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NotíciasTranscrição
00:00E a defesa de Jair Bolsonaro entregou nessa quinta ao Supremo Tribunal Federal os extratos bancários dos quatro anos em que ele esteve na presidência da República.
00:08A iniciativa ocorreu após o ministro do STF, Alexandre de Moraes, ter determinado na semana passada a quebra do sigilo bancário do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro.
00:19O magistrado atendeu a um pedido da Polícia Federal que investiga um esquema de venda ilegal de itens do arquivo presidencial.
00:25A defesa de Bolsonaro afirmou que os extratos foram apresentados de forma espontânea, fantástica, essa espontaneidade depois de uma decisão judicial, depois do sujeito ficar encalacrado, antes não apresentava espontaneamente nada, né?
00:40Para evitar a necessidade de movimentar a máquina pública para apurar os dados bancários em questão, foi o que alegou ali a defesa.
00:48Para evitar vazamentos, os advogados do ex-presidente pediram que Moraes decrete sigilo sobre o processo.
00:54É, transparência até a página 2, né? Mostra para o ministro, mas não quer mostrar para a população brasileira.
01:01Bom, Wilson, eu até comentei no rádio quando saiu essa decisão e comentei até numa certa TV portuguesa,
01:11que muitas vezes no Brasil a transação bancária não leva o dinheiro para o chefe, ela leva em geral, a movimentação da grana passa pelos operadores.
01:28Então, assim, quebrar o sigilo bancário do líder daquele grupo político pode não resultar em nada, pode não ter nada ali.
01:38Eventualmente, o líder é de um grupo político, falando de uma maneira genérica, né?
01:43Sem citar aqui, mas muitas vezes a gente vê no histórico de investigação no Brasil que o líder recebe tudo em dinheiro vivo.
01:51Ou que o líder tem uma conta escondida no exterior e tal, que eventualmente nem aparece nessas primeiras quebras, assim.
02:00Mas, em geral, o dinheiro não está escancarado na conta principal dele no país em que ele atua.
02:08Ele recebeu de outras formas veladas.
02:11Então, se fala assim, ah, fulano deve ter recebido o dinheiro, vamos quebrar o sigilo dele.
02:16Aí ele bate no peito e fala assim, pode quebrar, quebra aí e tal, toma aqui o extrato bancário, porque ali não tem nada.
02:22Mas isso quer dizer que ele não participou?
02:26Não, você tem que ver todo o entorno como que estava movimentando.
02:31E já há elementos suspeitos, né?
02:34Porque no caso das joias, por exemplo, o pai do Mauro Cid recebeu ali 68 mil dólares pela venda de joias, de acordo com os investigadores.
02:44Aí você tem a mensagem do Mauro Cid para um outro auxiliar do Bolsonaro, Marcelo Câmara, né?
02:49Se eu não me engano, falando que o pai dele estava com 25 mil dólares.
02:54Não sei porque não falou o valor completo.
02:57Não sei se tem comissão nessas histórias e tal.
02:59Mas ele falou que o pai dele estava com 25 mil dólares para entregar ao Jair Bolsonaro.
03:04E aí eles discutem se deveriam entregar no sistema bancário, por transação, ou em cash.
03:10E aí o Mauro Cid fala que prefere em cash, em dinheiro vivo, portanto dinheiro em espécie.
03:15Quer dizer, se dinheiro for entregue em espécie para o Jair Bolsonaro e ele gastou, é difícil de ser rastreado.
03:21E esse é o padrão dos esquemas de rachadinha, dos esquemas de apropriação de salário de assessor.
03:28O assessor fantasma, que só empresta o nome para o esquema, ele recebe na conta, saca o dinheiro, entrega para o operador.
03:35O operador entrega o dinheiro vivo para o chefe, o titular do gabinete, para o deputado estadual ou para o deputado federal.
03:42Então você tem uma dificuldade de rastrear isso aí.
03:47Wilson, o que te chama a atenção?
03:50Felipe, quando a gente fala de qualquer investigação policial, é exatamente esse o fio da meada.
03:58Porque quando você faz, de fato, você tem a quebra de sigilo bancário do alvo principal,
04:05você tem algum indício, você pode ter um elemento ali de prova,
04:11mas na verdade o que vai comprovar ou que vai, de fato, fechar o cerco
04:15é a quebra de sigilo bancário fiscal desse em torno do alvo principal, bem na linha como você falou.
04:22E no momento em que o Jair Bolsonaro entrega os seus estratos bancários para o Supremo Tribunal Federal,
04:28ele tenta, ele tenta, eu vou repetir, ele tenta dar uma imagem para o Supremo Tribunal Federal
04:35de que ele está aberto a contribuir com as investigações,
04:39de que ele, olha, está aqui o meu estrato bancário, não tenho nada a esconder,
04:42e aí, a partir daqui, se vocês quiserem, vocês podem fuçar à vontade.
