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Jornalista e comentarista esportivo Mauro Beting reflete sobre pior derrota na história da seleção brasileira, e como o orgulho nacional pelo futebol tenta se recompor uma década depois

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00:00Olá, você assinante da Cruzoé, bem-vindos, essa é mais uma edição da Cruzoé Entrevistas,
00:13eu sou Gui Mendes, repórter da revista. Em 8 de julho, ou seja, daqui a duas semanas,
00:19nós lembraremos uma das datas mais trágicas da história do Brasil recente, isso é, os 10 anos,
00:25o 7x1 contra a Alemanha, ocorridos no Mineirão, dia 8 de julho de 2014, todo mundo se lembra
00:31onde a gente estava, o que a gente estava fazendo, muito provavelmente de frente à TV,
00:36e como a gente se sentiu depois daquela saraivada de gols da Alemanha.
00:40Então, para conversar um pouco sobre o que foi do futebol brasileiro desde então,
00:45o que vai ser o futebol brasileiro daqui para frente, a gente convidou nessa sexta-feira
00:52Mauro Betting, um dos jornalistas esportivos mais respeitados e aclamados do Brasil.
00:56Mauro, bem-vindo ao Cruzoé Entrevistas.
01:00Prazer enorme estar com vocês, como um consumidor do trabalho de vocês, galera do Cruzoé, Gui, todo mundo,
01:07para dizer que, puxa vida, é algo que não se poderia imaginar há 10 anos, quase 10 anos,
01:13e mesmo agora, pô, e depois passaram os 10 anos, e aí?
01:16Aí que a gente ainda não tem respostas. Nunca vai ter,
01:19porque se a gente pegar todas as Copas desde 30 no Uruguai,
01:23nem a mais fraca anfitriã África do Sul em 2010 perdeu por 7x1 para uma equipe
01:28em uma Copa do Mundo, ainda mais numa semifinal, ok?
01:31Perdeu para a futura campeã, tetracampeã Alemanha,
01:34mas não se perde por 7x1, né?
01:36E a gente se perdeu de uma maneira que a gente não vai se encontrar tão cedo.
01:41Excelente.
01:42Para compor essa quase mesa redonda de conversas com o Mauro,
01:47eu convidei também aqui na redação o Rodolfo Borges,
01:50nosso coordenador do Antagonista e também Colunista da Cruzoé.
01:54Bem-vindo, Rodolfo.
01:55Obrigado.
01:56É uma mesa triangular, né?
01:57É uma mesa triangular, é uma reta curva.
02:00É a reta curva do futebol.
02:02É a triangulação.
02:02Pois é, a gente está, né, assim, a gente está agora na iminência de uma Copa América,
02:08olhando, assim, meio com inveja para a Eurocopa e tentando entender, né, ainda, né, Mauro,
02:17assim, tentando entender o que ficou daquilo, quais foram as sequelas.
02:22E aí eu queria perguntar diretamente, assim, você acha que o 7x1 teve, em particular,
02:28uma influência na relação da população, da torcida brasileira com a seleção brasileira
02:33ou é mais amplo do que isso, esse distanciamento que a gente sente?
02:38Excelente questão, Rodolfo.
02:39Faz parte do pacote, né?
02:42Só para tentar rememorar rapidinho a minha experiência própria,
02:45na véspera eu estava no Rio de Janeiro, na Copa eu comentei pela Fox, majoritariamente,
02:51Fox Sports não só por ela,
02:53e eu apresentava aquela noite de segunda-feira, à véspera, um programa com o Paulo Roberto Falcão.
02:58E entre os convidados estava o Christos Toyskov, maior jogador da Bulgária,
03:02quarto colocado na Copa de 94, bandeira histórica do Barcelona e um ótimo comentarista.
03:08E o Toyskov comentou com a gente aquela coisa, palpite, ele foi até bastante polido no ar
03:12e falou, bom, acho que a Alemanha favorita, eu também acreditava que a Alemanha passaria para o Brasil e tal.
03:17Aí acabou o programa, o Christos Toyskov falou, bom, vou falar para vocês fora do ar o que eu realmente penso.
03:22A Alemanha vai golear o Brasil, falei, ô, calma aí, velho, tudo bem, não sei o que lá,
03:26bom, e de fato isso aconteceu.
03:28Foi o único jogo de Copa do Mundo que eu vi com o meu filho Cassulo, o Gabriel,
03:32que na época tinha 11 anos, porque, aliás, 12,
03:37porque outras Copas trabalhando, não deu para ver,
03:39e aquela Copa no Brasil, evidentemente, eu consegui voltar para casa,
03:43porque eu faria no dia seguinte em Itaquera, Holanda e Argentina semifinal.
03:47Eu não comentei o Brasil e a Alemanha.
03:49Eu vi com o meu filho, e quando sai o quinto ou o sexto, o gol,
03:53o Alemanha perdão entre o quarto e o quinto gol,
03:55que não tinha tempo quase que hábito para a gente comentar,
03:58eu virei para o meu Cassulo a Gabriel,
04:00que começou a chorar no segundo gol, de tristeza, e no quarto já de raiva.
04:04Eu falei, Gabi, a gente ainda não viu o jogo de Brasil em Copa do Mundo,
04:07porque isso aqui não é um jogo de Copa do Mundo, né?
04:09Virou passeio, como destacou o Galvão Bueno.
04:11Enfim, é um jogo maluco em todos os sentidos, circunstâncias,
04:15e fica como um rescaldo para a gente repensar a seleção, repensar o país,
04:20mas ao mesmo tempo a gente louvar, tentando ser poliana, um pouco pachecão,
04:25o próprio futebol brasileiro, que é o único país que cediu duas Copas
04:29dentre os campeões do mundo e perdeu as duas.
04:31E quando a gente perde, a gente perde pra caramba,
04:34como perdemos no 16 de julho de 50 para o Uruguai.
04:37A única derrota que não tem é como reverter.
04:40Claro que 7x1 só se a gente enfrentar a Alemanha, sei lá, em Dortmund,
04:45guiar da Alemanha por 7x1 numa semifinal de Copa do Mundo.
04:48Mas pelas circunstâncias é muito complicado.
04:50Não tem como devolver os dois ao do maracanaço.
04:53E esse que eu chamo de Mineirasen,
04:56uma mistura de Maracanã com a desinência EN alemã,
04:59também não vai ter como.
05:01E a gente não vai achar explicações futebolísticas,
05:03até por uma coisa que eu faço sempre brincando, mas falando sério,
05:06contra fatos existem argumentos no futebol.
05:08Se você pegar, por exemplo, e essa métrica já tem do SofaScore,
05:12se você pegar o número de chances que o Brasil teve contra a Alemanha,
05:15o número de chances que o Brasil teve contra a Inglaterra,
05:17finalizações pós-de-bola, e quando eu falo em Inglaterra,
05:20naquele jogo fantástico, a segunda partida da Copa de 70,
05:23quando o Brasil foi tri, com a melhor seleção brasileira,
05:26com a melhor seleção campeã do mundo, pra mim, de todos os tempos,
05:29que é de 70, o Brasil teve mais finalizações e mais chances de gol
05:33contra a Alemanha em 2014, do que contra a Inglaterra
05:39no segundo jogo da Copa de 70.
