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O papa Francisco afirmou, em entrevista divulgada no sábado, 9, pela emissora de televisão suíça RTS, que Ucrânia e Rússia deveriam negociar “antes que as coisas piorem”.

"Acredito que são mais fortes aqueles que veem a situação, que pensam no povo, que têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar. A palavra ‘negociar’ é uma palavra corajosa. Quando você vê que está derrotado, que as coisas não vão bem, precisa ter a coragem de negociar" disse o pontífice.

A declaração do papa, obviamente, foi criticada por autoridades ucranianas.

"O mais forte é aquele que, na batalha entre o bem e o mal, fica do lado do bem em vez de tentar colocá-los em pé de igualdade e chamar isso de ‘negociações’. Ao mesmo tempo, no que diz respeito à bandeira branca, conhecemos esta estratégia do Vaticano desde a primeira metade do século XX. Exorto-vos a evitar a repetição dos erros do passado e a apoiar a Ucrânia e o seu povo na sua justa luta pelas suas vidas", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

E completou: Nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e prevalecemos. Jamais hastearemos quaisquer outras bandeiras.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também criticou o pontífice:

"Os assassinos e as câmaras de tortura russas não conseguem avançar para a Europa porque estão sendo retidos por ucranianos que portam armas sob a bandeira azul e amarela. Costumava haver muitas paredes brancas de casas e igrejas na Ucrânia, mas agora foram queimadas e danificadas por bombas russas. Isto diz muito sobre quem precisa parar para que a guerra termine."

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Transcrição
00:00Muito bem, o Papa Francisco afirmou que Ucrânia e Rússia deveriam negociar antes que as coisas piorem.
00:06Mas pra quem que ele foi pedir bandeira branca?
00:09Vamos mostrar aqui.
00:11Foi numa entrevista divulgada no sábado, nove, pela emissora de televisão suíça, RTS.
00:16Abro aspas pro Papa Francisco.
00:18Coloca aí na tela, produção.
00:20Acredito que são mais fortes aqueles que veem a situação, que pensam no povo,
00:24que têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar.
00:28A palavra negociar é uma palavra corajosa.
00:32Quando você vê que está derrotado, que as coisas não vão bem, precisa ter a coragem de negociar.
00:39Dá vergonha, mas com quantas mortes isso vai terminar?
00:43Hoje, por exemplo, na guerra da Ucrânia, há muitos que querem atuar como mediadores.
00:49A Turquia se ofereceu para isso.
00:51E outros, não tenham vergonha de negociar antes que as coisas piorem.
00:56Fecho aspas.
00:58Vamos lembrar o que não está devidamente contextualizado por essa fala do Papa Francisco.
01:06Que a Rússia invadiu a Ucrânia sem qualquer ataque anterior.
01:13Não houve invasão de território russo pela Ucrânia.
01:17Não houve massacre com assassinatos, como o Hamas fez em território israelense.
01:24A Ucrânia não entrou na Rússia para matar 1.200 pessoas, não sequestrou 239, não mantém 134 em cativeiro.
01:31A Rússia simplesmente queria, porque queria, invadir a Ucrânia.
01:37E quem quer é quem comanda, Vladimir Putin.
01:39Então, as tropas russas foram lá, provocaram um massacre e o exército ucraniano, com a ajuda de civis,
01:48muitos dos quais reservistas que tiveram que fazer ali todo o procedimento burocrático em cima da hora para atuar em defesa do seu país,
01:55lutam justamente para isso, para defender a soberania territorial, a democracia e, em primeiro lugar,
02:03a vida deles próprios e dos seus compatriotas, incluindo, claro, suas famílias, muitas das quais tiveram que emigrar,
02:12tiveram que sair do lugar onde moravam por causa da guerra contra a Ucrânia.
02:18E isso não é devidamente colocado pelo Papa Francisco.
02:23Uma declaração que acaba legitimando a atitude do Vladimir Putin,
02:28porque coloca Rússia e Ucrânia em pé de igualdade,
02:34como se estivesse havendo uma guerra num lugar neutro entre dois exércitos,
02:40com causas devidamente claras de ambas as partes,
02:44e um estivesse perdendo, e para não haver mais mortes, então tem que negociar o que é isso.
