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  • 19/06/2025
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Transcrição
00:00Então, na ação penal 502.13.75.32, depoimento da senhora Mônica Regina Cunha Moura.
00:11De mesma forma, está sendo captado apenas o áudio aqui, diante do pedido do defensor de não ser gravada a imagem, com base aí na 12.850 também.
00:20Senhora Mônica, a senhora foi chamada nesse processo como testemunha, e além disso, existe a informação no processo que a senhora celebrou um acordo de colaboração com a Procuradoria Geral da República.
00:29É isso mesmo, não é?
00:30Isso, é verdade.
00:32Senhora Mônica, tanto na condição de testemunha como na condição de ter celebrado esse compromisso, a senhora está aqui obrigada apenas a dizer a verdade.
00:41Se a senhora faltar com a verdade, a senhora responde por um crime equivalente ao falso testemunho, além do que a senhora perde os benefícios desse seu acordo, certo?
00:50Sim, certo.
00:50Excelência, pela ordem, eu gostaria também de apresentar a contradita, não só pelo fundamento já apresentado anteriormente, que é o fato, com devida vênia, da testemunha ter interesse na versão que está sendo discutida nos autos.
01:07Além deste fundamento já apresentado, a denúncia é assinada pelo doutor Diogo Castor de Matos, sendo que a testemunha teve assessoria jurídica do escritório de Elivar de Matos, que é também irmão de um dos procuradores que assina a denúncia.
01:27Então, agrego este fundamento para apresentar a contradita.
01:33Alguma consideração?
01:35Se o Ministério Público não visualiza nenhum tipo de parcialidade na testemunha, presta o depoimento e dizer a verdade dos fatos, como ela já prestou compromisso perante o acordo de colaboração, no momento de firmar o acordo de colaboração já, homologada inclusive pelo Supremo Tribunal Federal.
01:52Então, reiterando aqui o que foi colocado anteriormente também, a 2850 é a clara expressa no sentido de que quem assina o acordo de colaboração tem que depor como testemunha e sob compromisso de dizer a verdade.
02:06Então, a pretensão da defesa me parece que ela contraria a letra expressa da lei.
02:11De todo modo, isso não impede que seja questionada a credibilidade.
02:14No que se refere à questão de um suposto relação entre advogado e o procurador, eu não vejo nexo com contradita.
02:26A defesa, se quiser, que apresente algum questionamento e esclareça qual que é a relevância jurídica para esse processo.
02:33Mas quanto ao depoimento, não vejo relação.
02:35Certo?
02:36Então, senhora Mônica, superados essas questões, mais uma vez eu reitero à senhora o seu compromisso de dizer a verdade aqui nesse processo.
02:44Também vou colocar claro para a senhora que o que interessa aqui é a justiça, é a verdade.
02:48A senhora não está aqui nem para confirmar a acusação, nem para confirmar uma tese da defesa.
02:52O juiz só quer saber da verdade dos fatos, certo?
02:55Certo.
02:55Então, a senhora não deve aí exagerar, a senhora não deve também excluir nada que seja do seu conhecimento.
03:00Se a senhora não souber algo que lhe foi indagado, a senhora diga simplesmente que não sabe.
03:04Certo?
03:05Certo.
03:06Ministério Público.
03:07Boa tarde, senhora Mônica.
03:08Boa tarde.
03:09Senhora Mônica, antes de tudo, informo a senhora que um depoimento que o seu prestou no processo 505-493288.2016
03:17foi juntado a esses autos no anexo 408 do evento 2.
03:22O senhor confirma o teor daquele depoimento que o senhor prestou anteriormente ao doutor Juiz Muro?
03:26Sim, confirma.
03:27Ok.
03:28Qual que é a profissão da senhora, doutor?
03:29Eu sou empresária na área de publicidade.
03:32A senhora e seu marido trabalharam junto em uma empresa chamada Polis, não é isso?
03:35É nossa empresa.
03:35Qual que era a atividade realizada pela empresa?
03:37É, marketing político, produção e criação de campanhas políticas.
03:43Ok.
03:43E como era a divisão de atribuições entre o senhor e o seu esposo?
03:47O João.
03:48O João sempre cuidou da parte criativa, estratégia política, condução de produção, enfim, a parte de criação.
03:58E eu sempre cuidei da parte operacional e financeira da empresa.
