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Mensagens de texto de assessores do ministro Alexandre de Moraes apontam o uso "fora do rito" do TSE para avançar o inquérito das fake news, no STF, segundo a Folha de S. Paulo. O Antagonista batizou o escândalo de "Vaza Toga".

De acordo com a reportagem, o setor de combate à desinformação da Corte Eleitoral forneceu material ao gabinete de Moraes no Supremo. Na época, o ministro também presidia o TSE.

O jornal afirma que “obteve o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens, não decorrendo de interceptação ilegal ou acesso hacker.”

Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:

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Transcrição
00:00O ponto central do escândalo que eu batizei de vasatoga é a confecção de relatórios pelo TSE
00:06sob encomenda clandestina do gabinete de Alexandre de Moraes no STF
00:10para embasar, inclusive com apontamento de irregularidades pré-determinadas e artificialmente concebidas,
00:17decisões do ministro do Supremo contra ativistas e veículos alinhados a Jair Bolsonaro.
00:23A julgar por áudios e mensagens de WhatsApp do principal assessor de Moraes no STF, Ayrton Vieira,
00:29e do então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Talhaferro,
00:37o ministro não só comanda a investigação, mas também direciona a coleta transinstitucional de provas,
00:44mantendo-se ainda como acusador e julgador dos alvos.
00:48Ninguém precisa compactuar com posições e publicações bolsonaristas
00:52para enxergar no material divulgado pela Folha de São Paulo e nas palavras do próprio jornal
00:56que, aspas, o setor de combate à desinformação do TSE, presidido à época por Moraes,
01:02foi usado como um braço investigativo do gabinete do ministro no Supremo.
01:07Fecho aspas.
01:08Vamos a alguns exemplos.
01:10Em 22 de novembro de 2022, Ayrton Vieira, do STF, enviou a Eduardo Talhaferro, do TSE,
01:18prints de mensagens de Moraes, que mostram o ministro encaminhando postagens
01:22postagens feitas por um blogueiro bolsonarista em redes sociais
01:25e, junto com a primeira delas, dando a seguinte ordem a seu assessor.
01:30Abro aspas.
01:31Peça para o Eduardo analisar as mensagens, a rigor postagens, desse, se referindo ao blogueiro,
01:37para vermos se dá para bloquear e prever multa.
01:40Fecho aspas.
01:41Na primeira postagem encaminhada, a única que aparece inteira no print exposto pela Folha,
01:46o blogueiro compartilhava um vídeo com a abertura do Jornal Nacional daquele dia
01:50e questionava o apresentador e editor do programa da Globo.
01:53Aspas.
01:54Nada do PL contestando o TSE, Bonner.
01:57Fecho aspas.
01:58Na verdade, isso eu mesmo fui verificar,
02:01a notícia da contestação do resultado do segundo turno presidencial pelo partido de Bolsonaro
02:06não constou na escalada de manchetes,
02:10que é, como a gente chama no jargão jornalístico,
02:12essa primeira leva que a gente faz, inclusive, aqui no programa,
02:15das notícias que vão ser detalhadas ao longo do programa.
02:19A escalada estava tomada por jogos da Copa do Mundo,
02:21pelas mortes dos cantores e compositores Erasmo Carlos e Pablo Milanês,
02:25mas a notícia foi dada na mesma edição do JN.
02:30Como a postagem só mostra ativismo bolsonarismo,
02:32e até para os padrões de Moraes seria bizarro usar essa postagem para punir,
02:36e o ministro parece tê-la compartilhado para apontar ao assessor Ayrton
02:40a conta desse, como ele chamou, blogueiro no X, rede social, o antigo Twitter,
02:45tendo em seguida encaminhado outras postagens ainda não integralmente expostas.
02:50Quer dizer, o ministro compartilhou uma para identificar,
02:54olha, tem esse aqui e tal, vamos ver o que a gente consegue,
02:57e em seguida encaminhou várias outras, cujos prints, enfim, a folha ainda pode revelar.
03:03O Ayrton, assessor no STF, pediu ao Talhaferro, assessor no TSE,
03:08aspas, capriche no relatório, por favor, e colocou aquele sinal RS de vários risos,
03:14RS, RS, RS, fecho aspas.
03:17No dia seguinte, 23 de novembro de 2022, só para lembrar,
03:21o Talhaferro no TSE enviou o relatório, atribuindo a origem do material avaliado
03:26a informações recebidas de parceiros do setor.
03:31Abre aspas.
03:32Através de nosso sistema de alertas e monitoramentos realizados por parceiros deste tribunal,
03:37recebemos informações de frequentes postagens realizadas pelo perfil,
03:42fecho aspas, perfil do blogueiro no X,
03:45e aspas, ele continua depois, no qual informam existir diversas postagens ofensivas
03:50contra as instituições, Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral, fecho aspas.
03:55Então, a julgar pelas mensagens, o Talhaferro encobriu, com essa atribuição a parceiros,
04:01colaboradores, genéricos, a atuação do Moraes, por intermédio do Ayrton,
04:05no encaminhamento do material.
04:08Então, a gente já vê ali a primeira exemplificação de uma tentativa de acobertamento,
04:16de se encobrir de onde estava vindo aquele material a ser incluído no relatório.
04:22Onze dias depois, em 4 de dezembro de 2022, o Talhaferro não só confessou sua apreensão com esse modelo de envio,
04:29como também sugeriu outra forma de acobertamento.
04:33Essas foram declarações dele, aspas,
04:36temos que tomar cuidado com essas coisas saindo pelo TSE.
04:39É seu nome, fecho aspas.