02:50A doutrina cristã não manda que se pregue isso antes de que se defenda que o invasor pare de invadir,
03:05que o invasor permita que aquele país tenha a sua soberania territorial,
03:12mantenha a sua democracia, a vida dos seus cidadãos.
03:16O que é isso? Tem um país invadindo o outro.
03:19E o Papa fala simplesmente em bandeira branca daquele que está sendo derrotado.
03:23Ele citou a Ucrânia depois como exemplo, mas antes olha o que ele falou.
03:26Quando você vê que está derrotado, que as coisas não vão bem,
03:29precisa ter a coragem de negociar.
03:30Agora, é uma coragem da vítima de uma guerra negociar.
03:36Esse é o verdadeiro ato de coragem.
03:39Quer dizer, o Papa Francisco acaba esvaziando o próprio sentido dessa palavra.
03:43As pessoas na Ucrânia estão dispostas a lutar até a morte,
03:47para a defesa dos seus ideais, dos seus princípios, daquilo que elas acreditam.
03:51Que começa, evidentemente, no sentimento de sobrevivência, de patriotismo.
03:58É uma declaração completamente aloprada e a gente fala, independentemente de quem seja o autor.
04:05A declaração do Papa, claro, foi criticada pelas autoridades ucranianas.
04:08Vamos conferir o que disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba.
04:14Abre aspas.
04:15O mais forte é aquele que, na batalha entre o bem e o mal, fica do lado do bem,
04:19em vez de tentar colocá-los em pé de igualdade e chamar isso de negociações.
04:24Perfeita a declaração, né? Meu comentário aqui.
04:26Continuando.
04:56É uma declaração histórica do ministro.
05:00Eu o chamei de aloprada porque estou me referindo ao teor específico.
05:06Não estou, com isso, analisando a intenção.
05:09O padre, o Papa Francisco, ele é criticado, desde que assumiu o cargo,
05:14por um viés alinhado mais à esquerda global,
05:17que está aí passando pano para Vladimir Putin,
05:20que está aí traçando equivalência entre invasor e invadido.
05:25Então, assim, nem cheguei à questão da intenção.
05:30Mas é mais uma declaração que alinha o Papa Francisco ao que há de pior no mundo
05:35e àqueles que passam pano para o que há de pior no mundo.
05:39E o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também criticou o pontífice.
05:45Obviamente, de uma maneira indireta, as autoridades tentam manter uma certa elegância,
05:51um certo distanciamento, até para não parecer que eles estão simplesmente
05:55confrontando toda a população cristã do mundo.
06:01Mas uma declaração específica de uma autoridade desse segmento mundial da sociedade.
06:08Abre aspas.
06:09Os assassinos e as câmaras de tortura russas não conseguem avançar para a Europa
06:14porque estão sendo retidos por ucranianos que portam armas sob a bandeira azul e amarela.
06:20Olha só as expressões fortes que eles usam.
06:23Os assassinos e as câmaras de tortura russas.
06:27Vamos voltar a esse ponto mais tarde.
06:29Continua Zelensky.
06:30Costumava haver muitas paredes brancas de casas e igrejas na Ucrânia,
06:34mas agora foram queimadas e danificadas por bombas russas.
06:37Isso diz muito sobre quem precisa parar para que a guerra termine.
06:41Todos os que defendem a vida e as pessoas estão cumprindo a missão mais honrosa possível
06:45diante de uma invasão tão desumana e devemos proteger totalmente a vida em nossa casa.
06:51Sou grato a todos que apoiam nossa defesa e nossos defensores.
06:55Quando o mal russo lançou esta guerra em 24 de fevereiro de 2022,
06:59todos os ucranianos se levantaram para defender o seu país.
07:02Cristãos, muçulmanos, judeus, todos.
07:06E sou grato a cada capelão que está no exército,
07:09nas nossas forças de defesa, na linha de frente,
07:12protegendo a vida e a humanidade.
