hoje eu voltei.
00:25:20Aí você começa a contar uma história e o pessoal vai rindo.
00:25:23É isso.
00:25:24Eu precisei...
00:25:25Daqui a pouco eu falo sobre a atuação, que eu acho importante também.
00:25:28Mas eu precisei dar um tempo.
00:25:31Porque eu acredito que durante esse período de pandemia, todo mundo se polarizou.
00:25:39Todo mundo, entendeu?
00:25:40E eu fui um desses caras também.
00:25:42Eu acho que eu me polarizei um pouco, sem querer.
00:25:44Entendeu?
00:25:45Porque eu vi o que estava acontecendo como um absurdo, o Bolsonaro, na pandemia.
00:25:53E acabei me polarizando também.
00:25:56E eu acho que, cara, isso me fez muito mal, entendeu?
00:26:00E eu precisei de um tempo, sem falar, cagando sobre tudo, entendeu?
00:26:05As pessoas comentavam, ah, você viu o que o Lula fez?
00:26:08Você viu o que o Bolsonaro fez?
00:26:09Você viu o que está acontecendo?
00:26:10Fala, mano, não quero ver nada.
00:26:12Nada.
00:26:12Foda-se.
00:26:13Quero ver o meu São Paulo.
00:26:15Quero falar da minha família.
00:26:16Quero saber como a minha filha está.
00:26:18Quero saber da Copa.
00:26:20Entendeu?
00:26:21É isso.
00:26:22E aí, cara, eu precisei muito dar esse tempo.
00:26:26Porque eu não conseguia escrever igualmente piada para os dois lados.
00:26:31De tanta raiva que eu estava.
00:26:33Uma coisa extintiva.
00:26:34Eu estava com raiva.
00:26:35Muita raiva, entendeu?
00:26:37Do extremismo ignorante da direita.
00:26:40E hoje, cara...
00:26:41É legal você falar, você ter essa consciência.
00:26:43Porque se você fica muito indignado e crítico a um lado, às vezes as pessoas começam
00:26:48a te associar ao outro, você eventualmente caminha para o outro lado e tal.
00:26:52E como humorista, é bom zombar de todo mundo.
00:26:55Assim como como jornalista, a gente faz aqui a vigilância sobre todos.
00:26:59Exatamente.
00:27:00As pessoas ainda de extrema direita tentam me associar e falar, porque ele é de esquerda.
00:27:05Eu não sou de esquerda.
00:27:07Estou cagando para a esquerda.
00:27:09Estou cagando para a direita.
00:27:10Eu faço piada com todo mundo.
00:27:12Eu tenho...
00:27:13Dentre os dois, eu tenho o meu desgosto maior.
00:27:16E acredito que as pessoas sabem quem é.
00:27:18E é isso.
00:27:20Entendeu?
00:27:20Agora, no meu palco, no meu show, as piadas serão justas para todos os lados.
00:27:27E hoje em dia eu posso bater no peito e afirmar isso.
00:27:30Naquela época de pandemia eu não consegui, realmente.
00:27:32Porque não dava.
00:27:34Eu estava consumido por uma raiva muito grande.
00:27:37E eu precisei de um tempo sem falar disso para poder ficar mais sereno, entendeu?
00:27:43E equilibrado.
00:27:44Inclusive, recomendo que vocês façam mesmo.
00:27:46Porque faz muito bem, cara.
00:27:48Parar de ler fake news.
00:27:50Parar de falar de política.
00:27:52Parar de discutir com gente.
00:27:54Seja de esquerda, seja de direita.
00:27:55Mas não parem de assistir ao Antagonista.
00:27:57É, mas...
00:27:58Continuem assistindo ao Antagonista, porque aqui você vê o fato, como ele acontece.
00:28:01Mas parem de ficar discutindo, tá ligado?
00:28:02Tipo, porra, ah, eu acredito numa coisa, o outro acredita em outra.
00:28:06Eu vou ficar...
00:28:07Não, foda-se, entendeu?
00:28:09Fala de outra parada.
00:28:10Dá um detox para a sua mente.
00:28:12É, ou conversar de uma maneira serena.
00:28:14Entender as divergências.
00:28:16Não sair na paulada com todo mundo para defender política.
00:28:20Cara, eu acho que a pandemia deixou tudo muito aflorado.
00:28:22No final das contas, todo mundo queria a mesma coisa.
00:28:25O Bolsonaro teve uma conduta aloprada que era merecedora de crítica.
00:28:28Sim.
00:28:28Agora, isso não quer dizer que o Lula não tenha tido um monte de outras condutas que
00:28:32são merecedoras de crítica.
00:28:33Exatamente.
00:28:33E é preciso ter essa noção.
00:28:35Exatamente.
00:28:35Mas voltando para a atuação, interpretação, o que você faz ainda como ator?
00:28:40Eu...
00:28:40Além, evidentemente, do seu desempenho no palco, que tem algo de interpretativo.
00:28:45Bom, eu fiz filmes no ano passado, no ano retrasado.
00:28:52Fui protagonista em dois filmes.
00:28:54Um filme em Brasília chamado Socorro Não Virar e outro Stand Up Minha Vida é uma
00:28:58piada aqui em São Paulo.
00:29:00Fiz dublagem, dublei um filme muito legal que se chama Strays.
00:29:05que é...
00:29:06Como é que chama?
00:29:09É...
00:29:10Cara, esqueci o nome em português total.
00:29:12Não lembro o nome do filme.
00:29:13Não, esqueci o nome em português.
00:29:14Como é que chama?
00:29:16É...
00:29:16Pode consultar um pouco.
00:29:17Ruim pra Cachorro.
00:29:18Ah, Ruim pra Cachorro.
00:29:19Ruim pra Cachorro.
00:29:20Bem nome de Sessão da Tarde.
00:29:21É muito...
00:29:21Não, ao contrário.
00:29:22Ele é o filme do mesmo diretor do Ted, que é aquele ursinho que fumava maconha, sabe?
00:29:29É um filme bem proibidão.
00:29:30Muito proibido, muito proibido.
00:29:32Então, é uma comédia rasgada, maravilhosa.
00:29:36Ele tá no Prime, no Prime Video, se eu não me engano, assim como o meu especial.
00:29:41Esse filme é de que país?
00:29:42Americano.
00:29:43É da Universal Studios.
00:29:45É.
00:29:45E eu consegui, fui chamado pra ser dublador desse filme.
00:29:49Foi animal, animal mesmo.
00:29:51Mas foi dublador aqui, tanto em língua portuguesa.
