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  • 19/06/2025
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Notícias
Transcrição
00:00Então, na ação penal 504-65-12-94, depoimento do Sr. José Aldemar e o Pinheiro Filho.
00:08Excelência, tem uma questão de ordem?
00:10Qual seria, doutor?
00:12Na data de ontem, o jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem dizendo que o interrogando
00:20estaria negociando um acordo de delação premiada.
00:23Diz a reportagem que o teor do depoimento a ser prestado hoje teria sido negociado com o Ministério Público.
00:35E também hoje uma matéria do jornal Valor Econômico vai na mesma linha.
00:39Então, em atenção à lealdade processual, eu gostaria que V. Exª indagasse ao Ministério Público
00:46se existe um processo de delação premiada e qual é o status desse processo.
00:51Perfeito. O Ministério Público pode esclarecer aí ou a defesa do próprio...
00:55Sim.
00:57Só daí, pode alcançar o microfone, então, doutor?
00:59Pode pegar esse aqui ou...
01:00Pode, pode ser aqui.
01:01Isso.
01:03Pode ser aqui.
01:05Doutor, fique à vontade.
01:07Excelência, respondendo à legação do eminente advogado, sim, existem conversas com o Ministério Público,
01:13não há a formalização de um acordo, muito menos a homologação deste acordo pelo Judiciário,
01:20mas há, sim, conversas estabelecidas por este advogado, e alguns advogados hoje que atuam
01:26em nome de Léo Pinheiro, com o Ministério Público.
01:28É isso.
01:29Aliás, isso seria dito textualmente pela defesa.
01:32Certo.
01:33Há alguma coisa a acrescentar ou...
01:35Não, não, é isso.
01:37Nada, eu estou a acrescentando, se não se desculpe.
01:39Perdão.
01:39O eminente advogado leu a matéria da Folha de São Paulo, dizendo que este...
01:45A matéria diz, segundo eu posso ter entendido, que a defesa teria negociado esse depoimento
01:50com o Ministério Público.
01:52Isso, de fato, não ocorreu.
01:54Certo.
01:55Então, ficou o esclarecimento?
01:56Na verdade, excelência, eu pediria, então, a suspensão, porque não é possível, interrogando,
02:05prestar um depoimento, se está em processo de delação premiada, como foi confirmado
02:10aqui.
02:11Porque há negociações em curso, evidentemente que a acusação está tendo um tratamento
02:18que a defesa também não tem.
02:20Porque se há uma negociação em curso, se há versões sendo negociadas, se há benefícios
02:26sendo estabelecidos, a defesa tem que saber claramente qual é a situação jurídica do
02:32interrogando para poder, assim, desenvolver o seu trabalho.
02:36Não é possível que haja hoje uma situação não esclarecida, quer dizer, há, como foi
02:41confirmada pelo ilustre advogado, esse acordo sendo negociado, não se sabe o status e a defesa
02:48se sente absolutamente prejudicada ao saber que as negociações estão ocorrendo e sem
02:55que se tenha uma posição efetiva de qual é a situação jurídica do interrogando.
03:00Hoje, ele pode, hoje, o interrogando tem o direito constitucional de ficar calado e de
03:06mentir.
03:07Agora, se ele é um delator, aí a situação jurídica se altera.
03:11Então, essa indefinição da situação jurídica me parece bastante prejudicial à defesa.
03:19Certo.
03:20Bem, já, doutor, eu, na verdade, não vejo motivo para suspensão, porque, no fundo, o
03:25acusado pode vir aqui no momento interrogatório e ele vai se defender, vai dar a versão dos
03:29fatos, quer seja verdadeira, quer não seja verdadeira.
03:33O fato de existir um acordo em andamento, alguma negociação, sequer se sabe se isso vai
03:38ser efetivado, não é causa de suspensão do processo.
03:41O vossa excelência poderia dar um prazo, então, para que isso esclareça?
03:44Não, estou indeferido.
03:46Já foi esclarecido que está em negociação?
03:49Excelência.
03:51Parece que a questão...
03:53Tem que ser no microfone, doutor, porque senão daí não fica nada registrado.
03:58Se vossa excelência puder registrar também ata, a questão principal parece com a possibilidade
04:03de haver surpresas da defesa em relação à condução do processo.
