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  • 19/06/2025
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Notícias
Transcrição
00:00Sr. Roberto Teixeira, certo?
00:02Exatamente, excelência.
00:03Sr. Roberto sabe do que está sendo acusado nesse processo, os fatos que são imputados ao senhor, correto?
00:07Perfeitamente.
00:08O senhor é formado em Direito, sabe bem que tem o direito de ficar em silêncio, né?
00:11Há 50 anos de silêncio.
00:13Então, bem mais que eu.
00:15Muito mais.
00:16É, não tá...
00:16As colegas de turma.
00:18Nós somos colegas de turma.
00:19Somos colegas de turma.
00:21Mas sabe também que é a chance aqui de explicar esses fatos, né?
00:26Então, pergunto se o senhor quer falar, se o senhor quer ficar em silêncio.
00:30Não, vamos falar, vamos responder, é evidente.
00:33A primeira questão que é narrada na denúncia, é meio que notório, mas para o senhor explicar,
00:39o relacionamento pessoal que o senhor tinha com o senhor ex-presidente e esposa.
00:44É, bem notório, sou amigo dele de longa data.
00:50Uma relação de família, inclusive, porque me tornei padrinho de um dos filhos dele.
00:54Ao longo desses anos todos, mantivemos uma amizade.
01:00O senhor tinha mesmo a relação de proximidade com a família do senhor Fernando Bittar?
01:04Sim, também tinha com a família do Fernando Bittar.
01:07Por anos?
01:08Não tanto evidente, óbvio, né?
01:10Mas o Fernando eu já o conhecia da cidade de Campinas.
01:14Ele era relacionado com um sobrinho meu.
01:19E ele era muito íntimo dos filhos do próprio Lula.
01:21Então, desse relacionamento conjunto que eu conhecia.
01:27O primeiro fato que é narrado aqui é a participação do senhor na lavratura das escrituras de aquisição do sítio,
01:34que uma parte, uma matrícula teria sido adquirida em nome do senhor Fernando Bittar e a outra do senhor Jonas Suassuna.
01:42Perfeito.
01:42Como que se chegou ao senhor?
01:45Por que o senhor participou da lavratura dessas escrituras?
01:49Porque, inegavelmente, eu sou advogado, milito há 50 anos e tenho uma expertise em direito imobiliário.
01:55Eu fui procurado pelos clientes, procuraram no escritório, dizendo que eles haviam entabulado uma negociação com um vendedor de um imóvel,
02:04que era exatamente esse sítio, e me solicitaram que eu os assistisse juridicamente.
02:10E foi o que eu fiz ao longo daquele período, até que se consumasse a escritura de venda e compra.
02:16Tá. O senhor já era advogado deles?
02:19Eu era advogado em uma empresa chamada Game Corp, da qual eles faziam parte, os filhos do Lula, e eles também faziam parte.
02:26Tá. Aí, quem te procurou foi o Fernando, foi o Jonas, foi o pai dele?
02:31Não, foi o Fernando, juntamente com o irmão dele, o Calil.
02:38Parece que foram eles. Lá se vão sete anos, excelência.
02:42Até onde o senhor lembra?
02:42Então, detalhes. Eu me lembro mais do CERD das questões, mas os detalhes de quem entrou primeiro na sala,
02:48quem deixou de entrar primeiro na sala, essas coisas todas fogem, se perdem com o tempo.
02:53Tá. O senhor se recorda se foi feito um contrato, se foi informal, dos seus serviços jurídicos?
03:00O meu serviço jurídico. Eu, na época, examinei a documentação, elaborei um contrato de compromisso de venda e compra,
03:07foi dado um sinal, foi dado um prazo para que se organizasse toda a documentação.
03:13Na verdade, a verificação da documentação estaria em condições de não trazer nenhum ônus e que permitisse a lavratura da escritura.
03:22Então, foi feito isso e, depois de algum tempo, trabalhado esse período todo, tirada todas as certidões,
03:29tanto as do imóvel quanto as pessoais dos vendedores.
03:34E até, inclusive, com uma cautela, ele era proprietário de uma empresa de relojoaria e poderia haver desconsideração de pessoas jurídicas.