00:29:54Sim.
00:29:54Não teve nenhum desempenho.
00:29:55Só que a gente fez piada em cima das piadas que já eram boas, assim.
00:29:58Então, foi sensacional.
00:29:59Eu fiz junto com uma turma foda da comédia, também stand-up.
00:30:03Chamaram Bruna Luizzi, o Ventura, os meninos do Quatro Amigos, o Di Lopes, o Márcio, o Afonso.
00:30:12Foi muito legal.
00:30:13E só aproveitando, porque tem muita gente que tem curiosidade.
00:30:15Como é que é pro dublador o momento ali, a minutagem, essa sincronia no estúdio?
00:30:22Você fica com o fone, o monitor tá passando o filme, você tem as falas.
00:30:27Como é que você sabe a hora de entrar?
00:30:28É, então, eu na verdade, eu não sou dublador, eu dublei um filme, né?
00:30:32Foi bem legal.
00:30:34Eu fiz com o Wendell Bezerra, que é um mestre da dublagem, né?
00:30:38O cara que faz o Goku, o Bob Esponja, todo mundo.
00:30:41E ele me ensinou mais ou menos assim, né?
00:30:43É meio confuso no começo mesmo, porque você vê ali a imagem, você escuta no fone de um lado o cara falando inglês, do outro lado o diretor te corrigindo e aqui você tem o teu texto.
00:30:55E além de tudo, você improvisa.
00:30:56Então, são cinco coisas meio que ao mesmo tempo.
00:30:59E aí, com o tempo, você vai pegando a manha do que, de como você faz.
00:31:03É mais ou menos como ancorar um telejornal.
00:31:06Exatamente.
00:31:07É, ou tipo, você ser...
00:31:08Acontecendo muita coisa, você tem que pensar...
00:31:10Você fazer aquilo que o Emílio fazia no Pânico, né?
00:31:13Que você tá entrevistando, ao mesmo tempo você baixa a música, aumenta e liga e bota no break, sabe?
00:31:18E tem gente falando, tem que pensar na próxima pergunta, tem que entrar vídeo, deu problema.
00:31:23Aí cada um tem o estilo.
00:31:24Eu acho que, se eu não me engano, eu deixava o fone, o volume mais baixo do inglês e aí eu entrava junto com o cachorro.
00:31:35Eu decorava a fala e entrava junto com o cachorro, com a voz.
00:31:40Eu tentava falar junto, pra fazer certinho.
00:31:43Se eu não me engano, era isso.
00:31:44Eu meio que ajustava.
00:31:45Mas tem um vibe pra você.
00:31:46Porque assim...
00:31:47Na emoção, assim.
00:31:47Se você esperar a imagem, você entra atrasado.
00:31:51Tem algum aviso de que você tem que entrar?
00:31:53Na hora que o personagem fala?
00:31:54É o tempo, né?
00:31:55Geralmente é um diálogo.
00:31:57Então, no meu caso, eram cachorros.
00:31:58Aí um cachorro falava.
00:32:00Aí quando ele se parava de falar, eu sabia que ia entrar o meu.
00:32:02Exato.
00:32:03Nananana, não sei o que.
00:32:05E foi muito legal, cara.
00:32:06Foi um filme foda.
00:32:07E a sua voz mesmo?
00:32:08Ou você fez uma brincadeira na voz assim?
00:32:11Eles chamaram por causa da minha voz.
00:32:13Você tem voz de cachorro, é isso?
00:32:15O cachorro tinha a minha voz.
00:32:16Era um budogue inglês.
00:32:19Budogue inglês?
00:32:20Não, aquele...
00:32:20É budogue inglês, é.
00:32:21Boston Terrier, chama.
00:32:24Ô, Rabin, agora vem cá.
00:32:25Bonitinho demais.
00:32:26A pergunta mais chata que você pode fazer ao humorista é qual é o limite do humor.
00:32:30Mas eu não vou fazer essa pergunta.
00:32:32É só que você passou uma situação na sua vida pessoal que foi ainda mais dolorosa,
00:32:38difícil do que todas essas situações pontuais, que foi o câncer da sua esposa.
00:32:43Com isso, foi possível fazer algum tipo de piada durante, depois, jamais, de jeito nenhum?
00:32:51Cara, eu fiz muita piada sobre isso depois que passou, né?
00:32:55Depois que passou.
00:32:56É, obviamente, durante, a cabeça de comediante sempre pensa, não tem como.
00:33:01É automático.
00:33:02É automático.
00:33:02Você tá ali mesmo no sofrimento.
00:33:04Pô, você pode ter uma tragédia grande que, uma hora, é um pensamento recorrente, entendeu?
00:33:10Você trabalha com isso, sabe?
00:33:12Da mesma forma que você, como jornalista, acontece uma coisa ruim, você fala, puta,
00:33:18que você sente isso.
00:33:20E você pensa numa matéria, exatamente.
00:33:22Você faria a manchete?
00:33:23Qual seria a abordagem?
00:33:24Então, a gente pensa assim.
00:33:26Só que, a hora que eu sentei pra escrever, foi quando eu vi que tava tudo bem.
00:33:30E sobre coisas que aconteceram também, relativas a isso.
00:33:37Então, por exemplo, não sabia se a minha esposa ia poder voltar a engravidar.
00:33:41Eu tinha que fazer um exame de esperma pra congelar o meu esperma.
00:33:45Porque eu não sabia se quando ela voltasse, caso a gente quisesse ter filho, se eu ainda
00:33:51ia poder ter filho.
00:33:52Porque, talvez, voltasse, sei lá, eu tô com 50 anos e não posso mais.
00:33:57Então, eu tive que fazer o espermograma pra já deixar pronto pro meu filho.
00:34:02E aí, eu entrei num conflito no espermograma, porque eu pensei, cara, que tipo de punheta
00:34:07eu vou bater pra deixar o meu filho?
00:34:09Tem que ser uma coisa especial, sabe?
00:34:11Não pode ser qualquer coisa.
00:34:13Exatamente.
00:34:14E o laboratório tinha DVD da Grete, da Itacadilac.
00:34:18Então, entrei nesse conflito.
00:34:18Como é que vai nascer essa criança?
00:34:20Como é que vai nascer?
00:34:22E aí, eu acabei...
00:34:23O que que passa pela cabeça de Fábio?
00:34:24Exatamente, foi.
00:34:25E aí, eu acabei tocando uma, pensando no Rodrigo Hilber.
00:34:30Que o meu filho vai nascer perfeito, já construindo o próprio Bersa.