04:08O processo demonstra uma realidade fática, empírica, até esse momento.
04:16Se o interrogatório é realizado hoje com o intuito de se incluir fatos novos no processo,
04:27elementos novos, a defesa seria surpreendida e teria que se abrir possibilidade da defesa
04:34apresentar requerimentos de novas provas, inclusive testemunhar isso.
04:39Por como, tio?
04:40De onde, doutor, essa construção?
04:42Não entendo.
04:42Nós estamos antevendo...
04:43Temos uma acusação que não está sendo alterada, não é?
04:46Excelência.
04:46São novas provas que são produzidas durante o processo.
04:50Eu peço que vossa excelência registre anteriormente ao depoimento dos protestos da defesa, para
04:57no caso de haver surpresa durante o curso do interrogatório, para que posteriormente
05:04a defesa possa fazer seus requerimentos e não haja uma surpresa do juízo em relação
05:08a isso.
05:09Veja, tem a fase 402, doutor, que é para isso mesmo, porque logo depois do interrogatório
05:13podem ser requeridas vigências complementares, para ficar registrado o protesto, mas a defesa
05:18vai ter a oportunidade de fazer eventuais requerimentos novos, se eventualmente aqui
05:23tiverem novos elementos.
05:25Eu gostaria só de registrar que, respeitando o trabalho dos colegas, mas diante do teor da
05:32reportagem da Folha de São Paulo, que diz textualmente que...
05:38A gente deferia a questão que o doutor colocou, é outra questão?
05:41Isso é outra questão?
05:42Vossa excelência, me permita fazer uso da palavra.
05:44Qual que é a questão, doutor?
05:45Estou dizendo que diante do teor desta reportagem da Folha de São Paulo, que diz inclusive
05:50ter ouvido pessoas ligadas às investigações, nós fizemos um pedido à Procuradoria Geral
05:57da República que apure aqui, eventual ilícito, tendo em vista que um processo de negociação
06:04de uma delação premiada não pode, evidentemente, ocorrer dessa forma, sem que os outros correus
06:11tenham conhecimento do que está se passando fora da luz do sol e também com uma situação
06:17posta aqui pelo jornal, que não é compatível com a legislação.
06:20Então, existe hoje um pedido da defesa para que haja uma investigação em relação a esse
06:25fato, o que, ao meu ver, corrobora a necessidade de suspensão desse ato processual até que
06:32isso é puro e isso é claro.
06:33A questão já foi indeferida, doutor.
06:34A questão já foi indeferida.
06:35E se a defesa formulou algum requerimento lá na Procuradoria Geral da República, a
06:39Procuradoria Geral da República deve apreciar, imagina.
06:41Mas é um elemento para Vossa Excelência analisar.
06:43Eu já analisei, não tem causa de suspensão e, como foi mencionado pelo doutor advogado,
06:50não existe negociação de teor de depoimento.
06:52Está indeferida essa questão.
06:54Vamos, então, começar aqui a inquirição.
06:59Então, voltando aqui, Sr. José Aldo Mário Pinheiro Filho.
07:02O senhor foi acusado de um crime pelo Ministério Público Federal na condição de acusado.
07:07O senhor tem um compromisso com a justiça.
07:10Desculpe.
07:11O senhor tem o direito de permanecer em silêncio.
07:13Se o senhor fizer uso desse direito, isso não lhe prejudica pela nossa lei, certo?
07:20Certo.
07:23Não obstante, é a oportunidade que o senhor tem de falar no processo.
07:27Tudo que o senhor falar vai ser considerado para o julgamento.
07:30O senhor prefere falar ou o senhor prefere ficar em silêncio?
07:32Eu vou falar, Excelência, e esclarecer todos os fatos dentro da verdade.
07:39Foi mencionado que o senhor estaria num processo, o senhor defensor, o Ministério Público,
07:44estaria num processo de negociação de um acordo de colaboração premiado.
07:48Como não existe esse acordo, o senhor não depõe ali sobre a égida 12.850.
07:53Não existe um acordo formalizado.
07:55Não obstante, eu vou advertir o senhor que se for sua intenção realmente colaborar,
08:00que a única coisa que interessa à justiça é a verdade dos fatos, certo?
