Salários públicos são 66 vezes maiores que renda média

Jovem Pan News

ontem

Salários públicos chegam a ser 66 vezes maiores que a renda média do cidadão. Juízes e desembargadores superam o teto constitucional através de verbas indenizatórias. O comentarista Diego Tavares analisa: "todo o dinheiro está concentrado em uma pequena elite", questionando veementemente os gastos públicos e a concentração de renda no Judiciário.

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00:00A indicação salarial estabelecida por lei não vem sendo cumprido pelo Judiciário do Brasil,

00:07embora a reforma administrativa tenha voltado ao debate no Congresso Nacional.

00:13Esta matéria continua ainda engavetada.

00:16Assunto para o repórter Marcelo Matos.

00:19O Brasil lidera o ranking global de disparidade salarial,

00:23com a elite do setor público e seus vencimentos, que superam sessenta e seis vezes a grande maioria da população.

00:34As realidades dos políticos e do Judiciário foram apuradas no estudo da Associação Livres, explica o diretor Magno Carroll.

00:44Nós pegamos os rendimentos brutos das autoridades e comparamos com a renda familiar per capita do brasileiro.

00:54Nós fizemos as comparações em todos os níveis da federação, dos municípios, nos estados e também no nível federal,

01:04e comparamos com outros dezessete países e países de diferentes perfis, inclusive países de perfil bastante parecido com o nosso,

01:15para mostrarmos em comparação qual é a situação real hoje da disparidade entre os rendimentos.

01:24No topo, juízes e desembargadores que ultrapassam com folga o teto constitucional, através das verbas indenizatórias.

01:35Fazermos uma lei, o teto do funcionalismo público está imposto, é uma realidade,

01:42mas que nenhum dos órgãos da República consegue seguir o teto imposto pela própria legislação,

01:51nem mesmo o judiciário, talvez esse seja o maior dos escândalos, nem mesmo o judiciário consegue seguir as leis no Brasil.

02:01Já no Executivo Federal, o presidente da República e os deputados recebem quarenta e quatro mil reais mensais

02:09ou até quarenta e sete vezes a renda média em estados como Alagoas e Acre,

02:17e cerca de vinte vezes mais do que a renda média dos paulistas.

02:22Nós temos um problema político, que é, todo mundo reconhece que o teto deveria ser seguido,

02:32mas ninguém vai ser o primeiro a fazer isso, então nós temos um impasse generalizado.

02:38Recentemente nós tivemos um ministro do TCU dizendo,

02:42olha, eu recebo penduricalhos que me colocam acima do teto,

02:46mas todo mundo recebe, me envergonha, mas nós precisamos de um grande pacto nacional.

02:52Então a ideia é que eu não vou ser o primeiro a deixar de se receber,

02:57se todo mundo deixar de receber, eu deixo também.

03:00O governo, diante da forte cobrança pelo ajuste fiscal e queda da popularidade,

03:07passou a defender a reforma administrativa e o corte dos supersalários.

03:14Mas praticamente ninguém em Brasília acredita que um ano antes da eleição

03:19haveria uma mobilização neste sentido.

03:23Conforme a Constituição, o teto do funcionalismo é o salário dos ministros

03:28do Supremo Tribunal Federal, um bruto de quarenta e seis mil reais.

03:33Mas em dois mil e vinte e quatro, o Conselho Nacional de Justiça registrou

03:37mais de sessenta e três mil contra-cheques,

03:42acima de cem mil reais, com picos que ultrapassam

03:46seiscentos e setenta e oito mil reais em um único mês.

03:51A Associação Livres reforça que o cenário apresenta um total descasamento

03:57da realidade da população e também da classe política que deveria representá-la.

04:06Assunto que repercute muito e vamos analisar então o nosso comentarista

04:10nesse final de semana, Diego Tavares, está com a gente.

04:12Obrigado pela companhia, seja bem-vindo aqui ao Fast News.

04:16Esse assunto, sempre que começamos a discutir, gera repercussão

04:20sobre o valor do judiciário, né?

04:24Quanto eles recebem toda essa discussão sobre uma limitação de salário

04:29e quando a gente olha a realidade de um outro lado, é muito diferente, né, Diego?

04:36Exatamente, Bruno Pinheiro.

04:37Boa tarde a você, boa tarde a todos que nos acompanham aqui no Fast News.

04:40É sempre um prazer estar aqui nos noticiários da Jovem Pan.

04:43Bruno, e é exatamente isso que você colocou.

04:46Existe um descolamento muito grande entre essa elite do funcionalismo público

04:50e é bom deixar isso muito bem claro.

04:52Elite do funcionalismo público, porque não é todo funcionário público

04:56que está aí recebendo grandes salários.

04:59Nós temos os professores, tanto da rede estadual quanto da rede municipal,

05:02muito mal remunerados em geral.

05:04Temos os policiais civis e militares que também têm as suas remunerações defasadas.

05:09Todo esse dinheiro que nós estamos repercutindo aqui agora

05:12está concentrado em uma pequena elite, geralmente aquela elite que trabalha dos corredores de Brasília.

05:18E tem até um dado muito interessante que vai ao encontro disso que nós estamos repercutindo.

05:22O IDH de Brasília é maior do que de muitos países nórdicos

05:26em razão desses super salários, dessas super remunerações.

05:30O judiciário também é um capítulo à parte.

05:32Nós temos o judiciário mais caro do mundo.

05:35Nós temos nove em cada dez magistrados recebendo salários acima do teto constitucional

05:41em virtude exatamente disso que nós trouxemos aqui na matéria.

05:44Dessas verbas que são consideradas verbas indenizatórias

05:46e logo não estariam aí adstritas ao limite constitucional

05:51que é a remuneração do ministro do Supremo Tribunal Federal.

05:54No poder legislativo também é muito semelhante.

05:57Nós temos o judiciário mais caro do mundo, temos o segundo congresso mais caro do mundo.

06:02Então, de fato, é necessário que nós visitemos essa matéria.

06:07É necessário, de fato, um pacto nacional para a redução dessas remunerações,

06:12para enquadrar essas remunerações em limites que até harmonizem com a remuneração média do brasileiro em geral.

06:18É um absurdo que nós tenhamos na base um salário mínimo de pouco mais de R$ 1.500

06:23e grandes autoridades recebendo aí contra-cheques de R$ 100, R$ 150, às vezes R$ 200 mil.

06:29Realmente mostra um descolamento entre os nossos administradores, os nossos servidores públicos

06:34que deveriam servir a população, mas em geral enxergam o setor público como algo das avessas,

06:40algo que está ali para servi-los e não uma engrenagem na qual eles têm que operar como servidores.

06:47E o...

06:48E o...

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