Pelo menos quatro vereadores informaram ao jornal O Estado de S. Paulo que vão retirar suas assinaturas ao pedido de CPI das ONGs elaborado pelo vereador Rubinho Nunes (União). A investigação pretendia apurar, além das ações de Organizações Não Governamentais, o trabalho realizado pelo padre Júlio Lancellotti com os moradores da Cracolândia.
“Assinei uma CPI que em momento algum falava em investigar os trabalhos sérios do padre Júlio Lancelotti. Desvirtuou o objeto. Retiro minha assinatura”, disse ao jornal o vereador Sidney Cruz (Solidariedade).
Já o vereador Xexéu Tripoli (PSDB) classificou como “absolutamente revoltante” a abertura da investigação. “Não defendo a perseguição política a líderes religiosos. Ainda mais nesses tempos de ódio e rancor nas redes sociais. A investigação de casos suspeitos de mau uso de recursos públicos não pode servir de pretexto para perseguição política”, alegou ele em nota oficial.
Outro parlamentar que recuou foi o vereador Thammy Miranda (PL), que sofreu críticas nas redes sociais porque, no passado, o padre saiu em sua defesa em um episódio envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“A comissão que assinei tem como intuito proteger os moradores do centro que enfrentam desafios relacionados à saúde e segurança pública na região da Cracolândia. Em nenhum momento o nome do padre Júlio Lancellotti foi mencionado”, declarou ele ao Estadão.
Em entrevista ao programa Meio-Dia em Brasília desta quinta-feira, 4, o autor do pedido de instalação da CPI das ONGs em São Paulo, o vereador Rubinho Nunes (União), negou que a investigação tenha como foco único a atuação do padre Júlio Lancellotti na região central da capital, em especial na Cracolândia.
Como mostramos, o parlamentar busca um acordo para que a investigação seja iniciada no retorno do recesso legislativo. Duas entidades deverão ser os principais alvos da CPI: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, e o coletivo Craco Resiste. Ambas atuam junto à população em situação de rua e dependentes químicos na região central da cidade, assim como o padre Júlio Lancellotti.
“Os parlamentares de esquerda, especialmente o PT e o PSOL tentam, a todo custo, blindar o Padre Júlio Lancellotti e deixam de lado um fator importante que é justamente a investigação das ONGs. Não se trata de uma questão de direita versus esquerda. Não se trata de uma questão politizada. A esquerda tenta politizar justamente para se evitar que se investigue as ONGs”, disse Nunes a O Antagonista.
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00:00O que aconteceu, gente? Olha só. Ontem vocês acompanharam aqui no programa um pronunciamento do vereador Rubens Nunes, né, lá do União Brasil. O que que aconteceu? Opa, cadê, gente do céu? Gente, eu tava aqui na pauta errada, rapaz. Aí não dá certo, né, Wilson Lima, por favor, né?
00:21Aí você complica a vida do cristão. O Rubens Nunes apresentou um pedido ali de CPI e aí o que que aconteceu? Como os vereadores viram que parte da investigação vai mirar o padre Júlio Lancelotti, houve já uma debandada de assinaturas.
00:40Pelo menos quatro vereadores já disseram, opa, Rubens, peraí, pô, você não me falou que era pra investigar o padre, você me falou que era pra investigar ONG. Então, meu amigo, desculpa, eu vou tirar minha assinatura. O problema é que você não pode tirar assinatura de requerimento de CPI.
00:58Você pode, no máximo, chegar lá no plenário e fazer a crítica ao parlamentar que te pediu essa assinatura. Entre os parlamentares lá de São Paulo, que pediram a retirada do apoio à investigação da CPI das ONGs proposta pelo Rubens Nunes, está o Sidney Cruz, do Solidariedade, o Chechel Trípoli, do PSDB e o vereador Tami Miranda, do PL.
01:22No caso específico do vereador Tami Miranda, aí também uma saia justa, porque o Tami foi defendido pelo padre Júlio Lancelotti quando o ex-presidente Jair Bolsonaro fez algumas declarações que afetaram diretamente a sexualidade ou a opção sexual do deputado Tami Miranda.
01:44É bom lembrar que ele é trans. Então, assim, ele era mulher e agora ele é homem.
01:50Então, nessa confusão toda, você já teve aí a perda de apoio da investigação relacionada ao padre Júlio Lancelotti.
02:00Mas, é bom lembrar, pra quem perdeu a edição de ontem do Meio Dia em Brasília, o Rubens negou que essa investigação ia mirar especificamente o padre.
02:11Preta, solta o VT, por gentileza.
02:12E os parlamentares de esquerda, especialmente o PT e o PSOL, a todo custo tentam blindar o padre Júlio Lancelotti com uma parcela mais enviesada da imprensa, o que não é o caso desse canal, que é um canal sério.
02:26E deixam de lado um fator importante, que é justamente a investigação das ONGs.
02:32Não se trata de uma questão de direita e esquerda, não se trata de uma questão politizada.
02:37A esquerda tenta politizar justamente pra evitar que se investigue as ONGs.
02:41Agora, o que eles querem esconder por trás disso?
02:45Tá aí.
02:47Declaração aí do Rubens Nunes.
02:48O fato é que essa CPI, gente, que ela estava prevista pra começar no início de fevereiro,
02:53ela sequer deve sair do papel.
02:55Porque, além da questão do apoio,
02:57ela também precisaria de um acordo entre as bancárias de oposição e da base
03:01pra que ela passasse na frente de outras investigações
03:03que já são alvo de pedidos de CPI na Câmara de Vereadores de São Paulo.