05:42E a mesma coisa, a Inglaterra criou mais chances do que a Alemanha em 2014,
05:47a Inglaterra de 70, que era a base campeã do mundo em 66,
05:50com seis daqueles jogadores, e jogava mais bola a Inglaterra em 70
05:54do que jogou em 66, e a Inglaterra acabou perdendo pro A0,
05:57e o Brasil perdeu pro 7 a 1. É do futebol, é.
06:00É da maravilha que a magia do futebol também é,
06:02da seleção brasileira que não consegue ganhar no Maracanã,
06:05nosso Wembley brasileiro,
06:08e nem na final chega, em 2014,
06:12onde a gente tem que ver a Argentina e a Alemanha
06:14numa final de Copa do Mundo,
06:16que é menos dolorido, claro, do que ver o Brasil levar a virada
06:18que virou em 50.
06:19Mas, enfim, são circunstâncias, são conjeturas,
06:23mas, mesmo assim, já não ajudou a seleção,
06:25que não conseguia cativar com aquela bola rolando, em 2014,
06:28diferentemente do que havia acontecido na Copa das Confederações,
06:31e foi na Copa dos Protestos,
06:33ônibus queimado na Bahia,
06:35no Uruguai e Nigéria, em 2013,
06:39toda aquela convulsão social
06:40sobre hospitais e Copas do Mundo,
06:43a gente conseguiu superar uma final brilhante,
06:46vencendo a, então, seleção no Mundo,
06:47da Espanha por 3x0 na final da Copa das Confederações
06:50um ano antes.
06:51A seleção é convocada pelo Filipão,
06:53treinador do Penta,
06:54com auxiliar técnico, Parreira,
06:57treinador do Tetra,
06:58e a gente não tinha muitas discussões.
07:00Não era uma geração maravilhosa,
07:01não era a grande favorita,
07:02o Brasil, como quase sempre,
07:04estava entre as seleções favoritas,
07:06mas a gente acaba, da maneira como acabou,
07:08apanhando ele 7x1 da Alemanha
07:10e ainda depois em Brasília, no sábado,
07:11perdendo por 3x0 para a Holanda.
07:13Em dois jogos, o Brasil levou 10 gols.
07:15É uma coisa de maluco.
07:17Mas, assim, era só culpa daqueles jogadores,
07:19ainda de uma seleção traumatizada
07:22pela perda nas quartas de final em Fortaleza,
07:25com a vitória contra a Colômbia,
07:26mas perdendo com aquela entrada animal
07:28do Suniga no Neymar,
07:30é claro que o Neymar fazia falta.
07:31Mas era para ser 7x1, claro que não era.
07:34E de lá para cá, tem muita coisa
07:35que precisa ser repensada
07:36ou pensada pela primeira vez.
07:38Inclusive, o papel nosso,
07:40da imprensa quase sempre jactante
07:42e prepotente,
07:43de achar que só os treinadores
07:44têm que se reformular,
07:45só os jogadores têm que repensar as carreiras,
07:48a maneira como as encaram,
07:50só o rejuvenescer,
07:52reformar a nossa própria cabeça,
07:54as nossas práticas,
07:55só jogador, treinador, dirigente de hábitos.
07:57Nós da imprensa, não.
07:58Nós também fazemos parte desse pacote,
08:01desse problema
08:02e de trazer poucas soluções
08:04nesses 10 anos.
08:05Deixa eu pegar essa deixa, Mauro.
08:07Você falou assim,
08:08temos que repensar.
08:10E aí eu pergunto,
08:11o que já foi repensado?
08:13O que a gente já fez
08:15desde que rolou esse 7x1?
08:19A gente conseguiu avançar
08:20em alguma coisa
08:22futebolisticamente,
08:24eu digo,
08:25na forma como o futebol brasileiro
08:27é conduzido?
08:28É bom lembrar
08:30ou mal lembrar
08:31que em maio de 2015
08:33surge o FIFA Gate,
08:34quando na Suíça
08:35é o presidente da CBF,
08:38então,
08:38que já era na Copa de 2014,
08:39o José Maria Marim.
08:41Aí o vice,
08:42Marco Paulo Del Nero,
08:44acaba tendo que,
08:46diferentemente do nome dele,
08:47não viajar mais o mundo.
08:49E aí a gente vai dar os processos
08:50que levam o Coronel Nunes
08:52para presidente,
08:53é o Caboclo que sai,
08:54agora o Edinaldo que assume.
08:56Então essa bagunça
08:57de uma CBF
08:58que teve pouquíssimos,
08:59desde 1914 a CBF
09:00teve pouquíssimos presidentes,
09:02longevos presidentes,
09:04e a gente tem uma troca
09:05de presidentes
09:06que a gente não conhece
09:07quem é o presidente
09:07ou praticamente
09:08não conhece o presidente,
09:10que também acontece.
09:11O Coronel Nunes,
09:11uma figura que não tinha
09:12a menor ideia,
09:13o próprio Caboclo
09:14também não se conhecia
09:15e o Edinaldo também não.
09:17E alguns ao conheceram,
09:19é melhor não ter conhecido.
09:20Mas enfim.
09:21Então,
09:22em termos de futebol,
09:23a CBF está melhor
09:24do que estava em 2014,
09:25que não é necessariamente
09:26um elogio.
09:27E mesmo na conquista
09:28do Penta,
09:29quando a gente só teve
09:29dois presidentes,
09:31João Avelange,
09:31que se perca pelo nome,
09:33e o seu gerro,
09:34Ricardo Teixeira,
09:35ainda pior,
09:36a gente foi com esses caras
09:38Penta campeão do mundo.
09:39Então, assim,
09:40a organização,
09:41a limpeza,
09:42a licitude,
09:44a legitimidade,
09:45mesmo com esses
09:46ditadores,
09:47dá para dizer,
09:48ou continuistas,
09:49porque o Avelange
09:50chega em janeiro de 1958
09:53à seleção brasileira,
09:55a CBD,
09:56e deixa a CBD
09:57em 75,
09:58quando já era
09:59presidente eleito
10:00da FIFA em 74.
10:02O Ricardo Teixeira
10:03chega em 16 de janeiro
10:04de 89,
10:06e só vai largar
10:06o osso
10:07para os escândalos
10:08que levariam
10:08ao próprio
10:09FIFA Gate
10:10em 12 de março
10:11de 2012.
10:12Então,
10:13praticamente,
10:14é uma dinastia,
10:15porque era
10:16genro e sogro,
10:18enfim.
10:18Então,
10:19fora de campo,
10:19eu acho que a gente
10:20tem normas até
10:21de compliance
10:22internas e externas
10:23melhores.
10:24A CBF tem melhorado
10:25ou tem deixado
10:26de piorar?
10:27Ponto.
10:28Agora,
10:29dentro de campo,
10:30tem muita coisa
10:31que a gente precisa
10:32e deve melhorar.
