- 19/06/2025
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NotíciasTranscrição
00:00Então, nessa ação penal 505-49-32-38, depoimento do Sr. João Serqueira de Santana Filho.
00:08Sr. João Santana, o senhor foi acusado de um crime pelo Ministério Público.
00:13Em condições normais, o senhor teria o direito de permanecer em silêncio.
00:17O senhor foi informado aqui pelos seus defensores que o senhor teria celebrado um acordo de colaboração
00:22com a Procuradoria Diretorial da República, que teria sido homologado pelo Supremo Tribunal Federal.
00:27É isso mesmo, Sr. João Santana?
00:29É verdade.
00:31Sr. João, então, por conta desse acordo, o senhor acaba renunciando o direito ao silêncio.
00:37O senhor assume o compromisso de dizer apenas a verdade perante a justiça, certo?
00:41Certo, e me submeto a esse ditame.
00:44Eu vou lhe advertir, por conta desse acordo, então, que se o senhor faltar com a verdade,
00:49além do senhor perder o seu acordo, o senhor também responde criminalmente
00:53por um crime que está previsto na 12.850, que é basicamente um falso testemunho.
00:58Ok, estou ciente disso.
00:59Sr. João Santana, antes de entrar aqui na acusação específica, algumas informações
01:04mais genéricas.
01:05O senhor trabalha com a senhora Mônica Moura nessa área há quanto tempo, aproximadamente?
01:10Há mais de 18 anos, mais ou menos.
01:12A empresa que é utilizada é a Polis Propaganda?
01:16É a Polis, empresa que nós somos sócios.
01:18Eu sou sócio majoritário, era sócio minoritário.
01:22Fazia um serviço, prestava um serviço de marketing político, ou serviço de marketing
01:28eleitoral?
01:29Marketing política eleitoral, que no Brasil se confunde bastante, e isso durante todo esse
01:34período.
01:34E fizemos várias campanhas, no Brasil e no exterior.
01:38Quem cuidava do financeiro da empresa?
01:39Mônica, era a pessoa que coordenava com total e absoluta autonomia e poder.
01:45O senhor tinha informação sobre a parte financeira da empresa?
01:48Tinha, constante.
01:49Inclusive, porque nós somos casados.
01:51Mas eu não acompanhava o dia a dia, inclusive por uma inaptidão natural que eu tenho de
01:57tratar com finanças.
01:58Mas sempre estive informado e sempre concordei com as decisões que ela tomava.
02:05Nesses serviços que a sua empresa prestou, o senhor, a senhora Mônica, houve recebimento
02:10de pagamentos não contabilizados?
02:12Houve.
02:12Houve, constante.
02:14Aliás, como é uma prática no mercado e na marca de política eleitoral.
02:19No Brasil e boa parte do mundo.
02:21Houve recebimento de pagamentos não contabilizados provenientes do grupo Odebrecht?
02:27Sim, sim, bastante.
02:30Tem uma planilha que consta nesses autos?
02:32O senhor já deve ter visto essa planilha.
02:34Eu tenho uma cópia dela aqui.
02:35Essa planilha, supostamente, refletiria, segundo o que foi declarado por algumas pessoas aqui,
02:51pagamentos efetuados pelo grupo Odebrecht no interesse de agentes do Partido dos Trabalhadores.
02:59E nessa planilha ali, logo no começo da parte de despesas, que está ali identificado por
03:05usos, há uma referência ali, 2008.
03:08Evento 2008, eleições municipais via feira.
03:12Algumas pessoas declararam que feira era a forma como o grupo Odebrecht identificava pagamentos
03:18ao senhor, à senhora Mônica.
03:21O senhor sabe me dizer se esse lançamento aqui corresponde realmente ao que aconteceu?
03:25Corresponde, coincide com as campanhas municipais desse ano de Marta, senadora Marta Suplicy
03:31e da senadora, hoje, senadora Gleice Hoffer.
03:35Esse número de R$ 18 milhões, foi aproximadamente isso?
03:38Eu imagino que sim.
03:40Mônica teria mais condições de precisão.
03:42Esses pagamentos teriam sido efetuados no interesse do Partido dos Trabalhadores?
03:46Sim.
03:48Esses pagamentos se referem, são pagamentos não contabilizados?
03:51Sim.
03:52Depois tem um outro lançamento ali, evento El Salvador via feira, 5 e 300.