07:13Aqueles que apoiam os outros através de oração, conversa e ações.
07:18A igreja é isto.
07:20Una com o povo.
07:22Não a 2.500 quilômetros de distância.
07:25Algures à procura de uma mediação virtual
07:28entre os que querem viver e os que querem destruí-los.
07:32Quer dizer, em algum outro lugar.
07:35Estou grato a todos que estão na Ucrânia e com a Ucrânia,
07:37fazendo todos os esforços para proteger a vida.
07:40Agradeço a todos que ajudam,
07:43que estão verdadeiramente próximos nas ações e nas orações.
07:47Fecho aspas.
07:49Está aí a declaração, mais uma vez,
07:52precisa de Volodymyr Zelensky,
07:55a respeito dessa barbaridade
07:57vergonhosa dita pelo Papa Francisco.
08:01Isso tem absolutamente nada a ver com o melhor da tradição cristã,
08:10que defende, em primeiro lugar, o amor ao próximo,
08:12que Vladimir Putin não tem.
08:14Então, é a ele que o Papa deveria estar apelando
08:19para que parasse com essa guerra.
08:20Porque se ele deixar de invadir a Ucrânia, não tem guerra.
08:24A Ucrânia não invadiu a Rússia.
08:26Se o Hamas não invadisse Israel,
08:30Israel já tinha saído da faixa de Gaza em 2005.
08:34Não teria guerra na faixa de Gaza nesse momento.
08:38Então, o apelo tem que ser feito contra o mal.
08:41Aqueles que apelam para que o bem se curve,
08:45seja completa ou parcialmente ao mal,
08:49eles estão, de alguma forma,
08:51fortalecendo o mal,
08:53mesmo que sob uma retórica de praticar o bem.
08:57Sob uma camuflagem de prática do bem.
09:01Lamentavelmente, lamentavelmente,
09:04com o perdão da insistência,
09:06o Papa Francisco está aí,
09:09dando uma declaração que fortalece o mal contra o bem.
09:12Duda Teixeira.
09:14Nossa, foi bem no ponto esse Papa...
09:18Eu entendi que a frase dele é que
09:22seria um gesto de coragem
09:25aos ucranianos eles se renderem,
09:28levarem a bandeira branca.
09:32E o que eu sempre sinto falta
09:34nas falas do Papa
09:37é meio que baseado em que ele está falando isso,
09:40no versículo X, na doutrina britânica.
09:44Na verdade, é um cara que sai falando,
09:47dando opinião sobre qualquer coisa.
09:49E aí ele fica muito à mercê
09:51dos preconceitos que ele tem.
09:54Parece decisão do Moraes, sabe, Duda?
09:56Com perdão.
09:58Parece.
09:59O Moraes veio dar uma decisão
10:00que não cita lei nenhuma, né?
10:01Da cabeça dele, lá e pronto.
10:03Tipo o Gilmar dando declaração para a imprensa.
10:05Continua.
10:06É isso.
10:06É totalmente imprevisível, né, Felipe?
10:10Você não tem a menor noção
10:11do que ele vai dizer agora
10:12sobre o próximo conflito mundial, né?
10:15Uma boa comparação que você fez com o STF, né?
10:19Agora, em 2015,
10:21esse mesmo Papa,
10:23os terroristas da Al-Qaeda,
10:25entraram na redação do Charlie Hebdo,
10:29em Paris.
10:30Naquela época, o Charlie Hebdo
10:31tinha publicado charges com o Malmé
10:34e entraram na redação atirando
10:36e mataram um monte de cartunista e jornalista.
10:40E o que o Papa falou naquela época?
10:43Ele está num avião com jornalistas e fala
10:45ah, mas se alguém aqui me dá um tapa,
10:48essa pessoa tem que ficar esperando
10:49que eu vou dar um murro de volta, né?
10:53Então, naquele momento,
10:55o Papa superaceita
10:57que alguém que se sinta ofendido
11:00possa reagir, né?
11:03com violência.
11:05De novo, totalmente,
11:07sem citar nada, né?