04:48A questão, Felipe, e aí é que é o ponto que você, inclusive, colocou no início do teu comentário,
04:53é que não faz muito sentido você apresentar teu estrado bancário de forma limitada
05:00no momento em que a investigação já está dois, três, quatro, cinco passos adiante.
05:06Então, é uma tentativa de colaboração que não vai ter nenhum tipo,
05:11que não vai resultar em absolutamente nada.
05:14É uma jogada, assim, para ser mais preciso, é uma jogada puramente política.
05:19Exatamente.
05:20Já houve a decisão, ele teria que entregar, aí ele tenta fazer uma jogada purística,
05:24vou entregar antes para mostrar que eu não tenho nada a esconder.
05:28Porque, enfim, não há diferença do ponto de vista processual.
05:34Agora tem, só levantar mais uma bola, porque o Mauro Cid tem falado aí para a imprensa,
05:40em entrevistas, que Jair Bolsonaro tinha muito medo de transação bancária.
05:45Supostamente, porque ele teria medo de que alguém depositasse lá para ele um dinheiro que ele não pediu,
05:54e viesse uma notícia ou uma investigação que apontasse que ele recebeu dinheiro de alguém indevidamente,
06:01ou seja, que ele tem medo de receber dinheiro na conta,
06:05porque ele tem medo de uma armação contra ele.
06:09Agora, também é preciso considerar que a pessoa pode não querer dinheiro depositado na conta
06:19porque a pessoa sabe que ela pode ser pega por algo de que ela participou,
06:26não algo que foi armado contra ela.
06:28Então, isso serve para os dois casos.
06:31Você tem medo por causa de uma armação e o sujeito, eventualmente, tem medo
06:35porque ele quer evitar deixar um rastro de um esquema do qual ele participou.
06:42Então, não dá para ser ingênuo e comprar a primeira narrativa.
06:46Diante dos elementos que a gente está vendo, é preciso que a investigação avance
06:49para ver se existem outros caminhos do dinheiro que chegaram ou poderiam chegar ao Bolsonaro,
06:59não diretamente na conta dele.
07:01É, Felipe, quando a gente fala de dinheiro especificamente,
07:04eu lembrei agora daquela explicação que o próprio ex-presidente deu
07:09durante a campanha de 2018 referente à campanha de 2014.
07:13Lembra que pingou na conta de campanha do ex-presidente 200 mil da JBS.
07:19E aí, naquele momento, ele falou, não, mas eu conversei com o Ciro Nogueira,
07:23pedi para que ele tirasse esse dinheiro da minha conta e colocasse o dinheiro do partido.
07:28Quer dizer, há sempre esse tipo de...
07:31Há sempre esse receio do ex-presidente de ter alguma ligação com algum esquema ilícito.
07:38Agora, tem um detalhe que a gente precisa ser muito pragmático,
07:42que é o seguinte, quando você não está envolvido em qualquer tipo de esquema de corrupção,
07:48não faz sentido você ter medo de depósito bancário, sabe?
07:52Se você está lá, recebeu, foi lícito, está lá na tua conta, não tem problema absolutamente nenhum.
07:58Então, é isso que eu confesso que, quando mais se falar,
08:02porque o presidente tinha medo das mensagens de WhatsApp,
08:06inclusive surgiu essa informação que no celular do ex-presidente da República,
08:11a Polícia Federal não conseguiu encontrar muita coisa.
08:14Por quê? Porque ele escrevia e apagava, escrevia e apagava, escrevia e apagava.
08:18Apagava tudo, é. Hoje está na reportagem sobre o tema de que Jair Bolsonaro apagava tudo.
08:24Os investigadores perceberam isso rapidinho.
08:28Exato. Então, se você não tem nada a temer, você deixa lá as mensagens.
08:33Aqui, não preciso nem falar muita coisa.
08:36A gente troca mensagem direto, Felipe, aqui sobre o programa, não tem nada de lícito, entendeu?
08:40O máximo que tem é uma piada de quinta categoria.
08:43Então, não tem nada a temer, né?
08:45Não tem nada a temer, né?
08:45Não tem nada a temer, né?
08:45Não tem nada a temer, né?
08:45Não tem nada a temer, né?
08:45Não tem nada a temer, né?
08:46É, não falou?
08:49Então, nem figurinha não dá para trocar, né?
08:51Então, o que acontece?
08:53Então, se você não teme, quem não deve, não teme.
08:57Então, não faz muito sentido esse tipo de argumentação do ex-presidente da República.
09:02E quando ele, de novo, apresenta seus extratos bancários, é como você falou, Felipe, tem uma questão muito mais política do que, de certa forma, do que técnica, né?
09:13Alguns juristas falam que, olha, foi uma sinalização política, mas do ponto de vista da investigação, não acrescenta em absolutamente nada.
09:23E é bom lembrar, Felipe, que o que a Polícia Federal está no rastro, e isso é importante que a gente fique atento, é que você tem um modus operandi que ele se repete, se repete e se repete.