04:02Ok.
04:02Nessa atividade aí que a senhora colocou de marketing político, é isso?
04:06A empresa da senhora e do seu marido receberam pagamentos que foram não contabilizados?
04:11Sim.
04:12A senhora poderia me explicar um pouco sobre isso?
04:15É, em todas as campanhas que fizemos, e gostaria de reiterar aqui o que já falei outras vezes,
04:22tanto perante o excelentíssimo senhor juiz, quanto na época da minha colaboração,
04:26não existe campanha política no Brasil sem dinheiro não contabilizado, ou quer dizer, caixa dois.
04:32Não se faz.
04:33Se alguém disser que faz, não está falando a verdade.
04:36E eu só quero reiterar isso, porque isso é importante que seja colocado no contexto geral de tudo que aconteceu.
04:42Então nós dois trabalhamos em várias campanhas, a nossa empresa prestou serviços em várias campanhas,
04:46a vários candidatos de vários partidos, não trabalhamos só para o PT, vários partidos,
04:51no Brasil e fora do Brasil.
04:53E no Brasil, especialmente, todas as campanhas que nós fizemos para todos os partidos que trabalhamos,
04:57desde que começamos a trabalhar com a nossa empresa, foi feito com pagamentos oficiais,
05:02e pagamentos não contabilizados, sempre.
05:05Ok. E os pagamentos não contabilizados, como eles eram recebidos?
05:10Em dinheiro, às vezes em dinheiro entregue em mãos, depósitos feitos no exterior,
05:18essas duas formas, na verdade, ou dinheiro entregue em mãos no Brasil, ou depósitos em conta no exterior.
05:25Ok. Sobre depósito no exterior, qual era a conta utilizada para vocês receberem valores não contabilizados?
05:31O João tem uma conta, tinha uma conta na Suíça chamada Shellbill, a empresa chamava-se Shellbill,
05:37uma conta desta empresa, desde 1998 existe essa conta, e nós recebemos nessa conta, nessa conta do João.
05:46Ok. Essa conta recebeu pagamentos não contabilizados do grupo Odebrecht?
05:50Sim.
05:51Eu poderia circunstanciar, por favor?
05:52Bom, isso aconteceu desde 2006. Nosso primeiro contato com o Odebrecht foi na campanha de reeleição do presidente Lula, em 2006.
06:04Nós fizemos a campanha e, nesta eleição, nós já recebemos uma parte oficial e uma parte Caixa 2.
06:13E a Odebrecht pagou exatamente essa parte em Caixa 2 nesse ano. Foi o primeiro ano que nós tivemos relacionamento com a Odebrecht.
06:20E pagou uma parte no Brasil e uma parte em conta no exterior.
06:25E daí por diante, todas as campanhas que fizemos, não só para o PT, gostaria de colocar isso sempre,
06:31todas as campanhas que fizemos, nós tivemos esse tipo de pagamento.
06:35A maioria das vezes com a Odebrecht colaborando com os partidos.
06:38Quem era o contato dentro do grupo Odebrecht?
06:40Primeiro, logo no início, em 2006, era o senhor Pedro Novis.
06:47Foi o meu primeiro contato para acertar os pagamentos.
06:52Logo depois, acho que se não me engano, em 2010, mais ou menos, talvez um pouco antes, é 2010.
06:57A campanha em 2010, o Novis saiu, pelo menos do meu circuito, não sei se ele saiu da empresa ou não,
07:03e me foi apresentado o senhor Huberto, Huberto Mascarenhas.
07:07Foi com ele que eu passei a tratar desses pagamentos.
07:11Ok.
07:12Mais alguém além deles?
07:14Não, assim, o contato, quando eu digo contato, de acerto, né?
07:18A pessoa que comandava, digamos assim.
07:20Quer dizer, eu imagino que a ordem devia vir lá de cima, de Marcelo, eu não sei de quem, nunca tive contato com ele.
07:25Mas o meu contato era com o Huberto como diretor.
07:27Depois ele me passava para uma pessoa chamada Fernando Migliatti, que era um operador.
07:31Ele operacionalizava os pagamentos junto comigo, como é que ia ser, onde é que entregava, datas, enfim.
07:38Parte prática.
07:39Então eu tive contato com o Huberto e com o Fernando Migliatti, apenas.
07:44A senhora conheceu Maria Lúcia?