08:05Correto.
08:06Nada interessa à justiça que o senhor exagere ou o senhor exclui no seu depoimento, certo?
08:11Certo.
08:12E mesmo sem a égida de um acordo de colaboração, embora o senhor mantenha esse direito ao silêncio,
08:19embora o senhor possa até faltar com a verdade sem que o senhor sofra alguma penalidade,
08:24existem alguns tipos penais no nosso Código Penal, como por exemplo a denunciação caluniosa.
08:28Então, se o senhor, mesmo sem acordo, atribuir falsamente a alguém a prática de um crime,
08:34o senhor responde criminalmente.
08:35Correto.
08:37Senhor Zé Aldeo Mário, antes de começar o seu depoimento, algumas questões preliminares.
08:43O senhor é...
08:45O senhor já exerceu o cargo de presidente do Grupo OS, isso?
08:50Exatamente.
08:51Perfeito.
08:52Quando que o senhor assumiu essa posição?
08:54Eu fui presidente primeiro da construtora OS e depois presidente das duas holdings,
09:02OS Engenharia e OS Investimento.
09:04Desde 1997, professor Mariano.
09:0997, o senhor era presidente da construtora?
09:12Sim.
09:13Quando o senhor se tornou presidente das holdings?
09:162000, 2001.
09:192000, 2001.
09:21O senhor pode me dizer se a Petrobras era um importante cliente do Grupo OS?
09:31A Petrobras foi um cliente do Grupo OS quando nós adquirimos a Ultratec do Grupo Ultra.
09:39Uhum.
09:40Depois nós vendemos essa empresa e ficamos sem atuar na Petrobras.
09:45Viemos a retornar a ser contratado na Petrobras a partir de 2006, 2007.
09:53Se não me falo da memória.
09:54E a partir dessa fase a Petrobras era importante cliente do Grupo OS?
09:59Não, antes disso não.
10:02Tá, depois de 2006.
10:04Depois passou a ser.
10:05Uhum.
10:06E o senhor sabe me dizer se era o principal cliente, não era o principal cliente, como
10:12é que era a receita proveniente da Petrobras para o Grupo OS em relação aos demais?
10:20Acredito em torno de 10% a 15%.
10:2310% a 15%.
10:24De todos os nossos negócios, inclusive do exterior.
10:27E no âmbito da construtora?
10:30Tinha um peso maior.
10:32Acho que em torno de 20% a 25%.
10:35Esse processo aqui em particular, ele trata de contratos que o Grupo OS teria obtido junto
10:44à refinaria do Nordeste, Abreu e Lima e igualmente na Repar.
10:51No consórcio Conex e Renest com dois contratos e no consórcio Compar.
10:56O senhor acompanhou esses contratos, essas obras?
10:59Sim, na medida da minha função de presidente, mas eu tinha as informações do que ocorria.
11:06O senhor participava das negociações também, não?
11:09Não.
11:10Relativos desses contratos?
11:11Não, não, não.
11:12Qual era o papel do senhor Agenor Franklin Magalhães Medeiros nessa época?
11:16Agenor era o diretor-superintendente da nossa área de óleo e gás, petróleo e gás.
11:25A empresa era seccionada em diretorias superintendentes regionais e segmentadas também por tipo de negócio.
11:35Então, ele comandava a área de petróleo e gás.
11:38Ele que estava, cuidava mais diretamente desses contratos, por exemplo?
11:43Sim.
11:44Ele e uma equipe.
11:46Isso diz respeito a uma outra ação penal, mas ela é mencionada amplamente aqui nessa denúncia.
11:55Houve já um caso que foi julgado, inclusive o senhor foi condenado, e foi concluído que esses contratos
12:02teriam gerado pagamentos de vantagem indevida a agentes da Petrobras, especialmente ao senhor
12:08Paulo Roberto Costa. Esses contratos da Petrobras envolviam pagamentos a agentes da Petrobras?
12:15Sim.
12:16Isso acontecia de uma maneira frequente ou foram casos isolados?
12:21Frequente.
12:23O senhor pode confirmar ou não se o senhor Paulo Roberto Costa teria recebido esses valores?