04:41Foi o que ele disse ao Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes, no TSE,
04:45antes de sugerir um caminho para, aspas, aliviar isso, fecho aspas.
04:50E aí é que ele soltou a seguinte frase, que eu considero bastante emblemática,
04:55aspas, nem que crie um e-mail para enviar para nós uma denúncia, fecho aspas.
05:01Então, repito, eles estavam ali articulando como encobrir a origem do material que estava sendo encaminhado pelo Moraes
05:09e como encobrir essa troca interinstitucional de mensagens a respeito desse caso,
05:17fazendo parecer que tudo veio ou de uma denúncia anônima,
05:20ou de um e-mail por terceiros que eles não precisariam identificar.
05:25Então, já há uma gravidade nisso tudo.
05:27O Vargas, esse outro do TSE, havia questionado o talha-ferro se o doutor Ayrton, que é o do STF,
05:34está te passando coisas no privado.
05:37E ele havia até brincado com o risco processual desse método, falava assim,
05:41falha na prova, vou impugnar.
05:44Então, quer dizer, relatórios produzidos com métodos clandestinos podem levar, de fato, à anulação de provas.
05:50Ele brincou, mas agora que foi exposto, pode ser que isso aconteça.
05:54Isso vem ocorrendo, por muito menos, como nós já analisamos um monte de vezes em programas,
06:01comentários e artigos, no STF, quando é conveniente a ministros da corte.
06:06A gente tem comentado muito aqui decisões, por exemplo, de anulação de provas e acordos ilenienses,
06:11como os da Odebrecht, da JIF, dos irmãos Batista,
06:15com base em plantação de dúvida.
06:18Método que eu destrinchei, inclusive, numa matéria de capa da Cruzoé,
06:21que ficou com o nome A História das Fake News contra a Transparência Internacional.
06:25Depois, quem quiser ver esse programa em detalhes, pode pegar as referências para se aprofundar,
06:29porque nada aqui é falado sem uma base sólida, já publicada, de argumentos.
06:35Então, a preocupação com a clandestinidade também apareceu em outras mensagens, não foram só essas.
06:41O Ayrton, do STF, repito, para ficar tudo bem organizado,
06:45disse o seguinte ao Eduardo Talhaferro, do TSE, em áudio.
06:49Aspas, formalmente, se alguém for questionar,
06:53olhem aí o texto, vai ficar uma coisa muito descarada, digamos assim.
06:58Como um juiz instrutor do Supremo,
07:01manda um pedido para alguém lotado no TSE,
07:04e esse alguém, sem mais nem menos,
07:06obedece e manda um relatório, entendeu?
07:09Ficaria chato.
07:11Fecho aspas.
07:12Deixa essa imagem aí na tela, produção.
07:14Pode voltar ali, só para eu falar que o juiz instrutor do Supremo é o próprio Ayrton.
07:19Essa é a função dele ali, ele é o principal assessor do Moraes,
07:24agora ele é chamado ali de juiz instrutor.
07:27Então, você tem essa mensagem dele para o Talhaferro,
07:31falando a respeito dessa apreensão.
07:34Olha, pode ser descoberto, e aí vão questionar, etc.
07:38Como é que seria uma coisa muito descarada?
07:41Ficaria chato.
07:42Então, eu comento, é mesmo chato, pode voltar para mim?
07:46É mesmo chato, para autoridades que se arrogam à defesa do Estado Democrático de Direito,
07:51escancará que um tribunal superior produz relatórios direcionados contra ativistas e veículos de um grupo político,
07:58com base em pedidos extraoficiais de outro tribunal superior.
08:03Haja hipocrisia.
08:05E o ímpeto persecutório ainda ficou evidente na seguinte mensagem do Ayrton.
08:10Abro aspas.
08:11Vamos levantar todas essas revistas golpistas para desmonetizar nas redes.
08:18Fecho aspas.
08:19Quer dizer, um intuito deliberado de levantar ali supostas irregularidades para desmonetizar nas redes.
08:26E o talhaferro avisou que encontrou apenas publicações jornalísticas em uma delas, que não estavam falando nada, e perguntou o que, então, ele deveria colocar no relatório.
08:37E aí o Ayrton, repito, principal assessor do Moraes no STF, disse assim,
08:42Use a sua criatividade, risos.
08:46Aqueles três sinais de risos juntos, em minúsculas, RS, RS, RS.
08:51Repito, use a sua criatividade.
08:54Então, ele pediu ali um relatório de supostas irregularidades cometidas pela revista ou pelos seus colaboradores.
09:03Recebeu uma resposta do chefe do setor no TSE, de enfrentamento à desinformação, de que só tinha encontrado publicações jornalísticas.
09:12Falou assim, ah, use a sua criatividade.
09:15Pegue uma, continuando aqui as aspas, pegue uma outra fala, opinião mais ácida e reticência.
09:23O ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou.
09:27Fecho aspas.
09:29Quer dizer, o Ayrton disse ao talhaferro, o ministro, que é o Moraes, entendeu que está extrapolando com base naquilo que você, talhaferro, enviou.
09:36Ou seja, eles estavam querendo turbinar o relatório, porque o relatório estava insuficiente para basear a decisão do próprio Moraes.
09:46Então, olha, com esse relatório, estou extrapolando e tal, tenta aí, tenta aí colocar mais coisa para ver se dá para justificar essa decisão que aparentemente eles queriam tomar.
09:57E aí, olha a resposta do talhaferro, aspas, vou dar um jeito e outras risadinhas, aí, RS, RS, RS, fecho aspas.
10:05Ele se prontificou, vou dar um jeito de turbinar esse relatório.
10:10Era disso que se tratava.