11:08Nenhuma doutrina
11:09e também faz pouco caso
11:12da liberdade de expressão
11:14na França, né?
11:16Então, assim,
11:17cada hora ele se baseia
11:19numa coisa
11:20e dá uma opinião
11:21completamente imprevisível.
11:23Mas tem uma constante, sim,
11:26se a gente olhar
11:26outras declarações do Papa
11:29desde 2022,
11:31que mostram
11:33que ele está
11:34do lado do Putin, tá?
11:38A guerra começa em fevereiro,
11:40eu acho que lá
11:40para o meio do ano,
11:42o Papa Francisco fala
11:44olha,
11:45a gente tem que entender
11:46que os russos
11:47se viram provocados, né?
11:50Porque fala um pouco
11:52da OTAN,
11:53olha,
11:53a OTAN estava crescendo muito
11:55e aí
11:55eles pegaram
11:56e tipo,
11:57como se o Putin
11:58estivesse reagindo
11:59alguma coisa
12:00e que por estar reagindo
12:01ele estaria fazendo
12:03a coisa certa.
12:05Isso o Papa falou
12:06em 2022, né?
12:08No ano seguinte
12:09ele vai para São Petersburgo
12:11para falar com os jovens
12:13e fala para esses jovens russos, né?
12:16Olha,
12:17vocês são os herdeiros
12:18da grande Rússia,
12:20vão lá,
12:21é avante, né?
12:22Quando você fala
12:24isso em um país
12:24que está em guerra,
12:25recrutando jovens
12:26para uma guerra,
12:28você não pode falar isso, né?
12:30Essa ideia ainda
12:31da grande Rússia
12:32é a ideia
12:33que o Putin
12:33tem na cabeça dele, né?
12:35De voltar
12:35à União Soviética
12:37ou ao Império Russo,
12:38né?
12:38Expandir território.
12:41Então,
12:41acho que a única constante
12:43do Papa
12:44nesse ponto aí
12:45é que ele é
12:46pró-Putin
12:47e contra a Ucrânia.
12:48Pois é, Duda,
12:51o que é absolutamente
12:52lamentável,
12:54mas não surpreende
12:55a gente
12:55que já acompanha
12:57as declarações
13:00do Papa
13:00sobre algumas questões
13:02sensíveis internacionais
13:04desde o começo
13:05dele no cargo
13:08e elas repercutem
13:11muito mal
13:12muitas vezes, né?
13:13E muitas vezes
13:15repercutem mal
13:16porque realmente
13:17ele fala algo errado, né?
13:19Algo que,
13:20como você bem colocou,
13:21não é baseado
13:22nos princípios,
13:23nos valores milenares
13:25defendidos
13:25pela doutrina cristã
13:28em toda a literatura cristã.
13:30Não.
13:31São opiniões individuais
13:33absolutamente etéreas, né?
13:36Que ele tem colocado
13:37aí a respeito de tema
13:39que mostra
13:39muito mais
13:40questões ideológicas
13:44que o Papa
13:44possa ter
13:45ou alinhamentos
13:46individuais dele
13:47com determinados grupos,
13:49com determinados
13:50governos
13:53ou qualquer
13:54coisa desse tipo, né?
13:56A gente não vê
13:57o uso
13:59da doutrina
14:01de uma maneira
14:01coerente com ela.
14:03Muito bem.
14:04Vamos em frente.
14:06Então,
14:06falei aqui
14:07da reação
14:08do
14:09Vladimir Zelensky,
14:10presidente da Ucrânia,
14:11a declaração do Papa,
14:12e logo em seguida,
14:14o Zelensky
14:14comemorou o Oscar
14:15de melhor documentário
14:16de longa-metragem
14:18recebido pelo filme
14:1920 Dias em Mariupol.
14:21O documentário
14:22é um relato
14:22em primeira pessoa
14:23de
14:24Mislav Chernov,
14:27correspondente de guerra
14:28e romancista
14:29ucraniano,
14:30que ficou preso
14:31na cidade ucraniana
14:32Mariupol
14:32durante uma
14:33ofensiva russa
14:34na cidade.