07:48Sim, conheci.
07:49Lúcia.
07:49No escritório da Debrecht, sim.
07:50Maria Lúcia.
07:51Ângela também, sim.
07:52Qual era o tipo de contato com elas?
07:55Eventualmente, quando eu precisava falar com o Huberto, eu entrava em contato com Maria Lúcia.
08:01Às vezes ela me avisava de pagamentos, de datas, que eventualmente podia mudar alguma coisa do que eu tinha acertado pessoalmente.
08:09Ela, às vezes, entrava em contato para me avisar.
08:12Enfim, alguns contatos, assim, esporádicos.
08:13Mas durante todo o período em que tivemos esse contato com a Debrecht, eu sempre falava com Maria Lúcia.
08:19Ângela muito menos, Maria Lúcia mais.
08:21Ok. E esses contatos com ela eram para pagamentos não contabilizados?
08:25Sim, sim.
08:26O senhor mencionou o Milhach, o Huberto?
08:29É, o nosso contato com a Debrecht era só isso, só isso, exatamente.
08:32Eles faziam os pagamentos de caixa 2, da parte da campanha que não era contabilizado,
08:38que o partido não podia ou não queria pagar por dentro, como se chamava.
08:41Ok.
08:42Então eles diziam que era uma colaboração da empresa, que a empresa estava colaborando com o partido,
08:46e que pagaria a parte não oficial.
08:49Ok.
08:50Os pagamentos do grupo de Debrecht foram feitos no interesse das campanhas do PT?
08:55Sim, várias campanhas do PT.
08:58Na verdade, com o grupo de Debrecht foi só as campanhas do PT.
09:00Porque a partir de 2006, com a vitória da campanha de reeleição do presidente Lula,
09:06nós passamos a fazer várias campanhas para o PT.
09:08Em 2008, nós fizemos a campanha da Marta Suplicy, em 2010 a Dilma e assim por diante.
09:13Então, foram várias campanhas do PT.
09:16Ok.
09:17E quem que era o contato no Partido dos Trabalhadores?
09:20O principal, quer dizer, o negociador, era o Palocci, com quem eu conversava sobre valores e, enfim,
09:28fechava os contratos.
09:30E depois disso, normalmente com...
09:32Bom, aí depende da campanha.
09:34Vacari, às vezes.
09:37O Felipe, se não me engano, em 2006, o tesoureiro da campanha era o Felipe,
09:40e aí com ele, mas normalmente o Vacari.
09:44A pessoa que eu tinha mais contato dentro do PT era com o Vacari.
09:47E era tratado com ele esses assuntos, dos reações, não contabilizantes?
09:51No caso com ele, os dois assuntos, tanto da parte oficial, contabilizada,
09:56quanto também da parte não oficial, era tratado com ele.
09:58Ok.
10:00Foi apreendida uma planilha, denominada a planilha, posição especial italiano.
10:05Você se recorda dessa planilha?
10:07Sim.
10:07E qual que era a circunstância dela?
10:09Eu só recordo da planilha porque eu tive conhecimento dela já aqui em Curitiba,
10:13claro, eu não conhecia a planilha antes, nunca me foi mostrado.
10:17Então eu conheci a planilha daqui, quando eu fui presa em Curitiba,
10:20que saí nos jornais, enfim, em todos os lugares.
10:22Antes disso, antes não, eu não sabia de planilha nenhuma.
10:26A senhora participou da campanha de reeleição do presidente Lula?
10:29Sim.
10:30E qual que foi o trabalho que vocês fizeram?
10:32A campanha, toda a parte de comunicação da campanha, toda.
10:35E receberam pagamentos não contabilizados em razão disso?
10:37Sim, também.
10:38Poderia circunstanciar, por favor?
10:40Valores, doutor, eu...
10:42Não precisa ser valores.
10:42Não precisa ser valores, né?
10:43Porque são 12 anos atrás e eu não tenho...
10:46Sim, eu sei de...
10:48Mas foi isso, nós fomos convidados a fazer...
10:50O João foi convidado a fazer a campanha.
10:53Teve várias conversas com o presidente Lula, com o Palocci, com as pessoas que cercavam ele na época.
10:59Conversas institucionais sobre a campanha, o que eles queriam, que tipo de campanha poderia ser feita naquele momento.