00:34:34Essa filha é anterior à doença.
00:34:35Ainda tá lá, tá lá.
00:34:37A sua filha é anterior à doença.
00:34:38Anterior, anterior.
00:34:39Então, foi isso.
00:34:41Com essas coisas relativas, obviamente, outras coisas também.
00:34:45Mas teve algum grande aprendizado dessa fase?
00:34:47Cara, a gente se conectou muito, né?
00:34:50Eu e a minha esposa, a gente se conectou muito.
00:34:53A gente ficou mais junto.
00:34:56Eu descobri um lado meu que foi bem legal, assim, de...
00:35:01De não pensar muito em mim, não, assim.
00:35:04Só pensar nela.
00:35:05Você descobriu que você era humano, Rabir?
00:35:06É, descobri.
00:35:07Me descobri mais humano.
00:35:08Eu sempre fui mais egoísta, assim.
00:35:10Acho que é uma coisa natural, assim, talvez.
00:35:13De quem trabalha nessa carreira artística.
00:35:16Fica sonhando em...
00:35:17Ai, um dia eu vou ter um programa.
00:35:20Eu vou me destacar.
00:35:21Eu vou ser o pica da galáxia.
00:35:22Eu vou não sei o quê.
00:35:23E, cara, nesse período, eu meio que larguei mão de tudo, assim.
00:35:26Eu não fazia questão de nada, não, assim.
00:35:29Não queria, sabe?
00:35:31Tomar banho.
00:35:32Não sei.
00:35:33Eu queria cuidar da minha esposa.
00:35:34E foi legal isso aí.
00:35:36Hoje em dia ela já tá curada.
00:35:38Foda-se.
00:35:38Eu voltei a pensar em dominar o mundo.
00:35:41São essas coisas que ele faz com a esposa.
00:35:44Mas foi legal isso aí, cara.
00:35:46Isso não foi legal.
00:35:47Foi uma merda.
00:35:49Mas fortaleceu muito a nossa relação.
00:35:53Descobri também o lado pesado da força, né?
00:35:56O lado negativo de você...
00:35:59Na verdade, minha esposa decidiu expor essa condição, o que ela tava passando na rede social.
00:36:06Porque ela tinha uma mensagem de superação pra passar.
00:36:09Você pode dizer o que foi a doença, exatamente?
00:36:11Câncer de mama.
00:36:13E a minha esposa expôs isso de uma maneira muito foda.
00:36:18Ela fez um vídeo raspando a cabeça.
00:36:20A cara viralizou o negócio.
00:36:21Que não era só raspando triste.
00:36:23Era com uma atitude punk.
00:36:24E esse vídeo dela viralizou o mundo inteiro, assim, cara.
00:36:29Tipo, estourou.
00:36:29Explodiu na Argentina.
00:36:31Explodiu em vários países.
00:36:33E ela passou a ter fãs.
00:36:36E...
00:36:37Enfim.
00:36:39E uma hashtag que ela criou.
00:36:40Chamada mexeu com a mina errada.
00:36:42Pra motivar todas as mulheres que estão com essa doença e tal.
00:36:45Então ela fez uma coisa muito foda.
00:36:47Ela foi uma heroína no rolê.
00:36:48Passou por quimioterapia?
00:36:50E...
00:36:50Tudo.
00:36:51E...
00:36:52E eu, cara, vivi isso de perto e...
00:36:55E apoiei.
00:36:57E fiz as minhas piadas também.
00:36:59Agora o problema é o seguinte.
00:37:00Quando você expõe isso, a gente também sofreu na polarização que as pessoas vieram pra cima desse ponto.
00:37:07As pessoas não, né?
00:37:08Isso é o elemento mais perverso do debate público quando envolve essa rixa entre dois polos bastante extremados.
00:37:21O sujeito usa um elemento pessoal pra te atacar, pra tentar fazer você ficar irritado.
00:37:27E aí usar a doença da esposa pra atacar é o fim da picada.
00:37:30Isso foi foda.
00:37:31E acho que por isso...
00:37:32Essa é a razão da minha polarização.
00:37:33Essa foi a razão da minha...
00:37:35Do meu ódio eterno, assim.
00:37:37De eu ter falado, cara, isso aí não é gente não.
00:37:40Eu tô lutando contra o mal absoluto.
00:37:43É.
00:37:44Porque só eu...
00:37:44Mas não foi isso aí não, né?
00:37:45Na época, inclusive, dos governos do PT, o Diogo Mainardi, que teve filho com paralisia, o filho dele, foi alvo também.
00:37:53Também?
00:37:53Da militância.
00:37:54Ah, então é isso.
00:37:55De uma maneira perversa.
00:37:57É isso.
00:37:57Quando isso acontece, cara, a gente não quer mais nada.
00:38:01A gente só quer que essas pessoas sejam eliminadas da terra e acabou, entendeu?
00:38:07Só isso.
00:38:08E leva um tempo mesmo pra passar essa raiva, tá ligado?
00:38:11É, tá mais explicado, inclusive, a sua raiva daquele período.
00:38:15Acho que envolveu tudo isso.
00:38:16Não, envolveu pra caramba.
00:38:17Tá louco.
00:38:18A hora que eu vi, eu não acreditei.
00:38:20Porque eu não acreditei.
00:38:22É assim, cara, a gente que tá no vida pública, né, digamos assim, a gente tem que ter uma casca.
00:38:31Tem.
00:38:33Porque você...
00:38:35Toda hora você vai ser alvo de comentário na internet.
00:38:38E as pessoas que estão na internet nem sempre são as pessoas que gostam do teu trabalho.
00:38:43E é normal ter gente que não gosta, gente que, pô, o cara não me acha engraçado, cara.
00:38:49Tudo bem, tá, beleza.
00:38:51Agora, a pessoa que quer te atingir, às vezes é uma...
00:38:55Ou é um prazer pessoal do otário, né, do maluco.
00:39:00Ou é um ódio verdadeiro mesmo, também.
00:39:03Que é uma coisa que, por política, porque é uma razão muito torpe, né.
00:39:06Mas, às vezes, é uma inveja, também.
00:39:09Também é um ressentimento.
00:39:10É uma frustração que a pessoa tem.
00:39:12Mas é uma coisa louca.
00:39:13Eu tenho um amigo meu que, ele hoje em dia...
00:39:16Cara, o cara se transformou muito.
00:39:18Hoje em dia, ele é diretor.
00:39:21E ele é...
00:39:22Ele gosta de homem.