14:36Vamos assistir
14:36ao trailer?
14:37A gente colocou
14:38legendas em português,
14:39né, Duda?
14:40Pode-se soltar.
14:44Alguém me disse
14:45que as guerras
14:47não começam
14:47com explosões,
14:49elas começam
14:52com silêncio.
14:56Nós vemos
14:57visualmente
14:58as tanques
15:00foram
15:00com a
15:01com a
15:01com a
15:01com a
15:01com a
15:01com a
15:01com a
15:01com a
15:01com a
15:02com a
15:02com a
15:03com a
15:04com a
15:05Mariupol
15:05bloqueado
15:06de todos
15:06lados.
15:08Os russos
15:09estão
15:09entrando
15:09a cidade.
15:12A guerra
15:12começou
15:13e nós
15:14temos
15:14a história
15:15de
15:15com a
15:15história.
15:20Isso é
15:24difícil
15:24de ver
15:25mas
15:26devemos
15:27de ver
15:27vão to watch.
15:57Se o mundo viu tudo, o que aconteceu em meu home,
16:12ele daria pelo menos algum significado a esse horror.
16:17Meu céus vai desesperadamente querer esquecer tudo isso.
16:23Mas a câmera não vai deixar isso acontecer.
16:27Sensacional esse trailer, né?
16:33Eu, obviamente, ainda não vi o filme, mas estou doido para ver.
16:38Embora nós, jornalistas, Duda Teixeira sabe bem disso,
16:41a gente acompanha tudo isso desde o começo,
16:44quando há qualquer tipo de guerra.
16:46Essas imagens, em geral, elas ficam mais completas,
16:49mais costuradas e devidamente descritas num filme
16:55que, enfim, acaba sendo roteirizado, produzido, editado,
17:00muito tempo depois de todo esse acompanhamento jornalístico diário
17:05que a gente faz, a partir de relatórios, de imagens dispersas,
17:09a partir de correspondentes, de fontes abertas,
17:14de todas as outras ferramentas de que a gente dispõe.
17:17Então, o Mislav Chernov fala ali
17:22de que essas imagens precisam repercutir,
17:25as pessoas precisam ver para que elas tenham sentido.
17:28Elas não saem da cabeça dele, ele até gostaria que saísse,
17:31mas as câmeras não deixam.
17:33E tomara que não deixem,
17:35para que o mundo entenda a barbaridade que é uma guerra,
17:41sobretudo quando ela é feita a partir de uma decisão unilateral
17:47de um tirano que quer simplesmente assumir o comando
17:52pelo território de um país já devidamente estabelecido
17:54na sua vizinhança.
17:57Então, assim, esse documentário ganhou o Oscar
18:01de melhor documentário na noite seguinte, praticamente,
18:05a declaração do Papa querendo que a Ucrânia se rendesse à Rússia
18:10e negociasse, enfim, dando algum tipo de parte
18:14do seu próprio território para Vladimir Putin.
18:17É uma resposta avassaladora a essa declaração vexaminosa do Teixeira.
18:23É um documentário imprescindível porque dá realidade.
18:28O Putin sempre justificou essa guerra absurda
18:35com uma narrativa de que ele estava libertando a Ucrânia
18:40dos neonazistas, como se fosse ali uma guerra dele
18:45contra o governo de Kiev, do Zelensky.
18:50Mas não, essa guerra é uma guerra que acontece inteiramente
18:55em território ucraniano e que fez vítimas civis ucranianas.
19:02Essas pessoas precisaram sair das suas casas,
19:05muitas morreram, muitas estão feridas,
19:08e eu acho que esse documentário mostra isso.
19:13Crimes contra a humanidade também sendo praticados.
19:16Mariupol é aquela cidade onde você tem a destruição de um teatro,
19:20onde estavam as crianças escondidas.
19:25Então, é um documentário imprescindível.
19:29E sobre a reação do Zelensky, há duas coisas.
19:33Uma, que o Zelensky reage ao Papa falando que a Igreja
19:38são as pessoas reunidas.