10:11Então, a conversa escancara essa disposição para turbinar supostas irregularidades artificialmente,
10:16de modo a que Moraes justificasse uma decisão contra a revista simpática Bolsonaro.
10:22E a Folha afirma que obteve o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens,
10:29não decorrendo de interceptação ilegal ou acesso hacker.
10:33Isso está lá na reportagem original do jornal.
10:35As provas, portanto, são lícitas, lícitas, sem o I.
10:40Não que o STF tenha problema em fazer ilações sobre conteúdo não autenticado de provas ilícitas,
10:47quando convém à impunidade geral, claro, como a gente analisou no caso da Lava Jato.
10:52Eu já vou passar aqui para a nota ensaboada do Moraes e para outros exemplos dessa clandestinidade.
11:02Mas primeiro eu quero ouvir o que o Carlos Graeb aponta, destaca, em meio a isso tudo,
11:07para a gente ir aqui alternando e intercalando as informações básicas com as análises.
11:12Felipe, como você já observou, o ponto central dessa história é que existia um esforço para acobertar.
11:26Existe uma percepção clara dentro dos dois tribunais que eles estavam fazendo coisas
11:32que não deveriam, não poderiam ser feitas daquela forma.
11:36Existe um esforço para acobertar essa irregularidade, para simular procedimentos corretos.
11:46Veja, funcionários, juízes de duas cortes superiores brasileiras,
11:53uma delas o Supremo Tribunal Federal,
11:55Estão combinando uma chicana entre eles.
12:00É de ficar pasmo.
12:04Chicana combinada entre STF e TSE.
12:10Chicana processual para acobertar coisa feia, vamos dizer assim.
12:17Coisa errada.
12:18É para admitir esse tipo de comportamento nas supremas cortes?
12:28Chegamos ao ponto de considerar que isso é aceitável?
12:34Bom, o próprio STF botou a barra do aceitável lá no topo do Everest,
12:44quando se tratava da Lava Jato.
12:48Ali, o caso das provas do departamento de propina da Odebrecht
12:56são o exemplo mais claro disso.
13:00Por causa de um transporte que, na visão dos ministros, não foi adequado,
13:09todas as provas foram jogadas no lixo.
13:12E veja bem, nós sabemos disso.
13:14Esse é um dos casos mais escandalosos da história mundial do Poder Judiciário.
13:18Eu não sei se a gente consegue dar a dimensão da gravidade do que aconteceu,
13:22mas ao longo da nossa obra, a gente vai dar.
13:24E veja só, as mesmas provas tinham sido recebidas de maneira independente.
13:32O processo não dependia daquele transporte lá dos arquivos digitais.
13:38A prova podia ter sido aproveitada de outro jeito, mas mesmo assim eles jogaram tudo fora.
13:43Como eu disse, o sarrafo está lá no topo do Everest.
13:46Agora, de repente, o sarrafo não está mais.
13:49Está no chão.
13:51Então, o STF precisa se definir.
13:55O que é devido processo legal no Brasil?
13:58Não dá para ficar nessa incerteza.
14:02Não dá para ficar nesse samba do crioulo doido.
14:05Então, é isso.
14:06O coração do negócio é simulação chicana dentro do STF e do TSE.
14:16Pode?
14:17E que fique claro que o samba do crioulo doido é uma música histórica
14:22que mostra justamente toda uma salada feita ali nos enredos de samba.
14:28É porque hoje tem toda uma patrulha politicamente correta
14:31e, eventualmente, pessoas que não conhecem a história.
14:34É por isso que o Graebo está citando.
14:36Muito bem.
14:37Em nota ensabuada, que não menciona as mensagens de WhatsApp,
14:41o gabinete de Alexandre de Moraes alegou que os procedimentos foram regulares
14:46e se escorou na Procuradoria-Geral da República,
14:49como se bastasse a ciência da PGR
14:52para que o STF solicitasse relatórios ao TSE via WhatsApp.
14:57A PGR, na época das mensagens, era chefiada por Augusto Aras,
15:01indicado por Jair Bolsonaro.
15:03Aras, que acabou com a Lava Jato,
15:06costuma sair mais em defesa de ministros do STF
15:08que de ativistas bolsonaristas,
15:10mas, se possível, sai em defesa de todos ao mesmo tempo.
15:13Quem manda agora na PGR é o Paulo Gonê,
15:17ex-sócio do Gilmar Mendes,
15:19aliado do Moraes.
15:20Pelo menos, até segunda ordem, aliado do Moraes.
15:24Então, a gente fica com a impressão
15:25de que está tudo dominado, está tudo controlado
15:29e qualquer escândalo que envolva essas pessoas,
15:32ele vai ser minimizado com aquele corporativismo típico.
15:36E nós já vínhamos comentando isso,
15:38tanto em o antagonista.com.br,
15:40quanto nas nossas redes,
15:41antes da fala de hoje do Moraes,
15:43que a gente já vai mostrar.
15:45E o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
15:47por hora, por enquanto,
15:49aliás, esse por hora é sem H, tá, pessoal?
15:51Muitas vezes nas redes sociais, né?
15:53Aqui está certo e tal.
15:54As pessoas escrevem esse por hora, né?
15:58Fica parecendo que faz alguma coisa a cada hora, né?
16:01Esse por hora, com sentido de por enquanto,
16:03fica aqui a dica de língua portuguesa, é sem H.
16:07Então, o Rodrigo Pacheco, por hora,
16:08vai segurar o pedido de impeachment de Moraes.
16:11Foi noticiado, inclusive, aí pela imprensa,
16:14que apurou nos bastidores.