00:39:23Ele descobriu isso na vida dele.
00:39:25E o passado dele, ele era hater.
00:39:28Fala, mas o que você fazia?
00:39:29Ele era hater.
00:39:31E ele falou que ele tava muito...
00:39:33Não é coisa com gordofobia, tá.
00:39:35Mas ele, no caso dele, ele tava muito acima do peso.
00:39:39E ele ficava na frente do computador, comendo salgadinho, escrotizando as pessoas.
00:39:45Por prazer.
00:39:46Era o cargo.
00:39:47Cargo hater.
00:39:48Era o cargo hater.
00:39:48O que você fazia da vida?
00:39:49Ele mandava, ele mandava pra todo mundo, assim.
00:39:51Foda-se.
00:39:52Não sei o quê.
00:39:53Ah, puta, hoje eu tomei um sol, atriz, não sei o quê.
00:39:56Ah, continua a baranga.
00:39:57Ah, hoje, não sei o que, não sei o que lá.
00:39:59E era isso.
00:39:59E o que ele queria era uma resposta, entendeu?
00:40:01E, tipo, era o jogo da vida dele, assim.
00:40:04Porque era a única forma dele acessar...
00:40:06Você que fica parasitando a página dos outros, querendo atenção.
00:40:10Era a única forma dele acessar essas pessoas, assim.
00:40:14Então, cara, é muito triste, né, na verdade.
00:40:16A vida dele era muito triste.
00:40:18Hoje em dia ele acessa celebridades.
00:40:20Ele é um diretor.
00:40:21Porra, e só eu sei desse passado.
00:40:23Espero que tenha se curado.
00:40:24Se curou.
00:40:25Só eu sei desse passado dele.
00:40:25Se tem se demitido do cargo de hater.
00:40:27É.
00:40:28Só eu sei desse lado dele aí, cara.
00:40:31E olha as ideias, né?
00:40:32Mas é isso.
00:40:34As pessoas têm esse lado, assim, que pode...
00:40:37A pessoa pode ser hater, sei lá.
00:40:39É, o lado perverso.
00:40:40É muito...
00:40:40Eu não sei porquê, cara.
00:40:41É muito negativo.
00:40:42Eu jamais...
00:40:43Eu não perco o tempo, cara.
00:40:44Eu não...
00:40:44Às vezes eu vejo alguém que comenta uma coisa na internet.
00:40:47Sei lá.
00:40:48Eu sigo, por exemplo, gente de direita, de esquerda.
00:40:50De todo jeito.
00:40:53E aí, mano...
00:40:54Às vezes a pessoa comenta alguma coisa.
00:40:57Foda-se.
00:40:57Tipo, apoiando Bolsonaro.
00:40:59Cara, apoiando Lula, apoiando o que for.
00:41:02Eu jamais vou perder um segundo da minha preciosa vida pra comentar.
00:41:07Ai, você está errado.
00:41:08Vai tomar o cu, mano.
00:41:10É muita falta do que fazer, cara.
00:41:11É.
00:41:11As pessoas, às vezes, se sentem ofendidas pessoalmente quando você tá fazendo uma piada
00:41:15ou você tá criticando o político de estimação dela.
00:41:18Quer dizer, você nem tá falando sobre ela.
00:41:19Não é.
00:41:20É muita falta do que fazer, cara.
00:41:21É muita falta do que fazer.
00:41:23Pessoal, por favor.
00:41:23Vamos ser mais felizes.
00:41:25Vamos aproveitar a vida, cara.
00:41:27Você não sabe se...
00:41:28Vamos divertir com um show de humor.
00:41:29Exatamente.
00:41:30Venha no meu show que eu falo mal de todo mundo.
00:41:32Venha falar na minha cara que você me odeia.
00:41:35Agora eu tô treinando my time, mano.
00:41:36Eu vou dar uma...
00:41:37Que isso.
00:41:37Sacanagem.
00:41:38Que perigo.
00:41:38Ô, Rabin.
00:41:39Vem cá.
00:41:40Você, como stand-up, você trabalha muito sozinho.
00:41:44Sim.
00:41:44E eu, no início da carreira, sem saber ainda que rumo seguir, pensava em ser roteirista
00:41:49de cinema, escrever pra teatro.
00:41:52E aí eu fui vendo que muitas dessas coisas dependiam de outras pessoas.
00:41:55Aí tudo demorava.
00:41:56Porque você precisava fazer com que aquelas pessoas se engajassem num projeto junto com
00:42:01você.
00:42:02Que elas tivessem aquela mesma fibra, aquela mesma vontade de fazer algo específico.
00:42:07Aí no Brasil você passa por uma série de dificuldades.
00:42:10Lei, estrutura, maquinário.
00:42:13Não é um país em que quem quiser produzir uma arte grande, coletiva, tem todas as ferramentas
00:42:19na mão, é muito fácil.
00:42:22Evidentemente com a tecnologia, com a popularização de equipamentos, isso melhora.
00:42:25Mas aí eu fui escrevendo e tal, e fui caminhando mais pro jornalismo, que era o que dependia
00:42:29mais de mim.
00:42:30Você escreve, você no palco, inclusive, tá sozinho.
00:42:33Até o Bande que teve aqui falou assim, não, muita gente do teatro ficava meio assim,
00:42:36pô, ocupar o teatro pro cara ficar sozinho lá, quer dizer, não tem o cenário, é só
00:42:41o sujeito com o microfone.
00:42:43Você se sente sozinho nesse trabalho muitas vezes?
00:42:45Não?
00:42:45Você gosta assim?
00:42:46Cara, é...
00:42:48Porque às vezes os comediantes se unem e fazem esses shows, três, quatro.
00:42:52Eu faço, a gente tem um grupo aqui em São Paulo que tá se formando, novo, chama After
00:42:57Comedy, que eu acho legal tá com os comediantes, claro, mas é, pô, fazer o show sozinho também
00:43:04tem o seu, meu momento, entendeu?
00:43:07Eu tenho o meu prazer.
00:43:08Eu gosto um pouco do hotel da cidade, sabe?
00:43:11Porque na minha casa, não é muito minha casa, sabe?
00:43:14Eu tenho a minha esposa lá, que não é machismo isso, é falar a verdade, porra.
00:43:20Aí quando você viaja pra fazer um show, você chega no quarto de hotel e você se sente
00:43:23em casa.
00:43:23Porra, cara, eu solto, jogo o tênis, chuto na parede o tênis.
00:43:26A meia no chão.
00:43:27Tiro ali, ando pelado, entendeu?