10:33Não estou nem falando
10:34dos treinadores
10:35que assumiram no período,
10:36depois da Copa
10:37vem o Dunga,
10:37vem o Tite,
10:38que eu acho que fez
10:38um trabalho muito bom,
10:39aí vem o Ramon Menezes,
10:41que era o interino
10:41do interino,
10:42aí vem um interino
10:43efetivado,
10:44que era o Fernando Diniz,
10:45desefetivado,
10:46antes de acabar,
10:46digamos,
10:47a interimidade,
10:48e agora tem o Dorival Júnior,
10:49que eu acho muito bom
10:50treinador também,
10:50e seria a minha escolha
10:51antes mesmo do Diniz.
10:53Se vai dar certo ou não,
10:54saberemos agora
10:55com a Copa América.
10:56Então,
10:56acho que em termos
10:56de seleção brasileira,
10:57a coisa deu uma melhoradinha,
10:59e em termos de futebol
11:00brasileiro e mundial,
11:02para resumir,
11:03claro,
11:03que seria um tema
11:03do simpósio,
11:05são fases.
11:06A gente vive,
11:06talvez,
11:07a nossa maior seca
11:08de títulos,
11:09talvez a gente não ganhe
11:10em 26,
11:10é uma das seleções
11:11que podem ganhar,
11:12mas é dever dizer
11:13que aí não é só
11:13demérito do futebol brasileiro,
11:15é próprio do futebol de hoje.
11:17Se a gente voltar
11:18ao Penta em 2002,
11:19é Itália 6,
11:20Espanha 10,
11:21Alemanha em 14,
11:23a França 18,
11:24a França bate na trave
11:25e perde nos pênaltis,
11:26para a Argentina 22.
11:28Nunca na história
11:29das Copas,
11:29desde a primeira lá,
11:30em 30,
11:31no Uruguai,
11:32tivemos tantos
11:33campeões alternados.
11:34Ninguém foi bi,
11:35como não temos um bi
11:36desde o Brasil de 62,
11:37podia ter sido a França,
11:38mas não foi,
11:38e nunca tivemos
11:39uma alternância de poderes.
11:41Não se repete um campeão
11:42desde 2002.
11:44Então,
11:44assim,
11:45o Brasil está inserido
11:47nesse contexto
11:47e a gente costuma
11:48ser muito prepotente,
11:49é brasileiro,
11:50é o maior campeão do mundo,
11:52os maiores craques
11:52deste planeta
11:53e do planeta
11:54de onde veio o Pelé
11:55são os nossos,
11:56mas não é toda hora
11:57que você ganha.
11:59Em TV,
11:59a gente não pode ter
12:00esse pensamento tacanho
12:01de que ganhamos 5 Copas,
12:02mas perdemos 17.
12:04Não é assim,
12:04o futebol não deve ser a vida.
12:06Mas eu entendo que,
12:07apesar de tudo,
12:08pelo trauma também,
12:09mas não só pelo trauma,
12:10eu acho que há alguma evolução.
12:12O trabalho de treinadores
12:12estrangeiros no Brasil
12:13é sempre positivo.
12:15Foi assim que a gente
12:15ganhou a primeira Copa de 58,
12:17ganhando com o Bela Gutmann,
12:18que fez a cabeça
12:19do nosso técnico,
12:20Vicente Fiola,
12:21vindo de fora
12:22para trabalhar no São Paulo
12:23com o Fiola.
12:24Então,
12:24tem algumas evoluções.
12:25Tecnicamente,
12:26são momentos sazonais,
12:27temos uma geração muito legal,
12:28vamos falar daqui a pouquinho dela,
12:30mas eu vejo,
12:30de um modo geral,
12:31esperança.
12:32Mas aí também,
12:33eu vou dizer,
12:33amigos,
12:34é uma coisa minha,
12:35porque apesar de jornalista esportivo
12:37e de palmeirense,
12:38eu sou um cara
12:38extremamente positivo.
12:41Quem diria, Mauro?
12:42Mauro,
12:43já que você
12:45falou aí um pouco
12:46sobre nova geração,
12:47sobre prepotência,
12:49etc.,
12:49eu queria tocar
12:50em um calo
12:52que ficou
12:53da Copa de 2014,
12:54que é justamente
12:55o Neymar.
12:56O Neymar
12:56era o grande símbolo
12:57da Copa de 2014,
12:59e até um pouco
13:00da geração de 2010
13:02do futebol brasileiro,
13:03que era uma geração
13:04extremamente promissora,
13:05mas que nunca trouxe
13:07o que o brasileiro
13:08espera que são
13:08resultados efetivos.
13:09O Brasil não chegou
13:11a ganhar títulos
13:12depois da Copa de 2014,
13:14nem na Copa América,
13:16que acabou,
13:16acho que só em 2019,
13:18aqui no Brasil,
13:19mas depois,
13:21em 2021,
13:22perde para a Argentina
13:22também.
13:24E agora o Neymar,
13:25ele parece que está entrando
13:26aí num ocaso
13:27da carreira dele,
13:29já uma parte final,
13:30onde ele está mais
13:32envolvido em polêmicas
13:33com influenciadores,
13:34do que com o futebol em si.
13:37Ele já está quase
13:37um ano parado,
13:39deve voltar aos gramados
13:40sauditas em algum momento.
13:43Ao mesmo tempo,
13:44a seleção recebe aí
13:45uma nova dupla
13:46de um ídolo
13:48já sedimentado,
13:50que é o Vini Júnior,
13:50e um possível ídolo,
13:52que é o Hendry,
13:52que os dois têm aí
13:53uma bandeira muito própria,
13:56que acho que é até
13:57uma bandeira
13:57desse momento,
13:59que é o ativismo político.
14:01O Vini Júnior é um cidadão
14:04da bandeira antirracista,
14:06o Hendry,
14:06que já entra bastante
14:08com esse discurso também.
14:10Eu queria que você falasse
14:11um pouco das diferenças
14:12de gerações
14:13em tão pouco tempo,
14:15e as duas até vão acabar
14:16convivendo juntas
14:17em algum momento
14:18na seleção.
14:19Grande questão também, Gui.
14:21Assim,
14:21eu queria sempre pontuar
14:22o Neymar.
14:23Quando o Neymar
14:24chega à seleção brasileira,
14:25depois da Copa da África do Sul,
14:27e para mim deveria ter sido antes,
14:28deveria ter sido junto com o Ganso
14:29à época convocado pelo Dungas,
14:31não vou dizer que o Brasil
14:32ia ser campeão do mundo
14:33e se lá estivesse,
14:34mas teria sido melhor
14:35ou menos pior.
14:36O Neymar chega
14:37para algo que eu imaginava
14:38e acabou sendo
14:39o que aconteceu.
14:41E eu vou ter que
14:41regrir um pouquinho no tempo.
14:43Ela é bastante.
14:45Copa de 38,
14:46o Brasil campeão,
14:47campeão terceiro,
14:48colocado no primeiro
14:48Mundial da França,
14:49você tinha o Leônidas na frente
14:51e o Domingos da Guia
14:51no meio,
14:52no meio, na zaga.
