O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma declaração no ministério sobre as medidas econômicas do governo em meio à crise do IOF. O ministro citou possíveis reformas estruturais. Alan Ghani e Deysi Cioccari analisaram.
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NotíciasTranscrição
00:00Voltamos a falar de economia e também a repercutir a fala do ministro da Fazenda hoje cedo.
00:06Fernando Haddad não fala em corte de gastos.
00:09O Alan Gani está por aqui, vai detalhar pra gente sobre o assunto.
00:13Oi Gani, bom dia pra você.
00:15Bom dia Soraya, bom dia a toda a nossa audiência.
00:18Uma ótima semana para nós.
00:19Pois é, o que me chamou muita atenção na fala do ministro Fernando Haddad
00:23é que em nenhum momento ele falou em corte de gastos.
00:28Ele menciona brevemente reformas estruturais, mas não diz quais são estas reformas estruturais.
00:36Ora, uma reforma estrutural pode ser uma reforma pelo lado da arrecadação
00:42e não necessariamente uma reforma pelo lado do gasto público.
00:47Menciona também que houve uma perda de receita com o PERSI, principalmente no ano passado.
00:54Fala em 21 bilhões de reais.
00:57Mas, novamente, todas as medidas mencionadas pelo ministro Fernando Haddad,
01:03mesmo que vagamente, passam pelo lado da arrecadação.
01:08Então ele está reclamando da perda da renúncia fiscal
01:11e aí diz que está chegando num meio termo com o Congresso Nacional em relação ao IOF.
01:20Agora, o ponto é que a gente precisa urgentemente discutir reformas que passem pelo corte de gastos.
01:27E para a gente não ficar aqui de uma maneira muito vaga,
01:31ah, corte de gastos, quais seriam estes cortes de gastos, portanto?
01:34Então a gente tem que falar de uma reforma da Previdência,
01:37a gente deve falar também dessa desvinculação de gastos de educação e saúde com as receitas do União.
01:46Então sobe a receita, sobe automaticamente o gasto com saúde e educação.
01:50Evidentemente que a conta não vai fechar se ocorrer esse engessamento do orçamento.
01:57Portanto, isso sim são reformas estruturais que seriam benéficas para a redução do gasto público,
02:05para a estabilidade da dívida pública e aí, consequentemente,
02:09reduzir a inflação e a taxa de juros e colocar o Brasil num crescimento sustentável.
02:16Obrigada, Gani, pelas suas informações.
02:18Deixa eu chamar a Deise Siocari para a gente seguir repercutindo essa fala de hoje cedo
02:23do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
02:25O Legislativo deu aquele prazo, né, Deise, de 10 dias
02:28para o governo tentar apresentar essa alternativa ao aumento do IOF,
02:32mas o ministro foi bem firme, ele disse não preciso desse tempo,
02:37não preciso dos 10 dias, está nessa promessa aí de, pelo menos até amanhã,
02:41já trazer uma solução para todo esse embate envolvendo o IOF.
02:45É, de novo, né, Soraya, é aquilo que nós estávamos falando antes,
02:50o Haddad, ele está lutando sozinho, né, ele tem as medidas dele,
02:54ele quer promover uma austeridade fiscal, mas o governo vai sempre contra,
02:58então, de novo, é o Haddad sozinho no campo de batalha.
03:00A questão do IOF não caiu nada bem, ele não conversou com o Banco Central,
03:04o Ministério da Fazenda não conversou com o Banco Central,
03:07e o Palácio do Planalto ficou em silêncio em relação a isso, né,
03:09não deu o apoio necessário ao ministro da Fazenda.
03:12Então, o Haddad tem um trabalho agora muito difícil, né,
03:15ele vai ter que articular a questão do IOF, reverter a imagem do Ministério da Fazenda,
03:21e mesmo assim, sem contar com o apoio do Palácio do Planalto.
03:24Esse é o grande ponto, porque as decisões deles, elas acabam batendo de frente uma contra a outra, né,
03:30o Palácio do Planalto, ele quer continuar gastando,
03:32e o Haddad quer fazer uma austeridade fiscal que não encontra embasamento ali.
03:36Então, o que a gente vai ver é esse, abre aspas, choque de gestão até o final de 2026.
03:41Ora, né, Deise, que a gente estava falando com o Gani, questão de cortes, né,
03:44o Haddad não citou em nenhum momento da sua fala isso,
03:48e alguns cortes a gente sabe que são, de fato, mais sensíveis do que outros,
03:51principalmente quando envolve aquele impasse de emendas parlamentares, né?
03:55As emendas parlamentares, talvez essa seja a grande expressão desse último governo, né,
04:02envolve toda a questão de articulação com o Congresso Nacional,
04:05e o próprio Haddad falou agora na coletiva que nós estávamos assistindo aqui,
04:09que as emendas parlamentares estão dentro do jogo político,
04:12estão dentro da Constituição ali do que é permitido no Congresso Nacional.
04:16Isso demonstra, se a gente for olhar nas entrelinhas, até o entendimento do próprio ministro da Fazenda,
04:23de que não há jogo político possível para além das emendas.
04:27Então, o Palácio do Planalto, se a gente for analisar com um pouquinho mais de cuidado a fala do Haddad,
04:33o Haddad entende que até o Palácio do Planalto é refém dessas emendas parlamentares.
04:37Então, até nessa questão do IOF, da isenção do imposto de renda,
04:41o grande jogo político aqui é como que isso vai se articular com o Congresso Nacional
04:46e o que vai ser liberado para esse Congresso,
04:48para que a isenção do imposto de renda aconteça,
04:50ou para que o IOF possa, enfim, tramitar tranquilamente.
04:54Emendas parlamentares são a grande palavra desse último governo
04:56e são elas que vão ditar o jogo no ano que vem.
04:59Obrigado.
05:00Obrigado.
05:01Obrigado.
05:02Obrigado.