00:43:29Em casa, mano, se eu fizer isso, eu apanho.
00:43:32Se eu deixar um tênis do lado, porra, já chegou bagunçando.
00:43:35Então eu gosto desse momento da solidão do hotel, sabe?
00:43:39De deitar, jogar as coisas e no outro dia arrumar, porque eu sei que eu consigo arrumar.
00:43:44Então é um bom momento também, entendeu?
00:43:47E quanto ao teatro, eu acho que o teatro, eu vim do teatro, né?
00:43:50Eu acho o teatro maravilhoso.
00:43:52Inclusive, talvez faça uma peça ainda esse ano do Maurício Guilherme, que é um autor
00:43:57espetacular.
00:43:58Que é o cara que escrevia com o Jô Soares.
00:44:02Ah, legal.
00:44:03É um gênio, assim, da dramaturgia.
00:44:06Ele escreve humor misturado com mistério.
00:44:10Tem um bom gosto do caramba.
00:44:12Lembra muito o Hitchcock.
00:44:14Cara, é maravilhoso, assim.
00:44:17Não, obviamente, não dizendo que o Hitchcock era comédia, mas assim, o gênero, o gosto,
00:44:24o mistério que tem dentro do negócio, é um bom gosto absurdo.
00:44:27Ele escreve peças fantásticas.
00:44:29Então você vai participar como ator de uma peça, um elenco.
00:44:32Eu fiz uma peça dele, inclusive, fui protagonista do Atreva-se.
00:44:37Entrei no lugar do Marcos Veras, que foi uma das últimas peças, não foi a última,
00:44:42uma das últimas peças dirigida pelo Jô.
00:44:46E aí agora, esse ano, talvez eu faça uma peça dele, estamos conversando, provavelmente
00:44:51eu vou fazer.
00:44:53Então eu adoro.
00:44:53É cômico ou não?
00:44:55É cômico.
00:44:55E eu acredito que o teatro, ele é muito sagrado, assim, entendeu?
00:45:02E o stand-up também.
00:45:04E o stand-up, ele tem um lugar.
00:45:06Eu, por exemplo, eu faço os meus shows aqui em São Paulo, eles acontecem no horário
00:45:13um pouquinho mais tarde.
00:45:14Eu entro em cartaz, inclusive, toda sexta, 11 horas da noite, que é pra deixar a peça
00:45:20rolar antes, entendeu?
00:45:21Então eu tenho a peça das nove, a peça acaba umas dez, dez e meia, desmonta, eu entro
00:45:26onze horas.
00:45:27Aí não atrapalha ninguém, entendeu?
00:45:29E todo mundo convive em harmonia.
00:45:31Inclusive, quero convidar todos os atores do Brasil pra me assistir, pra dar risada comigo,
00:45:36que o show tá bem legal, ladeira abaixo.
00:45:38Aliás, em janeiro agora, São Paulo, Teatro das Artes, é isso?
00:45:41Teatro das Artes do Shopping Eldorado, estreia dia 10.
00:45:44Toda sexta-feira vai ter...
00:45:45Devo ir lá, devo ir lá.
00:45:47Histórias novas, hein, mano?
00:45:48Histórias novas.
00:45:49Fiz outras cagadas ali, muito pior que a Copa, infelizmente eu vou ter que contar isso aí.
00:45:55Vem cá, você vê diferença de público em termos de rir mais ou rir menos?
00:46:00Ou você já consegue identificar nas cidades pelas quais você passa um tipo de demanda
00:46:07de humor?
00:46:08Acho que dependendo...
00:46:10Ou é tudo a mesma coisa, brasileiro, tudo rir da mesma coisa?
00:46:13Eu acho que eu me dou melhor no Rio de Janeiro, as pessoas rirem mais de mim, eu acho.
00:46:19Mas eu vou bem...
00:46:21É meio escroto falar isso, mas eu vou bem em todo lugar, eu vou bem em todo lugar.
00:46:26Eu gosto de fazer no Rio Grande do Sul, que as pessoas falam que a plateia é mais fria no
00:46:29Sul, mas eu adoro fazer, cara, Curitiba também, adoro fazer, Porto Alegre, a capital,
00:46:36né?
00:46:36As capitais mais assim, mais Curitiba, mais Porto Alegre, Londrina também é super legal.
00:46:44Então, Floripa, não preciso nem falar, né, cara?
00:46:47Se eu esquecer Floripa, a galera me bate.
00:46:49Aliás, eu vi você fazendo piada também com a sua esposa, você tem que tomar cuidado
00:46:53com essas piadas, hein, Rabino?
00:46:54É, é embaçado.
00:46:55Você fala assim, não, eu tive um problema em casa, porque eu cheguei em Floripa, aí
00:47:00acabou a história.
00:47:02Floripa?
00:47:03Eu tive um problema com ciúme, eu fui pra Floripa, foi isso que aconteceu.
00:47:09Floripa é demais.
00:47:10É, fiz show lá, inclusive, agora, tava cheião, foi muito legal.
00:47:14Floripa, eu tenho uma história muito especial, porque foi o primeiro lugar que eu fiz show.
00:47:18Eu fiz uns amigos ali de São José, na verdade, que é perto de Floripa.
00:47:25É um município, né?
00:47:26Não sei se é uma cidade, eu sempre erro, eles computam comigo.
00:47:30Mas eu tinha vários amigos lá, eu conheci um cara que conhecia uma galera.
00:47:34E o primeiro show que eu fiz, cara, eu nem tinha feito nada de TV.
00:47:38foram 100 pessoas, num lugar que cabia 100 pessoas, e eram, acho que, 80 amigos.
00:47:47Colegas, né, assim, do bairro de São José.
00:47:49Então, foi o meu primeiro show solo, foi em Santa Catarina.
00:47:53E eu tenho uma história bem especial, gravei o primeiro show lá e tal.
00:47:57Estou lá, Curitiba, são lugares que eu sou muito bem recebido.
00:48:00O Nordestão também vai muito bem.
00:48:01Às vezes eu sinto que rola uma barreira de sotaque em alguns lugares, entendeu?
00:48:10Mas você tem um sotaque muito acentuado, Paulista.
00:48:12Exatamente, por isso.
00:48:14E que tem a ver com o seu humor.
00:48:15Tem a ver com o meu humor.
00:48:16É bastante autêntico, assim, como o Ed Murphy tinha aquela linguagem do Brooklyn.
00:48:21É muito marcante no seu trabalho.
