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00:00Muito bem, é hora dele, é hora do papo cultural, é hora das dicas do fim de semana, novos quadros porque é um quadro recente, mas que a gente adora fazer e sente que a sexta-feira chegou de verdade quando ele entra no estúdio, Rogério Ortega, para dar as dicas culturais, aqui a gente fala de filme, de exposições, a gente fala de música, de literatura, de acessos virtuais a conteúdos interessantes.
00:28O que você traz hoje para a gente, Ortega, boa noite.
00:31Salve, salve, Felipe, boa noite, boa noite, explicadores do Papo Antagonista.
00:35A minha dica do Papo Cultural hoje é de documentário sobre música, documentário sobre música brasileira, que a gente tem uma produção recente bem interessante, principalmente no Globoplay, acho, também em outras plataformas, mas a Globo tem investido especialmente nisso.
00:53O que eu queria destacar é um que foi ao ar há pouco tempo, estreou agora em 2023, e que é sobre a Chic Show, que foi o maior baile black de São Paulo, a maior empresa de produção de bailes black aqui, a partir da década de 70,
01:09na qual o nosso querido Robson trabalhou como DJ, caso vocês não saibam, o Robson foi DJ da Chic Show.
01:17Eu não sei se ele está no documentário, eu vi, não o reconhecia ali.
01:21Eu quero já, eu nem assisti ao documentário, mas já quero fazer uma crítica, porque se o Robson não está nesse documentário, ele está incompleto.
01:30Exatamente.
01:31Senhoras e senhores.
01:32Já deixamos essa crítica.
01:33A gente vai tentar resgatar, no arquivo do Robson, da família dele, vou pedir para os familiares dele, esse vídeo do Robson sendo DJ, onde, Rogério?
01:45Na Chic Show.
01:46Na Chic Show, que isso?
01:48Chic Show, vamos contar para o Felipe também.
01:50A gente vai ter que fazer a festa de fim de ano do Antagonista, com o Robson nas, como é que se fala?
01:56Nas carrapetas.
01:57Nas carrapetas, que beleza.
01:59Então, a Chic Show começou na década de 70, quem conta a história do documentário é o Luizão da Chic Show, que era o dono da coisa, o empresário, o cara que fez o empreendimento Vingar.
02:09A Chic Show começou num cavarão na Barra Funda, aqui em São Paulo, que hoje abriga uma outra boate, Blue Space, se não me engano.
02:16Em 1972, por aí, logo o espaço ficou apertado e o Luizão conseguiu o ginásio do Palmeiras, para conseguir fazer a festa dele, de tanto público que atraía.
02:28E eles conseguiam atrair 10 mil pessoas, assim, a gente tinha espaço suficiente para fazer.
02:33E a Chic Show ficou no Palmeiras muito tempo, levou para lá grandes nomes já da MPB, o Jorge Ben, hoje Ben Jorge, foi um dos primeiros a fazer show na Chic Show,
02:45na época do Palmeiras, depois foram Tim Maia, Sandra de Sá, Gilberto Gil, tocou lá no final da década de 70.
02:53E eles foram crescendo e foram começando a trazer atrações internacionais.
02:56No final dos anos 70, eles trouxeram o James Brown, que foi um acontecimento.
03:01O James Brown, basicamente, o inventor do funk nos Estados Unidos, era justamente considerado um papa dessa música.
03:08E aí eles começaram a trazer cada vez mais atrações internacionais se expandindo.
03:13Trouxeram o Earth, Wind & Fire para tocar no ginásio de Iberapuera.
03:19Levaram os bailes da Chic Show para vários outros lugares de São Paulo.
03:25Enfim, o documentário tem muitos depoimentos, tanto de gente que se apresentou lá, os próprios Jorge Ben Jorge,
03:31Gilberto Gil, Sandra de Sá e etc., como de gente que foi formada por essa cultura de bailes black que a Chic Show implantou em São Paulo.
03:41Então você tem depoimento de rappers, como o Mano Brown e o Ice Blue dos Racionais MCs,
03:47tem o Rapping Hood, tem o Emicida.
03:49A Emicida não viveu a época do Chic Show, mas o pai dele viveu, então ele conta umas histórias ali.
03:54E tem cenas dos shows?
03:55Tem, tem cenas dos shows, tem fotos, cenas dos shows.
03:59E também tem o pessoal do Pagode, anos 90, da São Paulo, que se formou na Chic Show também.
04:04Então tem o Salgadinho, do que a Tinha Guilherme falando, tem o Péricles, Vezes Alta Samba,
04:09tem o Marquinhos, do Grupo Sensação, todos eles falando do papel que a Chic Show teve em criar
04:15essa cultura black e expandir esses estilos musicais a partir do final dos anos 70, dos anos 80 aqui em São Paulo.
04:25Tem muita gente que não gosta de determinados ritmos, esse Pagode, anos 90, foi alvo de muitas críticas na época.
04:33Agora, eu que acompanho todas as variantes do samba, sei muito bem, e isso eles próprios falam em entrevistas,
04:41e eu já fiz entrevista com vários deles, incluindo o Péricles.
