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  • 19/06/2025
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Notícias
Transcrição
00:00Boa tarde a todos, estamos aqui com o general Augusto Heleno, foi o comandante, o primeiro
00:05comandante das tropas brasileiras no Haiti. Comandou a missão por um ano e três meses
00:12e teve o desafio de implantar, de abrir o caminho para os demais que vieram. A missão que se
00:20encerrou agora recentemente, no ano passado, e completando então 13 anos.
00:29Bom, estamos aqui, dúvida, toda a curiosidade de trazer o general Augusto Heleno para uma
00:36conversa aqui com o antagonista, em função da intervenção federal no Rio de Janeiro,
00:43na área de segurança pública do Rio de Janeiro. Nós tivemos essa assinatura do decreto pelo
00:50presidente Michel Temer na semana passada, decreto que pareceu ser restritivo às capacidades
01:00que o interventor precisa ter para poder dar conta do recado. Então, inclusive, nós publicamos
01:07também em primeira mão a demanda do Exército para que o Temer fizesse um decreto complementar
01:15justamente para que pudesse trazer mais detalhes que atendessem essa necessidade. Então,
01:23geral, muito obrigado aí pela presença. E como é que o senhor vê, não só do ponto de vista
01:30político, né, você ter uma decisão neste momento, talvez até do ponto de vista também
01:37da oportunidade, mas também do ponto de vista técnico, do ponto de vista operacional.
01:42O ministro Raul Jungmann, na coletiva que apresentou a intervenção, deixou bem claro que o Exército
01:54não ia ter o papel de polícia, poder de polícia. E tudo isso, obviamente, gerou muitas críticas.
02:00Nós fizemos uma análise disso bastante dura. Queria saber a sua em relação ao que a gente já conhece,
02:08esse é o decreto que está aí, obviamente, na expectativa de que surjam, que tenhamos mais detalhes,
02:14né, de repente um segundo decreto ou um detalhamento operacional disso.
02:19Só fazer um pequeno esclarecimento em relação ao Haiti, os generais brasileiros que foram como comandantes
02:28da força militar no Haiti, começamos com sete contingentes de países diferentes, terminamos com,
02:34chegamos a ter 15 contingentes. É isso para mostrar a importância daquilo no relacionamento do Brasil
02:41no mundo militar, porque esses contingentes eram subordinados a nós.
02:46E nós nunca tivemos problema, mas isso era só para...
02:49Não, eu vou entrar, eu vou voltar nesse assunto, porque nos interessa muito até em função do paralelo
02:53que a gente pode traçar entre a experiência desenvolvida e adquirida no Haiti
02:59e essa situação que se impõe agora no Rio de Janeiro.
03:04Em relação à intervenção, a primeira constatação óbvia, que talvez tenha sido a primeira qualidade
03:13que foi carimbada na intervenção, é que era uma medida drástica e inédita nesse período da República.
03:21E representa uma decisão do presidente da República diante de uma situação supostamente tão grave
03:32que levou a essa medida.
03:36E preocupa muito as condições em que essa intervenção vai acontecer.
03:43Porque, obviamente, a situação do Rio de Janeiro, no Carnaval isso se agravou,
03:49mas ela já vinha se arrastando e trazendo à população uma sensação de insegurança insuportável.
03:57O sujeito sair de casa, ou ver o seu filho sair de casa para a escola, a sua esposa sair para trabalhar,
04:03a sua mãe sair para ir no mercado e não saber se daqui a 10 minutos vai ter uma má notícia
04:09que ela foi assaltada ou que foi baleada sem ter nada a ver com o que está acontecendo.
04:15E essa sensação vai se alastrando e vai se transformando quase naquela síndrome do pânico generalizada.
04:24Isso é péssimo.
04:25E o Rio de Janeiro é um foco, porque é a cidade mais badalada do país, conhecida no mundo inteiro,
04:35polo de turismo...
04:36Os paulistas vão ficar com ciúme.
04:38Não, mas é a mais conhecida, não tem dúvida.
04:41E, com isso, ela tem foco e acaba fazendo com que os comentários sejam sempre mais considerados em relação ao Rio de Janeiro.
04:52Mas o Rio de Janeiro não é nem a vigésima cidade em violência do Brasil,
04:56o que nos traz uma preocupação muito maior,
04:58porque não é o Rio de Janeiro o único local que merece essa atenção especial.