12:30Eu vim conhecer o doutor Paulo Roberto, acho que no ano 2009, 2010. Mas tinha conhecimento,
12:37sim.
12:38ou essas vantagens indevidas, por exemplo, nesses contratos do Renest ou do Compar, quem
12:46negociou pela OAS esses pagamentos?
12:51Na Repar e na Renest deve ter sido, na parte do Paulo Roberto, deve ter sido através dos
13:01nossos associados. Nós tínhamos posições minoritárias no caso da Repar e posição igualitária
13:08no caso da Renest, mas nós não éramos o líder do contrato da Renest, mas tínhamos
13:13pleno conhecimento do que ocorria. E fomos informados e tinham uma metodologia de pagamento
13:18disso.
13:19Havia também desses contratos, juntamente com os pagamentos a agentes da Petrobras, parte
13:27dos valores sendo direcionados a agentes políticos ou a partidos políticos?
13:32Sim.
13:33Existia alguma regra relativa a esses pagamentos?
13:37Não. Não existia regra. Existia regra para o pagamento para cada partido, mas dentro
13:46de cada operador desses partidos, a forma de pagar dependia de cada caso, de cada empresa.
13:53O senhor Paulo Roberto Costa, até depondo nesse mesmo processo e também naquele, mencionou
13:58que havia uma espécie de percentual de pagamento de vantagem de vida de 1%, que seria dividido
14:05entre agentes da Petrobras e agentes políticos. Havia isso mesmo?
14:09Havia.
14:10no caso do senhor Paulo Roberto Costa, havia pagamento a algum partido específico?
14:19No caso...
14:21Ou algum agente político específico?
14:23Diretoria de abastecimento?
14:25Acredito que sim. Acho que o partido, o PP, né?
14:30mas não sei se exatamente a forma como a OS fez esses pagamentos se foram direcionados
14:35diretamente.
14:36É porque foram usadas algumas outras empresas que recebiam os recursos nossos e depois distribuíam.
14:43No caso da Reneste, sim, houve especificamente para o PSB, em Pernambuco.
14:57Havia também pagamentos a agentes da Petrobras, da Diretoria de Serviços?
15:02Por exemplo, o senhor Renato Duco e o senhor Pedro Barusco?
15:05Sim, havia.
15:06O senhor tinha conhecimento desses fatos na época?
15:08Tinha.
15:09Por que o senhor tinha conhecimento?
15:11Ele é informado em cada negócio que nós temos.
15:14Ao longo dos anos, a empresa é descentralizada, mas uma obra que tem um determinado voto,
15:22eu tinha conhecimento sim, e autorizava.
15:25O senhor se recorda quem lhe informou a respeito dos pagamentos, por exemplo,
15:29o senhor Pedro Barusco e o senhor Renato Duco, dentro da OS?
15:32Ou o senhor negociou diretamente?
15:34Eu fui procurado pelo senhor João Vacari e ele me falou que tinha um pagamento de 1% para o PT.
15:40Isso foi diretamente comigo.
15:43Nessa obra da Reneste?
15:45Na obra da Reneste.
15:47Na repaz, excelência, eu não me recordo, mas pode ter sido também.
15:51Esse dinheiro ia para o senhor João Vacari pessoalmente ou ele intermediava pagamentos a alguém?
15:57Esse dinheiro...
16:00Existia uma metodologia de quando em quando, via o quanto nós estávamos devendo para pagar,
16:12e ele determinava de que forma fosse e fez esse pagamento.
16:15Várias vezes via doações oficiais, tanto ao Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
16:22como a outros diretórios ou, em alguns casos, para alguns políticos.
16:27Não sei se você entende, havia uma espécie de conta corrente?
16:31Sim.
16:33Uma conta corrente não bancária, uma conta corrente...
16:36Não, informal.
16:37De débitos e créditos.
16:38E o que gerava créditos nessa conta corrente?
16:41Os créditos eram, a cada faturamento recebido, a cada fatura recebida,
16:49se aplicava o percentual de 1%, e isso era contabilizado informalmente,
16:56e de quando em quando era feito um acerto com o senhor João Vacari,
17:00e ele dizia, nos orientava a forma que devíamos pagar.