14:53Aí no meio,
14:54nos anos 40,
14:55você começa a ter um zizinho,
14:56no final dos anos 40,
14:57um Jair Rosa Pinto,
14:58e aí na Copa de 50,
15:00o artilheiro do Mundial,
15:01o Ademir.
15:02Aí você tem
15:03na Copa de 58,
15:04o craque da Copa
15:04foi o Didi,
15:05numa Copa que surge em Pelé,
15:07Garrincha,
15:08e ainda tinha o Nilton Santos,
15:09tinha o Zito,
15:09tinha o Gilmar na meta.
15:10E o Brasil
15:11ia bicar para o E62.
15:12Aí começa uma geração
15:14que continua com o Pelé,
15:15mas tem Tustão,
15:16tem Jairzinho,
15:17tem Rivelino,
15:18tem Gerson,
15:19cracaços que nem convocados
15:20foram para o trim de 70,
15:21como o Dissão Lopes,
15:22por exemplo,
15:23como o Ademir da Guia.
15:24Aí você pega
15:25nos anos 70,
15:26você tem a consolidação
15:27do Rivelino,
15:28o Explode Zico,
15:29o Toninho Cerezo,
15:30aí vem no final
15:30dos anos 70,
15:31Sócrates,
15:32já tinha nos anos 70,
15:33Falcão,
15:33maravilhoso,
15:34Reinaldo Centravante.
15:35Aí você começa
15:36nos anos 80
15:37a ter Careca,
15:38aí você vai ter Romário,
15:39você vai ter Bebeto,
15:40vai dar na geração do Tetra.
15:42Aí do Penta,
15:42nesse meio,
15:43você tem o Rivaldo,
15:44o Melhor do Mundo,
15:45em 99.
15:46Aí o Brasil vai ser Penta,
15:47vai ter um Kaká em 2007,
15:48vai ter Roberto Carlos e Capu.
15:50Aí você tem
15:51o Ronaldo de Gaúcho,
15:52um monstro sagrado,
15:53duas vezes o Melhor do Mundo
15:54em 2004 e 2005.
15:56E aí você chega
15:58ao Neymar.
15:59Do nível do Neymar,
16:00você teve alguma coisa
16:01próxima,
16:02o Felipe Coutinho
16:02em 2018.
16:05Na zaga,
16:06o moço que é o Thiago Silva,
16:07na volância,
16:08o moço que é o Casimiro.
16:09Mas nesse nível,
16:10dá para dizer que
16:11desde 2010,
16:12até porque não rolou o Ganso,
16:13e também não rolou
16:14o que eu imaginava
16:15que seria o Alexandre Pato,
16:16o Neymar jogou
16:17praticamente sozinho.
16:18Eu voltei até os anos 30.
16:20e falei em alguns nomes
16:22e tem mais um monte de nome
16:25para citar.
16:26O Neymar não.
16:27Ele teve praticamente sozinho
16:28o Felipe Coutinho,
16:28quem mais chegou
16:29no ciclo de 18 a 22,
16:31o melhor jogador para mim
16:32na seleção.
16:37A partir de 2022,
16:39o melhor jogador,
16:40perdão,
16:41do ciclo de 18
16:42a Copa de 22,
16:43o melhor jogador para mim
16:44foi o Paquetá,
16:44que está longe desse nível
16:46extraterrestre que a gente falou,
16:48ou de altíssimo nível.
16:49Então, assim,
16:50o Neymar jogou praticamente sozinho
16:51e ainda assim o artilheiro
16:52em números absolutos
16:53da seleção brasileira.
16:54O Neymar pagou umas contas
16:55que não são só dele.
16:57E aí você pode,
16:58deve discutir muito
16:58o Neymar fora de campo,
16:59o Neymar mesmo dentro de campo,
17:01as tantas lesões
17:02que impediram ele de ser
17:03o que ele tinha talento para ser.
17:05E aí eu vou dizer algo
17:06que conversei e entrevistei.
17:08Dorval, Mengalvi,
17:09Coutinho, Pelé e Pepe,
17:10a maior linha ofensiva
17:11da história do Brasil,
17:12para não dizer do mundo.
17:13Todos falam que o Neymar
17:14jogaria com eles.
17:15Jairzinho, Gerson,
17:20Custão, Pelé e Ribeirinho.
17:21Todos colocariam o Neymar
17:23no time em algum lugar,
17:24ou pelo menos para entrar
17:25no seguro tempo.
17:26Não é um jogador qualquer,
17:27mas jogou sozinho,
17:28entre aspas,
17:29como eu tentei explicar agora.
17:31Mas talvez tenha faltado
17:32um pouco essa consciência dele,
17:34Neymar,
17:35para se inserir nesse momento,
17:37como maravilhosamente se insere
17:38o Muhammad Ali do futebol,
17:40não só brasileiro,
17:41mas o Mundial é o que faz
17:42o Vinícius Júnior,
17:43sem falar o bolão que ele joga,
17:45o que ele sofre,
17:45nenhum jogador na história
17:46do futebol mundial sofreu
17:48o que ele sofre na Espanha
17:49e praticamente só na Espanha
17:51e a bater no peito,
17:52dizer que ele é o gode,
17:54racistas,
17:55não precisa nem dizer,
17:56e o Henry que vai
17:57pelo mesmo caminho.
17:58Então, é uma coisa
17:59que é muito, muito legal,
18:00é que a gente tem,
18:01acho que uma geração
18:01muito boa dentro e fora de campo
18:03e que vai ser ajudada, sim,
18:05e muito pelo Neymar.
18:06Porque se tem uma coisa
18:07que não se pode dizer do Neymar
18:08é que ele não tem
18:08espírito de grupo,
18:09sobretudo em seleção brasileira.
18:11Nunca causou o Neymar
18:13um problema dentro
18:13ou fora de campo.
18:14Aliás, ao contrário,
18:15ele é muito querido,
18:16muito respeitado
18:17e é ídolo, evidente,
18:18não o Vinícius Júnior,
18:19é ídolo, evidente,
18:20do Henrique,
18:21do Rodrigo,
18:22que é outro bolão de jogador
18:23também com a história santista,
18:24desse moleque
18:25mais do que promissor
18:26que já é praticamente
18:27uma realidade
18:27com 17 anos
18:29que eu esteve
18:29no Palmeiras
18:30e outros tantos,
18:31sobretudo do meio pra frente
18:32que o Brasil está produzindo.
18:33Então, assim,
18:34para 26,
18:35já antecipando,
18:36ainda lembro
18:36porque ele não pode jogar
18:37na Copa América,
18:39que vai estar atuando
18:40no futebol brasileiro Neymar,
18:42ele vai ser muito importante
18:43para uma seleção
18:44que tem potencial, sim,
18:45para ser ex-126
18:47e para isso é fundamental
18:48que tenha experiência
18:49e o couro curtido
18:50do próprio Neymar.
18:53Excelente.
18:53Eu vou deixar agora
18:54para o Rodolfo
18:54a próxima pergunta.
18:55É impressionante, né, Mauro?