03:59O senhor sabe me esclarecer se esse lançamento corresponde a alguma coisa que pode ter acontecido?
04:05Sim, isso foi no ano 2009, quando nós fizemos a campanha presidencial El Salvador, do então
04:11candidato e depois presidente eleito, Maurício Funes.
04:14Foi a campanha que nós fizemos a pedido do presidente Lula, que esse evento refere exatamente a isso.
04:24Mas o pagamento aqui, consta que 5 milhões e 300, proveio do Grupo Odebrecht?
04:31Sim, sim.
04:31Imagino que sim.
04:32E o que tinha a ver o Partido dos Trabalhadores com esses pagamentos?
04:36No caso, já existia uma relação, para mostrar isso, a relação da minha empresa com o Grupo Odebrecht,
04:47ela foi aberta durante a campanha de reeleição do presidente Lula.
04:52Na época, o ministro Antônio Palocci, ele já não era mais ministro, ele fez esse contato
05:04e uma parte do pagamento dessa campanha, da reeleição do presidente Lula, foi feita através do Odebrecht.
05:10A partir daí, isso se repetiu no ano 2009, quando nós fomos convidados para fazer essa campanha,
05:18a garantia nos foi dada pelo PT, pelos seus representantes já citados, de que o Odebrecht faria esse pagamento.
05:28Então, esse pagamento da campanha de El Salvador foi feito a pedido também do Partido dos Trabalhadores?
05:35Sim, sim.
05:37E foi pago pelo Grupo Odebrecht?
05:38O Grupo Odebrecht.
05:39Esse pagamento aqui também não contabilizado?
05:42Também, também não contabilizado.
05:43Indo um pouco mais adiante ali nessa planilha, o Sr. João Santana tem uma referência em 2011,
05:53a feira atendido 3.5mm de fevereiro a maio de 2011, saldo e vento, 10 milhões.
06:04E depois, nesse mês de 2011, tem lá, feira, pagamento fora, 10 milhões de dólares, correspondente ali a 16 milhões de reais.
06:14O Sr. sabe me dizer se esses lançamentos correspondem a alguma coisa que efetivamente aconteceu?
06:18Isso, perdão.
06:192011.
06:202011.
06:21Isso.
06:23Isso.
06:24Um pouco mais adiante ali.
06:26Nesse período de 2011, o que trata especificamente esse processo que eu examinei antes desse depoimento.
06:42Há depósitos, nesse período de um ano, feitos por offshore da Odebrecht, relacionados, salvo engano,
06:49primeiro a um restante de dívida da campanha presidencial da presidente Dilma de 2010 e também uma parte de campanha da Venezuela
06:58e um pouco de campanhas municipais que iriam se realizar, que estavam se realizando em 2012,
07:08do prefeito Fernando Haddad e do candidato Patrúcio Ananias em Minas Gerais.
07:14Todos no interesse de agentes do Partido dos Trabalhadores?
07:17Os mesmos, o mesmo partido e os mesmos agentes.
07:19Inclusive da Venezuela também?
07:21A Venezuela, sim.
07:22Também houve o...
07:25Se eu permite, então, esclarecer da manhã um pouco mais de detalhe, é o seguinte.
07:29A campanha da Venezuela, nós fomos convidados a fazer o principal articulador e garantidor dessa campanha,
07:38foi então o embaixador da Venezuela no Brasil, o senhor Max Seguire.
07:42Não, mas então não vamos assim, vamos então detalhes sobre coisas que aconteceram no exterior.
07:46A pergunta que eu fiz...
07:46Não, foi o embaixador da Venezuela no Brasil.
07:48Tá.
07:49Mas a pergunta que eu fiz ao senhor é assim, esses pagamentos feitos lá fora, o senhor mencionou
07:56de que era a dívida da campanha de 2010...
07:592010...
08:00E eleições municipais de 2012.
08:01E eleições municipais.
08:02Certo.
08:03Em 2012, em São Paulo e em Minas Gerais.
08:05Esses pagamentos na parte da Venezuela também foram feitos a pedido de agentes do Partido dos Trabalhadores?
08:11O que eu tentava explicar ao senhor é que o embaixador da Venezuela tinha contatos tanto com o Partido dos Trabalhadores
08:18como empresas brasileiros que trabalhavam na Venezuela.