17:04Somente essas obras da Petrobras, do Compar e do Reneste geraram esses créditos ou outras também?
17:12Não, outras também.
17:13Da Petrobras.
17:14Outras também.
17:15Fora da Petrobras também?
17:17Fora da Petrobras também.
17:19Isso, o senhor tem mais ou menos...
17:22Sabe me dizer quando isso começou?
17:24Quando esse procedimento começou, aproximadamente?
17:272004, 2003, 2004, excelência.
17:31Acredito que 2004.
17:33No nosso caso.
17:35Certo.
17:42O senhor que foi responsável, vamos dizer assim, no início desse procedimento para essa negociação?
17:48Ou outras pessoas?
17:50Não.
17:51Nós não fazíamos parte daquele clube inicial da Petrobras.
17:56Certo.
17:57A OAS não fazia parte, até porque nós não víamos atuando.
18:01Então, esse clube tinha um privilégio sobre alguns contratos de maiores vultos.
18:08Eu, na época, eu pessoalmente procurei o governo para demonstrar a nossa insatisfação, pelo porte que nós já tínhamos na época, não podermos estar executando, participando das licitações desses contratos.
18:27E na Petrobras tem um sistema de avaliação dos grupos empresariais e tal.
18:38Então, precisava que o nosso cadastro fosse melhorado.
18:42E foi uma luta muito grande nossa para podermos participarmos dessas obras.
18:50sendo que na primeira, que foi a Repar, nós tivemos que ter uma atitude muito dura com o mercado, dizendo, ou nós vamos participar disso, ou nós vamos dar um preço menor e isso vai acabar com esse tipo de restrição à nossa permanência.
19:08E assim foi feito, nos acomodaram na obra da Repar, nós participamos, 24 ou 25% do montanha da obra.
19:18E aí viemos a participar do clube a partir de 2007, 2008.
19:24E dentro desse clube se faziam ajustes de licitações?
19:28De negócios, de licitações, sim.
19:30Na Petrobras?
19:31Na Petrobras.
19:32E o senhor mencionou que o senhor procurou o governo?
19:34Procurei.
19:37Eu não entendi assim o que o governo tinha a ver com o clube.
19:40Não, não tinha a ver com o clube, mas tinha a ver com a possibilidade da OAS ser aceita no cadastro da Petrobras para aquele nível de competição.
19:50Pois bem, vamos aqui agora para essa questão do tal do Triplex.
20:01Consta no processo que a OAS assumiu esses empreendimentos imobiliários do Bancop.
20:08O senhor participou desse procedimento, dessa negociação?
20:13Participei, sim.
20:15O senhor pode me descrever o que aconteceu?
20:18No ano de 2009, eu fui procurado pelo seu João Vacari, que tinha sido, ainda não me recordo, presidente do Bancop.
20:29E ele me colocou que a situação do Bancop era de quase insolvência.
20:35Eles não estavam conseguindo dar andamento em empreendimentos.
20:43Alguns estavam paralisados, já tinham começado e outros não tinham sido ainda iniciados.
20:49Ele me mostrou seis ou sete empreendimentos que o Bancop teria uma intenção de negociação conosco.
20:59Eu disse a ele que algumas premissas teriam que ser estabelecidas.
21:03O que nos interessava naquele momento, a área imobiliária nossa, nós atuávamos na Bahia.
21:10Estavam começando com alguns empreendimentos em Brasília e São Paulo era um local que nós tínhamos o maior interesse.
21:23E facilitaria muito para a gente também o fato de alguns empreendimentos já estarem com comercialização praticamente feita.
21:31Então, isso ajudava muito.
21:33Naquele momento, também, os terrenos em São Paulo estavam super valorizados em função do bom do mercado imobiliário.
21:41Então, ficou combinado, ele me mostrou a situação física de cada empreendimento e geográfico.
21:48Quando ele me mostrou esses dois prédios do Guarujá, eu fiz uma ressalva a ele que não nos interessava atuar.
21:55Tinha uma política empresarial nossa na área imobiliária, inclusive adotada por mim,
22:01que a empresa só atuaria em grandes capitais.
22:05Os nossos altos eram Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Porto Alegre por causa de um empreendimento grande
22:13que nós estávamos fazendo lá e ter um projeto imobiliário.
