Vitória de Trump é choque de realidade para esquerda

O Antagonista

Donald Trump venceu Kamala Harris foi eleito nesta quarta-feira, 6, para um segundo mandato como presidente do Estados Unidos, quase dez meses depois da reportagem de capa de Crusoé, de 19 de janeiro de 2024, intitulada “Ele voltou”.  Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:  Siga O Antagonista no X, nos ajude a chegar nos 2 milhões de seguidores!   https://x.com/o_antagonista  Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto na assinatura do combo anual    https://bit.ly/oacombo    Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.  Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.    https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...   Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.   Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Transcript

00:00Ricardo Kertzmann, nosso colunista de oantagonista.com.br, diretamente de Belo Horizonte, participa agora do Papo Antagonista.

00:06Salve, salve, Ricardo. Boa noite.

00:08Salve, salve, Felipe. Boa noite. Boa noite também, Duda, e boa noite também para os nossos queridos amigos antagonistas.

00:14Muito bem, a gente vai trazer aqui o cenário eleitoral americano, mas primeiro eu quero ouvir o Ricardo,

00:19porque ele escreveu uma coluna que resume um pouco daquilo que a gente vem falando há muito tempo,

00:25seja no Papo Antagonista, no Antagonista, na Cruzoé, em diversas matérias, a gente vai lembrar algumas,

00:31de como políticos e até jornalistas, embora muitos deles eu prefira chamar de profissionais da comunicação,

00:38porque nem os reconheço mais ou não os reconheço como colegas,

00:42eles empurram boa parte do eleitorado a votar em figuras como Donald Trump nos Estados Unidos,

00:49em Jair Bolsonaro no Brasil, inclusive no artigo que eu escrevi na véspera,

00:54sobre outros posicionamentos diferentes do da historiadora americana Anne Applebaum,

01:00que estava apontando riscos à democracia com a eventual eleição do Trump,

01:03estava apontando ali posicionamentos de colunistas que não acham que a democracia está em risco com ele,

01:09alguns que consideram até que ele tem lampejos ou posicionamentos autoritários, etc.,

01:15mas que o sistema tem capacidade de blindar, e outros que não consideram que ele representa um risco.

01:20A própria colunista Ann Coulter, que já defendeu muito o Donald Trump, é muito crítica da esquerda,

01:27ela estava apontando, e eu reproduzi isso, que o principal motivo que sobrou para votar no Donald Trump,

01:36até ela apresentou algumas insatisfações, era o ódio a essa imprensa,

01:41era uma posição de combate à fábrica de narrativas falseadas, etc.

01:48E isso estava muito vivo no debate público americano.

01:51E o Ricardo analisou hoje um pouco dessa hipocrisia, do duplo padrão,

01:56de se apontar sempre o espantalho na extrema direita,

01:59mas nunca reconhecer sujeira no campo da esquerda.

02:02Então, como é que você avalia esse fenômeno que você descreveu?

02:05Bom, Felipe, essa coluna que você se refere, ela surgiu a partir de uma outra coluna

02:14que eu li no portal, em que este jornalista, entre aspas,

02:18esse porta-voz, talvez, como você bem costuma dizer, da esquerda,

02:23ele veio dizendo, ele veio relatando que o Donald Trump mentiu, ofendeu,

02:30separou, a sociedade cometeu crimes e, ainda assim, foi condenado,

02:36e, ainda assim, ele foi eleito.

02:38Quando eu estava lendo aquilo, Felipe, eu fiquei pensando,

02:41caramba, se eu tivesse lido isso no dia 1º de novembro de 2022,

02:46se eu não me engano, o segundo turno das eleições de 2022 foi no dia 31 de outubro,

02:51mas, enfim, se eu tivesse lido aquilo no dia seguinte da vitória do presidente Lula,

02:55eu teria certeza de que esse colunista estaria falando do presidente Lula,

02:59algo que ele jamais iria fazer, obviamente, porque a descrição dele,

03:04em referência agora ao Trump, serve também para o que aconteceu com o presidente Lula.

03:10E aí que eu me refiro a esse duplo padrão moral que impulsiona,

03:14que irrita muito eleitores independentes, eleitores, vamos chamar assim, de centro,

03:19e que impulsiona esses eleitores, meio que por indignação,

03:23meio que por revolta, para o campo oposto ao que eles defendem.