16:16Esse pedido de impeachment foi apresentado
16:18pela oposição em decorrência da Vazatoga.
16:22Já havia toda uma pressão contra o Moraes
16:24que aumenta agora
16:25e as reações críticas vão se avolumando.
16:28E o que eu estava comentando no X, o antigo Twitter?
16:32Que no Brasil, a sujeira de uma autoridade
16:34vira não um motivo de saneamento
16:37da administração pública,
16:39mas instrumento de barganha
16:41para que outras se limpem
16:42ou tenham os seus interesses atendidos.
16:46Daí, a sujeirada permanente.
16:48Quer dizer, ontem, Graeb, você lembra
16:50que nesse programa, no Papo Antagonista,
16:52nós estávamos falando exatamente a respeito disso,
16:54deixa eu me lembrar aqui o contexto,
16:56foi no caso da decisão do Flávio Dino
16:58contra as emendas PIX.
17:01E aí, a cúpula da Câmara dos Deputados
17:04colocou na mesa a hipótese
17:05de pautar na Câmara,
17:07porque já foi aprovado no Senado,
17:09mas subiu no telhado,
17:10foi só cena no Senado,
17:11se não for aprovado no Congresso inteiro,
17:14não serve para nada.
17:14colocou na mesa a hipótese
17:17de limitar as decisões monocráticas
17:19de ministros do STF.
17:21E aí eu estava comentando a respeito disso,
17:23de que tudo vira instrumento de barganha,
17:25não se faz a decisão, o voto,
17:28por princípio,
17:29porque aquilo é melhor para o país,
17:31porque está havendo abuso de poder
17:33enquanto esse mecanismo está em vigor.
17:35Não, você pressiona,
17:36vou limitar o seu poder aí
17:38se você não fizer aquilo
17:40que o nosso poder,
17:42ou os membros atuais
17:45da composição desse poder querem.
17:48Então, aparece uma sujeira
17:50do gabinete do Moraes,
17:52a gente fica com a impressão
17:53de que os parlamentares falam
17:55hum, é bom para a gente,
17:58porque aí agora a gente pode usar isso,
18:01de repente até,
18:02para conseguir a modulação
18:04daquela decisão do Flávio Dino,
18:06porque isso eventualmente passa
18:07pelo plenário,
18:08o próprio Moraes eventualmente
18:10pode votar,
18:11vamos ficar de olho aí
18:12se vai haver alguma modulação
18:13para atender aos parlamentares,
18:15para que os parlamentares
18:16não sejam tão incisivos
18:17contra o Moraes
18:19nessa questão da vaza toga.
18:22Então é lamentável
18:23que essa república funcione
18:25dessa maneira,
18:25mas é isso que a gente viu.
18:27Aliás, foi isso que a gente viu
18:28quando a família Bolsonaro
18:29estava encalacrada com rachadinha,
18:31e aí tinha outros encalacrados
18:34com a Lava Jato,
18:35se juntou todo mundo
18:36para passar a boiada
18:38da impunidade geral,
18:39para afrouxar
18:40a legislação penal
18:41no Congresso,
18:42para afrouxar
18:42a lei de improbidade administrativa,
18:44para colocar três jabutis
18:45no pacote originalmente anticrime,
18:48que em determinados pontos
18:49virou um pacote pró-crime,
18:51porque restringiu
18:52prisão preventiva,
18:53restringiu delação premiada,
18:54criou praticamente
18:55mais uma instância.
18:58Então a gente faz aqui
18:59a análise holística,
19:01dando um sentido histórico
19:02para os episódios específicos.
19:03Greb, quer destacar?
19:04É, é uma observação,
19:06a gente fica entre a barganha
19:10e a Guerra Fria,
19:11é um jogo de ameaças também,
19:14começa com ameaça,
19:16como se fossem
19:18os países do bloco capitalista
19:20versus os países comunistas
19:22lá no século passado,
19:25os dois com bomba atômica
19:27para jogar na cabeça do outro,
19:28e daí depois se transforma
19:32num toma-lá-dá-cá
19:34do tipo mais rasteiro.
19:36O escambo, né?
19:37Por isso que eu chamo
19:38o Brasil de República do Escambo.
19:40Exato.
19:43Já está em andamento
19:45toda a articulação
19:47dentro da Câmara dos Deputados,
19:50do Senado,
19:51para pôr de pé
19:54um novo,
19:55como chamou o antagonista,
19:57hoje um mega pedido, né,
19:58de impeachment
19:59contra o Moraes.
20:01O que não significa
20:03que isso vai se transformar
20:04num processo de impeachment, né?
20:07Exatamente.
20:08A gente fica com essa impressão
20:10de que o sistema
20:10de freios e contrapesos
20:12no Brasil
20:12é o rabo preso
20:13de uns com os outros.
20:15Todos vão se limpando
20:16na sujeira alheia
20:17e as sujeiras vão aumentando,
20:21vão se avolumando,
20:22e vão sendo varridas
20:24para debaixo do tapete,
20:24daqui a pouco o tapete está voando.
20:26Se a gente for insistir
20:27aqui na analogia,
20:29na metáfora.
20:30E o Moraes afirmou
20:31em sessão do STF
20:33nessa quarta-feira
20:34que seria esquizofrênico
20:36como presidente do TSE
20:38se auto-oficiar.
20:39Vamos só lembrar,
20:41Moraes é ministro do STF,
20:43lá no STF
20:44é relator de vários inquéritos,
20:46incluindo o primeiro deles,
20:47o inquérito das fake news,
20:49que nós criticamos na raiz,
20:50ao contrário do Bolsonaro,
20:52ao contrário dele.