18:56Eu vou até concordar contigo.
18:58Os jogadores todos,
18:59eles falam com muita
19:00admiração do Neymar, né?
19:01É impressionante isso.
19:03E aí,
19:03mas parece que tem uma nuvem
19:05que ele próprio colabora
19:06de alguma forma para botar
19:07que essa coisa,
19:08ela se dilui, né?
19:09E aí quem olha de fora
19:11fica com a impressão
19:12de que ele é menor do que é.
19:13Mas, de fato,
19:14todos os jogadores,
19:15é impressionante isso.
19:17Toda hora está passando
19:18no Instagram lá
19:18algum jogador falando
19:19super bem do Neymar, né?
19:21Agora, aproveitando
19:22que a gente está falando
19:23de Hendrick e Vinícius Júnior,
19:25para seguir nessa análise
19:27sobre futebol brasileiro,
19:29esses dois saíram muito cedo
19:31do Brasil, né?
19:32O Hendrick está saindo agora.
19:33O Estevam já está contratado, né?
19:35Já está, a saída também já está, né?
19:39E a gente vê eles muito pouco aqui.
19:41E é uma demonstração de força, né?
19:44Do futebol europeu
19:45em relação ao futebol brasileiro,
19:47sul-americano em geral.
19:48A gente pode falar
19:49do resto do mundo inteiro,
19:50mas assim,
19:51essa distância que existe hoje,
19:54como é que você analisa,
19:56como é que ela colabora?
19:58A gente pode falar um pouco
19:59de seleção brasileira, sim,
20:00mas também da forma
20:01como o futebol hoje
20:03é jogado no Brasil
20:04e como a gente se vê
20:05em relação ao resto do mundo, né?
20:07A gente está na iminência aí
20:08de ter um campeonato
20:10de clubes internacional
20:11em que surgiu um ruído
20:13de que o Real Madrid
20:14estava achando
20:14que ia ganhar pouco
20:15e o dinheiro que o Real Madrid
20:17vai ganhar, gente,
20:18qualquer clube do Brasil, assim,
20:20se ajoelharia por ele.
20:23E aí fica uma questão
20:25meio constrangedora, assim, né?
20:27A gente já não consegue
20:28futebolisticamente
20:29fazer frente a esses caras
20:31e os grandes orgulhos
20:33dos torcedores brasileiros, né?
20:35De clube,
20:36são nesse contexto, né?
20:38E hoje parece que não tem,
20:39não tem nem o que fazer.
20:41É isso, perfeito, Rodolfo.
20:43E assim,
20:45contextualizando um pouquinho
20:46para trás,
20:47ou até,
20:48já pegando esse exemplo,
20:49hoje cada vez mais
20:51é tipo uma NBA,
20:52com a diferença aqui
20:53do basquete,
20:54que você não tem um só país, né?
20:56Você acompanha a Premier League,
20:57você acompanha a Bundesliga,
20:59a Série A italiana,
21:00a Liga Espanhola,
21:01enfim,
21:02são vários os torneios,
21:03fora o próprio torneio continental,
21:05que é a Champions League.
21:06E até a Europa League
21:07que ganha força,
21:08porque você tem outras
21:09grandes equipes
21:10ou grandes camisas também,
21:11eventualmente,
21:12disputando o que seria
21:13o segundo torneio,
21:14que seria não,
21:15o que é o segundo torneio
21:16em importância na Europa.
21:18E a gente acaba querendo,
21:19por exemplo,
21:20vai,
21:22pegando o exemplo
21:23de quem está chegando agora,
21:24o Hendrik,
21:24e sem querer comparar
21:26que é melhor ou que é pior,
21:27é tipo um varejão no NBA,
21:28quer dizer,
21:29é um ídolo nosso,
21:30mas que está jogando lá fora,
21:31a gente vai ver pela televisão.
21:32Até porque,
21:33mesmo porque os estádios,
21:34ainda que melhores,
21:35mais seguros,
21:36mais confortáveis no Brasil,
21:37as arenas,
21:38elas são gentrificadas,
21:39cada vez mais você vai,
21:41não tem o espaço popular,
21:43é como dizer o preço
21:44do carro popular.
21:44Popular para quem?
21:45Para o chultão de Brunei?
21:47É caro o ingresso?
21:48É caro um carro popular?
21:50Então é a nossa realidade.
21:52E aí,
21:52voltando ao tempo,
21:53é diferente mesmo,
21:54porque você pega,
21:55por exemplo,
21:56até 1966 e 1980,
21:59a Itália não podia contratar
22:00jogadores estrangeiros,
22:02só italianos.
22:04A Espanha,
22:04só dois.
22:05A Inglaterra tinha a questão
22:07do Ministério do Interior,
22:08do Working Permit,
22:09que você não podia
22:10trazer jogadores
22:12que não tivessem
22:12determinados números
22:13pelas suas seleções nacionais.
22:15E isso era o restritivo,
22:16por óbvio,
22:17a partir da Lei Bosman,
22:18que você libera
22:19para toda a comunidade europeia,
22:20e até três jogadores
22:22extra-comunidários da Europa,
22:24você não tinha tantos brasileiros
22:26atuando nos Eldorados,
22:28Eldorateados,
22:28Eldoranceados do mundo,
22:30como agora a Liga Saudita,
22:32já foi a Chinesa
22:32e outros países também.
22:34Então, por exemplo,
22:34você tinha fenômenos como esse,
22:36para pegar,
22:36voltar aos anos 70,
22:38um Paulo Roberto Falcão,
22:39o maior craque do Internacional,
22:41um dos mais elegantes
22:41e melhores jogadores
22:42que eu vi na vida,
22:43ele começa no Internacional
22:45em 72
22:45e só vai para Roma
22:46com a abertura do mercado italiano
22:48no meio de 80.
22:49Imagine um Paulo Roberto Falcão
22:51hoje no Internacional,
22:52ele estaria vendido
22:53com 18, 17 anos,
22:55iria para a Europa
22:55com 18 anos.
22:57E com todo o respeito
22:58a Roma,
22:59até porque eu tenho
22:59um carinho especial,
23:01não seria para Roma,
23:02seria para o Real Madrid,
23:03provável.
23:04Zico,
23:05gente,
23:05o Zico,
23:06o Zico estreia
23:07no Flamengo em 71,
23:08só vai para Udinese
23:10em 83.
23:11Pô,
23:11o Zico
23:12estaria vendido
23:13com 17 anos também
23:14para o Real Madrid,
23:15para o Barcelona,
23:16para o Bayern de Munique,
23:17sei lá para onde.
23:18Careca,
23:19o centroavante espetacular
23:20dos mortos que a gente teve,
23:21o maior parceiro
23:22do Maradona no Nápoles
23:23quando chega a Itália
23:24em 88,
23:25perdão,
23:26em 87,
23:27o Careca,
23:28ele explode
23:28um pouquinho depois
23:29da Copa de 78
23:30naquele grande Guarani
23:31campeão brasileiro
23:32e o Careca só vai
23:33estrear na seleção brasileira
23:35quatro anos depois
23:36de uma vitória
23:37sobre a Alemanha
23:38em março de 82
23:39no Maracanã.
