O podcast Cinco Minutos desta segunda-feira, 8, mostra a ausência de políticas públicas abrangentes e números oficiais consolidados sobre o autismo no Brasil.
Estimativas indicam que o país tenha cerca de 6 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mas os desafios para quem precisa de atendimento público vão da demora no diagnóstico à insuficiência de terapias, gerando prejuízos sociais às atuais e futuras gerações.
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00:00Olá, a partir de agora você ouve 5 Minutos, o podcast diário de O Antagonista.
00:10Eu sou Júlia Schiaffarino e te conto o que acontece de mais importante na política,
00:15na economia e onde mais houver notícia.
00:18Desde o início do dia, O Antagonista mantém você bem informado.
00:24Muito bom dia. Hoje é segunda-feira, 8 de abril.
00:30Eu queria começar o 5 Minutos de hoje te fazendo uma pergunta.
00:33Você conhece alguém que foi diagnosticado ou que tem um filho ou parente diagnosticado com autismo?
00:40O Brasil vivencia um crescimento vertiginoso no número de diagnósticos do espectro do transtorno autista, o chamado TEA.
00:47Apesar disso, a ausência de políticas públicas de fato abrangentes e até mesmo de números oficiais consolidados ainda persiste
00:55e marca este abril azul, que é o mês dedicado à conscientização do autismo no mundo.
01:01Somente em 2022, o Brasil incluiu uma pergunta sobre o diagnóstico de autismo no censo.
01:07Só que até hoje, esses dados não foram divulgados.
01:10Isso significa que, na prática, o Brasil não sabe quem são os autistas do país,
01:15nem onde eles vivem ou do que precisam de fato.
01:18O que a gente tem hoje é uma estimativa.
01:20Isso com base em cálculos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que é um órgão ligado ao governo dos Estados Unidos.
01:27De acordo com essa estimativa, o Brasil tem atualmente 6 milhões de pessoas com autismo.
01:34E o primeiro gargalo que essas pessoas enfrentam, principalmente aquelas de baixa renda que dependem da rede pública de saúde,
01:40é o acesso a um diagnóstico.
01:42Eu conversei com a doutora Bruna Ituaçu.
01:45Ela é médica especialista em neurologia pediátrica com foco em autismo.
01:49Ela atende na rede pública de saúde, algumas regiões periféricas de São Paulo.
01:54E ela comentou que, às vezes, a saga de um pai ou uma mãe, pelo diagnóstico de um filho, pode durar até 5 anos.
02:01Fatalmente, essas crianças chegam com um diagnóstico muito tardio.
02:05Ou elas chegam para nós com suspeita, às vezes por 4, 5 anos, aguardando uma consulta na fila.
02:13E chegam sem diagnóstico, sem laudo, sem prescrição de tratamento, sem tratamento.
02:20Essas crianças acabam recebendo um diagnóstico por volta dos 7, 8 anos, já com grandes prejuízos.
02:26Só que depois do diagnóstico, os pais de crianças com autismo passam por outra veia cruzes, que é o acesso às terapias.
02:33A doutora Bruna também comentou que a média disponibilizada pelo SUS costuma ser de uma terapia em grupo a cada 15 dias.
02:40Estudos mais recentes demonstram que 40 horas de terapia semanal seria o ideal para uma criança com TEA.
02:47Imagina os pais que não dispõem de recursos para isso.
02:50Nós temos dificuldade no diagnóstico. Após realizar esse diagnóstico, esse processo é extremamente lento.
02:56Nós temos dificuldade em realizar tratamento. Demora muito e hoje o Brasil, o SUS, não tem políticas públicas de saúde efetivas no tratamento, no diagnóstico e nem no acompanhamento dessas crianças.
03:12Então hoje é uma realidade triste.
03:14Hoje nós recebemos crianças tardiamente que poderiam ter sido assistidas muito antes de ter realizado diagnóstico precoce, tratamento precoce e mudança do prognóstico dessas crianças.
03:28Fatalmente nós teremos crianças que serão adolescentes e adultos com muita dificuldade na independência,
03:35porque nós não fizemos o que deveria ter sido feito e que inclusive é direito garantido dessas crianças, dessas famílias que é acesso à saúde.
03:43Agora na educação. Uma radiografia do censo escolar do ano passado mostrou um crescimento de 48% nas matrículas de crianças com TEA em apenas um ano, ou seja, entre 2022 e 2023.
03:58Isso na educação básica, que é do infantil ao ensino médio. Eu vou repetir, 48% de crescimento nas matrículas.
04:06O CNE, que é o Conselho Nacional de Educação, registrou em um documento que nos próximos anos o Brasil pode ter de um a dois estudantes com autismo em cada sala de aula.
04:17Há um parecer do próprio CNE que normatiza o atendimento para crianças com TEA nas escolas públicas e privadas do país.
04:24Só que apesar de aprovado pelo Conselho no ano passado, o texto não tem valor legal.
04:30Ainda falta a decisão do ministro da Educação, Camilo Santana, de homologar o documento.
04:40Você ouviu 5 Minutos, o podcast diário de O Antagonista.
04:44Produzido e apresentado por mim, Júlia Schiaffarino, e com sonoplastia de Robson Negrini.
04:50Não esqueça de curtir e compartilhar o nosso conteúdo.
04:54Um bom dia e até amanhã.
04:55O que faz o negócio de sucesso ser um grande negócio?
05:03Quem são as pessoas por trás desses empreendimentos?
05:06Quais foram as dificuldades que elas enfrentaram?
05:08Quais foram os pontos de virada?
05:09Como pensam essas pessoas?
05:12É sobre isso que nós vamos falar num novo programa no canal do Antagonista no YouTube,
05:17O Sala Antagonista, onde eu, Rodrigo Oliveira, recebo CEOs, empresários, CFOs, empreendedores
05:25que fazem a economia brasileira girar.
05:28Toda segunda-feira, às 20 horas, logo após o Papo Antagonista.
05:33Então entre e fique à vontade, porque esta sala é sua.