20:53Nós criticamos na raiz
20:55o inquérito das fake news.
20:57Moraes é relator,
20:58assim como os outros
20:59que vieram depois,
20:59os atos antidemocráticos,
21:01das milícias digitais.
21:02E ele era presidente
21:04do TSE até outro dia.
21:06Então ele falou
21:07que seria esquizofrênico
21:08se auto-oficiar.
21:09Vamos tentar entender
21:10e depois mostrar
21:11aí um contra-exemplo.
21:13Pode soltar.
21:13Obviamente,
21:17o caminho
21:18mais eficiente
21:20da investigação
21:21naquele momento
21:22era a solicitação
21:24ao Tribunal Superior Eleitoral.
21:25Uma vez
21:26é que
21:27a Polícia Federal,
21:29lamentavelmente,
21:30num determinado momento,
21:32pouco colaborava,
21:34nós sabemos,
21:35com as investigações.
21:37Retirando
21:38o apoio
21:39do delegado,
21:41o delegado
21:41que atuava nos inquéritos,
21:43chegou a ficar
21:43com um único agente
21:45policial
21:46para poder realizar
21:47todas as diligências.
21:49E, obviamente,
21:50foi dito,
21:52seria esquizofrênico
21:54eu,
21:54como presidente
21:55do Tribunal Superior Eleitoral,
21:57me auto-oficiar.
21:59Até porque,
22:00como presidente
22:00do Tribunal Superior Eleitoral,
22:03no exercício
22:03do poder de polícia,
22:05eu tenho,
22:06eu tinha,
22:08o poder,
22:09pela lei,
22:09de determinar
22:10a feitura
22:11dos relatórios.
22:12Hoje,
22:13hoje,
22:14esse meio
22:15investigativo
22:18continua possível,
22:19esse compartilhamento
22:20de provas,
22:21que é um meio
22:22admitido
22:23pelo Supremo Tribunal Federal,
22:25hoje, sim,
22:26eu oficiaria
22:26a ministra Carmen,
22:28porque,
22:29agora,
22:29a presidência
22:30do Tribunal Superior Eleitoral
22:31é da ministra Carmen.
22:33Então,
22:34eu,
22:34como presidente
22:35do TSE,
22:36determinava
22:37a assessoria
22:38que realizasse
22:39o relatório.
22:43Está coado
22:44o ministro
22:45Alexandre de Moraes,
22:47está tentando
22:47se justificar
22:48e,
22:49aparentemente,
22:49não está convencendo.
22:51Foi impressão minha,
22:52Graeb,
22:52ou ele falou assim,
22:53não,
22:54o TSE tinha que fazer
22:55porque a Polícia Federal
22:57não se empenhava.
22:59Olha só
22:59a que ponto
23:00chega
23:01o remendo
23:03que vai sendo feito
23:04porque um ministro
23:06tira da cabeça dele
23:07de que outro órgão
23:08não está fazendo trabalho,
23:09então ele vai e contorna.
23:11Olha só
23:12como é que é
23:13desfuncional
23:14o sistema
23:15de justiça brasileiro
23:16nas mãos,
23:17pelo menos,
23:18dessas figuras.
23:19Ele arbitra
23:20quem é que está
23:21se empenhando,
23:22quem é que não está.
23:22Se ele acha
23:23que uma corporação
23:24não está,
23:24então ele vai para outra.
23:26E o Moraes
23:27tem esse poder
23:28absoluto
23:28e pode fazer isso
23:30pelo WhatsApp,
23:31por meio
23:31dos seus assessores,
23:33passando ali
23:33quem é que eles têm
23:35que vigiar,
23:36sobre quem eles têm
23:37que produzir provas,
23:39coletar argumentos
23:41num relatório.
23:42Está tudo errado,
23:43Greco.
23:44E precisamos,
23:45nesse ponto,
23:46falar da tal
23:47assessoria especial
23:48de enfrentamento
23:50à desinformação.
23:53Que por si só
23:54já é problemático.
23:55Pois é.
23:56Porque é um órgão
23:58de vigilância
23:59da internet
24:01dentro
24:02do Tribunal Superior
24:04Eleitoral.
24:06Veja,
24:06deveria funcionar
24:07nas eleições.
24:10Já seria
24:11um pouco estranho
24:12você criar
24:13um aparato
24:14de vigilância
24:16do debate
24:17político
24:17com essas características.
24:21Agora,
24:21ele está atuando
24:22fora do período
24:23das eleições também.
24:25Perdão.
24:25Veja,
24:27estamos falando
24:28de investigações
24:30que estavam acontecendo
24:31já em meados
24:32para o final
24:32de novembro
24:33de 2022.
24:34As eleições
24:35já tinham acontecido.
24:36É,
24:36dessas mensagens.
24:37As mensagens
24:38reveladas pelo jornal
24:39Folha de São Paulo
24:40vão até
24:42meses depois,
24:43em 2023.
24:44Aliás,
24:45a abertura da matéria
24:46já fala
24:47do período
24:48que abrange,
24:49que é durante
24:50as eleições
24:50e depois das eleições.
24:52então o Moraes,
24:54o STF
24:55e o TSE
24:55criaram
24:56sem
24:58nenhuma oposição
24:59de instância
25:02nenhuma
25:02este aparato
25:05policial
25:06que está
25:06sob comando
25:07deles.
25:10Veja,
25:12é comum
25:12isso?
25:14Faz sentido
25:15que a justiça
25:17eleitoral
25:18tenha
25:19um órgão
25:20que é
25:20de vigilância
25:21permanente
25:22do discurso
25:23político
25:23no Brasil
25:24mesmo fora
25:25das eleições
25:25e com
25:26poder de polícia
25:27já tem
25:28uma outra
25:28coisa esquisita
25:29aí.