09:40Quando você teve a investigação do esquema de rachadinha lá no Rio de Janeiro, a linha era muito parecida, a linha de investigação era muito parecida, né?
09:50Então, você tinha uma transação de gabinete, você tinha umas transações em dinheiro vivo, e a partir desse dinheiro vivo, você teria o pagamento de boletos e faturas em benefício da família do ex-presidente e da família do ex-presidente.
10:04O que a Polícia Federal está de olho é que isso tem chance de ter se repetido agora, né?
10:12Então, você tem elementos de que, com transações de dinheiro vivo, você pode ter tido algum tipo de benefício ao ex-presidente e à família do ex-presidente da República.
10:25Tanto é, Felipe, que esse foi um ponto central durante a CPI de ontem, né?
10:29Ontem os deputados bateram muito nisso quando tomaram o depoimento de um integrante da ajudança de ordens da presidência da República.
10:37Houve transações em dinheiro vivo? Por qual motivo? Qual é o medo? Por que você não coloca isso em débito em conta, né?
10:46O que é isso? Quando você tem transação em dinheiro vivo, você, primeiro, você não quer deixar rastro, e segundo, você abre imagem, né?
10:53Para que você tenha uma capacidade financeira maior do que aquela que, de fato, está legalizada, né?
11:00De fato, você vai ter uma capacidade financeira, você vai gastar mais do que, necessariamente, aquilo que você arrecada pelos fins legais.
11:08Então, esse é o ponto.
11:12O fato é que, ao entregar, simplesmente, de mão beijada, esses extratos bancários, o ex-presidente, ele não ajuda em absolutamente nada.
11:22É bem isso que você falou, Felipe. É um gesto político.
11:25Se vai funcionar, eu, sinceramente, acho muito difícil.
11:28Olha, eu estava lembrando aqui, deixa eu só registrar primeiro aqui, comentário do WhatsApp, do chat, perdão.
11:39O Onilfo Alanis.
11:41Oi, Felipe, Wilson, Graebi, Robinson.
11:44É o Robson.
11:45Antagonistas em geral, saudações de Michigan.
11:48Está aí o Onilfo falando diretamente dos Estados Unidos.
11:51O papo antagonista é internacional.
11:53Olha, eu me lembrei da declaração do Jair Bolsonaro falando em dinheiro em conta.
11:58Eu me lembrei da declaração dele sobre os R$ 89 mil, aqueles que foram, em boa parte, revelados.
12:08Aliás, integralmente, porque foi em duas partes.
12:11Primeiro R$ 72 mil, depois R$ 19 mil em matérias da Cruzoé.
12:16Olha o histórico que tem aqui a Cruzoé e o antagonista.
12:19E o Bolsonaro foi num programa de TV, um apresentador amigo, e ele falou a respeito disso.
12:29E ele disse assim, como falei desde o começo, aqueles cheques do Queiroz ao longo de 10 anos foram para mim, não foram para ela.
12:36R$ 89 mil, faz aí. R$ 89 mil por 10 anos dá em torno de R$ 750 mil por mês.
12:42Isso é propina? Pelo amor de Deus!
12:46Se vocês quiserem, e eu recomendo muito, tá?
12:48Vale a pena vocês assistirem ao vídeo que eu fiz aqui no Papo Antagonista,
12:54na minha outra temporada aqui no veículo,
12:56A Matemática de Bolsonaro e Queiroz.
12:59É só colocar aí na busca do YouTube, quando acabar aqui o Papo Antagonista,
13:02A Matemática de Bolsonaro e Queiroz.
13:05É um vídeo de quase três anos atrás, ele é de 16 de dezembro de 2020,
13:13em que eu desconstruo analiticamente essa alegação do Bolsonaro,
13:19eu mostro as datas dos depósitos, eu mostro a quantidade,
13:24como se formou aquele volume de R$ 89 mil.
13:27E, obviamente, eu faço análise sobre essa pergunta,
13:32que é de uma malandragem, assim, escancarada.
13:38Ele falou, é R$ 89 mil, isso é propina?
13:40E a gente se questionava, né?
13:42Se tem um limite de valor para aquilo que pode ser considerado algo legal
13:49e depois do qual se é considerado propina.
13:53R$ 89 mil é muito pouco para ser propina.
13:55Então, deve ser alguma outra coisa, né?
13:58Era o que o então presidente estava querendo sugerir.
14:02Então, já tem um histórico nessa família, nesse grupo,
14:05de dinheiro encontrado em conta bancária
14:07e depositado por operador apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro,
14:12na época, pelo GAEC, o Grupo Anticorrupção,
14:14que o bolsonarismo ajudou a extinguir na gestão do Cláudio Castro,
14:20aliado da família.
14:25Legenda por Sônia Ruberti
14:28Legenda por Sônia Ruberti
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