22:16Fora disso, nós não tínhamos interesse.
22:19Ele me disse, olha, aqui temos uma coisa diferente.
22:24Existe um empreendimento que pertence à família do presidente Lula,
22:29diante do seu relacionamento com o presidente, o relacionamento da empresa.
22:33Eu acho que nós estamos lhe convidando para participar disso por conta de todo esse relacionamento
22:39e do grau de confiança que nós depositamos na sua empresa e na sua pessoa.
22:44Diante disso, eu digo, olha, se tratando de uma coisa dessa monta, eu vou, de qualquer forma,
22:51eu teria que mandar fazer um estudo de viabilidade de cada empreendimento.
22:54Eu disse a ele, olha, não vejo problema.
22:56Eu vou passar isso para a nossa área imobiliária, que é uma empresa independente.
23:01A empresa fará os estudos, eu volto com você e a gente vê se é viável, como é viável e com quem podemos negociar.
23:11Desculpa, essa conversa foi em 2009, isso?
23:132009.
23:142009.
23:15Bom, quando essa conversa foi concluída, eu procurei o Paulo Acamoto, que era uma pessoa do estreito relacionamento do presidente
23:28e também do meu relacionamento.
23:30Então, eu procurei o Paulo Acamoto e disse, Paulo, o João Vacari me procurou, conhece isso e isso.
23:36O que é que você me recomenda, o que você me orienta?
23:40Ele disse, não.
23:41Nós temos conhecimento disso e isso tem um significado muito grande.
23:45Primeiro, o Bancop, o sindicato tem muita ligação conosco, com o partido.
23:50E segundo, porque tem um apartamento do presidente e eu acho que você é uma pessoa indicada para fazer isso pela confiança que nós temos em vocês.
24:01Eu disse, então pode, tá bom, pode fazer.
24:04Tá bom, voltei ao Vacari e com os estudos feitos, as duas empresas, ele indicou as pessoas do Bancop que tiriam autoridade para fazer, os membros da diretoria, e eu indiquei as pessoas da OAS que podiam negociar empresarialmente, porque realmente é um negócio muito difícil.
24:26Sim.
24:27Empreendimentos que não tinham começado, os outros estavam no meio, tinham problemas de ações do Ministério Público, tinha um quadro bem complexo.
24:35Mas isso tudo acabou ocorrendo bem e foram iniciadas as obras de cada empreendimento, nem todas simultâneas, por causa de uma questão de uma liberava antes que a outra.
24:47Certo. E como é que isso se desdobrou depois?
24:50Bom, em 2010, aproximadamente, aproximadamente, não, desculpe, em 2010, o jornal O Globo trouxe uma reportagem enorme sobre esse empreendimento e dizendo que o triplex pertenceria ao presidente, na época, ao presidente Lula.
25:11Eu fiquei preocupado pela exposição do assunto, tornei a procurar o Paulo Clamotto, eu estive com o João Vacari, depois procurei o Paulo Clamotto, dizendo como é que nós devíamos proceder, já que o triplex estava em nosso nome.
25:28E a aquisição, por parte da família do presidente, era de cotas e não tinha havido adesão para que empreendimento, e eu tinha uma autorização, inclusive, para vender o que estava reservado anteriormente, que era um apartamento tipo.
25:42A informação, a orientação que foi me passada naquela época foi de que, toque o assunto do mesmo jeito que você vinha conduzindo.
25:53O apartamento não pode ser comercializado, o apartamento continua em nome da OAS e depois a gente vê como é que nós vamos fazer para fazer a transferência ou o que for.
26:02E assim foi feito. Isso voltamos a tratar do assunto em 2013, se não me falem a minha memória.
26:14Mas antes de entrar em 2013, alguns detalhamentos aqui que eu gostaria.
26:18Tem uns documentos do processo, que segundo o Ministério Público, apontariam que a aquisição do apartamento pelo ex-presidente e pela esposa dele,
26:35se diria em respeito a um apartamento 141.
26:38Isso.
26:39Enquanto que esse triplex, parece que teria outro número, originalmente 174.
26:45164.
26:46164.
26:47164.
26:47É isso que o senhor se referiu agora há pouco?