25:30Esse órgão
25:30precisa passar
25:31por alguma
25:33espécie
25:34de
25:35crivo.
25:38Qual seria
25:38o crivo?
25:39O STF.
25:40Alguém acha
25:41que o STF
25:42vai derrubar
25:42o tal do...
25:43Não vai.
25:45Aí começa
25:45a ficar
25:46complicada,
25:47difícil a situação.
25:48e daí
25:51se justifica
25:52mais ainda
25:53chamar as falas
25:56o ministro
25:57Alexandre de Moraes
25:58porque esse poder
26:00está se estendendo
26:00longe demais.
26:02Alguma espécie
26:03de contenção
26:05precisa haver.
26:07A gente tem visto,
26:08obviamente,
26:09há muitas nuances
26:10que se perdem
26:10no debate público
26:11mais raso,
26:12mas o único
26:13exemplo internacional
26:14que a gente tem visto
26:15de patrulha
26:16do X,
26:18por exemplo,
26:19eram mensagens
26:19ali do X
26:20que a gente citou
26:21nesse primeiro
26:22exemplo,
26:23a gente tem visto
26:24isso pelo ditador
26:25Nicolás Maduro
26:25da Venezuela
26:26que está aí
26:27suspendendo o X
26:28durante dez dias.
26:29Quer dizer,
26:30qual é a outra
26:30Suprema Corte?
26:31Qual é o outro
26:33Tribunal da Justiça
26:34Eleitoral
26:35de outros países
26:36que estão
26:37suspendendo
26:38publicações,
26:39que estão
26:39suspendendo
26:40contas inteiras
26:41de pessoas
26:43depois do
26:44período eleitoral
26:45num intercâmbio
26:47de supostas
26:48informações
26:49entre os
26:51dois tribunais
26:52superiores
26:52do país,
26:54seja aquele
26:55da esfera federal,
26:56seja aquele
26:56da esfera eleitoral?
26:58A gente não tem
26:58notícias disso
26:59no mundo inteiro.
27:01Não existe.
27:01Não existe.
27:02Então,
27:03olha,
27:03o STF
27:04se vale de um órgão
27:06criado em outro
27:07tribunal?
27:08Exato.
27:09Porque o ministro
27:09é o mesmo
27:10como se fosse dele.
27:11o órgão
27:13de vigia
27:14da internet
27:15trabalha
27:17para o STF
27:17também.
27:19Para ele,
27:19como se fosse
27:20um inquérito
27:20pessoal dele,
27:21morar,
27:22eu faço como eu quiser,
27:23usando o gabinete
27:24que eu quiser,
27:25usando a minha
27:26influência
27:27sobre outro
27:28tribunal
27:29de outra área.
27:30É o patrimonialismo
27:32também.
27:33É a indistinção
27:34entre aquilo
27:34que é público
27:35e o que é privado.
27:35É o tratamento
27:36daquilo que é público
27:37como se fosse
27:37privado.
27:39Essas pessoas
27:39têm poder
27:41e elas
27:41acham que
27:42elas podem
27:42usar o poder
27:43que têm
27:44da maneira
27:44como
27:44convém
27:45a elas.
27:46E quanto mais
27:47protegidas
27:48elas se sentem
27:49pelo corporativismo
27:50ou pela
27:50cumplicidade
27:51dos seus aliados,
27:53mais autoritárias
27:53elas ficam.
27:55É isso que a gente
27:55tem visto
27:56nas cortes
27:57superiores
27:57inclusivas
27:58do Brasil.
27:59Deixa eu só
27:59fazer uma observação.
28:01O
28:01ministro
28:04Barroso
28:04falou,
28:05olha,
28:06existe um convênio
28:07de colaboração
28:08entre os dois
28:09tribunais.
28:11E é por isso
28:12que o TSE
28:13estava passando
28:14informações.
28:15Mas eu insisto,
28:16eu insisto,
28:18o TSE
28:19está colaborando
28:20com o STF
28:22em questões
28:23que não estão
28:24ligadas
28:25às eleições.
28:26Está servindo
28:27como um órgão
28:28de vigilância
28:30da internet
28:31extra-eleitoral.
28:33não é só
28:36no quadro
28:36das eleições.
28:38E é isso
28:39que torna
28:39muito estranha
28:40e preocupante
28:42essa ligação,
28:44esse intercâmbio
28:45permanente
28:46dos dois tribunais.
28:48E a maneira,
28:49evidentemente,
28:51que só agrava
28:52o contexto
28:54em si.
28:55E o Deltan Dallagnol,
28:56ex-procurador
28:56da Lava Jato,
28:57refutou Moraes
28:58em suas redes sociais.
28:59Abre aspas.
29:01O ministro
29:01Alexandre de Moraes
29:02disse hoje
29:02em seu pronunciamento
29:03no Supremo
29:04que esse auto-oficiar
29:05seria esquizofrênico,
29:07mas ele já
29:08se auto-oficiou
29:09antes como
29:10prova no documento
29:11abaixo.
29:12Fecho aspas.
29:13Das duas,
29:14aliás, não,
29:15continua ali na
29:15declaração do Dallagnol,
29:17das duas,
29:17uma,
29:17ou o ministro mentiu
29:18ou ele precisa
29:19procurar ajuda
29:21profissional.