05:04Será que isso vai se alastrar?
05:06Nós vamos ter intervenção em vários estados da federação?
05:09Isso é uma pergunta que tem sido feita.
05:12Não temos resposta, até porque a decisão dessa medida é do presidente da República.
05:18Então, isso é uma preocupação.
05:20Outra coisa séria.
05:22Eu preciso dar a esse interventor,
05:25se eu concluir que a situação chegou a esse ponto,
05:29que eu tenho que partir para uma medida extraordinária,
05:31eu tenho que dar a esse interventor condições extraordinárias de operar.
05:38Se ele mantiver as atuais condições, é óbvio que não vai dar certo,
05:44porque eu tenho uma situação muito grave e eu vou botar lenha na fogueira,
05:50porque tentar mudar essa situação durante anos já aconteceu.
05:55Então, eu preciso dar a esse interventor um estado de coisas diferente
06:02para que o resultado também seja diferente.
06:06E isso nós não sentimos acontecer na divulgação da intervenção.
06:12E essa declaração, você deu nome a quem fez a declaração,
06:17mas teve mais de uma pessoa afirmando isso,
06:21que o Exército não teria poder de polícia.
06:24Eu me assustei.
06:26O Exército, que está sendo empregado de uma forma diferente,
06:31sendo colocado numa situação de protagonismo,
06:36o Exército antes, é até um termo que eu não gostava, sempre critiquei,
06:41o Exército ia apoiar as ações da polícia.
06:43Isso foge a toda a doutrina de emprego do Exército.
06:48Uma invenção.
06:48A polícia é força auxiliar.
06:50Então, o Exército apoiar a polícia é um negócio que sempre nos chocou.
06:53Aí o Exército vai assumir o protagonismo das operações e não tem poder de polícia.
06:58Então, como é que vai funcionar?
07:00Não dá, pô.
07:01Você vai jogar futebol, mas você não pode tocar na bola.
07:04Quer dizer, é um negócio muito estranho.
07:06Não pode marcar.
07:07Muito, é.
07:08Então, tem que marcar de longe, não pode tocar na bola.
07:10Espera aí.
07:11Isso não tem condições.
07:13Então, eu tenho dito que não sou voluntário para ser interventor.
07:20Se foi convidado, não aceitaria.
07:22Até porque acho que o Braga Neto é um oficial, o general Braga Neto é um oficial excepcional.
07:27Tem todas as condições de se sair muito bem.
07:30É um sujeito equilibrado, ponderado, de ótimo relacionamento.
07:33Já tinha um ótimo relacionamento com as outras forças que atuam na segurança pública no Rio de Janeiro.
07:40Então, ele tem tudo para dar certo.
07:42O que eu vou dizer aqui, não vou ensinar a Padre Nossa ao Vigário, até não é o caso,
07:45porque ele está mais preparado do que eu.
07:48O que ele colocar em prática fatalmente será melhor do que eu vou dizer aqui.
07:53Mas eu imporia três condições para trabalhar numa situação dessa.
08:00Primeira delas, eu ia querer regras de engajamento parecidas com as que eu tinha na Aiti.
08:07Essa regra de engajamento, que é a regra de engajamento do capítulo 7 da Carta da ONU,
08:12que dá ao comandante da cena.
08:16Ela é tão flexível que ela não exige que seja o comandante do contingente do Sri Lanka, não.
08:26O sargento comandante da cena, ele pode decidir se um determinado ato se constitui em uma ação hostil.
08:37E não precisa nem ser ação, pode ser uma vontade de hostilizar.
08:43Claro. Quando o senhor fala da cena, só para quem não entende, a gente está falando da ação.
08:48O comandante está ali, está ali no chão.
08:50Ele se deparou com uma situação...
08:52Ele está fazendo uma patrulha e dá de cara com o sujeito tocando fogo em pneu.
08:57Com fuzil, com...
08:58Ele não precisa passar um rádio para o comandante dele.
09:02Tem um ato ou uma intenção hostil.
09:04É um ato hostil e é uma intenção hostil de não deixar passar tropa, não sei o quê.
09:08Então, em determinadas situações, ele adverte o cara.