26:51Exatamente isso.
26:51Dizendo que a cota dizia respeito a outra unidade?
26:53A cota dizia respeito a essa outra unidade, que era um apartamento tipo.
26:58E nós, para que, quando negociamos com o Mancop todos os empreendimentos,
27:04tinha um procedimento padrão de que as pessoas que tinham adquirido anteriormente, diretamente do Mancop,
27:14se eles podiam aderir a nossa incorporação ou simplesmente ter o recurso devolvido, corrigido por uma regra que foi estabelecida.
27:24Eram criadas comissões em cada empreendimento dos adquirentes e isso era negociado cada empreendimento com cada adquirente.
27:36No caso desse apartamento não foi, não foi, não houve assinatura do termo de adesão.
27:45Mas e qual que foi a explicação?
27:46Porque todos não tinham que fazer essa adesão?
27:49Todos tinham que ou ficarem com a unidade ou terem os recursos devolvidos de uma regra prefixada.
27:57Nesse apartamento eu fui orientado que não, que eu poderia negociá-lo, porque o apartamento da família seria o triplex.
28:07O apartamento que o senhor poderia negociar então seria o 141?
28:10141, exatamente.
28:12E foi negociado?
28:13Não.
28:14Não poderia negociar?
28:15Não poderia.
28:16Mas e quem ele orientou isso?
28:18O senhor João Vacari e o Paulo Camoto.
28:21Consta que esse apartamento 141 teria havido pagamentos pelo ex-presidente e sua esposa de ordem de 200 mil reais ainda ao tempo da Bancop.
28:40Mas isso diria respeito a esse apartamento 141.
28:44Era o mesmo preço o triplex desse apartamento 141?
28:48Não.
28:48Não.
28:48O apartamento tipo, excelência, se eu der algum número, é porque tem muito tempo e também a gente tinha 150 negócios ao mesmo tempo na empresa.
29:02O detalhe é difícil, mas você tratar do empreendimento que tinha o presidente, é lógico que eu tinha um conhecimento melhor.
29:11E foi feito algum, depois que foi lhe informado que eles ficariam com o triplex e não com o 41, foi lhe informado alguma coisa sobre o preço, a diferença de preço a ser paga então pelo ex-presidente?
29:25Respondendo a sua pergunta, o apartamento tipo, o apartamento tipo era de 80 metros quadrados, o apartamento triplex era três vezes essa área.
29:38Claro que a conta não é bem multiplicando por três, porque tem a parte do terraço que tem áreas descobertas, mas é como se fosse duas vezes e meio o preço, mais ou menos.
29:48Mas nessa época, em 2009, alguém lhe falou assim, não se preocupe, porque o preço vai ser pago pelo ex-presidente por fora?
29:56Não, isso não.
29:57E o senhor também não quis cobrar o preço?
29:59Eu não, naquela época, em 2009, foi dito para mim, você, o apartamento triplex, essa unidade, ela é uma unidade específica, você não faça nenhuma comercialização sobre ela, isso pertence à família do presidente, a unidade tipo, você pode vender porque eles não vão ficar com essa unidade, a unidade seria o triplex.
30:23E eu disse, como nós vamos resolver essa questão? Não, vamos iniciar. Em 2010, eu procurei o Vacari para conversar com ele como é que ele devia fazer.
30:36Não, não mexe nesse assunto, tem campanha presidencial, não mexe nesse assunto agora. Vamos deixar, depois das eleições, a gente vê a forma, eu vejo com o presidente como é que vai ser feito isso.
30:47Bom, depois das eleições, não sei que período mais ou menos, o ex-presidente teve uma doença grave e eu não me sentia confortável de tratar de um assunto desse.
31:02Eu só vinha voltar a tratar posteriormente com o João Vacari e com o Paulo Okamoto.
31:07Sempre eu tratava com o João Vacari e depois eu procurava o Paulo, que era a forma de... o presidente não estava hospitalizado, ou depois de um tratamento, inclusive de quimioterapia.
31:21E só vim tratar desse assunto com o presidente em 2013, eu pessoalmente com ele.
31:26E como é que foi isso? Ou melhor, antes só de prosseguir, eu vou interromper aqui pelo tamanho do áudio.

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