03:41Até a análise da empresa dele, nós tivemos que fazer para verificar se, efetivamente, não haveria nenhuma consequência de perseguição e de execução contra a propriedade.
03:54Tá. Então, o senhor fez toda essa busca, mas não foi acertado, o senhor fez pela amizade, porque eles já eram clientes da empresa.
04:02Exatamente.
04:03Não cobrou nada além.
04:04Não foi cobrado nada além.
04:06O senhor fez pessoalmente essas buscas ou funcionaram?
04:10Não, eu tenho funcionários que fazem, mas na maioria das vezes sou eu mesmo quem faço, eu mesmo quem analiso isso pessoalmente.
04:15Porque é uma questão bastante... requisita experiência bastante.
04:22Então, eu quem fazia, na verdade, a maioria, eu requisitava as certidões e eu as examinava.
04:28Os custos de escritura, de registro, de imposto...
04:31Foram todos passos por eles.
04:32Por eles, o senhor diz, Fernando e Jonas.
04:34Fernando e Jonas.
04:36Por que, o senhor sabe quem que chegou a decisão de que isso é pago?
04:41Porque, segundo foi dito, a propriedade estava sendo vendida como um todo, um milhão e meio, um milhão e seiscentos.
04:48Quem que decidiu qual ia comprar qual, qual o valor que ia ser dado para cada um dos registros, se isso foi o vendedor, se foram eles?
04:56O imóvel, na verdade, é uma questão que passa desapercebida na maioria das pessoas, mas um imóvel, ele é encravado com o outro.
05:04Então, quando você trata duas escrituras da verdade, você está falando de uma propriedade única, porque uma serve à outra.
05:11Então, não daria para você imaginar fazer a compra de um imóvel sem a outra.
05:15No mínimo, uma certidão depois de passagem.
05:18No mínimo, teria que ter muito maiores problemas.
05:21Mas quem havia comprado, e eu era o vendedor, ele já havia unificado essas duas propriedades.
05:26O que ocorreu é que o Fernando, na época, quando ele se dispôs a comprar juntamente com a família, com o Jacob, com a família dele,
05:37ele havia tentado vender um sítio que ele tinha em Manduri, colocou a venda.
05:42Ele imaginava que teria facilidade de vender e ocorrer depois, no caso, o pagamento desse imóvel.
05:50Isso não ocorreu, e aí, então, ele chamou esse Jonas, que era sócio dele, para poder auxiliá-lo na aquisição.
05:59E a divisão de quem pagaria, quem ficaria com uma propriedade de outra, foi até uma decisão meio prosaica.
06:06O que um pagaria, que tinha de recursos, corresponderia à metade do outro, e as duas propriedades.
06:13Uma correspondia em número de metros quadrados e metade da outra.
06:16Então, foi uma divisão, assim, aleatória.
06:18Mesmo uma tendo mais benfeitorias, o custo era...
06:20Não se imaginou benfeitorias, isso aqui ninguém, eu pelo menos na época, não imaginei que pudesse haver essas diferenças de benfeitorias.
06:28Apenas foi uma divisão, alguma coisa...
06:31Como foi dessa forma, poderia ser de outra.
06:33Poderia ser ambos comprando conjuntamente, porque, como eu disse, as propriedades, a respeito de terem duas matrículas independentes,
06:40elas eram unas por conta da servidão.
06:43Uma encravada, não.
06:43Eles te falaram, na época, com que objetivo que estavam comprando, o Fernando e o Jonas?
06:53Ah, sim.
06:54Isso era público notório entre eles.
06:57Eles falaram que isso era para servir como uma chácara de recriação para a família.
07:04No caso, principalmente, o Jacobitar.
07:06O Jacobitar tinha uma série de problemas, na época, já de doença, e eles estavam imaginando fazer com que o pai pudesse ter um local de lazer, principalmente, juntamente com a família e os seus.
07:18É mais ou menos isso que se tinha como informação.
07:21Tá.
07:22Maiores detalhes...
07:23Mas o Jonas entrou como investidor?