03:27De igual sorte, Felipe, eu me referi também a políticos,

03:30e no caso foi a partir de um tweet da presidente nacional do PT,

03:35a deputada Gleisi Hoffman, em que ela fala que a eleição do Trump

03:38é uma ameaça para o campo democrático.

03:42Meu Deus do céu, esse pessoal acabou de validar por duas vezes,

03:46acabou de chancelar a fraude nas eleições da Venezuela.

03:51eles estão chancelando o golpe que o Maduro deu.

03:56Qual é a moral que esse pessoal tem para falar em campo democrático?

04:01Ninguém é trouxa, ninguém é bobo.

04:05E é no momento que eles acham que pessoas independentes,

04:09pessoas que não são dos extremos, que não têm políticos de estimação,

04:14quando eles acham que essas pessoas são trouxas,

04:16isso causa revolta, causa indignação, e novamente, a minha tese,

04:20empurra esse tipo de eleitor para o lado oposto que eles se defendem.

04:25E, Ricardo, é muito bom expressar que existe um segmento independente

04:32e moderado do eleitorado, porque, obviamente, as militâncias mais radicais,

04:37os propagandistas, os porta-vozes, que vivem dentro de uma bolha

04:41e não sabem que existe mundo fora dela, esquece que esse é o eleitorado em disputa

04:46e esse é o eleitorado decisivo em eleição.

04:49É aquele que vai analisar os candidatos conforme as circunstâncias,

04:52conforme o comportamento, conforme o seu entorno,

04:55se os propagandistas de cada lado estão sendo muito hostis

04:59a quem pensa diferente, é, claro, pesando a situação econômica,

05:03pesando segurança pública, imigração, etc.,

05:05mas é um eleitorado que é isso, não é o eleitorado trouxa,

05:11não é o eleitorado massa de manobra,

05:13é o eleitorado que precisa ser persuadido com algum tipo de refinamento

05:18e não é isso que essas pessoas têm demonstrado.

05:21Por favor, continue.

05:22Esse eleitoral tem que ser persuadido, Felipe, com pautas reais, com o mundo real,

05:27não com mentiras, não com falácias.

05:30O Trump teve mais de 72 milhões de votos.

05:32Isso é o melhor resultado, é o resultado superior ao que ele teve na primeira eleição.

05:38Não é possível que tanta gente assim esteja enganada

05:42a respeito dos próprios sentimentos do que quer para o país.

05:45O problema é que costumeiramente as esquerdas,

05:49aqui no Brasil e mundo afora,

05:51mas costumeiramente esse pessoal gosta,

05:54eu iria usar a expressão feia, mas eu vou tirar a letra C,

05:57esse pessoal gosta de agar regra.

06:00Eles gostam de dar ordens, de serem zer palestrinhas.

06:04Eles gostam de querer ensinar para todo mundo o que é certo e o que é errado,

06:09como se eles tivessem essa prerrogativa.

06:12Só nós, só o que a gente acredita é correto.

06:15Todo o resto é fascista, é nazista, é retrógrado, não é progressista.

06:21Isso cansa, Felipe.

06:22Isso aconteceu mais uma vez nos Estados Unidos,

06:26aconteceu recentemente aqui no Brasil com essas eleições municipais

06:29e sinceramente eu só não entendo como esse pessoal das esquerdas

06:33não acorda para essa realidade.

06:36Exatamente, a gente está revivendo aqui o ano de 2016,

06:39naquela ocasião eu estava remando contra a maré como colunista na imprensa brasileira,

06:43apontando as imensas chances e tendências de vitória de Donald Trump

06:48desde as primárias do Partido Republicano enquanto a sua candidatura estava sendo ridicularizada

06:52com esse nariz empinado, com essa arrogância.

06:56Eu até achei engraçado que eu passei a palavra para o Ricardo

06:58e depois ficou na minha cabeça que eu usei refinamento

07:01para se convencer o eleitorado moderado e independente.

07:04Mas na verdade é porque a descrição da realidade,

07:07que é o que a gente faz e tem de fazer no ofício jornalístico,

07:11ela virou uma espécie de refinamento,

07:14porque o que se vê por aí é uma tentativa de imposição de narrativas.

