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No Visão Crítica, os especialistas Murilo Hidalgo e Rodrigo Prando dissecam as pesquisas de aprovação do governo Lula (PT-SP), que registram apenas 39,8% de aprovação contra 56,7% de desaprovação.

A análise aprofundada compara os números com outros mandatos do presidente, expõe as crescentes dificuldades na relação com o Congresso Nacional e aponta erros cruciais na comunicação do governo que resultaram nessa queda drástica de popularidade.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/5Tl6tbFT_Zc

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Transcrição
00:00Vamos começar para vocês dois, eu vou só entregar a bola para vocês, a discussão primeiro da pesquisa que saiu hoje da Paraná Pesquisa
00:08sobre avaliação e aprovação da administração do presidente Lula.
00:12De acordo com a pesquisa, eu vou só apresentar o primeiro dado, o dado mais concreto, nós temos a aprovação 39,8, a desaprovação 56,7.
00:26A questão, e se fôssemos desdobrá-las, ótimo, 8,8, boa 16,8, regular 25,8, ruim 9,6, péssima 37,9.
00:43Fazendo análise geral, aprovação 39,8, desaprovação 56,7.
00:50Surpreendeu você, como pesquisador, por lhe dar essa avaliação, que considerações iniciais você poderia fazer?
00:58Primeiramente, boa noite, professor, boa noite, é uma honra estar com vocês aqui.
01:03A pesquisa, professor, mostra que o quadro está estável.
01:07Certo, Lula, ele vem desde janeiro, das pesquisas, do começo do ano, estável.
01:15Na verdade, ele vinha de 46, 42, desde fevereiro, 42, 39, 40 agora, certo?
01:21Sim.
01:22Eu diria que está numa margem de erro.
01:24A gente acredita que o Lula bateu o teto da queda dele.
01:28Daqui ele não cai mais.
01:29Só se tiver uma denúncia muito grave, algo muito concreto.
01:32Disso, ele vai permanecer nisso, porque é o teto do eleitor dele.
01:36Sim.
01:36O eleitor das pessoas que torcem por ele, das pessoas que ele tem simpatia por ele.
01:42Independente do governo estar mal ou não, aprovam a gestão dele.
01:46E também, professor, tem muita gente aqui que aprova, em cima, hoje, da polarização.
01:53A polarização também ajuda o presidente Lula.
01:56Certo?
01:57Que é o medo que o outro lado volte.
01:59Então, mesmo não gostando, avaliando serviços como o ruim e péssimo de saúde, educação
02:04e outras coisas do governo, acabam aprovando o governo dele de medo que o outro lado retorne.
02:11Perfeito, perfeito.
02:14E é interessante, antes de eu passar para o professor Prando, é que se nós olharmos
02:18em termos de uma sequência histórica, usando como referência agosto de 2023, cerca de, portanto,
02:26dois anos atrás, chegando até junho de 2025, nós temos uma... começou com uma avaliação
02:34ótima em 2023, em agosto, entenda-se, 15,9, hoje está 8,8, cerca de metade, aproximadamente.
02:43A análise de boa, 24,1, hoje com 16,8.
02:48Regular, 27,9, aí está próximo, 25,8.
02:53O ruim, que era 7, saltou para 9,6.
02:57E a péssima, que era 23,7, aí é um aumento considerável para 37,9.
03:04Quer dizer, portanto, você tem um processo de crescimento de uma avaliação negativa
03:09em detrimento de uma avaliação positiva.
03:12Professor Rodrigo Prando, professor que já esteve conosco,
03:17na sua avaliação como cientista político, o que esses números indicam?
03:21Indica, acho que, a pior situação dos mandatos do Lula até então, né?
03:26Só para lembrar que ele termina o segundo mandato,
03:29e eu quero aqui agradecer o convite de novo, o Vila está aqui com o Hidalgo também,
03:33tivemos juntos outras vezes, o prazer está com vocês.
03:36O Lula termina o segundo mandato, salvo o melhor juízo, numa série histórica,
03:40acho que lá do Datafolha, com 83% de avaliação positiva.
03:45Então, você pega um governo que se encontra numa situação,
03:49e aí eu acho que o historiador gosta muito disso,
03:51porque o contexto histórico é absolutamente distinto.