07:25O Jonas me pareceu que ele entrou na época, porque eu, como advogado, eu recolho a documentação, recolho as informações, procedo aos trabalhos técnicos jurídicos,
07:37e também não fico perquerindo exatamente de que forma, qual a motivação, se ele viria ou não.
07:43Simplesmente, eu sei que ele se prontificou a auxiliar a fazer esse pagamento daquilo que ele não tinha conseguido pela venda do sítio que era na cidade de Monduri.
07:54E eu sei que ambos participaram, compraram, estiveram no escritório, assinaram a escritura e pagaram todas as despesas relativas à laboratório da escritura.
08:08Do contrato... Então, o senhor já fez o contrato de compromisso de compra e venda e o senhor participou da laboratório da escritura?
08:14Sim.
08:15Quanto tempo que levou de um para o outro?
08:16Havia um prazo, se não me engano, de 120 dias entre o compromisso inicial de venda e compra para a outorga da escritura,
08:25porque você teria que, à época, verificar se a documentação estava em condições, não havia nenhuma razão para poder vetar, no caso, a compra.
08:40Até um detalhe interessante, porque, como se trata de um imóvel rural, a questão ambiental é fundamental.
08:47E, naquela época, eu descobri, dirigenciei e localizei a existência de um decreto, um decreto estadual,
08:58decreto 55662, que havia criado três parques estaduais ambientais no estado de São Paulo.
09:09Porque era o Parque Estadual de Itaberaba, Parque Estadual de Itapetinga, Floresta Estadual de Guarulhos e o Monumento Natural Estadual de Pedra Grande.
09:17Quando identifiquei isso, e foi isso daqui, esse decreto era de março de 2010, os próprios vendedores não tinham consciência de que havia isso daqui.
09:26Pegavam uma área da propriedade.
09:27Pegavam, não sabiam que existia isso.
09:30Há um só tempo, coincidentemente, eu também estava assessorando um outro cliente que tinha um imóvel na cidade de Bom Jesus dos Perdões.
09:36Então, dentro daquelas providências que eu havia tomado, de identificar e verificar se a propriedade estava em condições de ser lavrada de escritura,
09:45sem trazer nenhum problema maior, identifiquei que aquele parque estadual de Itapetinga abrangia os municípios de Atibaia,
09:54Bom Jesus dos Perdões, Maíri Porã e Nazaré Paulista.
09:57A área era de 10.191 hectares.
10:00Então, na época, para se ter uma ideia das necessidades e preocupações que se tem,
10:05eu me lembro que na época, em outubro de 2010, eu havia encaminhado um e-mail para o advogado e para o vendedor Adailton,
10:16pedindo exatamente que ele regularizasse, oferecesse solução, não, explicações sobre a regularização fundiária do imóvel do senhor Adalton,
10:27porque poderia estar pegando aquele imóvel lá.
10:31A despeito disso, depois, eu contratei um engenheiro agrônomo e ele, então, fez um levantamento e concluiu que, efetivamente,
10:42aquela propriedade não se encaixava dentro dessa área.
10:46Por pouco, não foi vetado.
10:47Como eu disse, eu estava assessorando dois clientes, no outro cliente São Bom de Jesus dos Perdões,
10:53eu vetei porque a área estava envolvida.
10:57Então, são cuidados como esses que a gente tinha que tomar.
11:00E esse engenheiro agrônomo que o senhor contratou, o senhor que pagou?
11:04Não.
11:05Todas as despesas foram arcadas por eles.
11:07no escritório, você, cada despesa que é efetivada, o cliente paga diretamente,
11:13ou se paga, eles restaram-se imediatamente.
11:17Eles, estou falando, se for de qualquer cliente.
11:18É que o senhor não tinha um contrato com o Fernando Bittar ou com o Jonas Suassuna
11:21de assistência jurídica nesse caso concreto, né?
11:24Sim.
11:24Mas o senhor repassava, então?
11:26Excelência.
11:26Mas eu não necessito escrever um contrato para saber que o cliente é capaz de cumprir.
11:31É capaz de fazer isso.