00:48:23Teve alguma cidade, que eu não lembro qual foi, no Nordeste, que eu lembro que eu fui,
00:48:27que comecei a fazer o show e demorou uns cinco minutos para as pessoas entenderem que bicho era esse, entendeu?
00:48:36Que personagem é esse?
00:48:38O que ele fala, velho, mano?
00:48:41Mano, o que é isso?
00:48:42Aí eles se ligaram, aí começaram a rir.
00:48:46Mano, isso se repete bastante.
00:48:47Quais são as suas referências americanas daquela geração, assim, mais dos 80, 90?
00:48:52Ed Murphy, Seinfeld.
00:48:54É, acho que o Seinfeld, o Dave Chappelle.
00:48:55Dave Chappelle, bastante.
00:48:56É, Chris Rock, George Carlin também.
00:49:00É, Judy Carter como mais professora, né, digamos assim, que ela tem um livro sobre comédia maravilhoso.
00:49:10Que eu acho que me ajudou bastante, o livro da Judy Carter.
00:49:15É, bom, tem uns comediantes atuais também, né?
00:49:19Mas você consegue achar graça deles?
00:49:21Você ainda ri com comédia?
00:49:22Você que trabalha com comédia, é mais difícil fazer um comediante rir.
00:49:25Eu mais analiso, assim, do que eu acho graça, sabe?
00:49:29Trabalho.
00:49:29Mas é uma coisa mais, é, de trabalho.
00:49:33Às vezes, às vezes sim, às vezes me surpreende, eu dou risada pela, pela sacada inteligente, né?
00:49:39Pelo humor, pela piada, pela sutileza que a pessoa faz.
00:49:43Eu consigo dar risada, assim.
00:49:44Tem o Jim Gaffigan também, né?
00:49:46Que eu não posso esquecer.
00:49:47Foi um cara que até entrou em contato comigo.
00:49:50E a gente, de vez em quando, ainda se fala.
00:49:52Ele, pô, me deu uma força lá em Nova York.
00:49:55É um dos comediantes, um dos maiores comediantes americanos, assim, né?
00:49:59Então, ele faz show com o Seinfeld hoje.
00:50:02Ah, que legal.
00:50:03Então, é o tamanho do cara.
00:50:05Porra.
00:50:06E o cara me chamou.
00:50:07A gente ia trazer ele pro Brasil pra fazer show.
00:50:10Tava marcado, né?
00:50:11Hebraica.
00:50:12Sold out.
00:50:13E a gente ia abrir pra ele o show.
00:50:16A gente, eu digo eu, o Meirelles.
00:50:18Acho que o Rafinha também tava encabeçando.
00:50:21E o Diogo Portugal.
00:50:23E aí deu a pandemia.
00:50:24Aí a pandemia, meu, zoou o barraco, assim.
00:50:29E você já fez show em inglês?
00:50:30Já fiz.
00:50:31Fiz vários shows em inglês.
00:50:32E como é que é?
00:50:33Você ficou meio tenso?
00:50:34Porque a dificuldade com a língua acaba atrapalhando o improviso.
00:50:38Que é sempre muito importante.
00:50:40Cara, esse ano, esse ano passado, 2024,
00:50:45acho que foi o ano que eu mais fiz shows em inglês.
00:50:48Eu viajei bastante, eu investi bastante na minha carreira fazendo shows lá fora.
00:50:54E no começo eu ficava muito nervoso pra fazer,
00:50:59porque, puta, eu passava o dia no quarto, meio que estudando aquele texto.
00:51:04É como se você estivesse iniciando a carreira de novo.
00:51:06Exatamente.
00:51:07Dor de barriga e não sei o quê.
00:51:09Mas, cara, eu sempre achei muito especial fazer.
00:51:14Porque eu me sinto como no começo da carreira, exatamente isso.
00:51:17E pra gente, cara, fazer comédia, fazer teatro, pisar no palco,
00:51:24ele tem essa coisa muito gostosa que a gente compara com o esporte radical, sabe?
00:51:29De você dropar uma onda, que você sente aquele friozinho na barriga.
00:51:33Na hora de subir, você fala, caralho, será que eu vou cair?
00:51:35Será que eu vou conseguir?
00:51:37Será que vai ser legal?
00:51:38Será que a prancha vai bater na minha cara?
00:51:40E não é a mesma coisa.
00:51:40Essa adrenalina que a gente sentia no começo de carreira, sabe?
00:51:44Puta, vou entrar no palco.
00:51:46Será que as pessoas vão rir?
00:51:48Será que as pessoas vão me vaiar?
00:51:50Será que, puta, no caso, naquela época, né?
00:51:52Será que eu vou conquistar aquela mina que tá na plateia, que veio pra me ver?
00:51:56Será que vai ser um fiasco?
00:51:57Eu vou tomar um puta fora?
00:51:59Puta que pariu.
00:52:00Tem alguém importante me assistindo, dá esse frio na barriga.
00:52:03Em inglês, mano, é igual.
00:52:05Igual o começo de carreira.
00:52:07Então, eu amo...
00:52:08É um público americano mesmo, nos Estados Unidos.
00:52:10Eu tenho muito prazer em me apresentar em inglês, cara.
00:52:13Uma das coisas que mais me dá prazer hoje em dia é fazer comédia stand-up em inglês.
00:52:17E aí, o texto tem que ter algumas adaptações.
00:52:19Não dá pra falar muita coisa, assim, interna do Brasil.
00:52:22Fica mais as piadas sobre o Brasil, sobre o brasileiro.
00:52:26Quer dizer, não entram em mais minúcias.
00:52:28Muda um pouco o foco.
00:52:29Eu tenho, hoje em dia, né, eu criei dois materiais, assim, né, que eu acho que são distintos.
00:52:37Tem três, na verdade, né.
00:52:39A gente começou com isso, tem o Daniel Bonatti, é um cara que ajuda a gente.
00:52:43É tipo um professor de inglês que os comediantes têm, que ele meio que nos ajuda.
00:52:48Então, existe um texto pra fazer pra estudantes brasileiros.
00:52:53Então, o cara que tá estudando inglês e ele quer aprender inglês de uma forma engraçada,
00:53:01ele vem a um show de comédia em inglês e ele vai lá e ele se diverte aprendendo.
00:53:07Com os nossos erros, com os nossos acertos, porque ninguém tem o inglês perfeito como um norte-americano.
00:53:14Então, esse é um show que a gente até usa alguns trocadilhos, algumas palavras em português que confunde com o inglês.
00:53:21Agora, se eu usar esse material nos Estados Unidos, não funciona.