11:04Depois que foi acertado o que o João faria, que o João aceitou fazer, eu entrei para negociar.
11:10E aí me foi dito que seria o Palocci, que eu já conhecia de antes, que seria a pessoa com quem eu ia tratar.
11:17E conversei com ele, ele me disse naquele momento que aquele valor não poderia ser todo em caixa 1, dinheiro oficial,
11:24que o partido não tinha lastro suficiente para isso.
11:27Era o que sempre me diziam.
11:29E que tinha uma partinha que você paga por caixa 2.
11:31E a gente, como era uma coisa quase institucional, a gente acabava aceitando e fazia.
11:37É isso.
11:38E foi assim, em 2006 foi assim também, na campanha de reeleição.
11:42Mais uma vez.
11:43Vocês fizeram uma...
11:45Vocês fizeram uma campanha em Alcelador, é isso?
11:49Sim.
11:50Poderia me dizer, por favor?
11:51Em 2009, nós fizemos a campanha presidencial do então candidato Maurício Funes,
12:02era um novato na política e que entrou como um outsider, alguém que jamais ganharia aquela eleição,
12:08e a gente acabou ganhando a eleição, ele virou presidente.
12:12Essa campanha, esse convite para ir fazer essa campanha em Alcelador,
12:18partiu de alguém do PT, se não me engano, o Gilberto Carvalho,
12:23que conversou com o João sobre isso, que seria importante ter alguém lá que desse um reforço na campanha,
12:27porque era importante ganhar aquela campanha.
12:29Há 20 anos que o partido Arena, que é o partido de direita, lá só tem dois partidos,
12:35ganhava as eleições em Alcelador.
12:36Era, bom, sempre ganhou, desde que acabou a guerra nunca teve outro partido governando.
12:40E nós fomos para lá, passamos meses lá trabalhando e ganhamos essa eleição.
12:47Mas, na verdade, o convite partiu, não é o convite, vamos dizer assim, nós somos...
12:54O PT tinha interesse, claro, não só em Alcelador, como em vários países da América Latina,
13:00que a esquerda ganhasse as eleições e convidou o João para...
13:03Achava que o João seria um reforço interessante para fazer essa campanha.
13:06E o Partido Trabalhador, de alguma forma, financiou essa campanha?
13:10Não, não. Assim, de alguma forma sim, por quê?
13:14Foi uma campanha difícil, muito, muito, muito difícil, com pouco dinheiro,
13:19um partido mínimo que não tem dinheiro, não tinha, né?
13:22Eles agora estão no poder, até hoje.
13:25E o PT intermediou, eu negociei com o Palocci isso, inclusive,
13:30que a Odebrecht pagaria uma parte dos nossos valores.
13:34Foi uma campanha muito barata para os nossos padrões, porque a gente fez mais por...
13:40Primeiro, que seria um case interessante para o nosso currículo, muito interessante.
13:43Se ganhássemos, seria muito interessante, como foi.
13:46E por vários motivos.
13:48Simpatia com quando conhecemos o candidato e a mulher dele, uma brasileira.
13:52Pedido do presidente Lula, enfim.
13:54O presidente do presidente Lula.
13:55Porque Gilberto Cavalho disse que o presidente Lula tinha interesse que o João fosse.
13:58Ok. E como que foi a participação da Odebrecht? Ela pagou...
14:02Ela pagou, na época, um milhão e meio de dólares, que foi a nossa parte, que nós cobramos para fazer a campanha.
14:09Quer dizer, cobramos uma parte lá do partido, lógico, teve uma parte paga lá pelo partido, a parte oficial.
14:16E a parte caixa dois foi paga pela Odebrecht.
14:19E foi intermediado pelo Palocci.
14:21Seria o Odebrecht que pagaria esse valor, um milhão e meio de dólares.
14:25Ok. Sem mais perguntas, excelência.
14:26Ou sem negociação, tem perguntas?
14:30Os defensores têm perguntas?
14:32Eu me viro para lá e não sei.
14:35Tem perguntas?
14:37Fica assim?
14:40Boa tarde, senhora Mônica.
14:42Boa tarde.
14:45A senhora já registrou que fez um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal.
14:52A senhora também é colaboradora em outros países?
14:55Não.
14:56Oficialmente não. Não tenho colaboração. Não, né?
14:59A senhora tem tratativas em outros países?
15:02Não.