23:40Careca,
23:40que esse monstro sagrado
23:41também não aguentar.
23:43O que aconteceu
23:44com o Neymar,
23:44que o Santos
23:44muito bem segurou
23:45da estreia dele
23:46em fevereiro de 2009
23:48até ser negociado
23:49com o Barcelona
23:49em agosto de 2013,
23:51pô,
23:51não tem a menor condição,
23:52inclusive hoje
23:53com o preço
23:54que é o euro,
23:55o preço que é o dólar.
23:56Então assim,
23:57a gente não vai ter mais isso.
23:58E aí eu falo
23:59até como palmeirense
24:00com dor no coração
24:01que esse ataque espetacular
24:02com o Estevan e Hendrick,
24:04podia ter o Luiz Guilherme,
24:05podia ter o Kevin,
24:06podia ser ainda o Gabriel Jesus,
24:08que o Palmeiras
24:09maravilhosamente montou
24:10a partir de 2015
24:11com esse novo trabalho
24:13na base palmeirense.
24:14Se fosse nos anos 70,
24:16talvez fosse um dos maiores,
24:17se não mora,
24:17o ataque da história
24:18do Palmeiras,
24:19com o Estevan,
24:19com o Hendrick,
24:20que é durar.
24:21Agora a gente torce,
24:22e não só agora,
24:23no Palmeiras,
24:23em qualquer clube no Brasil,
24:25para que a gente tenha
24:25ótimos jogadores,
24:27não excepcionais,
24:27porque se ele sonha
24:28tipo o Vinícius Júnior,
24:30o Vinícius Júnior
24:30com dois jogos
24:31como profissional
24:32já estava vendido
24:32para o Real Madrid.
24:33O Hendrick,
24:34praticamente a mesma coisa.
24:36O Estevan está saindo
24:37para o Chelsea,
24:38o Vitor Roque já foi
24:38para o Barcelona.
24:40Não tem jeito,
24:40é o futebol de hoje,
24:41então a gente não tem
24:42nem como começar
24:43e que parar.
24:44Claro,
24:45se fosse melhor organizado,
24:46se fosse melhor administrado,
24:48se esse país
24:48fosse mais sério,
24:49se o nosso futebol
24:50fosse mais sério,
24:50com uma série de circunstâncias,
24:52talvez a gente segurasse
24:53até os 19,
24:54mas ao mesmo tempo,
24:55se eu não posso falar
24:56para um jornalista
24:57ficar aqui no Brasil,
24:58se tem uma opção lá fora,
24:59para um médico,
25:00para um pagodeiro,
25:01para qualquer coisa,
25:02vai ter que sair do Brasil
25:03porque é mais negócio?
25:04Como é que a gente
25:05vai falar de um atleta profissional
25:06que tem uma carreira
25:07mais restrita
25:08e com os salários
25:09que são oferecidos,
25:10as condições de vida
25:11e de tudo
25:12para os penta-ex-anetos deles?
25:14Não tem jogo,
25:15então assim,
25:16não tem o que fazer.
25:17É a gente torcer,
25:17talvez,
25:18para que a gente não tenha
25:18jogadores tão brilhantes
25:20para que eles possam ficar
25:21no Brasil até os 19
25:22e não serem vendidos
25:23com 16 anos.
25:24É,
25:25nessa questão do país,
25:27né,
25:27o entorno todo,
25:28né, Mauro?
25:29Próprios jogadores
25:30que estão para voltar,
25:31né,
25:31o William voltou
25:32para o Corinthians,
25:33aí tem ameaça e tal,
25:34o cara morava na Inglaterra,
25:36morava em Londres,
25:37aí,
25:37né,
25:37volta,
25:38ele volta,
25:38se ele pode voltar,
25:39ele volta,
25:40né,
25:40a família está sendo ameaçada,
25:42né,
25:42o Cássio agora mesmo
25:43estava sendo ameaçado,
25:45se tiver,
25:45o Carlos Miguel,
25:47né,
25:47ah,
25:47vai ficar no Corinthians,
25:48não vai,
25:48o cara vai escapar,
25:50né,
25:50agora,
25:51a pergunta que eu queria deixar
25:53é assim,
25:54é claro que tem todos
25:55esses problemas assim,
25:56mas o único caminho
25:58que parece,
25:59e aí eu te pergunto
26:00se você concorda,
26:01é a formação de uma liga,
26:03assim,
26:03porque assim,
26:04eu pego o exemplo do,
26:05a Premier League,
26:05a Premier League é da década
26:0690,
26:07né,
26:08e foi inspirada na NFL
26:09americana,
26:10né,
26:10tem uma fórmula aí,
26:11essa fórmula existe,
26:13né,
26:13e se você entende
26:15e sabe o resultado
26:17e tem o interesse
26:20de esperar o tempo
26:21para que a coisa
26:21se consolide,
26:23existe um caminho,
26:23certo?
26:25Não tem a dúvida,
26:26o problema é,
26:26o Rodolfo e Gui,
26:29é aquilo,
26:30havia uma máxima
26:31dos anos 60,
26:32que no fundo ainda
26:33até o final,
26:34assim,
26:35e eu vou pegar
26:35para mim a mais intensa
26:36rivalidade no Brasil
26:37que é a Grenal,
26:38se é bom para o Grêmio,
26:42se eu sou,
26:42por exemplo,
26:42dirigente no Internacional,
26:44se é bom para mim,
26:46tem que ser ruim para o Grêmio,
26:47ou vice-versa,
26:49se for bom para todo mundo,
26:50eu tenho que dar uma espesinhada,
26:51uma cutucada no meu rival,
26:53e acontece,
26:53eu vou pegar um bastidor,
26:55uma reunião,
26:55não tão recente,
26:56mas destas gestões,
26:59sobre a padronização,
27:00olha a questão até menor,
27:02era a padronização
27:03da fonte da letra,
27:05no caso dos números
27:06das camisas do Brasil,
27:07no início da reunião,
27:08reunidos os 20 clubes,
27:09o Flamengo falou,
27:10não,
27:10o Flamengo é diferente,
27:12a gente vai fazer de um jeito,
27:13vamos embora,
27:13não estou falando pelo Flamengo,
27:14estou falando pelos seus dirigentes,
27:16aí acabou o papo ali,
27:17que claro,
27:18precisava de unanimidade,
27:19o Flamengo falou,
27:20não,
27:20a gente quer fazer a fonte
27:21que a gente quiser,
27:22a hora que a gente quiser,
27:23o que os nossos patrocinadores
27:24e parceiros quiserem,
27:25então a gente não quer conversar,
27:26pronto,
27:26então assim,
27:27e isso é uma questão menor,
27:28sobre a fonte da letra,
27:30imagina outras questões
27:31de direito de televisão,
27:32de receita,
27:33de bilheteria,
27:33de placa de publicidade,
27:35de entradas ou não
27:36de empresas de bet,
27:37então,
27:38então não tem jeito,
27:38tá gente,
27:39pode ter o que a gente tem hoje,
27:40duas ligas,
27:41elas podem conversar entre si,