00:53:25Então, é outro material.
00:53:26Aí, tem o show pra comunidade brasileira de imigrantes que moram nos Estados Unidos.
00:53:32Esse é outro material.
00:53:33E outro material aqui pros americanos.
00:53:37Que aí, se você ficar falando só sobre imigração e brasileiro, você não vai conectar com eles.
00:53:43Então, observações sobre os Estados Unidos.
00:53:46E juntando esses materiais, eu tenho quase um show de uma hora em inglês.
00:53:49E já tem especial no streaming de Fábio Rabin?
00:53:53Tem especial em português, né?
00:53:55Em inglês ainda não.
00:53:56Mas chegamos lá, vamos chegar lá.
00:53:57Mas aproveita e faz o merchan.
00:53:59Qual é o título?
00:54:00Ó, tem o...
00:54:00Tá embaçado no Prime Vídeos.
00:54:03Então, assistam.
00:54:04Tá bem, bem, bem legal esse show.
00:54:06Tá embaçado no Prime Vídeo.
00:54:08E pra quem quiser muita treta, tá no YouTube também.
00:54:11Que aí é mais, mano...
00:54:14Pandemia, câncer e política.
00:54:15Política, todos esses temas agradáveis.
00:54:18Tá lá no YouTube.
00:54:20E o Tá Embaçado é mais pra você relaxar e dar uma risada lá no Prime.
00:54:25Recomenda.
00:54:25Você entra semanalmente, assim, nas tretas das celebridades?
00:54:29Nesses assuntos mais corriqueiros?
00:54:31Que você prepara um texto, assim, em cima da hora?
00:54:34Com base no que aconteceu durante a semana?
00:54:36Pra você improvisar no começo do show?
00:54:38Eu preciso voltar a fazer mais isso.
00:54:41Sabe que eu fiquei durante três anos, assim, né?
00:54:44Fazendo toda semana um texto novo.
00:54:47Dá trabalho.
00:54:48Dá muito trabalho, cara.
00:54:49Eu ficava quase doente, assim, porque...
00:54:52Era sexta-feira...
00:54:54O show era sábado, né?
00:54:55Então eu começava quarta a observar, quinta, sexta, escrevia.
00:54:59Sábado, cara.
00:55:00Bem o dia de curtir, assim, com a minha filha, que era o dia do show.
00:55:03Eu ficava, cara, ralando aquele texto ali pra ficar o melhor material possível.
00:55:10Aí sábado à noite voltava e editava na madrugada pra postar domingo de manhã.
00:55:14O meu domingo já era uma merda.
00:55:16Então, cara, três anos nessa pegada.
00:55:19O meu editor quase morreu.
00:55:22Mas rendeu muito material pro YouTube.
00:55:23O Wellington, coitado.
00:55:24Eu cresci muito no YouTube.
00:55:26Mas eu desacelerei pela minha saúde, entendeu?
00:55:29É, tem que pesar tudo.
00:55:30E pra ver minha filha crescer.
00:55:32Agora eu tô voltando ao teatro onde tudo isso aconteceu, que é o Teatro das Artes.
00:55:37Onde todo esse meu crescimento aconteceu.
00:55:40Eu tô voltando lá com o show semanal.
00:55:42Sextas-feiras, onze horas.
00:55:45Então vamos ver se eu consigo fazer semanal de novo.
00:55:50Pra as pessoas que estão com saudade, né?
00:55:53De ter vídeos meus toda semana.
00:55:56Só que, cara, é embaçado, entendeu?
00:55:59Porque antes eu, pelo menos, eu fazia isso porque a minha filha tinha três anos, quatro anos.
00:56:04Eu conseguia cabular aula com ela durante a semana, entendeu?
00:56:07Um ótimo exemplo.
00:56:09É, eu tirava ela da escola.
00:56:11Ela achava que ela ia da escola.
00:56:12Quer matar a aula?
00:56:12Vem com o papai.
00:56:13Vem com o papai.
00:56:14Levava ela pra praia, pegava uma prancha de surf, ensinava a surfar.
00:56:17Agora, se eu faço isso, ela repete de ano, entendeu?
00:56:21É mais perigoso.
00:56:22Tem consequências mais grandes.
00:56:23Exatamente.
00:56:23Então eu tenho que ter, pelo menos, um sábado e um domingo livre com a minha família.
00:56:28Então o meu ritmo está diferente.
00:56:30Mas, cara, o show ao vivo tá bem legal.
00:56:33E eu tenho que, obviamente, postar mais vídeos.
00:56:38Porque, senão, você acaba ficando pra trás, né?
00:56:40Mas eu tô fazendo o possível aí.
00:56:42O último foi da janela do avião, né?
00:56:44Foi ótimo.
00:56:44Agora vai ter mais aí.
00:56:46Tem coisas acontecendo, né?
00:56:47Tem que zoar.
00:56:49Maravilha.
00:56:49Fábio Rabin, vem cá.
00:56:51Tava só conferindo o tempo aqui.
00:56:52A gente tá com o tempo estourado.
00:56:54Mas eu queria, assim, Rabin, se você tivesse que dar uma mensagem para novos comediantes,
00:56:58novos humoristas, que dicas que você daria?
00:57:02Olha, novos comediantes?
00:57:04Pessoas que querem fazer sucesso como o Fábio Rabin.
00:57:07Cara, eu acho que hoje em dia a comédia, ela tem muita gente fazendo, certo?
00:57:13Então, eu acho que você, na medida do possível, não tenha pressa.
00:57:18Na medida do possível, eu falo, porque eu não sei a situação de cada um, né?
00:57:22Mas se você tem um outro emprego que te sustenta, que segura a tua barra,
00:57:27seja bem perfeccionista com o seu primeiro vídeo.
00:57:30Porque a oferta de comediantes é muito grande.
00:57:33E se você não tiver um material muito bom, dificilmente você vai se destacar.
00:57:37Então, seja perfeccionista com aquilo que você vai postar primeiro.
00:57:42Porque tem muita gente postando qualquer coisa para atingir o maldito algoritmo.
00:57:48É.
00:57:48Porque se você posta todo dia no Instagram, no TikTok, ou não sei aonde,
00:57:54a probabilidade dessa rede entregar mais o teu material é maior.
00:58:02Então, por isso as pessoas estão desesperadas postando qualquer coisa.
00:58:05Que acaba queimando o filme da própria comédia de stand-up, entendeu?
00:58:09Aí vai se banalizando o conteúdo.
00:58:11Eu mesmo já fiz isso, cara.