11:31Tem honra para poder cumprir isso.
11:33Aliás, porque eram valores menores, pequenos.
11:35Por exemplo, as laboraturas de escrituras, despesas todas, eles deram os cheques diretamente.
11:40Para o cartório?
11:41Para o cartório, para as pessoas que...
11:43Pagamento dos impostos.
11:45E o tabelionato era o que o senhor prestava, o que prestava serviço para o senhor com mais habitualidade?
11:52Com mais habitualidade.
11:53Era um escrevente que realmente era inteligente, capaz, entendia dessa matéria e facilitava.
12:00O senhor que escolheu, porque já conhecia o trabalho.
12:02Porque ele já trabalhava para mim em outros assuntos.
12:05O senhor participou da lavratura, então, fez o contrato de compromisso de compra e venda, fez as escrituras.
12:17Quando o Fernando Bittar se tornou proprietário do sítio, o senhor ficou sabendo que ele emprestou ou conversou com a dona Marisa,
12:28talvez com o senhor presidente, não sei, alguma questão de ir lá armazenar as coisas do senhor presidente?
12:34Sim, havia sido dito na época, eu me lembro, que haviam conversado no sentido de que eles ofereceriam para o presidente
12:42para armazenar alguma das coisas que ele tinha, que teria direito a retirar do tempo que ele havia exercido a presidência da república,
12:56alguma coisa nesse sentido.
12:57Ia ser armazenado no sítio?
12:59Alguma coisa seria armazenada no sítio.
13:00O senhor chegou a visitar o sítio daí?
13:02Nesse sentido, não. Olhando essas coisas, não.
13:05Mas no sítio, cheguei a visitar quando fui tomar essas providências todas de ordem ambiental.
13:11Tá, então, antes do Fernando Bittar ser proprietário, o senhor foi visitar?
13:15Fui visitar para examinar essas questões todas.
13:17Logo em seguida, no final de 2010, o senhor chegou aí?
13:20Nunca mais, não. Praticamente eu não tive mais nenhuma participação a partir do momento que lavrou a sua escritura.
13:30O que de quando em quando eu visitei, algumas vezes passei lá pelo sítio para poder encontrar o próprio presidente,
13:40quando ele estava lá e ligava, falava assim,
13:43Roberto, você está indo para o teu sítio?
13:45Olha, eu estou aqui no Fernando Bittar, você não quer passar aqui para tomar uma cerveja?
13:48Ele já passava, tomava cerveja, batia pouco.
13:51Isso a partir de que ano? O senhor sabe?
13:53Ah, com certeza depois de 2011.
13:57Depois de 2011, com certeza.
13:59Depois que o presidente saiu da presidência?
14:00Ah, com certeza absoluta. Antes nunca.
14:02A reforma que foi feita no final de 2010, começo de 2011, o senhor teve alguma participação?
14:09Nenhuma.
14:10Não sabe?
14:11Absolutamente nenhuma.
14:11O senhor ficou sabendo antes de sair na imprensa que uma parte da reforma tinha sido feita pelo senhor Bunlay,
14:18depois a Odebrecht assumiu?
14:20As informações que eu tenho são aquelas que eu li na imprensa,
14:24porque eu pessoalmente não tive nenhuma mais participação alguma lá.
14:28O senhor Emir Costa e o senhor Alexandrino, que são réus também nessa ação penal,
14:34falaram, o senhor Alexandrino disse que o senhor teria ligado para ele, pedindo uma reunião,
14:40para regularizar essa obra de reforma que foi feita no final de 2010 no sítio.
14:47Nessa primeira conversa, o senhor teria tido com o senhor Alexandrino,
14:50no segundo momento ele teria levado o senhor Emir Costa, que era o engenheiro responsável pela reforma,
14:54no seu escritório, e que o senhor deu as orientações para o senhor Emir Costa
14:59do que precisava para regularizar.
15:02O senhor confirma que falou que o senhor é Alexandrino?
15:04Confirma que falou que o senhor é Emir?
15:07Bom, antes de mais nada, deixa eu contestuar uma situação, pontuar uma situação.