27:43mas infelizmente,
27:44pela rivalidade,
27:46às vezes meio que tacanha,
27:47meio que obtusa,
27:48obnubilada dos dirigentes brasileiros,
27:50e por essas rivalidades pueris
27:52de terceira série
27:53e de quinta categoria,
27:55a gente não vai para frente,
27:56a liga é uma saída,
27:57é até porque você tem mais gente
27:59e traz mais inteligências
28:01nessa desinteligência no futebol,
28:03não deixa só para os nossos cartolas,
28:05tem muita gente preparada
28:06já há anos,
28:07para não dizer alguns casos
28:09de décadas,
28:10de profissionais do esporte,
28:11da gestão esportiva,
28:12do marketing esportivo,
28:13do direito esportivo,
28:14da administração esportiva,
28:16do todo,
28:17como uma bola que é literalmente
28:19do futebol,
28:20quase que uma bola de neve,
28:21no bom sentido,
28:22tem como botar para jogar,
28:24mas aí vem,
28:25ah, mas é aquela coisa,
28:26o Corinthians é bom,
28:27então não pode ser bom
28:28para o Palmeiras,
28:29aí não tem mais jogo,
28:30mas assim,
28:30de um modo geral,
28:31repito,
28:31embora palmeirense,
28:32embora jornalista esportivo,
28:33eu sou um cara otimista,
28:35então acredito que vai haver
28:36uma evolução,
28:37no nível necessário não,
28:39mas que já está acontecendo
28:40aqui e ali,
28:41inclusive com os grupos
28:42formados para a formação
28:44de uma liga legal,
28:45e aí eu quero só acrescentar também,
28:47a gente tem um movimento
28:48que é legal,
28:49que é bom,
28:50mas que não é milagreiro,
28:51nem milagroso,
28:52que é o movimento da SAF,
28:54das Sociedades Anônimas do Futebol,
28:55até porque muitas delas
28:57têm entrado em clubes falidos,
28:59falidos por incompetência,
29:01por má gestão,
29:02ou por má vontade,
29:03ou por crime mesmo,
29:04e aí tem uma massa falida
29:05que não é fácil,
29:06até porque também você não consegue
29:08chegar para o torcedor,
29:09independente do tamanho do clube,
29:10e fala,
29:10olha,
29:11tem que arrumar a casa
29:12e não é de uma hora para a outra,
29:13eles acham que chega a SAF
29:15e vira o Manchester City
29:16de uma hora para a outra,
29:17sendo que o nenhum Manchester City
29:18virou de uma hora para a outra
29:19o que tem sido
29:20desde que foi comprado
29:21pelo grupo de Abu Dhabi em 2008,
29:23como o próprio Paris Saint-Germain
29:24no outro nível,
29:25desde 2011
29:26com a entidade esportiva do Qatar,
29:29também não é aquele,
29:30o Newcastle há quatro anos
29:31com o do governo da Arábia Saudita
29:32fez de outros movimentos também,
29:34não é banco imobiliário,
29:35você investe 200x
29:38e vai conseguir 200x no futebol,
29:40não é assim,
29:41vai ajudar?
29:42Vai,
29:42mas quando a gente também
29:43começa a cobrar resultado,
29:45ou porque o árbitro erra,
29:47ou porque o goleiro falhou,
29:48ou porque o outro time é melhor,
29:49está mais estruturado,
29:50ou deu a sorte
29:50dessa maluquice que é o futebol,
29:53e você pega o campeonato,
29:54às vezes a gente pega
29:55e joga tudo fora,
29:56o que tem acontecido,
29:58por exemplo,
29:58com o Paris Saint-Germain
29:59desde 2011,
30:00você aí no Brasil
30:01já tinha ateado o fogo
30:02na sede do clube,
30:03e o Brasil tinha invadido o Qatar
30:05porque o dinheiro vem de lá,
30:06porque a gente não tem
30:06a menor paciência para nada.
30:09Exato,
30:10já estamos chegando aqui
30:11no final da conversa,
30:12eu queria agradecer
30:13a essa enciclopédia,
30:16praticamente,
30:17porque eu nunca vi uma pessoa
30:18citar datas,
30:19como quem cita a receita de bolo,
30:23palmeirense,
30:25e principalmente um otimista,
30:27que é o Mauro Betch.
30:28Mauro,
30:29para fechar,
30:30a gente falou muito
30:31sobre passado,
30:32a gente veio desde a Copa de 30,
30:34citando escalações,
30:36a gente falou muito
30:37do presente,
30:37dessa formação brasileira,
30:39do futebol brasileiro,
30:41e até em competição
30:42ao futebol europeu,
30:43e assim,
30:45vamos falar aqui
30:45um pouco de futuro próximo
30:47e futuro,
30:48até médio prazo aí,
30:52a gente está gravando
30:53essa conversa no dia 21,
30:55ou seja,
30:55a Copa América começou ontem
30:57com a vitória da Argentina,
30:59o Brasil joga
31:00nessa segunda-feira
31:00e essa entrevista
31:01vai ao ar agora
31:02no dia 28,
31:04onde já vai ter aí
31:06a prévia do segundo jogo
31:07da seleção brasileira.
31:08A minha dúvida é
31:09como que você vê o Brasil
31:11nessa Copa América,
31:12como que você vê a...
31:16E assim,
31:16não tentando fazer
31:17aí um chutômetro
31:18como a gente já fez aqui
31:20pra Copa do Mundo,
31:21mas se esses dois eventos
31:23eles são capazes
31:24de trazer
31:24o que o 7x1 tirou da gente,
31:26que era aquele gosto
31:27de acompanhar a seleção
31:30como uma parte
31:30da nossa família,
31:31praticamente.
31:32Grande questão,
31:33Gui,
31:33mas só pra falar,
31:34a gente está falando
31:35pro dia 28,
31:36mas o Brasil já estreou bem,
31:37foi 3x0 na Costa Rica,
31:39só acho que o Dorivaldo Júnior
31:39demorou pra colocar o Hendrick,
31:41que era claro que tinha
31:42que entrar antes,
31:43ele fez o terceiro gol
31:44pro Brasil.
31:45No caso do Hendrick
31:46não é tão difícil acertar,
31:47o resto pode acontecer
31:48qualquer coisa.
31:49Tá gravado.
31:50Tá gravado.
31:51Já tá gravado.
31:52Então, na sexta-feira
31:52foi 3x1, tá, gente?
31:54Veio do futuro pra dizer
31:55que deve ter tido
31:56o gol do Hendrick,
31:57deve ter tido.
31:58Mas assim,
31:59pra você ver
31:59como são as coisas, né?
32:01O Brasil,
32:02voltando também no tempo,
32:032001,
32:04Copa América,
32:04era uma Copa América
32:06no invés,
32:06nem ter acontecido
32:07numa Colômbia convulsionada,
32:09mas enfim,
32:09o Brasil foi.
