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  • 05/06/2025
Sophie Schonburg, vice-presidente de criação da BETC Havas, e Irene Gaeta, analista Junguiana filiada IAAP Zurich, professora na PUC e coordenadora pós graduação Psicologia Analítica UNIP, interpretam o impacto do inconsciente sobre a criatividade, apontam as características necessárias para o nascimento de insights e descrevem como as emoções estão ligadas ao marketing e à comunicação.
Transcrição
00:00No processo criativo, você rompe essa barreira.
00:04É quase como se houvesse uma comunicação com o inconsciente
00:07e você deixa emergir tudo aquilo que você não sabe.
00:13O papel da criatividade é talvez ser um gatilho para uma coisa que estava adormecida.
00:30Bom, é muito difícil explicar o que seria o inconsciente.
00:47Talvez eu possa dizer o que não é o inconsciente.
00:50Nós vivemos na consciência.
00:53O ego é aquilo que nos estrutura, que diz quem eu sou, onde eu estou.
00:57Mas, para além disso, existe algo maior que é chamado de inconsciente.
01:04E esse inconsciente tem muitas camadas.
01:06Tem o meu inconsciente pessoal, tem o inconsciente familiar, tem o inconsciente coletivo.
01:14Então, uma boa metáfora, uma comparação, seria pensar que o inconsciente é como um oceano
01:20e a consciência é apenas uma ilha.
01:24Quando a gente cria uma campanha, a gente nunca vai só no que a gente tem que dizer,
01:29com quem a gente tem que falar, qual o diferencial desse produto, desse serviço.
01:35A gente já está lidando muito com subjetividades.
01:39E uma campanha para ela realmente atingir as pessoas ali no coração, que é ali que a gente quer chegar.
01:49A gente tem que trabalhar também com o nosso inconsciente, com o inconsciente coletivo.
01:54Tudo que a gente vive tem a ver com uma ressonância interna.
01:59Eu gostar ou não de alguém ou de alguma coisa, tem que ter algo interno que faça um link, uma conexão.
02:07O Rock in Rio que a gente fez para o Banco, para o Itaú, foi logo depois das eleições de 2018,
02:16em que estava todo mundo se odiando.
02:19As famílias estavam se separando, casais se separando, amigos brigando.
02:25Então, assim, foi um momento muito raivoso da sociedade.
02:30E esse Rock in Rio de 2019, ele justamente sentiu isso da sociedade e propôs justamente o contrário.
02:42Falando de um festival que é gigante e que tem vários estilos, não é mais rock,
02:51A gente abraçou as diferenças.
02:56Esse era o nosso tema, abraça as diferenças.
02:59E a campanha era justamente, tinha um filme que era pessoas desconhecidas se abraçando.
03:06Então, num momento de muita polarização política, eu acho que isso é meio que as pessoas queriam, de certa maneira.
03:13Eu tento sempre trabalhar.
03:43trabalhar com coisas que sejam verdades humanas, que estão ali, né?
03:48Então, eu acho que eu sempre tento trazer isso, tanto na minha própria criação, quanto para a equipe, esse olhar.
03:58A dificuldade de criar está que nós temos uma visão muito unilateral das coisas.
04:03Tipo, preto é preto, branco é branco.
04:05Não, entre um e outro tem várias tonalidades, né?
04:10E quanto mais você for rígido, mais difícil é desenvolver a criatividade.
04:16Raramente a gente força um insight, né?
04:21O insight, ele tem que ser meio que natural.
04:23Se você está querendo impor algo que não está ali no inconsciente, vai ficar forçado.
04:32A consciência, ela é muito rígida.
04:35Na hora que você vai tomar banho, na hora que você dorme, há um rebaixamento da consciência.
04:41E o inconsciente emerge com todo esplendor e glória.
04:45E aí, nesse momento, você tem insights, você vive situações diferentes.
04:52Então, se você se permite viver esse inconsciente, dá importância para os seus sonhos.
04:58E fazer uma alfabetização simbólica, porque, obviamente, você normalmente não entende um sonho,
05:05porque ele é simbólico.
05:06Mas se você prestar atenção em todos os símbolos que emergem,
05:11você vai conseguir resolver as suas questões do dia a dia.
05:16Então, quando a gente sabe captar isso, é porque a gente está atento.
05:19A gente está atento ao que os indivíduos estão pensando, sentindo,
05:24o que a sociedade está vivenciando naquele momento.
05:27São coisas que ficam ali meio, sabe? Flutuando.
05:31A pessoa de comunicação, ela tem que ser muito atenta e interessada no outro,
05:42no ser humano e nos comportamentos humanos.
05:45Então, esse, para mim, é a base de tudo.
05:48É eu estar atenta, eu estar curiosa e aberta a entender o que se passa com os outros.
05:56Então, uma pessoa criativa, geralmente, ela é uma pessoa maleável.
06:00É uma pessoa que tem plasticidade, porque ela não tem medo de se lançar.
06:07Ela não tem medo de errar.

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