04:44E eu acompanho desde sempre o Péricles, o Marquinhos Sensação e o Salgadinho, esses três que você falou.
04:52E eles têm um talento muito acima da média dessa geração, porque teve vários dessa geração que fizeram aquele sucesso e sumiram já.
05:03Eles continuam até hoje, especialmente o Péricles, eu acho.
05:06E qual é o segredo?
05:10É que eles têm uma cultura musical muito maior do que aquele produto específico daquele momento.
05:19Então, eles conseguem surfar em várias ondas, eles têm uma bagagem, eles têm um conhecimento anterior,
05:25um acúmulo de conhecimento musical do próprio samba,
05:29dentro do qual eles criaram a sua singularidade, a sua marca,
05:33antes de fazer isso.
05:37Quer dizer, o que muita gente não gosta é o sujeito que chega tentando revolucionar tudo sem saber nada.
05:43Mas aquele sujeito que sabe toda a tradição, conhece a raiz, reproduz aquilo e tal,
05:50e aí vai imprimindo a sua singularidade de acordo com a sua personalidade, com o seu jeito, etc.
05:56Essa pessoa é muito mais aceita, né?
05:59Porque, inclusive, ele chega na roda dos grandes sambistas, mais tradicionais,
06:04do pessoal mais puri, canta aquilo tudo, toca aquilo tudo,
06:07é tudo salgadinho, um grande cavaquinista, né?
06:12O Pélix também toca banjo, toca cavaco.
06:15Então, é um pessoal bom aí de ouvir também falando sobre esses ritmos musicals.
06:19E eles falam muito bem, eles mostram como a Chick-fil-A foi importante para articular essas coisas
06:25da música americana, moderna, negra que se fazia na época, música brasileira, o samba rock,
06:30e as vertentes que daí surgiram.
06:32O documentário tem uma hora e meia, passa voando, muito legal,
06:36realmente recomendo que se você tem interesse nesse tipo de música, veja.
06:40E caso você não tenha visto, o Globoplay tem outros documentários sobre música,
06:44que já entraram no ar há mais tempo, e que eu também recomendo bastante.
06:47A gente tem um sobre a Nara Leão, se não me engano o nome é o Canto Livre de Nara Leão,
06:51que é bem interessante, talvez um pouco oficial, né?
06:55Porque, se não me engano, a produtora é a Isabel, que é filha da Nara Leão,
06:59mas mesmo assim é interessante contar a história, a trajetória da Nara
07:04como uma pessoa combativa, né?
07:07E de opiniões muito independentes em relação a várias ortodoxias,
07:12tanto musicais quanto políticas.
07:14O documentário mostra, por exemplo, que ela gravou um disco no final dos anos 70,
07:19dedicado só ao repertório do Roberto Carlos,
07:22para o qual o pessoal mais radical da Bossa Nova torceu o nariz,
07:26mas ela não estava rigorosamente nem aí.
07:28Ela foi da Bossa Nova, passou pela Tropicália,
07:30enfim, ela tem uma trajetória musical muito interessante.
07:34E tem o do Tim Maia, né?
07:35O documentário que o Globoplay fez e exibiu sobre o Tim Maia é hilariante,
07:41porque eles fizeram uma opção de não ter narração em off,
07:45de não ter apresentação, só tem um disclaimer no começo,
07:47dizendo, olha, não acredite em tudo que você vai ver ou ouvir agora.
07:52E aí é só o Tim Maia contando histórias, contando casos, falando da vida dele,
07:56é só ele falando.
07:57É muito engraçado, mas muito.
07:59Recomendo demais que vocês vejam.
08:01Enfim, esse tipo de exemplo eu acho bom.
08:05Eu falei muito, né?
08:06Você sabe, eu falei com você também,
08:08do documentário do Dr. Castor e tal.
08:10Sempre que eu vou falar de documentário,
08:13eu já começo tentando desfazer um...
08:18É até difícil de falar preconceito que existe na cabeça das pessoas,
08:21porque às vezes é um conceito mesmo,
08:23porque tem muito documentário chato.
08:24Sim, muito.
08:25Tem muito documentário que é num hit muito chato.
08:28Tem muita gente que na escola, na faculdade,
08:32teve que assistir uns documentários chatos
08:34sobre alguns assuntos muito técnicos, muito específicos e tal.
08:38O cara fica traumatizado com aquilo.
08:40Nunca mais quer ver documentário.
08:41Quer ver filme para se divertir.
08:43Então pensa no filme de ficção, principalmente Hollywood.
08:47É um hit muito mais dinâmico e tal.
08:49E acho até que de uns tempos para cá,
08:52o pessoal que produz documentário
08:55e sentiu que precisava emplacar o documentário na TV,
08:59depois no serviço de stream,
09:01viu que precisava de uma pegada,
09:03eu não gosto de dizer mais comercial, né?
09:06Mais divertida.
09:08Mais divertida, mais leve.
09:10Exatamente.