03:54Falávamos algo em torno disso agora há pouco, né?
03:56Além dos bastidores, mas você tem hoje, e a gente até desnudou um pouco isso
04:01no programa que eu tive aqui, falando sobre este legislativo hipertrofiado,
04:06que tem emenda e não tem mais nenhuma negociação praticamente.
04:09A gente tem um presidente submisso, de certa maneira.
04:12Aquilo que nós falamos aqui, um presidencialismo de submissão.
04:16Então, a gente tem um Lula mais velho, envelhecido.
04:19Um Lula que na campanha, e aí o Murilo também falou isso,
04:23eu acho que é importante ressaltar, é alguém que se colocou
04:26na tentativa de salvar a democracia contra um opositor adversário,
04:30que é o Bolsonaro, e aí depois teve o 8 de janeiro,
04:34mas então fez muito sentido clamar por uma frente ampla,
04:38mas uma frente ampla que foi possível com uma margem pequena de votos
04:43ganhar a eleição, mas ele não governou com essa frente ampla.
04:46Então, tem dificuldade no Congresso, no Parlamento,
04:49tem a lembrança das pessoas, porque o Lula prometeu que o povo teria picanha.
04:55Hoje está com dificuldade de comprar café.
04:56Então, a questão da inflação dos alimentos tem ainda corroído
05:01esta aprovação do presidente, e a gente sabe que ele tem tido pouca disposição,
05:08pelo que a gente sabe, que a gente lê, pouca disposição de fazer a política,
05:12Murilo, que ele fazia.
05:13Aquele futebol e churrasco na Granja do Torto,
05:16aquele contato mais comezinho,
05:19porque o presidente tem que fazer a política miúda,
05:21e parece que ele não tem feito.
05:23Então, eu acho que, nesse contexto histórico, a gente tem isso.
05:27Fora que aí tem uma outra questão, e eu finalizo para passar a bola,
05:30que é o seguinte.
05:31Não, é só finalizar, eu já te passo aqui.
05:33A sociedade hoje é uma sociedade hiperconectada em rede.
05:37Então, o governo, ele tentou, de todas as formas,
05:40melhorar mudando a comunicação.
05:42Comunicação política, comunicação governamental, ela é fundamental.
05:46Agora, ela é fundamental, mas você precisa saber o que comunicar.
05:50Então, a pergunta é, qual ação concreta, Vila, Hidalgo,
05:55qual ação concreta que o Lula 3 tem?
05:57Vamos pensar rapidamente.
05:58Fernando Henrique, controle da hiperinflação e estabilidade.
06:01Lula 1 e 2, melhoria das condições mais pobres,
06:05incremento da classe média, programas sociais.
06:07E o Lula 3?
06:08O que ele trouxe de novo?
06:09Qual é a marca?
06:10Não tem.
06:11Então, o problema não é a comunicação, mas comunicar que conteúdo.
06:14Então, o governo, ele demora para comunicar um conteúdo,
06:17mas não porque quer demorar, porque efetivamente não tem algo muito positivo para comunicar.
06:23Murilo.
06:24Concordando bastante com o professor Rodrigo,
06:27o grande problema do presidente Lula hoje é o supermercado.
06:31A gente sente nas pesquisas.
06:33Certo?
06:33Porque as pessoas vão semanalmente ao mercado.
06:35São poucas as pessoas que fazem compra mensal, né?
06:38Sim.
06:38Não tem mais isso mais, né?
06:40Não tem mais isso.
06:40A inflação tem.
06:41Então, as pessoas vão diariamente, semanalmente ao supermercado
06:44e ali as pessoas veem que as coisas estão difíceis para as pessoas destacarem os produtos.
06:49Então, esse eu acho que é um grande problema.
06:51E um outro grande problema do governo Lula foi o próprio 8 de janeiro.
06:56Certo?
06:56Porque ele tomou conta do governo dele.
06:58Sobra pouco espaço para o Lula falar do governo dele
07:01e muito espaço para falar de 8 de janeiro.
07:03Só que o 8 de janeiro não é a prioridade de 90% da população brasileira.
07:09A população brasileira quer saber do quê?