07:21É um pessoal que virou partidário de uma agenda política e ideológica

07:25e fica tentando enfiar a goela abaixo das pessoas

07:28e encarando toda a divergência de visão de mundo

07:32ou de posições específicas, porém legítimas, no debate público,

07:36como um retrocesso.

07:38Tudo que não é aquilo que eles pensam, para eles é um retrocesso.

07:42Eles não buscam ganhar o debate sobre um determinado tema

07:45com o argumento, com a refutação do argumento contrário.

07:48Não, é com a demonização, é com a rotulação,

07:52é com esses expedientes que acabam irritando

07:55e gerando uma onda eleitoral contrária.

07:58Só fazer aqui o apanhado das informações,

08:00nós avisamos sobre Donald Trump.

08:02O republicano foi eleito para o segundo mandato na Casa Branca

08:04nessa quarta-feira, seis, quase dez meses depois

08:08da matéria de capa da Cruzoé de 19 de janeiro de 2024,

08:12intitulada Ele Voltou.

08:14Vocês estão vendo aí na tela, olha o subtítulo.

08:17Donald Trump mostra que tem boas chances de retornar à Casa Branca.

08:20Melhor se preparar.

08:22Cruzoé, olha, quantas vezes isso tem acontecido nas últimas semanas?

08:26A gente mostrar uma capa de meses atrás da Cruzoé

08:30que tem a ver com o fenômeno que está acontecendo hoje,

08:34que está tendo os seus efeitos atualmente.

08:36Por quê?

08:37Porque a gente analisa na raiz as movimentações e tendências.

08:41Naquela época, o concorrente do ex-presidente republicano

08:45era o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,

08:46que acabou deixando a corrida eleitoral no meio do caminho

08:48depois que os seus aliados constataram.

08:50relataram aquilo que o antagonista também já vinha dizendo,

08:54que o democrata não tinha mais condições físicas de concorrer,

08:59condições até de raciocínio.

09:02Grande parte da imprensa americana e, por consequência,

09:05a brasileira que a reproduz, optou, no entanto,

09:08por sustentar uma série de ilusões ao longo do processo eleitoral.

09:12E com agravantes, isso já tinha ocorrido na primeira eleição do Trump em 2016,

09:17quando derrotou Hillary Clinton.

09:19Embora boa parte do noticiário namorasse essa ideia de ver a Kamala Harris,

09:23uma política pré-moldada etnicamente pelo Partido Democrata

09:26para compor a chapa de Biden em 2020,

09:28comandar a Casa Branca,

09:29nós apontávamos uma questão decisiva para a vitória de Trump,

09:33além do desgaste democrata com as políticas de imigração,

09:37que é outro ponto que não se reconhece.

09:40Enquanto os americanos se preparavam para ir às urnas de olho no próprio bolso,

09:44como a gente comentou no primeiro bloco,

09:46a imprensa americana e os seus replicadores, inclusive no Brasil,

09:50chamavam a atenção para essas questões,

09:51menos relevantes ou menores,

09:53como resumiu, aliás, o estrategista político Scott Jennings,

09:57ex-assessor de George W. Bush,

09:59em uma análise que viralizou, abro aspas para eles,

10:02nos disseram que Porto Rico iria mudar a eleição,

10:04Liz Cheney, que é a ex-deputada que virou uma voz crítica ao Trump,

10:08os eleitores de Nick Halley,

10:10mulheres que mentiam para seus maridos sobre o voto,

10:14antes eram Tim Walls e os bonés.

10:17Noite após noite nos disseram que todas essas coisas e truques

10:20iriam de alguma forma empurrar Harris,

10:21Kamala Harris, além da linha,

10:23e estávamos apenas ignorando as questões fundamentais,

10:26a inflação, as pessoas sentindo que mal conseguiam se manter com água,

10:30na melhor das hipóteses.

10:32Fecho aspas.

10:32Eleitor de Kamala Harris, o empresário Sean Johnson viralizou com outra análise,

10:37mais sucinta, que expõe como se tornou inócuo e fantasioso o discurso

10:41contra a extrema-direita e a ameaça à democracia,

10:44que a esquerda brasileira já deu sinais de que vai continuar sustentando por aqui,

10:48mesmo após as surras nas eleições municipais.

10:51Abro aspas para o Sean Johnson.