15:03Perfeito.
15:05Com relação à sua colaboração premiada, eu vejo aqui que a senhora foi indagada pelo Ministério Público sobre o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula.
15:20A senhora também foi questionada em relação a outras campanhas que a senhora chegou a fazer?
15:26Outras que não do PT?
15:28Sim.
15:28Você está perguntando?
15:29Sim.
15:29Desde que eu comecei...
15:31Nessa colaboração eu citei todas as campanhas que fizemos desde 2002.
15:36E aí, nesse período, tivemos outras campanhas que não do PT também.
15:40Sim.
15:41E nós contamos também.
15:42E a senhora começou a atuar nessa área em 2002?
15:44Não.
15:45Eu atuo nessa área há muitos anos.
15:47Não vou dizer quantos que pegam mal para mim.
15:50Mas nossa empresa surgiu em 2002.
15:52A empresa Polis Propaganda criei com o João em 2002.
15:55Então, a partir daí é que eu passei a coordenar a parte financeira.
15:59Antes eu era um funcionário.
16:00Eu trabalhava para vários marqueteiros do país.
16:02Mas também na área de campanhas.
16:04Sempre na área de campanha.
16:06Sim.
16:06Eu trabalho há muitos anos na área de campanha política.
16:08Certo.
16:09Na área de criação.
16:10Depois é que eu passei a ser administradora.
16:12Certo.
16:13Com relação a essa campanha de El Salvador, que a senhora fez referência, a empresa
16:23da senhora foi remunerada para fazer essa campanha?
16:26Sim, foi remunerada.
16:31A empresa da senhora era a Polis.
16:35A Polis.
16:35Polis.
16:37A senhora chegou a ter contato com o advogado Rodrigo Tacla Duran?
16:41Não.
16:43Nunca ouvi falar.
16:43Ouvi falar nele agora, pela imprensa.
16:45Agora, quer dizer, dos dois últimos anos, pela imprensa.
16:47Não conheço.
16:48Não conhecia.
16:49Nunca tinha ouvido falar na vida.
16:55Sim, mais perguntas, silêncio.
16:57Outros defensores têm negações?
17:01Tem?
17:02Não?
17:03Alguns questionamentos adicionais do Viz aqui, muito rapidamente.
17:06Senhora Mônica.
17:07Senhora Mônica, a senhora conhece um indivíduo chamado Luiz Kornick?
17:10Sim, conheço.
17:11A senhora ou o seu Maríodo receberam valores pagos pelo senhor Luiz Kornick?
17:19Sim, recebemos.
17:20A senhora pode me descrever as circunstâncias?
17:21Nós fizemos a campanha de eleição da presidente Dilma em 2010.
17:26Dessa campanha restou uma dívida, na época, de 10 milhões de reais,
17:31da parte não oficial, da parte caixa 2.
17:35A parte oficial foi toda paga, normalmente, durante a campanha,
17:38notas fiscais, depósitos bancários, tudo direitinho.
17:41Da parte não oficial ficou uma dívida, o PT ficou com a dívida com a gente de 10 milhões de reais,
17:46e que passou 2011 e não pagava, 2012 quase todo e não pagava,
17:51e eu cobrando de todo mundo que eu podia cobrar, as pessoas com quem eu falava sobre dinheiro,
17:55que era basicamente o Palocci e o Vacari.
17:57e, enfim, cobrava e não resolvia, eu tentava resolver de um jeito e não resolvia.
18:03Um dia o Vacari me chamou e disse que tinha conseguido resolver a dívida,
18:06que tinha uma pessoa, um empresário, que queria colaborar com o partido,
18:10e que a colaboração dele ia ser o pagamento da nossa dívida,
18:15esses 10 milhões que tinham ficado para trás em 2010.
18:18Isso foi em 2012, se eu não me engano, finalzinho de 2012.
18:21E aí me passou um cartãozinho do senhor Zivis Kornick,
18:24pessoa que eu nunca tinha ouvido falar também, não conhecia, sabia quem era.
18:28E eu procurei, tive contato com ele no escritório dele no Rio,
18:31ele já sabia do assunto, quando eu cheguei, o Vacari já tinha falado tudo para ele,
18:35ele sabia o que era.
18:36E nós acertamos o pagamento desses 10 milhões em várias parcelas,
18:40nessa conta da Shellbill, no exterior.