00:58:12Mas eu já fiz isso umas três vezes eu já postei um negócio que eu não gostei.
00:58:16No outro dia eu apaguei.
00:58:17Só para ter bobo, né?
00:58:18E perde a qualidade.
00:58:19Você fala, meu, eu tenho que postar.
00:58:20Porque, sabe, como se fosse um programa de TV que você fala que tem que ir para o ar.
00:58:24Vai fazer o quê?
00:58:25Hoje está uma merda, mas tem que ir para o ar.
00:58:27É o da Tena sem tragédia, sabe?
00:58:29Fala, caralho, cadê o Marçal?
00:58:31Para eu dar uma cadeirada aqui.
00:58:32E aí, mano...
00:58:33A gente não tem esse problema porque sempre acontece pilantragem no Brasil
00:58:35e o Papo Antagonista está sempre cheio de assuntos de segunda a sexta.
00:58:38Mas aí, pô, você...
00:58:41É difícil, cara.
00:58:42Claro, claro.
00:58:42É difícil, né?
00:58:43E o stand-up é embaçado, cara, de você.
00:58:46Porque você pega uma notícia ou alguma coisa que você fez.
00:58:49Você não combina com a plateia.
00:58:52Não é nada combinado.
00:58:53E aí, você escreve a piada.
00:58:55Beleza, você acha que está bom.
00:58:56Você faz a plateia, não ri.
00:58:58Está bom, cara.
00:58:59Não tem vídeo.
00:59:00É isso.
00:59:01Foi todo o esforço, foi por água baixa, entendeu?
00:59:03Então, o vídeo, para dar bom, é uma combinação de fatores.
00:59:08Os detalhes importam.
00:59:08Que dá um trabalho legal, entendeu?
00:59:12E...
00:59:12Você tem muito o timing, o ritmo da piada, do punch.
00:59:16Isso é muito presente no seu trabalho.
00:59:18Porque tem muito humorista que fala até mais rápido do que você, conta histórias e tal.
00:59:25Mas é aquela coisa que você vai rindo do que ele está falando.
00:59:27Você tem um timing, assim.
00:59:29Você tem um silêncio e, de repente, você faz aquela graça que o pessoal não espera e cai na gargalhada.
00:59:34É, eu tenho essa coisa da piada.
00:59:36Eu nem sei o que eu tenho, mas as pessoas, de alguma forma, gostam.
00:59:40Vocês riram, né?
00:59:40É, está rindo, está bom.
00:59:41Eu falei, pô, não ganhar dinheiro assim, está bom.
00:59:42Está rindo, está bom.
00:59:43E é isso, eu espero continuar fazendo por muito tempo.
00:59:47Eu me perdi, na verdade, no que eu estava falando antes.
00:59:49Por isso que eu já dei um corte em mim mesmo.
00:59:52Provavelmente eu estava para o Olixo.
00:59:54Mas é isso, é...
00:59:55Você está ótimo, estou dando uma entrevista sóbrio aqui, durante uma hora.
00:59:58Por enquanto, é.
00:59:58Não, eu tenho que ficar sóbrio hoje.
01:00:00Tomou um cafezinho, tu?
01:00:01Estou morrendo de vontade de tomar uma cerveja, sabe?
01:00:03A minha voz, eu acho que vai...
01:00:04Vamos lá, então.
01:00:05Rabir na cerveja...
01:00:06Não, não, não dá, não dá.
01:00:06Vou ter que beber só amanhã.
01:00:10Conversei, senhoras e senhores, com o Fábio Rabin e esse comediante, que é uma ótima
01:00:13conversa, meu camarada.
01:00:14A gente já fez várias lives.
01:00:16Ah, lembrei, desculpa.
01:00:17Dica para os comediantes novos.
01:00:18E isso?
01:00:19Porra.
01:00:19Então não acabou, tem mais uma?
01:00:21Então vai.
01:00:22Então seja perfeccionista.
01:00:24E saiba que o seu sucesso, ele pode ser condicionado a um nicho.
01:00:31Isso é uma dica boa.
01:00:32Olha...
01:00:34Por exemplo, não necessariamente, tá?
01:00:37Mas às vezes você pode fazer um sucesso pela sua persona, que vai cair no gosto da
01:00:42galera, e eu acho que você tem que se guiar para descobrir a sua persona, mas o nicho
01:00:47ele ajuda.
01:00:47Então eu, por exemplo, durante uns anos descobri, entrei no nicho da política.
01:00:53Eu era praticamente o único comediante fazendo piada sobre política.
01:00:57E eu peguei esse nicho.
01:00:59Achou o reduto eleitoral.
01:01:01Exatamente.
01:01:01Vai sair candidato quando...
01:01:03É o nicho de pessoas que se informavam pelos meus textos.
01:01:07Outros comediantes...
01:01:08Teve um comediante que eu conheço que o cara pegou um nicho de horóscopo.
01:01:12Então o cara pegou várias cabeleireiras, a galera que trocava ideia e ia um público
01:01:16legal, que ia lá ver o cara.
01:01:17Aí você faz uma base.
01:01:19Tiago Ventura, um público de periferia.
01:01:21Um público legal pra caramba, gigante, né?
01:01:24Pra assistir o cara.
01:01:25Público LGBTQIA+, público não sei o que, público de futebol.
01:01:29Então, às vezes, achar o seu nicho te ajuda também.
01:01:32Desculpa, pode ser errado.
01:01:33Imagina.
01:01:34Fábio Rabin, uma honra recebê-lo aqui no estúdio Antagonista.
01:01:37Adorei a nossa conversa.
01:01:38Muito obrigado pela disponibilidade e por ter enfrentado o trânsito de São Paulo pra chegar aqui.
01:01:42Porra, tamo junto.
01:01:43Quase que não veio.
01:01:45A gente conseguiu ontem, de noite, vagou um horário no estúdio.
01:01:49Falei, Rabin, tem amanhã.
01:01:50Ele falou, então, vambora.
01:01:51E finalmente deu certo.
01:01:53O Papo Antagonista é de segunda a sexta, das 18h às 19h30.
01:01:56Mas o podcast, sempre com essa conversa divertida, com uma reflexão pra você fazer.
01:02:01Toda segunda-feira, às 19h30, no canal de YouTube de O Antagonista.
01:02:04Continue acompanhando a nossa programação e o Fábio Rabin.
01:02:07Grande abraço e até a próxima.
01:02:08Valeu!
01:02:09Podcast O.A.
01:02:17Conversa boa de ver e ouvir.
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