10:53Votei nela, acho que ele é um cara mau,

10:55mas se você perde o Senado, a Câmara, o Colégio Eleitoral e o voto popular,

10:58e você acha que a lição é que metade do país é racista, sexista, homofóbica,

11:01transfóbica e estúpida, lição errada.

11:04E a mesma coisa provavelmente ocorrerá em 2028.

11:07Fecho aspas.

11:08Isso é tão 2016 para os Estados Unidos, tão 2018 para o Brasil.

11:14O nosso Ricardo Kertzmann quer fazer umas considerações finais antes do seu boa noite?

11:18Duda Teixeira já vai comentar? Diga aí, Ricardo.

11:19As minhas considerações finais são muito rápidas.

11:24É basicamente o seguinte, Felipe, não tem cultura woke, não tem comunismo,

11:28não tem nazismo, não tem fascismo, não tem rótulo nenhum que supere bolso vazio,

11:33que supere gasolina a cara, que supere comida a cara.

11:38Isso, amigo, quando bate, quando machuca as famílias, não tem discurso que resolva.

11:43É só o voto mesmo.

11:44Ainda que esse voto também não resolva.

11:48Exatamente.

11:49E essa é uma distinção que a gente precisa fazer, sempre faz aqui no programa.

11:54Quando a gente analisa os erros da esquerda ao lidar com os problemas concretos,

12:00não quer dizer que os rivais dessa esquerda sejam pessoas que não tenham problemas morais,

12:06de caráter, seja que não tenham problemas em cumprir com as soluções que apresentam.

12:15Muitas vezes prometem algumas coisas, chegam no governo, não fazem,

12:19e precisam ser vigiadas, como nós fizemos ao longo do governo de Donald Trump,

12:24criticando em diversos artigos.

12:26Já falei aqui da minha antiga coluna, cruzoé.com.br barra Felipe,

12:29fui até reler os artigos daquela época, como estava ali apontando as condutas absolutamente repugnantes do Donald Trump

12:39antes até do 6 de janeiro de 2021.

12:43Critiquei também a conduta na pandemia, assim como fiz com Jair Bolsonaro,

12:46tudo aquilo que gerou desgaste para o Trump quando ele estava no poder e foi disputar a eleição de 2020.

12:52Ele perdeu ali uma grande oportunidade.

12:54E agora está tendo uma segunda chance, porque o outro lado fez tudo isso que a gente está contando.

12:59Valeu, Ricardo, boa noite, bom trabalho.

13:01Boa noite, um abraço, pessoal.

13:03Duda Teixeira, diante de tudo aquilo que a gente falou, eu quero ouvir as suas ponderações sempre sensatas.

13:10Felipe, essa desconexão de jornalistas com o eleitor,

13:16isso já tinha aparecido na eleição do Trump de 2016.

13:20Ficou muito óbvio ali que muitos cientistas políticos, comentaristas não tinham contato com o povão dos Estados Unidos,

13:30tanto que não conseguiram prever a vitória dos Estados Unidos e reagiram muito mal a isso.

13:36E vários veículos até tentaram meio que, fizeram uma autocrítica e tentaram consertar essa história.

13:42Até lembro que o New York Times tinha contratado aquela Barry Wise,

13:46pegaram alguém ali de um perfil mais republicano, mais conservador, colocaram na redação.

13:53E não deu certo, ela precisou sair.

13:56No final, o fato da imprensa, grande parte da imprensa americana hoje está completamente perdida em relação ao Trump,

14:04mostra que eles não conseguiram resolver o problema que eles detectaram em 2016.

14:10A gente às vezes chama aqui de a cota, a cota para a divergência da esquerda em determinados veículos.

14:16A gente precisa mostrar que tem uma pluralidade e tal, então vamos ter uma pessoa.

14:21E aquela pessoa não dura muito porque, naturalmente, ela precisa apontar equívocos ou hipocrisias no campo do qual o próprio jornal faz parte.

14:32E isso acaba gerando ruídos entre aquela pessoa, aquele colaborador e o próprio veículo.

14:37E o veículo continua preso na bolha.

14:40Muitas vezes isso acontece nos Estados Unidos, assim como aqui no Brasil.

14:43E os erros que esses jornalistas cometeram em 2016, eles voltaram a cometer agora.

14:49E um deles é meio que projetar as próprias expectativas, os próprios valores, nos eleitores do Donald Trump.

14:57Ou os eleitores americanos em geral.