09:11Se o cara não aceitar a advertência, ele está autorizado a agir com uma força proporcional,
09:19aquela que está sendo colocada contra ele, e pode chegar à letalidade.
09:25Ele pode matar o sujeito.
09:27A gente só mencionou rapidamente.
09:29Eu não vou lhe cortar dos outros três pontos.
09:31Não, não, pode falar.
09:32Aqui é conversa. Aqui não é aula, não é conversa.
09:33Mas tem muita chiadeira, e a gente percebe que também é uma estratégia dos traficantes e dos criminosos
09:43utilizar a população civil como escudo, como escudo humano,
09:49para, inclusive, o senhor citou, queimar pneu.
09:53Quem vai queimar pneu, a gente cansa de ver as imagens, né?
09:56Mulher, adolescente, pessoal que vai, puxa, fica na frente ali, justamente para constranger uma ação com mais força, né?
10:07Porque sabe que isso pode criar um impacto negativo enorme, né?
10:12Lógico.
10:12Como é que era lá? Como é que deve ser? Como é que lidar com esse tipo de coisa?
10:16Então, a situação como Rio de Janeiro, uma cidade super povoada,
10:20onde as comunidades são verdadeiros formigueiros,
10:24é óbvio que essas atitudes, essa decisão de empregar instrumentos letais,
10:32ela tem que ser muito pensada.
10:35Ela não pode ser uma decisão em tempestir.
10:37Ah, agora vou sair atirando. Não.
10:38Tem que ser muito bem pensada, muito equilibrada, muito calculada.
10:44E a população tem que estar fartamente avisada de que a partir de agora,
10:50a partir da intervenção, quem estiver armado com armas de guerra,
10:58fuzis que são de uso exclusivo das forças armadas pelo seu calibre,
11:02pela sua velocidade de tiro,
11:05que estiver com pistolas de uso exclusivo das forças armadas,
11:07ostensivamente no meio da rua,
11:10vão estar alertados que, olha, se o cenário for propício,
11:15se nós não colocarmos outras vidas em jogo,
11:18porque isso é uma das recomendações da regra de engajamento,
11:21é não existirem efeitos colaterais,
11:24então ele pode ser alvejado.
11:27Porque esse sujeito, ele está caracterizado como um inimigo da sociedade.
11:33Ele vai usar a arma dele e pode ferir o seu filho, a sua esposa,
11:38balear o seu automóvel, que não tem nada a ver com a história.
11:41Então, esse camarada está caracterizado como um mau à sociedade.
11:45E ele tem que pagar por estar debochando do poder público
11:49com um fuzil de guerra no meio da rua.
11:51Vai ter situações também que o próprio criminoso
11:58se utiliza da sua força militar contra os próprios civis
12:06para jogar a culpa nos militares.
12:09Não tem dúvida.
12:10É muito complicado.
12:11Mas continua os outros dois pontos.
12:13Mas isso aí tem um remédio.
12:15É outra coisa também que no Haiti era uma recomendação minha.
12:18Filme em tudo.
12:19Ah, isso é muito importante.
12:21Filme em tudo.
12:22Quer dizer, toda ação, o equipamento com filmagem.
12:25Então, essa regra de engajamento eu acho fundamental.
12:27Eu acho que muda o cenário.
12:29Por exemplo, roubo de carga.
12:31Roubo de carga, o cara para o caminhão.
12:33Já vi filmes disso aí.
12:35O cara armado ostensivamente no meio da rua,
12:38saqueando o caminhão.
12:40Um negócio desse, tem atirador, sniper, que é formado para isso.
12:44A gente gasta dinheiro para formar esses atiradores.
12:46Então, está precisando agora um choque de ordem.
12:51Daqui a 30 anos, nós podemos ser a Noruega, a Finlândia, a Suécia.
12:55Agora é um choque de ordem.
12:57Nós estamos caminhando na direção de um abismo em termos de segurança.
13:02E aí não vai ter volta.
13:03Na hora que mergulhar no abismo, não tem volta.
13:05Depois eu volto para esse assunto.
13:06Engajamento.
13:08Segunda coisa.
13:09Mobilidade.
13:11Mobilidade com helicópteros.
13:13Eu preciso que o comandante da força tenha à sua disposição helicópteros.