15:11O Alexandrino, ele representa uma empresa, um grupo,
15:15e eu, enquanto advogado, sempre estive na parte adversa, sempre trabalhei contra.
15:21O que eu digo é, na parte contrária, nós tivemos pelo menos três embates jurídicos importantíssimos,
15:31um deles em relação ao polo petroquímico do Rio Grande do Sul,
15:42um outro fortíssimo que foi aqui em São Paulo, em relação a Quator, a Braskem e a Petrobras,
15:50para você ter uma ideia, excelência, tem algumas notícias, depois, se for o caso, eu posso apresentar,
15:59a Quator e a Braskem, eles não podiam nem negociar fusão por conta da decisão que nós havíamos obtido.
16:05Então, quando eu falo que eu estive trabalhando no lado contrário,
16:09contrário aos interesses da Odebrecht, não significava uma contrariedade simples, uma questão menor.
16:19Eram questões importantíssimas, de bastante repercussão dentro dos objetivos do próprio grupo empresarial Braskem.
16:26Por isso que eu digo que, eu não me lembro exatamente, a senhora perguntou assim, você telefonou?
16:34Não me lembro, não tenho ideia disso daí, como teria acontecido, porque eu entendo que eu não teria como ligar para ele,
16:42se ele era representante de um grupo da parte contrária.
16:47Então, até eticamente, pelos critérios da ordem dos advogados, eu não poderia fazer, eu teria que fazer através de um advogado.
16:53Então, eu não acredito, não lembro, mas também não acredito que possa eu ter feito esse contato.
16:59Então, o senhor nega ter falado com o Alexandrino sobre essa reforma?
17:02Não, não, não. Estou dizendo a iniciativa.
17:06A iniciativa, em relação ao assunto, me lembro, sim, do Alexandrino ter estado no escritório,
17:13eu acredito que ele tenha provocado essa reunião, por conta disso que eu estou historiando um pouco antes.
17:20Na época, ele veio conversar, porque ele estava preocupado, a explicação que deu foi esta.
17:26A explicação era que ele estava preocupado, porque uma empresa parceira, amiga dela, havia feito umas obras,
17:33e ele tinha preocupação em relação às consequências que poderiam haver com essa parceira.
17:39Pelo menos foi o que eu deprendi.
17:42E, no meio das explicações, ou melhor, das perguntas jurídicas que eles estavam fazendo,
17:49das consequências jurídicas que eles estavam fazendo,
17:52eles disseram que a preocupação deles era exatamente sobre uma averbação de construção.
18:00Isso aí, quando eu percebi que era essa a preocupação, eu fiquei, inclusive, eu despreocupei em relação a isso,
18:09porque há uma diferença muito grande entre o imóvel, e eu acho que eles estavam habituados com imóveis urbanos,
18:16em relação aos imóveis rurais.
18:18O imóvel urbano, você tem que dar entrada na prefeitura, provar uma planta,
18:23depois que você aprova uma planta, a Receita Federal inscreve esta obra,
18:27você é obrigado a recolher as despesas, os impostos previdenciários,
18:34depois disso você obtém um hábitos, e do hábitos você registra,
18:40porque depois você tem que, inclusive, recolher o ITBI, o IPTU, sobre isso tudo.
18:45No imóvel urbano, no imóvel rural, não tem isso, não existe isso.
18:48Você constrói, você não fica apresentando planta para a prefeitura,
18:53como me parece que nesse caso também não houve,
18:55e nenhum imóvel rural, você apresenta uma planta.
18:58Imagina o sujeito, por exemplo, tem uma área de 100 mil hectares,
19:02apresentar planta para a construção de uma casa de colono.
19:06Quer dizer, não existe isso, entende?
19:07Tem que haver barba depois.
19:09Essa preocupação, não, não há obrigação, não tem necessidade.
19:12Como é que eu vendo?
19:13Mas uma coisa é obrigação, outra coisa é conveniência.
19:17Se você quiser, por conveniência, para poder deixar o seu imóvel,
19:26digamos, melhor avaliado, você pode até fazer um levantamento
19:31dessas questões todas que tem no imóvel rural.