15:00E achar que eles vão se comportar de um jeito ou de outro.

15:03E aí, realmente, as previsões foram completamente erradas.

15:07Então, por exemplo, achar que as mulheres iam votar na Câmara Harris só pelo fato da Câmara ser mulher.

15:12Isso não aconteceu.

15:14Achar que os imigrantes iam votar nela porque a Câmara era filha de uma indiana com um economista jamaicano.

15:20Não aconteceu.

15:21Achar que os negros iam votar nela porque ela tem a pele mais escura porque é filha de um economista jamaicano.

15:28Também não aconteceu.

15:29Achar que ela ia conseguir...

15:30Pelo menos não da maneira como eles esperavam.

15:32É.

15:32Achar que a campanha dela pelo aborto ia super convencer as mulheres.

15:38Também não aconteceu.

15:38E muitas das pessoas que votaram no Trump não é aquele eleitor mais fanático do Trump.

15:46Essa eleição teve um recorde da participação de pessoas que se dizem independentes.

15:5134% dos independentes votaram nessa eleição.

15:55E muitas pessoas que votaram também pela primeira vez também votaram no Trump.

15:59Ele ampliou o eleitorado.

16:01Exato.

16:01Então, muita gente de um perfil mais moderado foi na direção do Trump.

16:05e essas pessoas não conseguiram nem entender o que aconteceu.

16:10Pois é.

16:10E é um insulto à inteligência dessas pessoas que boa parte da esquerda classifica como minorias

16:16de que elas, por serem de determinada categoria, por se identificarem de determinada maneira,

16:23elas têm que votar em uma pessoa que tem esse elemento,

16:28que as coloca dentro da mesma categoria ou da mesma identidade.

16:32Ora, o mundo é muito mais do que isso.

16:35Quer dizer, a pessoa está preocupada lá com o prato de comida, com a gasolina,

16:41com as compras no supermercado, com a sua segurança, a segurança da sua família, etc.

16:49Quer dizer, se elas não acreditarem que esses problemas vão ser solucionados

16:55ou que vinham sendo solucionados no governo daquelas pessoas que querem que elas votem

17:00só por uma identidade pontual, elas vão votar em outras pessoas.

17:05E quando se quebra essa percepção de uma imposição para o voto alinhado à identidade,

17:15essas pessoas vão sentindo essa liberdade e vão saindo desse reduto em que a esquerda insiste em colocá-las.

17:24E que, repito, é uma posição insultuosa à inteligência dessas pessoas.

17:30E quando isso vai sendo imposto, quando a qualquer divergência você tem uma rotulação,

17:37se começa com esse papo como aqui no Brasil, de se demonizar o pobre de direita,

17:42o pobre preto que não vota na esquerda, etc.

17:46Você vai gerando uma irritação e daqui a pouco aquele eleitorado está se transformando,

17:52está apresentando nas urnas um outro posicionamento que não é o esperado.

17:56Aí eles não sabem de onde vem.

17:58Ora, vem de tudo isso que cada vez mais pessoas estão vendo e apontando e que a gente aponta desde a raiz.

18:04Quer complementar tudo isso?

18:05E essa posição meio-snob, então, dessas pessoas em relação aos eleitores do Trump,

18:11a gente viu a declaração do Joe Biden chamando os eleitores do Trump de lixo,

18:17igual a Hillary fez em 2016, que chamou eles de bando de deploráveis.

18:22Você só tem esse tipo de declaração porque existe um preconceito, uma discriminação

18:26e porque essa gente não está em contato com o eleitorado americano.

18:30Exatamente. E é, eu repito isso, porque esses profissionais da comunicação só falam de autoritarismo

18:36quando envolve aquilo que eles chamam de extrema-direita, mesmo que seja só a direita.

18:42Existe um autoritarismo inerente a quem classifica como deplorável, como lixo,

18:49as pessoas que pensam de uma maneira divergente, as pessoas que apoiam um candidato rival,

18:55porque elas têm as suas próprias demandas, porque elas estão entendendo

18:59que as propostas, a retórica ou aquilo que prega o candidato atendem aquelas demandas.

19:05Elas podem, eventualmente, estar equivocadas.

19:08Mas quando você entra com esse esnobismo, com essa arrogância de xingar de deploráveis e de lixo,

19:15porque é isso, é um xingamento.