19:41Acho que na etimologia da palavra tem isso mesmo,
19:44a Igreja como uma convocação de quem está fora,
19:47mas que a Igreja é formada pelas pessoas.
19:51Então, não é a burocracia do clero que é a Igreja,
19:57é a Igreja das pessoas.
19:59Então, as pessoas podem continuar seguindo a fé cristã,
20:03a fé católica, sem precisar do Papa.
20:05É claro que o Papa a gente repercute,
20:08porque ele tem algum poder.
20:10E outra coisa que o Zelensky chama a atenção,
20:15quer dizer, ele está realmente falando bastante desse documentário.
20:20Acho que aí tem uma questão que não só porque o documentário
20:22mostra a realidade, como afirmei,
20:26contrasta a narrativa falsa do Kremlin,
20:29que é reproduzida aqui no Brasil e em vários outros países,
20:33mas porque traz de novo o foco à Ucrânia.
20:36Porque com a guerra de Israel,
20:41do governo de Israel contra o Hamas na faixa de Gaza,
20:46o mundo passou a olhar muito mais para a região do Oriente Médio.
20:53Uma guerra em reação a um ataque terrorista.
20:55É sempre bom diferenciar,
20:56porque tem a guerra da Rússia contra a Ucrânia,
20:59quer dizer, por iniciativa da Rússia,
21:01é que você falou guerra de Israel contra o Hamas,
21:03mas é óbvio que é a reação militar ao ataque terrorista.
21:07Sim.
21:08E também no momento em que está mais difícil para o Zelensky
21:11conseguir aprovar ajuda financeira no Congresso americano,
21:16ele está com dificuldade de recrutar jovens para a guerra,
21:24vai ter eleição na Ucrânia esse ano,
21:26então o Zelensky pode perder.
21:28E vai ter eleição agora, no final da semana, na Rússia.
21:34O Putin vai ganhar, obviamente,
21:35mas é uma eleição que acontece também nos territórios
21:38conquistados pela Rússia na Ucrânia.
21:42Então o Zelensky estava muito abatido,
21:46muito enfraquecido,
21:48e aí eu acho que esse documentário fez bem para ele,
21:51porque voltou a colocar o Zelensky e a Ucrânia nos holofotes.
21:55Exatamente.
21:58E o Vitor Orbán,
22:02ele que comanda ali um regime autoritário,
22:07Duda Teixeira,
22:08ele próprio falou sobre a posição do Donald Trump
22:12contrária a uma ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia nesse momento.
22:19E parece que o Donald Trump realmente está exercendo uma influência
22:22sobre o Congresso americano para que não haja ajuda financeira,
22:28ou militar, à Ucrânia, para que isso acabe logo.
22:31Só que se isso acaba logo, sem ajuda para a Ucrânia,
22:34acaba com uma vitória russa,
22:36uma vitória de Vladimir Putin,
22:37que obviamente coloca o mundo em risco.
22:40A partir do momento que ele se sente onipotente,
22:42que ele se sente capaz de invadir e conquistar um país inteiro,
22:47ele pode continuar fazendo isso exatamente como o Hitler fez.
22:51Você tem aí uma analogia legítima,
22:53que não é nenhuma comparação grotesca como a que o Lula fez,
22:56da reação militar israelense ao holocausto judeu,
23:00que é de um tirano que invade um país.
23:04O Hitler continuou invadindo outros.
23:06O Putin pode vir a fazer isso,
23:10se sentir com essa capacidade.
23:15E quem fez exatamente essa sua comparação
23:19foi o Joe Biden, presidente dos Estados Unidos,
23:22no discurso State of the Union na quinta-feira.
23:25Ele começa o discurso lembrando do Franklin Roosevelt,
23:30pouco antes da Segunda Guerra,
23:32o Hitler dominando alguns países,
23:35e aí o Hitler continua.
23:39Ele até fala,
23:40olha, quem acha que o Putin vai parar só na Ucrânia,
23:43está enganado.
23:43Ele vai pensar depois qual é o próximo país.