09:12Então eu não assisti ainda esse.
09:13Pergunta a você.
09:14Você vê isso nesses documentários?
09:17Porque eu vi isso em Dr. Castor,
09:19que é muito trágico e divertido ao mesmo tempo,
09:22mas absolutamente envolventes, né?
09:25É como você assistir a uma minissérie de ficção interessante.
09:29E alguns documentários musicais também têm sido assim.
09:32É não, sim, vejo.
09:34O da Nara é um pouco mais convencional,
09:36mas o do Tim Maia e o da Chique Show são muito...
09:39Sobretudo o do Tim Maia são muito divertidos e muito leves.
09:43No caso da Chique Show, muito informativo,
09:45porque ele é muito eficiente em mostrar uma fase,
09:51uma época muito importante da música negra em território brasileiro.
09:56E uma leitura possível,
09:57que é um exemplo de empreendedorismo negro, né?
10:00Que é um...
10:00A Chique Show fez um sucesso enorme como negócio
10:04para um público que estava querendo aquele tipo de festa
10:07e aquele tipo de som.
10:09Então eu acho que, de fato,
10:11eu concordo com você, Filipe,
10:12que o pessoal que produz docs agora está mais ligado
10:16nisso de fazer docs menos pesados,
10:20eventualmente menos políticos e tal,
10:22para atrair um público que não é normalmente
10:26o consumidor, o que assiste a esses docs.
10:30E nós vamos tentar fazer mais isso aqui no Antagonia.
10:32O Papo Cultural, quem sabe a gente amplia
10:35e traz entrevistados do mundo da música.
10:38Excelente.
10:38Tem um pessoal que é muito engajado politicamente,
10:41acha que tudo é uma perna de tempo,
10:43que não pode fazer e tal.
10:45Então a gente vai antagonizar essa parte do público.
10:47Mas agora tem outra que adora.
10:49Adora ver a gente falando de outros assuntos.
10:52Às vezes chamam até de amenidade,
10:54mas a gente não quer diminuir outros assuntos,
10:57porque a cultura, na verdade,
10:58muitas vezes ela é refletida na política.
11:02Ela é quase que a moldura em que a política existe.
11:06E a gente, até para melhorar o ambiente político do país,
11:10precisa falar mais de cultura,
11:12precisa falar mais da produção artística,
11:15destacando aquilo que ela tem de bom
11:17e puxando para as pessoas enxergarem.
11:21Olha o Robson ali, olha aí, olha aí, gente.
11:22O Robson, veja onde está a tela.
11:24Senhoras e senhores, ele não aguentou.
11:27Ele ficou lá, ele estava ouvindo a gente falando,
11:30ficou lá pesquisando no arquivo pessoal dele.
11:33Esse é o nosso Robson, senhoras e senhores.
11:34Caramba, olha o Robson.
11:37Um garoto, senhoras e senhores.
11:39Garotão, total.
11:40Olha só a compenetração dele.
11:43E cheio, parecem CDs.
11:45Robson, são CDs?
11:46Já são CDs ali atrás.
11:47Devem ser CDs, na época ainda,
11:49que o CD estava...
11:50CD e vinil.
11:51CD e vinil.
11:52Muito bom.
11:52É, que beleza.
11:54Sensacional, mestre.
11:55Um acervo...
11:56Somebody Love.
11:58Quem são os responsáveis pelo documentário da Chique Show?
12:02Eu não esqueci o nome dos diretores.
12:05Eu posso checar e colocar para vocês nos comentários.
12:08Mas é na...
12:08Não, mas é o documentário da Chique Show.
12:10Na Globoplay, vocês podem se procurar lá.
12:12Então, Globoplay e diretores do documentário do Chique Show
12:16saibam que nós temos uma imagem raríssima
12:20que vocês podem acrescentar.
12:23Exatamente.
12:23Que é do Robson DJ.
12:25A qualquer momento, então, a gente vai tentar
12:27trazer mais novidades aqui no Papo Cultural
12:29e cada quadro desse fica cortado, separado no YouTube.
12:33Se vocês botam aí no YouTube Papo Cultural
12:35junto com o Antagonista,
12:36vocês vão encontrar vários.
12:38Às vezes, no fim de semana,
12:39está em dúvida do que ver, do que fazer, etc.
12:42Dá um pulinho aqui no YouTube,
12:43bota Papo Cultural,
12:44que você vai ver várias dicas
12:46em diversos quadros atemporais.
12:48Aqui a gente não fica refém do noticiário do dia.
12:51A gente fala daquilo que a gente acha interessante
12:53para vocês, para fazer no fim de semana,
12:55mas durante a semana também.
12:56É que a gente aproveita essa amenização de clima
12:59que a sexta-feira traz para falar desses assuntos.
13:02Valeu, Rogério Atega.
13:03Bom fim de semana.
13:03Valeu, Filipe.
13:04Bom fim de semana.
13:05Tchau.
13:18Tchau.
13:19Tchau.
13:20Tchau.
13:21Tchau.

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