13:19Porque o helicóptero te dá a capacidade de atuar,
13:23principalmente nas comunidades do Rio de Janeiro,
13:25que estão em elevações e a cidade é congestionada.
13:30Tivemos a experiência recentemente.
13:31Isso, para mim, são tentativas de provar até onde pode chegar.
13:38O cara corta o trânsito da linha vermelha e da linha amarela,
13:41ele implantando o pânico ali com meia dúzia de tiro.
13:44O cara dá meia dúzia de tiro no paredão da linha amarela,
13:46salta todo mundo dos carros, vai para trás dos muros, não sei o quê,
13:51e para a cidade.
13:54E a partir daí você faz o que você quiser.
13:56Porque as forças legais não chegam.
13:58Transportadas em viatura, não vão chegar nunca.
14:01O helicóptero te dá uma enorme mobilidade.
14:03Você chega rápido, você atua onde você quer.
14:06Lógico, você não vai usar helicóptero para ficar o dia inteiro andando na cidade.
14:10Mas em determinadas operações planejadas,
14:13que são desenhadas pelo serviço de inteligência,
14:16esses caras estão lá e é agora que tem que agir.
14:20Eu, em dez minutos, chego em qualquer lugar.
14:22E consigo chegar rapidamente com fast-roup,
14:25com os meios e tropa especializada.
14:28Outra coisa, para esse tipo de ação,
14:30não pode ser tropa do Rio de Janeiro.
14:31Tem que trazer de fora.
14:34Traz, pega os forças especiais do Exército,
14:37na própria Força Aérea, na Marinha,
14:39cria grupo de forças especiais para ações,
14:42que são ações de gente especializada.
14:45Que não tenha vínculo local para não ter risco de vazamento.
14:49Porque as operações no Rio naturalmente vazam.
14:51Porque pega soldado, o policial militar, o próprio bombeiro,
15:00quem sabe da operação e conhece alguém no local onde a operação vai acontecer,
15:05ele se vê na obrigação de avisar,
15:07porque se ele não avisar, ele vai passar mais tarde por algum problema
15:10em relação a ele ou a família dele.
15:12Como é que fica, então, se você está fazendo uma intervenção,
15:17você não vai poder fazer o uso da polícia,
15:20da polícia militar, da polícia civil, dos bombeiros,
15:23para ações, para operações estratégicas.
15:27Porque senão você corre o risco que essas polícias sejam fontes de vazamento
15:32para as comunidades, para as favelas, para os criminosos, etc.
15:36Não é isso?
15:37Não, mas as polícias, tanto a polícia civil quanto a polícia militar,
15:42bombeiro menos, porque a atividade dele tem uma outra finalidade.
15:47Mas a polícia civil, a polícia militar do Rio de Janeiro, são ótimas.
15:52São ótimas.
15:53Conhecem muito.
15:55Conhecem muito de operação policial, conhecem muito sobre bandidagem
15:59e são de uma coragem.
16:02O camarada que já esteve numa situação dessa,
16:05de entrar numa comunidade e tomar tiro,
16:08não saber de onde é que o tiro vem,
16:10e no Rio de Janeiro, que é de cima para baixo,
16:12e os caras continuam e morrem todo dia.
16:16Esses caras...
16:16Não, sem dúvida.
16:17Eles são heróis.
16:18Mas assim, para você evitar o vazamento,
16:21você faz uma contrainteligência.
16:24Eles vão continuar a botar pressão,
16:27essa pressão que eles colocam todo dia,
16:29só que essa pressão vai empurrar algumas facções
16:35para se reunir em algum lugar.
16:38E aí entra a inteligência com uma operação dura,
16:41estratégica para dar uma limpada na área.
16:43Então, é a reunião dessas operações pontuais,
16:50violentas.
16:50É violenta sim, não se choquem não.
16:52É violenta sim.
16:54A violência que é utilizada contra a população,
16:57em determinado momento tem que se voltar contra a bandidagem.
17:00Vai ser violenta?
17:01Vai ser violenta.
17:02Tem que ser.
17:02E a polícia vai continuar essa pressão,
17:05a presença na comunidade,
17:07basicamente,
17:08será da polícia militar,
17:10vai lá, entra, sai, vai lá,
17:12conhece, conhece.
17:14O trabalho de inteligência, muitas vezes,
17:15começa nessa ponta da linha.