08:20Então há uma interface entre um agente público venezuelano e pessoas integrantes do Partido dos Trabalhadores.
08:31Mas não que nós tenhamos sido convidados em primeiro instância, em primeiro lugar, pelo Partido dos Trabalhadores.
08:38Mas tivemos uma espécie de suporte político e aval também no PT.
08:47Essa conta...
08:48Ou melhor, relativamente esses pagamentos não contabilizados, como é que a sua empresa recebia esses pagamentos?
08:54Esses pagamentos, eu imagino que a Mônica tenha detalhado uma parte pela conta Shellbill e também uma parte desse recebimento era feito no Brasil, através de cash.
09:07Para recebimento no exterior, era utilizada alguma conta específica?
09:11A conta Shellbill exclusivamente.
09:13Essa conta Shellbill é o senhor que é o beneficiário, o controlador?
09:17Sou beneficiário, o controlador dessa conta e desde o primeiro momento, o primeiro interrogatório da Polícia Federal, eu abri mão do sigilo dessa conta.
09:27E antes mesmo que ela fosse alcançada ou os dados chegassem ao Ministério Público pelo Acordo Internacional, eu já tinha assinado isso.
09:35Quem movimentava essa conta Shellbill?
09:38A Shellbill, a partir de determinado momento, Mônica é quem cuidava da administração dessa conta.
09:43Mas é uma conta que é de inteira propriedade minha.
09:48Tem no processo...
09:49Aberta de 1999.
09:51No processo, evento 1, anexo 45, alguns documentos relativos à conta.
09:56Eu vou tomar a liberdade de mostrar, peço para o senhor dar uma olhadinha aqui.
10:06Os documentos de custos.
10:08Abertura da conta de 1999.
10:10Foi não.
10:15É, deixa eu ver sua assinatura na segunda folha.
10:17Beijo, sim, minha assinatura.
10:21Perfeito, por favor.
10:22Esses são documentos relativos, então, a conta Shellbill lá na Suessa.
10:27Exatamente.
10:28Tá bom.
10:28E eu repito que eu abri mão completa de sigilo dela.
10:32Perfeito.
10:32Por que que tem um nome Zil nessa conta também?
10:35É, foi o primeiro nome da conta.
10:37É o primeiro nome dessa conta.
10:39Depois mudou para a Shellbill?
10:40Mudou para a Shellbill por recomendação do banco.
10:43Tempo depois, por uma questão burocrática, eu acho.
10:46Mas a conta é chamada Zil.
10:49O senhor mencionou rapidamente, mas nessa denúncia, uma referência a pagamentos efetuados nessa conta,
10:54segunda acusação através do grupo Odebrecht, da ordem de 10 milhões de dólares em 2011 e 2012.
11:06Esses pagamentos eram relativos a serviços prestados aqui no Brasil?
11:12Sim, eu já me referi.
11:13Eu acho que uma parte, a maior parte, sim, os serviços que estavam em curso ou que já tinham sido realizados e a dívida que se acumulava.
11:22A dívida referia-se à primeira campanha de presidencial da presidente de Bioma.
11:27O senhor, quando foi ouvido no inquérito, o senhor prestou algumas declarações diferentes,
11:33afirmando que nunca teria recebido no exterior pagamentos de serviços eleitorais no Brasil.
11:39O senhor pode me explicar por que o senhor está declarando algo diferente?
11:43Eu disse nessa sala ao senhor que, na época, ainda atordoado um dia depois da prisão e também preocupado com a própria estabilidade política
11:55e a própria manutenção do cargo da presidente de Bioma, eu cometi o equívoco, eu menti sobre isso.
12:02Então, por isso que a primeira versão minha foi de que esses recursos eram todos, todos de campanhas no exterior.
12:10Não estava mentindo de todo, porque uma boa parte de recursos provinham disso, mas houve realmente essa...
12:16Eu faltei com a verdade nesse aspecto.
12:19Depois, aqui mesmo nessa sala e antes mesmo do acordo de colaboração, eu falei, abri, tornei real, a versão real.
12:31E no meu acordo, que ainda está sob sigilo, há ainda mais detalhes sobre isso, tanto dos depoimentos meus como de Mônica.
12:38O senhor tratava desses pagamentos ou recebimentos com o Grupo Odebrecht?
12:42Não, diretamente nunca tratei, assim, no dia a dia.