07:11De consumir mais, de ter saúde, de ter educação, de ter segurança,
07:15dos avanços que o governo Lula 1 e 2 trouxe a eles.
07:19Por isso que o Lula voltou.
07:21E outro grande problema do Lula, principalmente no Nordeste,
07:24onde é a grande queda dele de popularidade em relação aos governos passados,
07:30se dá por causa da perda do sonho.
07:32Porque as pessoas sonhavam que iam comer a picanha, tomar a cervejinha,
07:37iam comprar o carro de volta, iam viajar de avião.
07:41Todos aqueles benefícios que eles tiveram no governo 1 e 2,
07:45até agora não ocorreu.
07:46Então, esse eu acho que é o grande desafio do presidente Lula
07:49nesse final de governo que ele tem.
07:52É fazer com que as pessoas voltem a ter consumo, principalmente no Nordeste.
07:56Se as pessoas não voltarem a ter consumo,
07:59dificilmente ele voltará a crescer no Nordeste.
08:01E aí tem um dado da pesquisa Paraná,
08:05que eu estava examinando,
08:06essa que foi divulgada hoje,
08:08sobre a aprovação da administração do presidente Lula,
08:11que me parece alguns dados muito interessantes.
08:15Entre os homens,
08:18a aprovação é de 35%,
08:21entre as mulheres, de 43,6%.
08:23E a desaprovação entre os homens,
08:27de 61,9% e entre as mulheres,
08:30de 52,1%.
08:33Ou seja,
08:34o Lula vai melhor com as mulheres do que com os homens,
08:38em termos de avaliação.
08:39Mas já foi melhor, inclusive.
08:40Já foi.
08:41Com as mulheres no Nordeste,
08:43até dois salários mínimos.
08:44Confere isso?
08:45Confere isso.
08:45Isso é interessante.
08:47E assim,
08:47e essa diferença homem-mulher,
08:49é semelhante ao que foi nas eleições.
08:52Isso.
08:53Os homens votavam mais no Bolsonaro,
08:54e as mulheres mais no Lula.
08:56Interessante em termos de ensino fundamental,
08:59médio e superior,
09:00a aprovação do Lula no ensino fundamental
09:04é de 50,2%.
09:05No médio, 35,8%.
09:08No ensino superior, 30,7%.
09:11Com a desaprovação, perdão,
09:14é o inverso.
09:1544,8% no ensino fundamental,
09:1860,9% no ensino médio
09:20e no ensino superior, 67,8%.
09:23Ou seja,
09:24quanto maior a escolaridade,
09:26menor a aprovação do governo.
09:29Com certeza.
09:29A pesquisa mostra isso também eleitoralmente,
09:32isso é muito claro.
09:33Agora, o que chama mais atenção, professor,
09:35por faixa etária,
09:36se a gente for olhar,
09:37as pessoas com mais de 60 anos
09:39são as que mais aprovam.
09:41E onde o presidente Lula perdeu mais tração
09:43foi nos jovens.
09:45Isso é interessante.
09:46Nos jovens,
09:46onde na eleição ele era muito forte,
09:49hoje ele perdeu tração.
09:51E mostra que o INSS não atingiu ele.
09:54O escândalo não atingiu.
09:55O escândalo não atingiu o Lula,
09:57porque são as pessoas com mais de 60 anos,
09:59a princípio são os que deveriam ser
10:03as que mais recebem o benefício do INSS.
10:05foi onde menos abalou até agora.
10:08Agora, professor,
10:09aqui tem muito a ver em cima do que eu falei
10:11da polarização Lula-Bolsonaro.
10:13Por quê?
10:13Aí entra um pouco da vacina do Bolsonaro aqui também.
10:16Sim.
10:17E onde ele vai pior...
10:18Que é maior com as pessoas com mais de 60 anos.
10:20Perfeito.
10:20E em termos etários,
10:22onde ele vai pior o Lula,
10:24a desaprovação é maior entre 25 a 44 anos,
10:27que a desaprovação é altíssima,
10:29quase dois terços,
10:3064,5 e 63,4.
10:34Quer dizer,
10:34essa faixa,
10:35ele vai muito mal, né?
10:38Eu acho que esse é um ponto também a ser destacado.

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