23:46Então, a gente está no mesmo momento
23:47ao que havia antes da Segunda Guerra Mundial.
23:52Exatamente.
23:52Lembrando que Orbán é o primeiro-ministro da Hungria
23:56e acabou solapando a democracia por dentro
23:58e está aí falando sobre a articulação do Donald Trump também.
24:05Qualquer hora a gente lida com esse assunto
24:07de uma maneira mais específica.
24:08Só registrando a declaração que o diretor
24:10de 20 dias em Mariupol, esse documentário,
24:13deu na cerimônia do Oscar.
24:17Ou se foi logo ali depois,
24:18mas enfim, a gente tem aqui a declaração dele.
24:20Esse é o primeiro Oscar na história da Ucrânia
24:24e estou honrado,
24:26mas provavelmente serei eu,
24:28serei o primeiro diretor no palco
24:30que dirá que gostaria de nunca ter feito esse filme.
24:34Eu gostaria de poder trocá-lo
24:36para que a Rússia nunca tivesse atacado a Ucrânia.
24:40Então, essa foi a declaração do diretor do documentário.
24:44Quer dizer, ele está aí sendo premiado,
24:46mas por uma obra que retrata o horror sofrido pelo país dele.
24:53Ele preferia que não tivesse acontecido esse horror.
24:57Então, assim, é uma consagração um tanto azeda, dolorosa,
25:03porque você ganha o prêmio por retratar uma barbaridade
25:06que está acontecendo no seu país
25:07e que você não consegue parar.
25:10Mas ele cumpre ali, pelo menos,
25:13a sua vocação de levar essa história para o resto do mundo.
25:17É uma história não só escrita, mas também filmada.
25:20E a gente tem sempre que valorizar
25:22e sempre vai valorizar.
25:24Aqui no Papo Antagonista,
25:25em um antagonista na Cruz Oé,
25:27aqueles que,
25:28e eu falei sobre isso na reunião de pauta hoje,
25:31Duda é testemunha,
25:32aqueles que lutam contra o autoritarismo,
25:37contra invasores,
25:39contra aquelas pessoas poderosas
25:41que tentam matá-la,
25:42que tentam calá-la,
25:44calá-los, né?
25:46Aqueles que lutam contra tudo isso
25:48para que a história registre os fatos como se deram,
25:53para que a história realmente registre
25:56o horror dos atos daquelas pessoas
25:59contra vítimas inocentes,
26:02enfim, tudo isso,
26:04pelo que a Ucrânia está passando nesse momento.
26:06No Brasil, a gente tem uma questão diferente,
26:10que é o poder de turno,
26:12o sistemão, né?
26:14Que engloba, inclusive, o poder executivo,
26:17seja a esquerda,
26:18seja a suposta direita,
26:21tentando varrer toda a sujeira da corrupção
26:25para debaixo do tapete.
26:26E nós lutamos aqui
26:28para que ela não seja varrida.
26:29Nós lutamos aqui
26:30para que a verdade dos fatos
26:34por mais inconveniente que sejam
26:35as pessoas mais poderosas do país
26:37venha à tona.
26:39E nós sempre vamos buscar fazer isso.
26:42Espelhados, inclusive,
26:44nesses exemplos internacionais
26:45do nosso tempo e de outros tempos.
26:48Quem tem a visão muito estreita
26:49só enxerga ali o fato.
26:52É o fato não, né?
26:53A narrativa superficial
26:56sobre um momento específico da história
26:59perde de vista
27:00que aquelas pessoas que lutam efetivamente
27:02para contar os relatos mais inconvenientes
27:06às pessoas de maior poder
27:08são essas que escrevem
27:10a verdadeira história do nosso tempo.
27:12A gente sabe das barbaridades
27:15cometidas pelos grandes tiranos
27:16de outras épocas,
27:18como Hitler, como Stalin, como Mao,
27:21em razão dessa luta individual,
27:24das pessoas perseguidas pelo regime,
27:27das pessoas que quiseram fazer alguma coisa
27:29em prol das vítimas inocentes.

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