18:43E ele pagou quase tudo.
18:44A senhora sabe se ele estava pagando em nome próprio,
18:47ou ele estava repressando alguma empresa específica?
18:50Isso na época dos fatos?
18:51Não, eu não sabia se ele estava pagando em nome próprio.
18:53Eu achava que ele estava pagando em nome próprio.
18:55Ele tinha uma empresa, porque quando eu o visitei num escritório em Rio de Janeiro,
18:59percebia-se que era uma grande empresa, que eu não conhecia.
19:03E o cartãozinho dele também tinha o nome da empresa.
19:06Mas ele me disse que ele ia pagar.
19:09E quando eu entrava na conta, eu tinha acesso esporádico a esses extratos,
19:14não aparecia o nome dele, mas aparecia o nome de um banco.
19:18Não aparecia o nome de uma empresa, aparecia o nome de um banco.
19:22A senhora mencionou quanto à campanha de 2006 de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
19:28que a senhora não saberia dimensionar os valores.
19:31Mas falando em valores aproximadamente,
19:33nós estamos falando aqui de milhares de reais ou milhões de reais?
19:37Mais ou menos, o valor total da campanha, mais ou menos 18 a 20 milhões de reais.
19:43E quanto de caixa 2?
19:45Mais ou menos, 10 milhões em caixa 2 e 8 milhões em, mais ou menos, em oficial.
19:52A senhora conhece um indivíduo chamado Fernando Bittar?
19:55Não, só de nome.
19:56Nunca vi.
19:59E esses pagamentos de caixa 2, do senhor Zui, da Odebrecht,
20:05a senhora tinha uma ideia do que eram esses pagamentos,
20:08se eles tinham relação com alguma coisa?
20:10Eu sempre imaginei, Excelência, que por terem muitas obras de governo,
20:15muito trabalho, a Odebrecht tinha várias obras no governo Lula,
20:20na época já tinha, em 2006, depois Dilma, em 2010 e 2012, sempre.
20:25Que era, na verdade, uma coisa muito comum, não só no Brasil,
20:29nos Estados Unidos e em vários outros lugares,
20:31as empresas colaboram com os partidos,
20:34doando dinheiro, ou doando, enfim,
20:37de forma oficial e de forma não oficial.
20:40Eles doam tanto em caixa 1 como doam em caixa 2.
20:42Então, eu imaginava que era por interesse em manter
20:44o seu grande cliente de governo,
20:48eles colaboravam pagando campanha, não só campanha,
20:52eles pagavam várias coisas.
20:53Não é só o marketing político que recebe em caixa 2 uma campanha.
20:57Todas as áreas de uma campanha política recebem em caixa 2.
21:01Esse pagamento em caixa 2 não era uma, vamos dizer,
21:05era uma decisão deles ou era uma decisão da senhora e do senhor João?
21:08Absolutamente deles.
21:10Eu lutei bastante para conseguir,
21:12tanto é que no último, se a gente fizer uma,
21:15observar os últimos anos,
21:18quer dizer, desde que a gente começou,
21:19eu consegui cada vez mais aumentar o valor do caixa 1.
21:22Para mim era muito mais, claro que era mais caro,
21:25mas não interessava, era menos risco,
21:27era muito mais tranquilo,
21:28se trabalhava de uma forma completamente sem perigo,
21:31eu não tinha que carregar mala de dinheiro para lugar nenhum,
21:33eu não tinha que sair depois, enfim.
21:35Era absolutamente dos partidos, sempre.
21:37Todos tinham o mesmo discurso de que tem um teto,
21:40de que existe um limite,
21:41que o marketing político é muito caro
21:42e que o valor total não pode ser pago,
21:45enfim, era esse o discurso.
21:46Em 2006, nessa campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Nácio Lula da Silva,
21:51isso sucedeu àquele chamado escândalo mensalão em 2005,
21:56que houve questões relativas à Marcos Valéria,
21:59ao Partido dos Trabalhadores,
22:01a Caixa 2, o próprio ex-presidente declarou
22:04que repudiava o Caixa 2,
22:08ou era o Caixa 2,
22:09alguma coisa parecida.
22:10Havia alguma discussão nesse sentido?
22:12Isso não levou a alguma, vamos dizer assim,
22:15evitar esse tipo de situação em 2006?