19:17Você está sendo autoritário.

19:20Você está tentando intimidar essas pessoas.

19:23Mostrar que se elas não se comportarem de acordo com aquilo que você prega,

19:26de acordo com a sua cartilha, elas simplesmente não significam nada.

19:32Elas são figuras, assim, absolutamente desprezíveis.

19:36Isso é um elemento autoritário.

19:39Isso não é apontado.

19:40Vocês não vão ver aí nesses mega longos programas,

19:43vespertinos em emissoras de TV que não têm vozes divergentes,

19:49só que às vezes contratam uma, assim, meia bomba, né, para fazer algum tipo de contraponto.

19:54Essas pessoas não estão falando sobre essas questões.

19:57Aí vem o resultado.

19:58É um choque de realidade.

20:00É por isso que eu brinquei com o Vandir,

20:02mas é óbvio que eu entendi que ele estava falando da magnitude.

20:05Agora, a gente não tem essa surpresa.

20:07Não é inesperado para a gente,

20:09porque a gente entende que o povo não se deixa convencer

20:13por essa máquina de propaganda de viés, repito, autoritário.

20:18O autoritarismo, ele não vem simplesmente

20:21sob a maneira mais reacionária, aloprada.

20:24Ele vem com afetação de bom mocismo,

20:26ele vem com essa rotulação barata em relação ao pensamento dissonante.

20:31E projeções como a da Associated Press

20:33indicam vitória de Trump nos sete estados pêndulo

20:36e nos votos totais, o que não ocorria desde 2004.

20:40Isso já está cada vez mais estabelecido aí pelos números.

20:43É que a apuração, ela ainda tem um resíduo

20:46depois que os resultados são anunciados lá nos Estados Unidos.

20:49Os estados que fazem parte desse grupo são Arizona,

20:51Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada,

20:54Pensilvânia e Wisconsin.

20:56O republicano recebeu mais de 70 milhões de votos

20:58na disputa contra Kamala Harris.

21:01Duda, você publicou na Cruzoel uma nota

21:03sobre o raio-x dos votos

21:05e outra sobre esse velho bordão

21:07é a economia estúpido.

21:09O que você destaca?

21:10Sobre o raio-x dos votos,

21:13hoje as pessoas que dizem

21:17que o aborto deve ser autorizado

21:21na maior parte dos casos nos Estados Unidos.

21:24A Kamala foi lá fazer propaganda para essa gente,

21:29mas metade deles votou no Trump.

21:32Então ela realmente não conseguiu.

21:33Outra coisa, ela também achou que com essa história

21:38ia conquistar o voto das mulheres.

21:40Mas quando você olha a fatia das mulheres

21:43que votaram na Kamala,

21:45é menor do que a de mulheres que votou

21:48no Joe Biden em 2020

21:50e na Hillary em 2016.

21:53Então ela perdeu o voto das mulheres.

21:56Em relação aos latinos, os hispânicos,

22:00também é interessante.

22:03O Trump, pela primeira vez,

22:05conseguiu ter mais votos entre homens latinos

22:08do que o adversário do Partido Democrata.

22:13Ele teve uma vantagem, o republicano,

22:15teve uma vantagem de 10 pontos

22:17no voto dos homens latinos.

22:19E também, entre os negros,

22:22ela não conseguiu se destacar.

22:25E a questão da economia,

22:27saíram algumas questões do tipo,

22:29olha, o PIB está crescendo,

22:30e de fato está crescendo nos Estados Unidos,

22:32cresceu 2,5% no ano passado,

22:35a inflação diminuiu, é verdade,

22:38os empregos estão em quatro pontos,

22:40estão super baixos, a inflação caiu.

22:42Então se você olhar os dados macro,

22:44ok, a economia melhorou,

22:45mas a população entende que a própria situação piorou,

22:48está pior do que há quatro anos.

22:50Então as pessoas não votaram nela,

22:52votaram no Trump.

22:54E só registrando que o Partido Republicano

22:56voltou, portanto, a controlar o Senado

22:58com a soma de 51 cadeiras necessárias

23:01para conquistar a maioria da casa.

23:03O partido Donald Trump conquistou vitórias cruciais

23:05em Ohio, West Virginia,

23:08a Virgínia Ocidental e Nebraska.