12:46Mas num primeiro contato onde isso... sempre, no primeiro momento onde isso aconteceu, para ser mais preciso, historicamente,
12:54foi na campanha em 2006, a campanha da eleição do presidente Lula, o primeiro contato foi quem...
13:00Falei primeiro com o Antônio Palocci.
13:02Mas aí o senhor está falando do Partido dos Trabalhadores, não do Grupo Odebrecht.
13:06Sim, mas foi a pessoa que me disse que o pagamento seria feito pela Odebrecht.
13:13Posso até relatar um detalhe o seguinte.
13:17Quando eu fui chamado de volta, falei, de volta porque eu tinha saído na pré-campanha do presidente Lula,
13:24eu gostaria até de contar um pouco essa história.
13:27Em 2001, eu rompi minha sociedade, o Duda Menonça, unilateralmente, eu saí da sociedade e fiquei fora da campanha,
13:38porque decidi, porque tinha divergência de linhas, etc.
13:41Quando ocorre a crise do meu salão, eu recebi um telefonema, eu me recordo da data, do dia 20 de agosto de 2005,
13:52do Gilberto Carvalho, me chamando a pedido do presidente Lula que fosse a Brasília,
13:56porque aquele problema estava acontecendo, se eu poderia ir.
14:01Cheguei em Brasília exatamente no dia 24 de agosto de 2005, eu me lembro porque é uma data histórica, é a morte de Getúlio.
14:06Fui levado inicialmente para a casa do Antônio Palocci, que era ministro da Casa Oficial do Vista Vazendo,
14:12para aguardar isso à tarde.
14:15E fiquei ali até que depois o Palocci veio do Palácio do Planalto e fomos ao Palácio do Planalto para conversar com o presidente Lula.
14:21Cheguei e encontrei ele num momento muito fragilizado e ele me convidou se eu poderia ajudá-lo nesse momento.
14:29Eu disse que sim.
14:30E ele nesse momento disse, olha, qualquer detalhe mais burocrático, para o senhor, depois o Palocci conversa com você.
14:37Isso foi ainda em 2005.
14:39Isso ainda foi em 24 de agosto.
14:41A presidente tinha dúvidas, inclusive, se seria candidato.
14:45O Palocci, nessa noite, falou comigo e me disse, olha, depois que conversamos sobre isso,
14:52veja como quase um convite você fazer a campanha no próximo ano, mas ainda indefinido, depende do que acontecer,
15:02mas há que você pode ajudar nesse período.
15:04Eu falei para ele, disse, olha, relaxa, tudo bem.
15:07O que eu imagino é que vocês estão vivendo uma crise muito profunda por causa de financiamento ilegal de campanha,
15:15que não se repita o mesmo erro.
15:16Ele disse, não, de forma alguma, nós temos que agreditar.
15:18E nesse período, disse ele, nós fazemos algum contrato de prestação de serviços.
15:26Ele disse, olha, qualquer coisa você começa com o Mônica, porque o Mônica já tinha uma relação anterior,
15:30porque o ano anterior nós tínhamos feito uma campanha em Ribeirão Preto.
15:33Então, quando, em maio, já de 2006, Palocci senta, o único contato que eu tive, porque eu não acerto os detalhes,
15:43mas na relação com Palocci, que era uma relação antiga, que vinha de 1996,
15:49ele conversa comigo e disse, olha, infelizmente não vai poder ser tudo com recurso contabilizado,
15:56por causa das dificuldades naturais, por causa da cultura existente,
16:02mas nós temos uma empresa que dá total garantia para a realização,
16:11para fazer um pagamento sem menor qualidade.
16:13E quem empresa é?
16:13Ele disse, você deve conhecer a Odebrecht, se é baiano, tem que conhecer.
16:16Aí eu digo, olha, com a Odebrecht eu não tenho nenhuma relação.
16:19Ao contrário, eu acho que eles devem ter uma péssima lembrança de mim,
16:22porque em 1992, quando eu estava na Isto É, acontece o assassinato do governador do Acre,
16:30Edmundo Pinto, eu fiz uma matéria muito forte contra isso,
16:35onde eles próprios se queixaram do Isto É, porque nessa matéria,
16:38eu mostrei que na véspera do assassinato do governador,
16:42pessoas da Odebrecht estavam no hotel com ele, etc.
16:45Ele disse, não, mas isso aí é coisa que tem muito tempo, etc.