32:10Lembrem que na hora
32:11de embarcar o Mauro Silva
32:12com muita coragem,
32:13ele falou,
32:13eu não vou em nome
32:14da minha família,
32:14tá um país,
32:15tá uma zona lá,
32:16infelizmente,
32:17como estava a Colômbia.
32:18Depois ele foi alijado
32:19da seleção,
32:19que é uma pena.
32:20É um dos caras mais sérios,
32:21o mais íntegros
32:22que eu conheci na vida,
32:23não só no futebol.
32:24O Mauro Silva,
32:25eu costumo falar sempre
32:26pra ele,
32:26o melhor Mauro,
32:27o único Mauro bom
32:28que existe no futebol
32:29é o Mauro Silva.
32:29Não,
32:29tem o Mauro Galvão também,
32:31mas tudo bem.
32:32Enfim,
32:32e aí o Brasil foi
32:33e foi eliminado,
32:34lembra,
32:34pela seleção
32:35de Honduras.
32:37O Brasil jogou quatro partidos
32:38e perdeu duas,
32:39né?
32:39E naquele momento
32:40o Brasil engatava
32:41uma série de derrotas
32:42terríveis,
32:42que desde 1920
32:43não tinha,
32:44e era um panorama terrível.
32:46O Brasil não vai nem
32:47pra Copa
32:47e se correr o risco.
32:49Naquele 2001,
32:50o Brasil só se classificaria
32:51em novembro,
32:52jogando contra a Venezuela
32:54em São Luís,
32:55uma vitória por 3 a 0,
32:57pro Brasil ir pra Copa
32:58de 2002, né?
32:59E lembrando que lá
33:01menos de um ano depois
33:02a gente foi penta,
33:03ganhamos os sete jogos,
33:05aquela história de carochina
33:06do Ronaldo Fenômeno mesmo,
33:08com o absurdo que ele fez,
33:09mais o Rivaldo,
33:10mais o time do Filipão.
33:12E lembrando que naquela Copa
33:13o Brasil não teve Romário,
33:14o Brasil não teve amoroso,
33:16não teve Sonny Anderson,
33:17não teve Alex,
33:18não teve Djalminha,
33:19não teve Capitão Emerson
33:20mesonado.
33:21Olha o nível de jogadores
33:22que nem pra aquela Copa foram.
33:24E a gente achava
33:25que tinha uma porcaria.
33:26Quer dizer,
33:27tava mal também
33:28durante as eliminatórias,
33:29porque durante os 18 jogos
33:31o Brasil convocou 104 jogadores
33:33por quatro treinadores distintos.
33:34Então, a zona.
33:35E durante aquela preparação
33:37em 2001,
33:38você tinha a CPI da CBF
33:39e a CPI da Nike.
33:40Eram duas CPIs
33:41no futebol brasileiro.
33:43E com perguntas assim,
33:45quem devia estar
33:45marcando os Ibani?
33:47Aquelas perguntas
33:48republicanas e parlamentares, né?
33:50Nos 3 a 0 da França
33:51na Copa de 98.
33:53Então, o Brasil
33:53teve momentos muito piores
33:54e a gente achava
33:55pô, não pode mais.
33:57Tanto é que um dos quatro
33:58treinadores, o Leão,
33:59antes do empate
34:00contra a seleção
34:01do Peru,
34:02no Morumbi,
34:02por 1 a 1,
34:03o Leão convocou uma seleção
34:04praticamente só com atletas
34:05que atuavam no Brasil.
34:07Porque teriam mais identidade
34:08com a camisa.
34:10Já era uma bobagem
34:11pra mim em 2001
34:11e agora mais ainda.
34:13Você pode não ter
34:14aquela identificação.
34:16Beleza.
34:17Mas daí achar que não,
34:18que ninguém tá em linha
34:19com a seleção,
34:19não é o caso.
34:20E de novo,
34:21aí a gente é muito
34:22resultadista.
34:22se a gente fizer,
34:24como eu acho que vai fazer
34:24uma boa Copa América,
34:25o Brasil, claro,
34:26está entre os favoritos
34:27e até deverá estar
34:28entre os favoritos
34:29pra 2026 e pintar o Hexa,
34:31a gente não pode esquecer
34:32mesmo o 7x1.
34:34A gente dá uma limpada nisso
34:35e acho que o Brasil
34:36tá na ponta,
34:38não na ponta,
34:39não é a principal favorita,
34:41mas está entre as seleções
34:42favoritas,
34:43porque tem muito talento
34:44do meio pra frente,
34:45sobretudo,
34:46meio pra trás,
34:46nem tanto,
34:47mas nem sempre você tem
34:48seleções perfeitas.
34:49A gente às vezes tem,
34:50pensando, por exemplo,
34:51no Brasil do 30 e 70,
34:52aquele time era perfeito,
34:54aquele time ficou
34:55112 dias treinando,
34:57com dois treinadores diferentes,
34:58quando sai em 16 de março
35:00o Zagallo,
35:01perdão,
35:01o Saldanha pra assumir o Zagallo,
35:03aquele time levou
35:04112 dias treinando junto
35:06pra virar o maior time
35:07de todos os tempos.
35:08Pra última Copa,
35:09a gente não teve duas semanas
35:10junto.
35:11Não tô dizendo que é só por isso
35:12que o Brasil não ganha a Copa,
35:13porque as outras também,
35:1431 seleções de 22,
35:16também não tiveram
35:17esse tempo todo.
35:18Mas o Brasil foi espetacular
35:19e 70 porque os caras
35:20ficaram 112 dias juntos
35:21trabalhando,
35:22mesmo com duas comissões
35:23técnicas distintas
35:24ou com o chefe delas
35:25diferente.
35:26Tem diferente,
35:27não tem como você emular
35:28ou repetir aquela situação.
35:29Mas você pode ganhar,
35:31porque na Copa de,
35:32sei lá,
35:32em 26 vão ter
35:33728 seleções, né?
35:35Uma só vai ser campeã.
35:37E uma delas pode ser o Brasil,
35:38até pelo potencial técnico.
35:40Nem tanto dos treinadores,
35:41comissão técnica,
35:42mas dentro de campo
35:43a gente pode se segurar,
35:44a gente pode ir pras cabeças.
35:45Incrível.
35:48Queria agradecer demais,
35:50demais, demais
35:50a presença do Mauro Betting
35:52por essa meia hora
35:53de papo com a gente.
35:55Queria agradecer também
35:56Rodolfo,
35:57por favor,
35:58faça as honras.
36:00Não, agradeço também,
36:01Mauro,
36:01e destaco aqui,
36:03quando sair o resultado
36:043x1 para o Brasil,
36:05a gente vai recortar
36:06esse trecho do vídeo
36:07e vamos colocar
36:08nas redes sociais,
36:08porque eu confio
36:09nesse prognóstico aí.
36:103x1 o Endric,
36:14Dorival demorou.
36:16Entrando atrasado
36:17e marcando, sim.
36:17É isso aí.
36:19Excelente.
36:21Esse foi o Cruzoar Entrevistas
36:23dessa semana,
36:25nós voltaremos
36:25na semana que vem.
36:27Até lá.
36:27Transcrição e Legendas por Quintena Coelho

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