23:11Os democratas estão no controle do Senado

23:14desde 2020,

23:15e com a nova maioria,

23:17o Partido Republicano vai assumir

23:18o controle das pautas e decisões,

23:20cenário favorável para Trump.

23:22E vamos destacar as reações ao resultado.

23:24O Trump afirmou em discurso na Flórida,

23:26nessa quarta,

23:27que o seu triunfo na eleição presidencial

23:29representa uma vitória enorme

23:30para a democracia e a liberdade.

23:32O republicano também disse

23:34que não vai começar nenhuma guerra,

23:36e sim acabar com elas.

23:38E eu, Felipe,

23:39grande trabalhador brasileiro do Duda Teixeira,

23:41estava seis horas da manhã

23:42legendando em português

23:44depois de uma noite virada nessa cobertura

23:46o discurso do Donald Trump

23:48arrumando os trechos

23:49para a gente trazer aqui

23:50bem alinhado no Papo Antagonista.

23:52E é claro que eu publiquei cedinho

23:53nas redes sociais

23:54e também deram uma repercussão danada.

23:57Muita gente acordou com essa notícia da vitória

23:59e já vendo o discurso no próprio idioma.

24:01Vamos assistir.

24:02U.S.A. U.S.A. U.S.A. U.S.A. U.S.A.

24:10Well, I want to thank you all very much.

24:12This is great.

24:12These are our friends.

24:13We have thousands of friends

24:15in this incredible movement.

24:19This was a movement

24:20like nobody's ever seen before.

24:22And frankly, this was, I believe,

24:29the greatest political movement

24:32of all time.

24:33There's never been anything like this

24:34in this country

24:35and maybe beyond.

24:38And now it's going to reach

24:40a new level of importance

24:42because we're going to

24:43help our country heal.

24:47We're going to help our country heal.

24:48We have a country that needs help

24:51and it needs help very badly.

24:54We're going to fix our borders.

24:56We're going to fix everything

24:57about our country.

25:00We made history for a reason tonight

25:02and the reason is going to be just that.

25:04we overcame obstacles

25:07that nobody thought possible.

25:08And it is now clear

25:10that we've achieved

25:12the most incredible political thing.

25:15Look what happened.

25:16Is this crazy?

25:23But it's a political victory

25:25that our country has never seen before.

25:29Nothing like this.

25:30I want to thank the American people

25:31for the extraordinary honor

25:33of being elected.

25:35You're 47th president

25:37and you're 45th president.

25:44And to every citizen,

25:45I will fight for you,

25:46for your family

25:47and your future.

25:50Every single day,

25:51I will be fighting for you.

25:53And with every breath

25:54in my body,

25:56I will not rest

25:58until we have delivered

25:59the strong, safe,

26:00and prosperous America

26:01that our children deserve

26:03and that you deserve.

26:05This will truly be

26:07the golden age of America.

26:09That's what we have to know.

26:10This is a magnificent victory

26:17for the American people

26:19that will allow us

26:20to make America great again.

26:24Oh, we're going to do it.

26:27They said,

26:28he will start a war.

26:29I'm not going to start a war.

26:30I'm going to stop wars.

26:31But this is also a massive victory

26:33for democracy

26:35and for freedom.

26:36Many people have told me

26:38that God

26:40spared my life

26:42for a reason.

26:48And that reason

26:49was to save our country

26:50and to restore America

26:52to greatness.

26:54And now we are going

26:55to fulfill that mission together.

26:57We're going to fulfill

26:58that mission.

26:59The task before us

27:01will not be easy,

27:02but I will bring

27:03every ounce of energy,

27:05spirit,

27:06and fight

27:07that I have

27:08in my soul

27:09to the job

27:10that you've

27:11entrusted to me.

27:13This is a great job.

27:14There is no job like this.

27:16This is

27:16the most important job

27:18in the world.

27:20E a Kamala Harris

27:22ligou para o Donald Trump

27:23e parabenizou pela vitória

27:24segundo assessores

27:25da candidata democrata.

27:26Ela também teria falado

27:27a respeito de uma transferência

27:29pacífica de poder

27:30com o presidente eleito

27:32e acabou de sair

27:33o pronunciamento oficial

27:35da Kamala Harris

27:36que eu já tenho aqui

27:37em mãos.

27:38Abro aspas.