19:33Aí você também analisa pasto, analisa tudo, quer dizer, é uma coisa muito grande.
19:38Nesse caso, não havia essa obrigação.
19:40A preocupação que eles estavam tendo era exatamente esta.
19:42e eu despreocupei em relação a isso.
19:45Não existe essa obrigação nesse sentido aqui.
19:48Tá, mas aí o senhor ajudou em algum momento?
19:51Não, absolutamente não.
19:53O que eles falaram, a expressão que eles usaram é o seguinte,
19:55como é que eu documento essa tua atividade dele?
20:01Foi muito simples.
20:02Isso falei, mas em uma forma geral, em tese praticamente,
20:06porque eu não examinei documento nenhum.
20:08você faz o quê?
20:09Você só pode, você tem que provar aquilo que você efetivamente executou.
20:16Naquilo que você efetivamente executou, você tem que levar uma nota fiscal
20:21que represente exatamente aquilo que a pessoa possa ter trabalhado em serviço ou venda de bens.
20:30É assim que a coisa funciona.
20:31Aliás, esse assunto, em nível de escritório, para mim, naquele momento,
20:38era de só menos importância, quer dizer, era uma coisa tão...
20:41Mas quando o senhor Alexandrino foi falar com o senhor,
20:43o senhor sabia que era obra feita a pedido de dona Marisa, no interesse do seu presidente?
20:47Não, não, não chegou a dizer absolutamente...
20:49Na propriedade que era obra feita a pedido de dona Marisa.
20:50Não, não, é o que ele chegou, ele já veio trazendo essa preocupação em relação,
20:55eu me lembro que ele usava sempre essa expressão, a empresa parceira.
20:59A preocupação dele era com a empresa parceira.
21:01Tá, então ele fez uma... foi conversar com o senhor por qualquer assunto e fez uma consultoria jurídica.
21:06Fez uma consulta jurídica porque ele imaginava que na obrigação de averbar,
21:13eu, como advogado do Fernando, e por eu ter providenciado toda a documentação,
21:20e no caso ter acesso à matrícula, eu que deveria tomar essa providência.
21:27E eu falei que não havia essa necessidade.
21:29Mas então o senhor sabia que era na propriedade do senhor Fernando?
21:32Eu sabia que era na propriedade do Fernando, sabia, com certeza.
21:34Mas que era a pedido da senhora Marisa?
21:37Não, não, a única coisa que eu sei era que era a propriedade do Fernando.
21:41O tempo do Fernando...
21:42Aliás, se é uma pessoa que tem certeza de que a propriedade era do Fernando, fui eu.
21:47O tempo todo, porque fui eu quem o assessorei na aquisição.
21:51Então eu tenho a mais absoluta e estou seguro de que a propriedade era do Fernando.
21:56Tá, aí o senhor... o senhor confirma que falou sobre isso,
22:02sem saber que era o interessado, seria a dona Marisa, o senhor ex-presidente.
22:07Com o senhor Alexandrino, o senhor Emir Costa estava junto?
22:10Antes de mais nada, eu nunca disse interesse do presidente.
22:15Sem saber.
22:16Eu falei, o senhor falou que não sabia.
22:19Não, não tinha.
22:20Isso que eu falei.
22:20Perfeitamente.
22:21O senhor fez isso sem saber.
22:21Ele estava com uma pessoa que depois eu soube, era esse Emir.
22:24Eu não lembrava mais dele.
22:27E se ele passar na minha frente, eu não vou lembrá-lo.
22:29Eu pouco falei com ele.
22:30Na verdade, a conversa foi com o Alexandrino e ele praticamente ficou ao lado fazendo outra pergunta.
22:35Mas o senhor deu orientação para fazer um contrato de prestação de serviço com o senhor Carlos do Prado,
22:39para emitir uma nota fiscal em nome do senhor Fernando Vittar?
22:43Excelência, eu sou advogado.
22:45Eu nunca pediria para um engenheiro fazer um contrato.
22:47Quer dizer, não tem sentido.
22:48Não, o engenheiro disse que o senhor fez o contrato e ele pegou a assinatura.