17:17Então, não vai parar o trabalho da polícia.
17:19Pelo contrário.
17:21Agora, a polícia precisa ser prestigiada,
17:23precisa ser equipada,
17:25precisa ter dinheiro para botar gasolina nas suas viaturas,
17:28para poder munição para suas armas.
17:31Temos que pensar,
17:33isso não pode ser em dois minutos,
17:34em dez minutos, em dez dias,
17:36mas precisa mudar o equipamento da polícia.
17:39A polícia não pode ter um equipamento pior do que o do bandido.
17:42Hoje o bandido está melhor armado que a polícia.
17:44É só comparar a qualidade do armamento com o de outro.
17:47O interventor vai estar conectado,
17:50ele é representante direto do presidente,
17:54ele tem essa facilidade de solicitar os recursos,
17:59isso está no decreto.
18:01Ele tem esse poder de requerer recursos humanos, materiais,
18:05o que inclui recursos financeiros.
18:08E hoje, inclusive, já se estava discutindo isso dentro do governo,
18:11para que haja uma flexibilidade maior na liberação desse tipo de recurso.
18:16Não tem que passar pela burocracia do Congresso,
18:19justamente para...
18:20Senão a coisa não vai, a coisa não acontece.
18:23Eu queria só fechar esse bloco aqui com uma explicação mais didática
18:28sobre o poder de polícia,
18:30porque a gente depois já ouviu outras entrevistas
18:35em que o próprio ministro e outros representantes envolvidos,
18:40o interventor e outras pessoas,
18:42o general Etchegoi, que é o chefe do GSI,
18:48que também é dedicado a esse tema de segurança,
18:51todos eles já começaram a falar que não,
18:53mas o poder de polícia já está previsto
18:57nas operações de garantia da lei e da ordem,
19:00que eram as operações que estavam sendo feitas até então.
19:04Ou seja, aquela referência foi infeliz.
19:07Já disseram isso, que está escrito no decreto até dezembro de 2018
19:11que as tropas empregadas em garantia da lei e da ordem
19:14têm poder de polícia.
19:15Agora, o poder de polícia previsto dentro do escopo legal
19:21que a gente tem hoje, dessas operações de GLO,
19:25é suficiente?
19:29Você tem espaço dentro desse escopo legal
19:33para regras de engajamento mais flexíveis
19:36que permitam o uso da violência direta contra o bandido,
19:40que é um elemento hostil, que está com um fuzil na mão?
19:43Permite isso?
19:44Ou você teria que criar,
19:47você teria que modificar esse escopo?
19:49Aí vem a outra solicitação que é fundamental.
19:53É a sustentação jurídica
19:57daquilo que você determinar nessa regra de engajamento.
20:01Eu não posso pegar um soldado que está cumprindo uma missão
20:05que atira no bandido e mata o bandido e julgá-lo como um homicídio doloso.
20:08Se não, você inviabiliza qualquer coisa.
20:12O cara não vai ter vontade nenhuma de fazer.
20:16Eu tenho apelado para o patriotismo do poder judiciário.
20:19Nós não estamos vivendo uma situação normal.
20:22Na situação normal, vamos imaginar que tenham recursos,
20:25embargos declaratórios, embargos auriculares,
20:29embargos de declaração, embargos não sei o quê.
20:32Isso é outra história.
20:33Tem não sei quantas instâncias.
20:34Agora, nós estamos vivendo uma situação crítica.
20:38Eu não vou dizer que é uma pré-guerra civil,
20:40que está muito longe disso,
20:42não tem um bloco lutando contra o outro.
20:44Nós estamos vivendo uma situação
20:45que está levando o pânico
20:51a uma boa parte da população.
20:53Então, não é uma situação normal.
20:55É preciso que o poder judiciário
20:56se tome de patriotismo
20:58e resolva não criar situações desconfortáveis
21:04para quem está do lado da lei.
21:07Pelo contrário, entre do lado de quem quer
21:09modificar esse panorama.
21:12Porque eu tenho dito sempre,
21:13nós não estamos vivendo uma situação
21:14de segurança pública.
21:17Nós estamos vivendo uma situação
21:18de segurança nacional.
21:20Nacional.