29:22Ironizou aí
29:22o Deltan Dallagnol,
29:23portanto,
29:24agora sim,
29:24eu fecho aspas
29:25e vamos ver o documento
29:26que ele exibiu
29:27que mostra
29:28uma solicitação
29:31feita
29:31à sua excelência,
29:32ministro do STF,
29:34Alexandre de Moraes,
29:35e no final,
29:36entre os signatários
29:37dessa solicitação,
29:39adivinha quem é que está?
29:40Adivinha?
29:41Ele,
29:42Alexandre de Moraes,
29:43ministro do TSE.
29:46Então,
29:46ele já tem um histórico
29:47aí de auto-ofício,
29:49quer dizer,
29:50a formalização
29:51para o Moraes
29:54de algo que ele próprio
29:56queira,
29:56ele já fez antes.
29:57me parece que ele
29:59deu uma desculpa
29:59improvisada,
30:01sem nem saber
30:01o histórico
30:02das suas próprias
30:03atitudes,
30:04para tentar justificar
30:05o injustificável.
30:07Nem é a mesma coisa,
30:08é um caso mais grave
30:08como a gente está
30:09analisando aqui.
30:11Durante sessão do STF
30:12nessa quarta,
30:12o Moraes também afirmou
30:13que ele e seu gabinete
30:14não estão preocupados
30:16com as matérias
30:16sobre o tema.
30:18Vamos acompanhar
30:18e acredite quem quiser.
30:20Vossa Excelência
30:21e o ministro Gilmar
30:23já colocaram
30:26de forma clara
30:28o que,
30:30talvez,
30:31se houvesse
30:33uma consulta
30:35ao gabinete,
30:36teria ficado claro
30:38anteriormente
30:39a qualquer
30:39das matérias.
30:41Como Vossa Excelência
30:42disse,
30:43nenhuma das matérias
30:45preocupa
30:46o meu gabinete,
30:47me preocupa
30:48ou a lisura
30:50dos procedimentos.
30:52Todos,
30:53todos os procedimentos
30:55foram realizados
30:58no âmbito
30:59de investigações
31:00já existentes,
31:02aqui,
31:02principalmente
31:04o inquérito
31:044781,
31:06conhecido
31:07na mídia
31:08como inquérito
31:09das fake news,
31:10e o inquérito
31:114878,
31:12também
31:13denominado
31:14pela mídia
31:15como inquérito
31:16das milícias
31:17digitais.
31:18Esses inquéritos
31:19apuravam
31:21como apuram
31:21diversas
31:22condutas,
31:24as investigações
31:25realizadas pela
31:26Polícia Federal,
31:27as requisições
31:28feitas e o acompanhamento
31:29pela Procuradoria-Geral
31:30da República,
31:32e no curso
31:33desses inquéritos
31:35e das petições
31:36em anexo,
31:37outras investigações
31:38conexas
31:40a esses inquéritos,
31:41várias vezes
31:42surgia
31:43é que aqueles
31:45investigados
31:46estavam reiterando
31:48as condutas
31:49ilícitas
31:50realizadas
31:51nas redes
31:52sociais.
31:55A justiça
31:55seja feita
31:56ao jornal
31:57estava lá
31:58na matéria
31:58original
31:59que o gabinete
32:00do Moraes
32:01havia sim
32:02sido consultado
32:03e não havia
32:04se manifestado.
32:05Então ele fala assim,
32:06se eu tivesse sido
32:07consultado,
32:08isso já estaria
32:08esclarecido
32:09antes da publicação
32:10da matéria,
32:11dá a entender
32:11pelo menos isso?
32:13E olha,
32:14pelo que diz
32:14a reportagem,
32:15foi consultado
32:16e pelo visto
32:17ficou atordoado
32:18lá,
32:19achando melhor
32:19ficar em silêncio
32:20para depois reagir.
32:21Depois que veio
32:22a nota ensaboada
32:24que a gente já mencionou,
32:25a Folha incluiu
32:27essa nota na matéria
32:28deixando escrito assim,
32:29procurado,
32:30o gabinete
32:31de Moraes
32:31inicialmente
32:32não se manifestou.
32:34Após a publicação
32:35da reportagem
32:36em nota,
32:37disse que todos
32:38os procedimentos
32:39foram oficiais,
32:39regulares,
32:40estão devidamente
32:41documentados,
32:42piriri,
32:43pororó.
32:44Então,
32:46essa,
32:48eu não sei
32:49outra palavra
32:50se não arrogância
32:51de autoridades
32:52quando são flagradas
32:53fazendo algo
32:55no mínimo
32:55inadequado,
32:56no mínimo,
32:58elas dizem
32:58que bastava
32:59consultá-las,
33:00que elas teriam
33:01esclarecido tudo.
33:03Quer dizer,
33:03é como se
33:04não houvesse
33:05possibilidade
33:06de elas terem
33:07feito algo
33:08inadequado,
33:09deliberadamente,
33:11intencionalmente,
33:12como se elas
33:13não pudessem
33:13ter cometido
33:14um tipo de abuso,
33:16de irregularidade,
33:17e no final das contas,
33:18em última análise,
33:19como se não pudéssemos
33:20todos,
33:21jornalistas,
33:22inclusive,
33:23mas também cidadãos,
33:25expor
33:26aquelas condutas
33:27inadequadas,
33:27para dizer o mínimo,
33:29porque eventualmente
33:29podem ser imorais,
33:30podem ser ilegais,
33:32de autoridades públicas.
33:34Quer dizer,
33:34não basta
33:35que elas
33:35declarem,
33:36que elas
33:37aleguem,
33:37muitas vezes,
33:38a ação
33:39correspondente
33:40não condiz
33:40com o discurso.
33:41Aliás,
33:41uma das nossas
33:42funções
33:42primordiais
33:44no jornalismo
33:44é separar
33:45o discurso
33:46e a conduta
33:47prática,
33:48a ação real,
33:49concreta.