22:52Não, eu não fiz contrato.
22:53Não fez contrato de prestação de serviço?
22:55Não fez contrato absolutamente nenhum, nada disso.
22:56E orientou-se que fosse emitida uma nota fiscal?
22:59Eu não.
22:59A única questão em tese que eu havia respondido foi que, porque me foi perguntado,
23:05para documentar um serviço, como é que você faz?
23:08Você tem que ter, primeiro, a existência do serviço.
23:12E aí você pode lastrear no serviço provadamente efetivado uma nota fiscal.
23:19Isso ele me perguntou, foi dito.
23:20Talvez por causa daquilo que eu havia dito, que ele tinha preocupação com os aspectos
23:25da empresa parceira, talvez consequências fiscais, alguma coisa dessa,
23:33que também não chegou a verbalizar, eu também não perguntei.
23:37Aliás, foi um contrato não tão longo, foi meio rápido até.
23:40Tá.
23:41E o senhor Emir Costas diz que voltou posteriormente ao seu escritório
23:45e que deixou com o senhor, contrato assinado, nota fiscal de prestação de serviço
23:50e as notas que ele tinha de aquisição de mercadorias para essa reforma.
23:57O senhor Emir voltou ao seu escritório, entregou ao senhor, alguém do seu escritório,
24:01esses documentos?
24:02Não tenho lembrança absolutamente nenhuma, até porque se ele diz que devolveu, entregar,
24:07eu não costumo sair do meu gabinete para receber documento lá fora.
24:11em absoluto, nós temos funcionários e assistentes para fazer esse papel.
24:16Então, eu não me lembro absolutamente de que ele possa ter feito isso e com certeza
24:21absoluta não recolhi material nenhum, não passou pelas minhas mãos notas fiscais,
24:26essas coisas, não tenho lembrança de absolutamente nada disso.
24:28O senhor Emir Costa ainda fala que algumas dessas notas que ele teria passado para o senhor
24:32foram encontradas na busca e apreensão no apartamento de São Bernardo do Campo do ex-presidente.
24:38O senhor, então, não passou nenhum documento do senhor ex-presidente?
24:42Com certeza, com certeza não.
24:43Ao que me parece, por aquilo que eu tenho lido ao longo desse tempo todo,
24:47essas pessoas todas tinham mais acesso ao ex-presidente do que eu mesmo.
24:50Essas pessoas que o senhor diz é quem? Alexandrino?
24:52Alexandrino, pelo menos que ele tem dito, que ele tinha mais acesso do que eu.
24:58Então, eu nunca levei absolutamente documento nenhum desse ao ex-presidente, com certeza absoluta.
25:04Com certeza absoluta. Daí porque, inclusive, eu duvido que tenha sido entregue nas minhas mãos.
25:10Com certeza não foi entregue nas minhas mãos. Duvido que tenha sido entregue lá.
25:13Mas eu não posso fazer uma informação porque, sei lá, eu...
25:16Então o senhor não sabe nada sobre essa nota fiscal?
25:18Nada, nada, nada. Nota fiscal com certeza absoluta.
25:21Não tive com elas nas minhas mãos e com certeza não entreguei ao presidente absolutamente nada.
25:27O senhor Carlos do Prado, o senhor sabe quem é ou o senhor...
25:30Soube quem é, soube, deu a informação de que essa era a empresa...
25:35Essa era a empresa...
25:39O terceiro.
25:40Terceiro, a parceira deles, que eles estavam preocupados com a situação dessa empresa. Era isso.
25:48Mas o senhor chegou a saber quem era Carlos do Prado?
25:51A nota fiscal o senhor não viu?
25:53Não, também não. Não passou pelas minhas mãos.
25:55Nem orientou nada específico em relação a isso?
25:56Nem orientei absolutamente nada a respeito disso.
26:00O senhor soube que estava sendo reformado o sítio, seguindo as orientações da dona Marisa?
26:08Não, absolutamente nada.
26:10Não soube? Naquela época o senhor não soube de nada?