21:21Porque nós temos 17 mil quilômetros
21:23de fronteira terrestre,
21:2411 mil quilômetros de fronteira marítima
21:26estão contaminadas.
21:28E todos esses assuntos,
21:29a violência, ela é fruto...
21:31Essa é a ponta.
21:31É a ponta.
21:32De toda essa linha
21:33que vem desde a fronteira
21:35e vem sendo cada vez mais
21:37povoada e transmitida
21:40por linhas de transmissão de ilícitos.
21:44Então, você hoje tem
21:45tráfico de arma,
21:47tráfico de droga,
21:48tráfico de gente,
21:49tráfico de animais,
21:50tráfico de madeira,
21:51tudo isso nesse grande contexto.
21:54E pior,
21:55nós hoje somos
21:56o maior produtor,
21:57o maior consumidor
21:59de crack do mundo.
22:01O segundo de cocaína,
22:03só perde para os Estados Unidos.
22:05E o local
22:06onde passa mais droga no mundo.
22:09O país onde tem
22:10trânsito de droga,
22:11nós ganhamos também.
22:12São três títulos já.
22:13Querem mais títulos?
22:15Querem enriquecer
22:16sua sala de troféus?
22:17Ou vamos parar com isso?
22:19Precisa não só do judiciário,
22:20mas do legislativo também.
22:21É fundamental.
22:22Então, agora é preciso
22:24que sejam colocadas
22:25as ideologias de lado,
22:28os dodóis de lado,
22:30todas as convicções
22:32que não têm
22:33um fundamento
22:35bastante consistente
22:37de lado,
22:38para que vigore
22:39uma sensação
22:40de patriotismo.
22:41Nós precisamos
22:43sair da beira do abismo.
22:46Hoje, qualquer cidade brasileira
22:47de 40 mil habitantes
22:48tem Cracolândia.
22:48Cracolândia.
22:50Essa questão legal
22:51é muito importante
22:52porque,
22:54inclusive,
22:55o próprio
22:55Jair Bolsonaro,
22:57que tem essa bandeira
22:59da segurança pública
23:00sempre muito presente,
23:02ele fala,
23:03ele repete muito
23:04a história
23:05do excludente
23:06de licitude.
23:07De você
23:08aprovar uma lei
23:10que tire
23:10essa responsabilidade
23:12do policial,
23:13inclusive.
23:14Não estamos falando
23:14apenas do soldado,
23:16do exército,
23:17do oficial,
23:19não estamos falando
23:19também das forças
23:20auxiliares,
23:21das polícias.
23:24Esse é o caminho?
23:25É por aí?
23:26Dá para fazer
23:27com esse decreto
23:28um decreto complementar
23:30com regras excepcionais
23:31para essa situação?
23:34Como é que se resolve?
23:35Ou precisa que isso
23:36vá para o Congresso,
23:37aprove uma outra lei
23:38para dar
23:39essa sustentação jurídica
23:42para essas ações?
23:43Nós vivemos
23:44numa democracia
23:44e nós não podemos
23:46criar brechas
23:48nessa democracia.
23:50Então nós temos
23:50que fazer tudo
23:51legalmente,
23:52dentro do que está
23:53previsto no escopo legal.
23:55Então,
23:56vai precisar
23:57que as regras
23:58de engajamento
23:59sejam implantadas?
24:00O próprio Supremo
24:00Tribunal Federal
24:01pode se reunir
24:02e, olha,
24:04nós vamos fazer,
24:05vamos determinar
24:06e,
24:08durante um certo tempo,
24:09vai funcionar assim.
24:10É uma medida
24:10de exceção
24:11dentro do contexto
24:12da democracia.
24:13não vai ferir
24:14em nada
24:14a democracia
24:15porque nós estamos
24:16lutando
24:17para que a democracia
24:18se perenize
24:21no país
24:21porque senão
24:22nós vamos virar
24:23um narco-país.
24:25Daqui a pouco
24:25não vai ter democracia.
24:26Quem vai ditar
24:26as leis no país
24:27são os donos
24:29do crime organizado.
24:31É isso que muita gente
24:32não sente isso aí.
24:33A gente vai voltar
24:33nesse tema
24:35justamente
24:35num segundo bloco aqui
24:37porque é justamente
24:38disso que eu quero falar.
24:43que é isso que eu quero falar.
24:46E aí

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