16:48Agora ele perguntou, mas eles querem pagar isso?
16:50Aí chegaram ao ponto da sua pergunta, só querem pagar isso lá fora.
16:55Você tem conta que você recebe lá fora?
16:58Eu digo, tem, porque eu tinha uma conta aberta em 1999,
17:01praticamente inativa, e eu digo, tá.
17:04Então foi aí, eu digo, agora, qualquer detalhe, qualquer coisa,
17:07você conversa com a Mônica, a partir daí, Mônica passa a coordenar
17:10essa operação.
17:13E nas campanhas posteriores lá, por exemplo, de 2010,
17:16ou esses pagamentos de 2011, o senhor chegou a tratar esses assuntos novamente
17:21com o senhor Antônio Palocci?
17:22Tangencialmente, sim, em alguns momentos, também.
17:26Porque, quando...
17:29Primeiro, antes de chegar aí,
17:32e para ter uma sequência cronológica,
17:36que me ajuda, inclusive, a narrar,
17:37ocorreu um atraso.
17:41Sempre que ocorria um atraso,
17:43e a primeira vez que ocorreu um atraso,
17:45na primeira campanha do presidente Lula,
17:47eu procurei a Lócio
17:50para dar o alerta, dizer, olha,
17:52tem um atraso,
17:53Mônica tem, é como se fosse um alerta vermelho,
17:56que eu chamava, porque sempre acontecia isso,
17:58sempre, nossas campanhas,
17:59qualquer pessoa, marqueteiro,
18:01sempre teve esse momento,
18:02onde tinha um atraso que estava ficando insuperável,
18:05e que tinha que se tomar uma medida mais dura.
18:08Então, eu falei, olha, nós vamos parar.
18:11Porque, senhor Antônio Palocci?
18:13Então, essa vez,
18:14e toda vez que tinha uma crise de pagamentos,
18:16eu tratava com ele sobre isso.
18:20Sim, mas, inclusive, tratava sobre pagamentos não contabilizados?
18:23Sim, claro.
18:24Porque os atrasos, da excelência,
18:26sempre ocorrem no pagamento não contabilizado.
18:29Os atrasos dentro da escrita oficial,
18:33da contabilidade oficial,
18:35quase não acontecem.
18:36Porque não pode,
18:37a lei não permite,
18:38se você sabe disso,
18:39toda campanha tem que encerrar o seu exercício
18:42com todos os pagamentos em dia,
18:44ou quase em dia,
18:45ou declarar a dívida.
18:46Então, paga-se novamente o recurso oficial e depois.
18:49Por exemplo, a campanha de 2010,
18:51a presidencial,
18:53com quem que o senhor,
18:54foi o senhor ou foi a Mônica que acertou,
18:56vamos dizer, o custo disso,
18:57o seu preço, o preço do seu serviço.
18:59O preço final, o detalhe, Mônica, que acertou.
19:02E eu ficava sempre exercendo,
19:04exercendo esse tipo de vigilância.
19:07Eu era essa espécie da polícia,
19:09que cobrava o pagamento.
19:12Chegou a conversar sobre esses fatos com o senhor Palocci?
19:17Sim, várias vezes.
19:19Sobre o preço da campanha em 2010?
19:21Também.
19:22O preço e esses atrasos sistemáticos.
19:27Ele acompanhava de perto.
19:28Quando foi tratado sobre esse preço, em 2010,
19:30o senhor também ouve essa mesma conversa
19:33sobre parte no oficial e parte na contabilidade?
19:36Houve, e houve de novo o meu alerta,
19:39o meu pedido, a minha cobrança,
19:41de que, primeiro, fossem os recursos oficiais.
19:45Quanto mais...
19:46Segundo, conseguia um pouco isso,
19:48até pela força de minha pressão
19:50e um pouco do meu prestígio interno.
19:52Se eu comparar,
19:53eu acho que já falei isso aqui,
19:54faço questão de repetir.
19:57Comparado com campanhas anteriores,
19:59o preço oficial,
20:01aquilo que foi contabilidade oficial,
20:02cresceu bastante.
20:03Eu gostaria que pudesse ter exercido isso com mais força.
20:08Então, novamente, eu tratava disso.
20:10Mas o detalhe final, o custo, etc.,
20:13Mônica sempre tratava.
