00:00Marcelo, vamos para o próximo assunto aqui da nossa pauta, que foi a CPI do Distrito Federal, não é a CPMI que está rolando no Congresso sobre o 8 de janeiro, é a CPI sobre o mesmo assunto que acontece na Assembleia lá de Brasília, do DF.
00:20O general Carlos José Russo Assunção Penteado, que é ex-secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional, compareceu hoje a essa CPI na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
00:35Em depoimento, o ex-número 2 da pasta afirmou que o ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias, reteve informações enviadas pela Agência Brasileira de Inteligência, a ABIN, sobre os ataques a sédios dos três poderes em Brasília, no 8 de janeiro.
00:53Segundo o general Carlos Penteado, a conduta de G. Dias impediu a avaliação real da situação dos atos e, consequentemente, o acionamento do Plano Escudo.
01:08Vamos ver o vídeo.
01:09Todas as ações conduzidas pelo Gabinete de Segurança Institucional, no dia 8 de janeiro de 2023, estão diretamente relacionadas à retenção, pelo ministro Gonçalves Dias, dos alertas produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência,
01:29que não foram disponibilizados oportunamente para que fossem acionados todos os meios do Plano Escudo.
01:38Neste ponto, é necessário destacar que se a coordenação de análise de risco, responsável pela elaboração da matriz de criticidade,
01:48tivesse tido acesso ao teor dos alertas encaminhados ao ministro Gonçalves Dias, pelo diretor da ABIN, o senhor Saulo Moura,
01:56as ações previstas pelo Plano Escudo teriam impedido a invasão do Palácio do Planalto.
02:06Olha só, na CPMI do 8 de janeiro, realizada no Congresso Nacional, o G. Dias admitiu que errou ao avaliar o cenário que culminaria na invasão.
02:16Segundo o ex-ministro do GSI, sua avaliação foi resultado da análise de informações divergentes que ele recebeu de contatos diretos, entre aspas.
02:26Questionado sobre as declarações de G. Dias, o general Carlos Penteado voltou a dizer que não recebeu informações da ABIN.
02:34Ele também citou a mensagem enviada na manhã de 8 de janeiro para Saulo da Cunha, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência,
02:43admitindo que teria problemas naquele dia. Vamos acompanhar também esse trecho do depoimento dele.
02:49G. Dias informou na CPMI do Congresso Nacional ter sido levado ao erro por conta de informações divergentes recebidas do senhor,
02:57do senhor Saulo Cunha, da BIN, da Coronel Cintia, da Polícia Militar do DF, e do senhor.
03:03Que informações o senhor passou para o general G. Dias?
03:05Dias, das relacionadas. Diz que foi levado ao erro, não sou eu que estou falando, ele disse isso na CPMI do Congresso Nacional.
03:12Deputado, já abordei com o senhor da quebra do fluxo de informação.
03:15Certo.
03:16Eu não tive acesso, e nem o pessoal que deveria ter tido acesso a esses alertas de informação que chegaram diretamente ao ministro.
03:24Eu não recebi nenhuma informação.
03:27Portanto, eu não poderia repassar nenhuma informação.
03:29Às 8h36 da manhã do dia 8 de janeiro, também é público,
03:35o diretor-geral adjunto da Agência Brasileira de Inteligência
03:39avisa que já tinha formado opinião sobre a manifestação.
03:44E que ela teria, como teve de fato, o grau de violência que houve.
03:50Às 8h36, o ex-ministro já tinha cognitivamente chegado à conclusão.
03:57E ele mesmo disse, não sou eu, ele diz, vamos ter problemas.
04:00Às 8h36 até o momento da invasão do Palácio do Planalto,
04:05que se dá entre 15h, 15h e 10h, por volta disso,
04:11nós teríamos tido tempo de fazer muita coisa.
04:13Nós teríamos tempo de acionar, fazer o plano de chamada do gabinete,
04:17colocar lá os militares.
04:18Nós teríamos tempo de levar as tropas previstas no plano escudo para o Palácio do Planalto.
04:23Nós teríamos tempo de reagir.
04:27Nós não recebemos a informação.
04:30Olha só, Marcelo, é grave essa história, né?
04:35Porque a gente está falando do número 2 do gabinete,
04:41acusando, fazendo acusações graves contra o número 1,
04:47os dois, naquele momento, no 8 de janeiro.
04:50G. Dias era o chefe do gabinete,
04:53o Carlos Penteado era o secretário executivo.
04:57Acho que tem dois elementos importantes para a gente ressaltar aí.
05:04Primeiro, que o Penteado é uma herança da época do general Heleno.
05:11Ele é um nome próximo ao general Heleno,
05:16que ocupava a cadeira do GSI durante o governo Bolsonaro,
05:20na fase final do governo Bolsonaro.
05:22O G. Dias acolheu o Penteado,
05:27enfim, manteve ele no cargo em que ele estava,
05:29naquele momento de transição.
05:32E daí agora você vê
05:33dois generais do exército
05:35brigando em público,
05:38fazendo acusações mútuas.
05:40É uma situação um pouco dramática
05:47em que as forças armadas acabaram
05:49se vendo metidas.
05:54Chega a ser, Graebi, constrangedor.
05:58Porque o que vai ter que fazer?
06:00Uma cariação entre o general G. Dias
06:04e o general Penteado?
06:07É o que se supõe que deve se fazer.
06:12Uma cariação.
06:14Que é uma coisa já constrangedora.
06:20Colocar um contra o outro,
06:21afinal, quem está mentindo?
06:23A declaração hoje do general Penteado
06:26é da maior gravidade.
06:28É da maior gravidade,
06:30porque, em primeiro lugar,
06:32houve uma omissão de informação
06:34do titular
06:35para o seu primeiro auxiliar,
06:39o número dois,
06:40quer dizer, o seu homem operacional.
06:43É mais ou menos se, vamos dizer assim,
06:45tem um problema antagonista.
06:47Vamos imaginar que eu seja o seu chefe, Graebi.