27:38O resultado dessa eleição

27:40não é o que queríamos,

27:41não é o que lutamos,

27:43não é o que votamos.

27:46Esse pronunciamento

27:46foi feito

27:47na Universidade Howard

27:48em Washington,

27:50onde, aliás,

27:51ontem à noite

27:51eu estava acompanhando

27:52ao vivo

27:53um dos chefes

27:55da campanha dela,

27:56o Cedric Richmond,

27:57me parece,

27:58veio ali a público

28:00para dizer

28:01que ela não se pronunciaria

28:02nessa noite

28:03que os votos

28:03ainda estavam sendo contados.

28:06É uma atitude

28:06muito similar

28:07à do John Podesta

28:08que havia feito

28:09esse discurso

28:10em 2016

28:12pela campanha

28:13da Hillary Clinton.

28:14Então, ali foi um sinal

28:15de que eles estavam

28:16segurando

28:17num sentido

28:19já

28:20de que iriam perder

28:21sem qualquer tipo

28:23de otimismo.

28:24O Trump, não,

28:25ele esperou

28:25ali a confirmação

28:27da projeção,

28:28primeiro pelo

28:29Decision Desk,

28:30HQ,

28:31que faz ali

28:32o fornecimento

28:33de projeções

28:34e resultados eleitorais

28:35para veículos de imprensa

28:36e logo em seguida

28:36pela Fox News

28:37que se baseia

28:38no Decision Desk.

28:40E aí, ele veio a público

28:41e já deu

28:41o discurso da vitória

28:43mesmo antes

28:43do New York Times

28:44projetar a vitória.

28:46E a Câmara continuou,

28:47abro aspas,

28:48mas ouça quando digo,

28:49a luz da promessa

28:50da América

28:50sempre brilhará forte

28:51contanto que nunca

28:53desistamos

28:53e continuemos lutando.

28:55Fecho aspas.

28:57Tuda,

28:57dá para destacar

28:59alguns trechos ali

28:59do discurso

29:00do Donald Trump.

29:01Tem um que é muito

29:02importante de se tratar

29:05e a gente vem tratando disso,

29:06é o posicionamento

29:08pelo menos retoricamente

29:09isolacionista dele

29:10dizendo que

29:11não quer envolver

29:12os Estados Unidos

29:13em guerra,

29:13que vai acabar

29:14com as guerras.

29:15Vamos ver

29:16que posicionamento

29:17ele vai ter na prática

29:18em relação

29:18a Israel

29:20que está lá

29:20na sua incursão

29:21na faixa de Gaza

29:22enfrentando no norte

29:23também o Hezbollah

29:24e principalmente

29:25que é o maior foco

29:26de preocupação

29:27e aqui não tem pano

29:28porque as indicações

29:30de bastidor

29:30são muito ruins

29:31mas a gente tem

29:32que ver na prática

29:32o que ele vai fazer

29:34em relação

29:34à Ucrânia

29:35se ele vai deixar

29:36a Ucrânia

29:36ser conquistada

29:39e devorada

29:39pelas tropas russas

29:40do ditador

29:41Vladimir Putin.

29:42Duda?

29:43Exato,

29:43quando ele fala

29:43ali de acabar

29:44com as guerras

29:45é uma coisa

29:45muito genérica

29:46ele já falou

29:47vou conversar

29:48ali com o Putin

29:50aí a gente

29:50se acerta ali

29:51parece até o Lula

29:53falando

29:53do tipo

29:54vamos acabar

29:54com a guerra

29:55só por todo mundo

29:55para conversar

29:56senta na mesa

29:57ali

29:57pede um churrasquinho

29:59toma uma cerveja

29:59e está resolvido

30:00e obviamente

30:01não é assim

30:02o medo

30:03é que o Trump

30:04acabe rifando

30:05a Ucrânia

30:07dando a Ucrânia

30:08de presente

30:09para o Putin

30:10o que é uma coisa

30:11que a Europa

30:12não vai deixar

30:13a Europa

30:13sabe que se a Ucrânia

30:15for realmente

30:17tomada pela Rússia

30:19o próximo alvo

30:20da Rússia

30:21vai ser

30:21alguma coisa

30:22nos países bálticos

30:23na Lituânia

30:24o Putin

30:24não vai parar

30:25por aí

30:25então obviamente

30:27não é tão fácil

30:28assim de resolver

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