20:14Tratava essas questões de pagamentos não contabilizados
20:17com outros agentes do Partido dos Trabalhadores
20:19para essas campanhas?
20:20Todos sabiam.
20:22Inclusive, os tesoureiros,
20:25os coordenadores de campanha,
20:27sabiam exatamente os detalhes
20:29e que Mônica tratou com eles.
20:31O senhor chegou a tratar, por exemplo,
20:33com o senhor João Vacari Neto,
20:34já que era acusado nesse processo?
20:35Eu não.
20:35Eu, pessoalmente, não.
20:37O Vacari, eu pouco contato tive com ele.
20:40Eu já falei até aqui,
20:42por coincidência trágica,
20:43o Irónico,
20:45eu vim ter mais contato com o Vacari.
20:46aqui em Curitiba, eu já falei.
20:48Mas Mônica, sim.
20:50O senhor diretamente, não?
20:51Não, não, não.
20:52Porque até nós não nos davam bem.
20:57Porque, aí na sua avaliação,
20:59eu sei que já me perguntei isso,
21:00mas acho que é relevante
21:02se eu estou depondo num outro momento,
21:05porque se podia fazer o pagamento oficialmente,
21:10se as empresas podiam fazer as doações oficiais,
21:15por que recorrer a esses pagamentos não contabilizados?
21:17Qual que é a avaliação?
21:18Essa mesma pergunta que o senhor está me fazendo,
21:20eu fazia internamente.
21:22E fazia até de uma forma mais dura,
21:24mais agressiva e até mais escatológica.
21:27E o que era dito?
21:27O que era dito era óbvio.
21:29Primeiro,
21:30os financiadores não querem fazer dessa maneira.
21:33Nós não temos como fabricar dinheiro.
21:36Existe uma cultura,
21:37existe uma doutrina de senso comum.
21:40E o Caixa 2 existe dessa maneira.
21:42Então, é impossível lhe pagar.
21:44Se você não puder receber assim,
21:46a gente não pode fazer a campanha com você.
21:49Então, era exatamente esse tipo de resposta.
21:52E eu entendia sinceramente essa realidade.
21:56E exercia mais uma pressão para diminuir o montante por fora,
22:01como se chamava,
22:02do que tendo a esperança ou a veleidade
22:05ou a hipocrisia de dizê-lo aqui que pudesse conseguir.
22:09Eu errava nisso, errei e cometi esse crime.
22:13O senhor não tinha presente, por exemplo,
22:14que o senhor poderia estar se envolvendo em algo mais complicado?
22:17Porque, por exemplo, o grupo do Ibaeste,
22:19em vários contratos com o governo federal?
22:22Na dimensão, sinceramente, doutor,
22:24na dimensão de que hoje eu estou vendo, jamais.
22:27Mas, obviamente, eu sabia que era um recurso ilícito.
22:30E existia algum tipo de contrapartida.
22:33Que contrapartida era de onde viria, eu não sabia.
22:36Eu acho até que era um comodismo.
22:38Era uma forma que meu cérebro construía
22:40para me defender dentro disso.
22:43Mas, obviamente, eu sabia disso.
22:45Mas não a dimensão.
22:46Essa dimensão de hoje realmente é assustadora.
22:49Porque, quando, inclusive, o próprio Palocci
22:52veio me dizer que a Odebrecht
22:53era empresa que estava vindo por segurança,
22:56eu, candidamente, singelamente,
22:59imaginava que a Odebrecht só pagasse,
23:02pelo menos na minha área, para mim.
23:04Hoje eu vejo que, além desse grande escopo de pagamento,
23:08até mesmo para a minha área,
23:10vários marqueteiros receberam assim.
23:13Alguns já apareceram.
23:14Pode ser que apareçam muito mais.
23:15O senhor chegava a ter esse tipo de conversa,
23:18essa discussão com também agentes do grupo Odebrecht?
23:21Não.
23:22Não, porque eu nunca tive contato com eles.
23:24Eu nunca tive nenhum contato com nenhum,
23:27nem donos, nem diretor da Odebrecht.
23:29Eu já disse aqui, fazer uma célula de Odebrecht,
23:31apertei a mão dele,
23:33num coquetel no Itamaraty,
23:34na Deplamação da Nilma.
23:36Conheci aqui, na Caceragem.
23:38O pai dele, só troquei um telefoneiro uma vez com ele.
23:42E nenhum diretor eu conheci.