22:18Sim, eu não,
22:19eu não participava das reuniões com o presidente Lula,
22:21nunca,
22:22mas o João,
22:25durante alguns meses de...
22:27a gente já trabalhando,
22:29porque uma campanha se começa com muito tempo antes,
22:31que você chega em outubro e começa a trabalhar,
22:33é muito tempo antes.
22:35O João várias vezes comentou isso,
22:38não com o Lula exatamente, não sei,
22:39mas com o Palocci,
22:41com outras pessoas,
22:42do risco de ter acabado de passar pelo que passaram,
22:46justamente a campanha,
22:48era uma campanha dificílima,
22:49porque a imagem do presidente Lula estava
22:50bastante, bastante abalada naquele momento,
22:54por conta do mensalão,
22:56tanto é que havia um prognóstico
22:57de que jamais ele conseguiria se reeleger,
22:59era o que se dizia na época,
23:01inclusive chegaram a falar que ele tinha que
23:03abdicar,
23:05abdicar é ótimo,
23:06de renunciar,
23:07enfim.
23:09Então,
23:09o João teve essas conversas com eles várias vezes,
23:12de que é um risco,
23:13não vamos dizer,
23:14não quero isso,
23:14não vou me meter nisso.
23:16Durante algum tempo a gente conseguiu,
23:18ele conseguiu dizer que não ia fazer assim,
23:20que ia fazer,
23:21mas você acaba aceitando e fazendo.
23:25Mas se fizeram do mesmo jeito, então.
23:27Excelência pela ordem,
23:28Vossa Excelência fez um registro
23:30em relação a essa ação chamada mensalão,
23:33mas deixou de registrar
23:36que o ex-presidente Lula não foi denunciado
23:40nessa ação,
23:41ou seja,
23:42o Ministério Público não o envolveu na ação penal.
23:46Então, me parece que trazer
23:48essa ação penal
23:50para tocar no nome do ex-presidente Lula
23:54não parece adequado,
23:56uma vez que ele não integrou aquele processo.
23:59Certo, fica registrado aí,
24:00de todo modo eu falei de escândalo no meu salão,
24:03que não se confunde exatamente com o objeto específico da ação penal,
24:06mas fica registrado a posição do defensor,
24:08embora o juiz faz as perguntas
24:11que ele entender que sejam pertinentes para o processo.
24:13A senhora mencionou esses contatos,
24:18essa preocupação,
24:19mas a senhora presenciou essas conversas
24:21do senhor João Santana?
24:22Não, não, não.
24:22Eu não participava dessas reuniões de cúpula,
24:25vamos chamar assim, não.
24:25Nunca participei.
24:27Era sempre o João.
24:28A senhora mencionou rapidamente aqui,
24:30mas a senhora não tinha contato, então,
24:31com o ex-presidente?
24:32Depois que a gente começou a fazer a campanha,
24:34eu tinha contatos, assim,
24:36nas gravações,
24:38a gente ia gravar com ele,
24:39eu participava de tudo isso,
24:41eu tinha um contato social,
24:43vamos chamar assim,
24:44que ele ia no estúdio,
24:45na produtora onde a gente trabalhava,
24:47a produtora que eu montei em Brasília,
24:48ele ia lá gravar com a gente,
24:50ficava com ele conversando um tempo,
24:52mas nas reuniões de cúpula,
24:55nas reuniões de decisões políticas, estratégicas,
24:58eu nunca estava.
25:00Mas eu tive contato com ele, claro,
25:01mas assim, dessa forma.
25:02E sobre esses pagamentos,
25:03essas dívidas, esses valores,
25:04a senhora teve alguma conversa com o ex-presidente?
25:06Nunca.
25:06Eu nunca falei de dinheiro com o presidente Lula.
25:08Nunca.
25:09Nunca falei valores,
25:11ele também nunca tocou no assunto comigo,
25:13nunca negociei nada,
25:15nunca cobrei nada dele.
25:16Meu contato sempre foi com o Palocci,
25:18acima,
25:19era o meu contato mais,
25:20hierarquicamente mais alto,
25:22e depois do Palocci,
25:23o Vacari,
25:24outras pessoas do partido,
25:26mas o presidente Lula nunca.
25:28Tá certo.
25:29São as indagações do juízo,
25:30então pode interromper a gravação.
25:32Tchau.

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