33:50É isso que muita
33:50massa de manobra
33:51não faz,
33:52e é dever
33:52da imprensa.
33:53Quando a imprensa
33:54também é
33:55instrumentalizada
33:56politicamente,
33:56tudo se rebaixa
33:57no ambiente cultural,
33:59porque a retórica
34:00é tomada
34:01como uma ação,
34:02e não é.
34:03Então é como acreditar
34:04que todos
34:05são grandes
34:06defensores
34:07da democracia
34:07quando estão
34:08solapando a democracia
34:09por dentro,
34:11quando estão
34:11solapando os seus
34:12pressupostos
34:13de separação
34:14e independência
34:14entre os poderes,
34:15ou quando estão
34:16apoiando
34:16deliberadamente
34:17ditaduras,
34:18inclusive aquelas
34:19que fraudam eleições.
34:21Então a gente
34:21cita exemplos
34:22disso aqui
34:23todos os dias.
34:24Quer dizer,
34:25o que a gente
34:25está vendo
34:26no Supremo Tribunal
34:27Federal,
34:27diante de um caso
34:28grave,
34:29é uma tentativa
34:30de minimizar
34:31com muito,
34:33mas muito
34:34corporativismo
34:35que é uma
34:36das chagas
34:37nacionais.
34:38Maçã podre
34:39ou conduta
34:40inadequada,
34:41imoral,
34:42ilegal,
34:43tem de ser
34:44apontada,
34:44inclusive,
34:46primordialmente,
34:47por aqueles
34:47que integram
34:48o mesmo mercado,
34:50a mesma corporação,
34:52o mesmo tribunal,
34:53porque é assim
34:54que se vê
34:54quem é que age
34:55por princípio
34:56e quem é que age
34:56de acordo
34:57com o interesse
34:58da patota.
34:58da greve.
35:00Felipe,
35:01primeiro,
35:03ressaltar
35:04que os procedimentos
35:05jornalísticos
35:05foram corretos,
35:07mesmo,
35:08é importante
35:08registrar isso.
35:10Não tem essa história
35:11de que ele não foi procurado,
35:12ele foi procurado
35:13no primeiro momento,
35:14não falou nada.
35:15Então,
35:15o jornal
35:16não procedeu
35:17fora dos padrões
35:20de excelência
35:21do jornalismo.
35:22É importante
35:23deixar isso claro,
35:24porque o jornalismo
35:25é o tempo todo
35:26atacado também,
35:28né,
35:28Felipe?
35:29Quando é do desagrado
35:31de alguém,
35:31o jornalismo
35:32é atacado.
35:34É,
35:34e só é elogiado
35:36quando a história
35:38coincide com os interesses
35:39deste ou daquele.
35:41Existem regras
35:42para o jornalismo,
35:43como para qualquer
35:43outra atividade,
35:44e a gente precisa
35:45observar
35:45e registrar
35:47quando elas foram
35:47cumpridas.
35:48Nesse caso,
35:48foram.
35:51Deixa eu só fazer
35:52um parênteses
35:52enquanto você
35:53continua
35:55na sua argumentação
35:56que os próprios
35:57bolsonaristas
35:58atacaram muito.
36:00Nós,
36:01a mim,
36:01autor de uma matéria
36:02de capa
36:03da Cruzoé,
36:04sobre os blogueiros
36:05de crachá,
36:06porque eu revelei
36:07mensagens
36:09de assessores
36:10legislativos,
36:11de assessores
36:12do próprio
36:14então presidente,
36:16mensagens
36:17obtidas
36:18por meios legais,
36:20quer dizer,
36:20acesso
36:21a elas direto,
36:23não por hackeamento,
36:24não por violação,
36:25de aplicativo
36:25de celular,
36:27não por quadrilha
36:28de hacker,
36:29porque jornalismo,
36:30quando descobre
36:31uma fala de bastidor,
36:33você tem o vídeo,
36:33você tem o áudio,
36:34você tem o print,
36:35agora com os meios
36:36sociais modernos,
36:37muitas coisas
36:37ficam registradas,
36:39e aquilo tem uma importância
36:40para se esquadrinhar
36:41o esquema de poder,
36:43seja ele qual for,
36:44que é algo que
36:45determinadas tribos
36:46não entendem
36:47no trabalho jornalístico,
36:48não importa se a ideologia
36:49é a direita,
36:50é a esquerda,
36:51etc.
36:51Quem é jornalista
36:51de verdade,
36:52quando tem um material
36:53que revela os meandros
36:55do esquema de poder,
36:57organiza,
36:57divulga,
36:59e é isso que
37:00a Folha fez,
37:01com base
37:02em mensagens
37:03de assessores,
37:04então também
37:05é preciso registrar,
37:06porque aqui a gente
37:06não passa pano
37:07para ninguém,
37:08também os bolsonaristas
37:09que agora usam
37:10o conteúdo de mensagens
37:11de assessores
37:12de autoridades públicas,
37:15atacaram até
37:16não poder mais,
37:17e continua atacando
37:18até hoje,
37:19jornalistas que
37:20divulgaram mensagens
37:21dos seus próprios
37:22assessores,
37:23assessores bolsonaristas.
37:25Então o jornalismo
37:25tem que fazer isso mesmo,
37:27tem que investigar,
37:29apurar,
37:29revelar
37:30aquilo que acontece
37:32nas sombras do poder
37:33e que muitas vezes
37:34contraria a retórica
37:36e o discurso oficiais.
37:37Tchau,
37:38tchau.
37:39Tchau,
37:40tchau.

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