23:44As pessoas aqui denunciadas,
23:46o senhor Branislav Conti, que o senhor conheceu?
23:48Conheci na antessala de Palocci,
23:51porque o Branislav foi muito simpática,
23:53que era o chefe de gabinete dele.
23:55Não o chefe de gabinete mesmo,
23:56no Ministério da Fazenda,
23:57que o chefe de gabinete era Juscelino Dourado,
24:01que eu conheci também.
24:02Conheci e tive uma relação próxima.
24:05Mas o Bran eu conheci, assim, de visto.
24:09Sempre muito cordial,
24:10mas não passou nunca de uma perda de mão e um sorriso.
24:13Chegou a tratar esses assuntos financeiros também?
24:15Nunca.
24:16O senhor Marcelo Ben-Odebrecht, o senhor mencionou, né?
24:19O senhor Fernando Miglácio,
24:21não chamou de conhecer.
24:22Nem o Berto?
24:23E o Berto, tampouco.
24:25Luiz Eduardo Alvaro Soares?
24:26Tampouco.
24:27Todos eu vim a conhecer aqui em Curitiba.
24:29Olívio Rodrigues Júnior?
24:30Igual.
24:30Marcelo Rodrigues?
24:32Igual.
24:32Rogério Santos Araújo?
24:33Nem aqui em Curitiba eu conheci ele.
24:37O senhor João Carlos de Medeiros Ferraz,
24:39que seria presidente da Sete Brasil?
24:41Nunca vi.
24:42Eduardo Costa Vasmoza?
24:43Tampouco.
24:44E Renato de Souza Duque?
24:46Tampouco.
24:46Eu conheci o Duque aqui também.
24:49Bom, em princípio, são essas questões.
24:50Juiz ou eu passo ao comissário público?
24:53Sem perguntas.
24:54O senhor mencionou a campanha de 2006,
25:08sou advogado do Antônio Palocci.
25:10O senhor mencionou a campanha de 2006,
25:12o senhor teria conhecido o senhor Antônio Palocci,
25:15que teria dito que a Odebrecht pagaria o senhor
25:17por serviço que eu prestaria naquela campanha.
25:19O senhor assinou algum contrato de prestação de serviço
25:21com o Partido dos Trabalhadores ou com a campanha política da época
25:24para prestar esse serviço naquela época?
25:26Não, antes eu queria fazer uma informação que o senhor disse.
25:28Eu conheci Palocci em 1996,
25:31quando ele estava saindo da primeira mandada da prefeitura.
25:34Perfeito.
25:34Estabelecendo uma relação de 20 anos,
25:37uma relação profissional, política e pessoal.
25:41Bem claro.
25:41Quanto a esse contrato,
25:43Mônica é quem pode ser mais,
25:45contrato extra,
25:46ou contratos de gaveta ou qualquer coisa, não.
25:49Foi feito um contrato.
25:50Exatamente o que eu estou perguntando.
25:51Foi feito um contrato que está no TSE,
25:56no valor X, que eu não me recordo agora.
25:58O senhor me interrompe um minutinho só,
26:00o senhor precisa continuar respondendo o microfone.
26:02Perdão.
26:03Eu quero até virar para ele,
26:04mas puxei o microfone mais próximo.
26:05Pode puxar aqui.
26:06Isso.
26:06Obrigado.
26:08E esse contato que o senhor teve com o ex-ministro Palocci em 2006,
26:11foi anterior ou posterior à assinatura desse contrato
26:14de prestação de serviço?
26:15Eu acho que foi anterior.
26:17E quero repetir que a minha relação com o Palocci...
26:19Isso está muito claro.
26:20O senhor perguntou se foi anterior ou posterior.
26:22O senhor sabe a data da assinatura desse contrato?
26:24Não sei.
26:24Não sei exatamente.
26:26E mesmo antes da assinatura do contrato,
26:27o senhor mencionou que o Antônio Palocci disse ao senhor
26:29que a Odebrecht pagaria através de Caixa 2?
26:31Mesmo antes de assinar o contrato?
26:32É isso mesmo?
26:33Claro.
26:33Por isso, eu digo ao vossa excelência, ao senhor,
26:35que isso é uma prática muito comum.
26:36Perfeito.
26:37Mesmo antes de assinar o contrato?
26:38Mesmo antes de assinar.