26:11Nada, nada, nada. A única coisa que eu sei é aquilo que o próprio Fernando sempre me disse,
26:16que ele estava executando obras no sítio.
26:18Isso eu sei que ele estava executando obras no sítio.
26:21Foi encontrado também na casa do ex-presidente, na busca e apreensão,
26:25uma escritura em que constava que o Lula compraria por 800 mil reais a propriedade do Fernando Bittar.
26:34Eu anotei aqui 7 do 12, posso dizer que eu tenha errado.
26:37Não sei se o senhor participou da redação, da criação dessa escritura de venda do Fernando Bittar para o senhor ex-presidente.
26:45Na verdade era uma minuta.
26:47Uma minuta de escritura.
26:48É uma minuta, não se realizou.
26:50Em algum momento alguém deve ter solicitado que providenciasse ou estavam em negociações para isso,
26:56porque evidentemente não sou eu quem, como advogado, não sou eu quem negocio,
27:02eu não sou corretor de imóveis, então eu não negocio de um lado e de outro.
27:05Isso aqui com certeza em algum momento me foi solicitado, eu encaminhei para o cartório para que ele fizesse a minuta
27:11e essa negociação, como não foi assinado, com certeza absoluta, é uma negociação que não foi...
27:19Não foi em frente, mas o senhor lembra dos detalhes nesse momento?
27:22Não, não me lembro.
27:22O que foi conversado entre o ex-presidente, o senhor Fernando Bittar?
27:25O senhor não participou de nenhuma negociação, o senhor só pediu a elaboração da minuta.
27:30Não, a negociação não, apenas pediram essa negociação.
27:32Lembra de ter feito contrato, compromisso de compreenda?
27:34Não, nada, nada, nada, nada, nada, só foi solicitado isso.
27:38Como esses documentos todos já constavam no banco de dados do cartório,
27:42ficaria fácil ele fazer uma minuta dessa escritura.
27:45E o valor que constava lá, o senhor também não sabe por que chegaram a 800 mil?
27:49Também não tenho a mínima ideia.
27:51E sabe se na época também tinha sido feita a escritura da parte do Jonas?
27:56Porque o senhor falou que os dois imóveis teriam dificuldade de ser vendidos separadamente.
28:01Sim.
28:01Nessa escritura que foi encontrada na casa do ex-presidente, só tem a da parte do Fernando Bittar.
28:08Não me lembro, esse detalhe eu não me lembro, excelência.
28:10Com certeza eu não me lembro desse detalhe.
28:12Veja, como advogado, eu volto a repetir, como advogado o que ocorre?
28:18Você trabalha aquilo que o cliente lhe pede, você executa aquilo que o cliente lhe pede.
28:24Se me foi pedido para fazer dessa forma, foi dessa forma que eu encaminhei.
28:27O senhor não lembra dos detalhes?
28:28Não, não, a razão, a motivação.
28:31Porque também não cabe a mim, enquanto advogado, ficar perquerindo para o cliente
28:34o porquê que ele está se interessando por um imóvel, por um pedaço, por uma...
28:39Não é isso comigo.
28:41E a escritura que foi encontrada no tabelionato de 2016, que teria sido redida em 2016,
28:50daí das duas partes, das dois registros imobiliários, um por 1 milhão e 49, outro por 662.
28:56O senhor se recorda desse novo pedido de escritura?
29:00Sim, com certeza, mais à frente, mais à frente, o cliente me solicitou que fizesse, no caso do Fernando...
29:06O Fernando que te solicitou as duas vezes.
29:08Deve ter sido ele que solicitou, porque foi realizado, é porque alguém solicitou.
29:12Eu não iria imaginar isso na minha cabeça, mandar fazer.
29:15Se eu fiz, é porque alguém me pediu o que fizesse, e os dados, as formas, as negociações,
29:20ou essa questão de parte inteira, ou não, isso aí é porque alguém deu essa orientação e foi feito dessa forma.
29:28Tá, pedi só um tempinho.
29:29É minuta também, excelência.
29:30É minuta também.
29:32Só interromper ali.
29:33Perfeito.
29:34Porque a gente precisa começar um novo vídeo.

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