26:39Antes de assinar, inclusive,
26:40é que dentro desse mundo obscuro,
26:44que é o financiamento eleitoral,
26:47é feito dessa maneira.
26:48A data desse encontro o senhor não lembra, né?
26:50Não, mas acho que deve ter sido maio de 2006.
26:53Tá.
26:54Por aí.
26:54E o senhor recebeu por dentro,
26:56pela prestação de serviço dessa campanha de 2006,
26:58ou só por fora?
26:59Claro que a minha empresa recebeu oficialmente.
27:04E esses recursos estão declarados no TSR.
27:07E com quem o senhor tratava para receber esses valores oficiais?
27:11Eu não tratava com ninguém.
27:12Quem tratava era minha mulher e minha sócia.
27:14Minha sócia, o Mônica Moura.
27:16Acho que com o Felipe,
27:18que era o tesoureiro da campanha,
27:22e também com o tesoureiro do VT.
27:24E na campanha de 2010,
27:25com quem o senhor tratava para receber os valores?
27:27Eu repito, eu pessoalmente não tratava,
27:30mas eram as mesmas pessoas.
27:32Quem?
27:33Mônica tratava,
27:34em 2010 ainda era o Felipe,
27:36era a Palocci.
27:37Palocci era quem tratava da articulação,
27:40articulação político-financiada, digamos assim.
27:43E o Felipe,
27:44acho que nem sei se o Vacari exatamente,
27:46mas o Felipe tratava dos pagamentos oficiais.
27:50E quando havia atraso dessa natureza,
27:52ela procurava eles.
27:54E quem operacionalizava esses pagamentos
27:56da campanha de 2010 agora?
27:57Estou me referindo à campanha de 2010.
27:59O senhor sabe?
28:00Operacionalizava em que sentido?
28:02No sentido de promover o pagamento.
28:03O contabilizado ou não contabilizado?
28:06Os dois.
28:07No sentido de promover o pagamento.
28:08Essa é a minha pergunta.
28:09Quem promovia o pagamento do contabilizado,
28:11obviamente, era o partido.
28:13Era dentro...
28:13O partido não,
28:14o comitê do candidato.
28:17Porque o senhor sabe
28:18que o comitê assume as dívidas do candidato.
28:20É o que eu imagino.
28:21É o que eu imagino.
28:23E o não contabilizado é aquilo que eu já declarei.
28:26Aqui é o juiz.
28:27E vamos entrar um pouquinho mais nesse problema
28:30dos pagamentos não contabilizados.
28:33O senhor sabe como é que o senhor recebia
28:35esses valores não contabilizados?
28:37Esses valores?
28:38Mônica deve ter explicado ao senhor.
28:40Uma parte deles ia para a conta Shellbill,
28:43outra parte, acho que se recebia em cash.
28:45E o que determinava que esses pagamentos
28:49deveriam ser feitos na conta Shellbill?
28:51O senhor sabe dizer?
28:51Acho que é a própria Debreche.
28:53A própria Debreche?
28:54Acho que sim.
28:56O senhor tem empresas no exterior?
28:59Tenho várias.
29:00Todas legalizadas,
29:01quatro ou cinco empresas.
29:02E o senhor recebia honorários
29:04através dessas empresas
29:05por serviços por ela prestados no exterior?
29:07Nessas campanhas que o senhor se refere,
29:10não.
29:11Nessas campanhas brasileiras, não.
29:12Mas nesse período,
29:13eu também recebia.
29:15Pagamentos é porque houve uma simultaneidade.
29:18No ano de 2002...
29:20Não, vamos para o ano de 2010,
29:21isso é o que interessa.
29:21Eu quero explicar o senhor.
29:22No ano de 2012,
29:24nós fizemos quatro ou cinco
29:26campanhas simultâneas internacionais.
29:29Então, obviamente,
29:30que havia contratos para empresas
29:32estabelecidas nesses países
29:35e pagamentos para elas.
29:37Eu vou interromper um minutinho
29:38pelo tamanho do óleo aqui.
29:39Não.
29:40Não é verdade.
29:40Não é verdade.
29:41Não é verdade.
29:41Não é verdade.
29:42Mas isso é um minutinho.
29:42Não é verdade.
29:43Não é verdade.
29:43Não é verdade.
29:43Agora eu vou te pedir,
29:43não é verdade.
29:44Eu vou te fazer aqui.
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