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  • 17/05/2025
Joaquina fica surpresa quando Virgínia a chama por seu nome verdadeiro. Diogo acusa Matias de estar acobertando o encontro de Branca e Xavier. Rubião cobra impostos de Raposo. Raposo arrasta Taveira pela estrada. Xavier fica interessado em Joaquina. Raposo exige que Taveira lhe diga onde está o dinheiro que ele desviou. Virgínia leva Joaquina até o local onde ficava a casa de Tiradentes

Categoria

😹
Diversão
Transcrição
00:00A senhora só é minha mãe.
00:02Unicamente.
00:04Porque o destino resolveu fazer uma brincadeira cruel.
00:07Aqui é o último lugar com as rainhas procurarem.
00:15Não gosto?
00:16Não me entenda mal.
00:18Eu só quero conversar um pouco.
00:21Eita!
00:22Eita, meu lugar?
00:24Eu achei! Achei o livro do Tiradentes!
00:27Isso não há de valer alguma coisa?
00:30Ontem eu conheci a Cidade Baixa.
00:33Eu acho que o senhor, na qualidade de intendente de Vila Rica,
00:36deveria fazer algo a respeito daquela gente.
00:38Fale com seu pai.
00:39Seu pai é o dono daquelas terras.
00:41Vamos ver quem vai morrer primeiro.
00:42Eu ou a mulher louca que sou em derrubar o governo?
00:46Regina!
00:48Fique longe, minha filha.
00:50Joaquina é uma mulher feita.
00:52Ela pode decidir quem quer ser.
00:54Joaquina...
00:57Por que a senhora me chama por esse nome?
01:02A senhora está enganada.
01:05Eu sei de tudo, Joaquina.
01:08Por que a senhora insiste em me chamar assim?
01:10Meu nome é Rosa.
01:12Ah, Rosa.
01:14Joaquina...
01:16Não faz.
01:17Isso não muda o fato de você ser quem é.
01:22Quem é, senhora?
01:25Eu...
01:26Sou uma...
01:27Uma velha amiga do seu pai.
01:29Do seu verdadeiro pai.
01:34Senhora?
01:35Temos que ir, André.
01:36Vamos.
01:37Senhorita.
01:38Meu Deus, Rosa.
01:39Mas que tropelo todo é esse?
01:40Aquela mulher me chamou pelo nome.
01:41Pelo nome?
01:42Mas como é que ela sabe que o seu nome é Rosa?
01:47Ela me chamou de Joaquina.
02:04A senhora conhecia a Condessa Madreira?
02:05De onde?
02:06Regina.
02:07A minha filha é inocente.
02:08Ela não sabe nada de traição, de morte.
02:09Raposo.
02:11Essa moça é filha do marte da incofidência.
02:15A minha filha é inocente.
02:16Ela não sabe nada de traição, de morte.
02:20Raposo?
02:21Essa moça é filha do marte da inconfidência.
02:28Ela não sabe nada de traição, de morte.
02:31Raposo, essa moça é filha do mártir da Inconfidência.
02:36Ela é um símbolo vivo. O movimento precisa saber que ela tá aqui.
02:39A senhora conhece o pai dela também?
02:43Fica quieta, Mimi.
02:44Deixa aqui com os meus pensamentos.
02:47Que enxerida.
02:48Deixa a madrinha no canto dela. Bora.
02:58De onde aquela mulher me conhece?
02:59Mas você não perguntou?
03:01Eu fiquei chocada.
03:02Só o pai me chamou pelo nome.
03:03Mesmo assim, quando estamos a sós e ninguém pode ouvir.
03:06Você tem certeza que ela te ama de Joaquina?
03:08Claro que tenho, André. Não sou sua, André.
03:10Deus, mas o pai precisa saber disso?
03:13Não.
03:14Como não?
03:14Ele pode cometer alguma violência.
03:16E essa mulher pode contar pra cidade inteira que você é filha do dia 10?
03:18Ela não vai fazer isso.
03:19E como é que você sabe?
03:20Eu sei.
03:22Deus, será que essa mulher tem algo que te lido?
03:25É da sua segurança que estamos falando, Rosa.
03:28Ninguém pode nem sonhar que você é filha de um traidor da pátria.
03:31Eu já sei o que vamos fazer.
03:33Vamos comprar o silêncio dessa mulher.
03:35Eu tenho algumas economias.
03:36Não. Ela não quer dinheiro.
03:38Rosa, me desculpe, mas se ela vende até o corpo,
03:41há de vender também o que lhe passa pela cabeça.
03:45Alguma coisa me diz que essa mulher não quer dinheiro.
03:49Ela quer...
03:50me conhecer.
03:54Ela disse que conheceu meu pai verdadeiro.
03:58Rosa.
03:59Rosa, você não está pensando.
04:01Rosa, pelo amor de Deus, você não vai se enfiar no bordel da cidade.
04:04Não, não vou fazer isso.
04:06Quem vai é você.
04:11Ou as duas falam onde está a minha filha.
04:14Ou eu mando colocar os olhos das duas num vidro de compota.
04:17Ou melhor, um olho só.
04:20Porque uma escrava cega não vale nada.
04:23E vai ser o seu.
04:26Que é olho de curiosa.
04:29Novidadeira, mexeriqueira.
04:30Vamos, anda.
04:31Deixa, deixa.
04:33Uma das duas há de saber onde é que a minha filha está.
04:35Ela foi encontrar com o senhorzinho, senhor.
04:38Você tem que fazer alguma coisa.
04:40Isso não há de acabar bem, meu marido.
04:42uluça, senhor.
04:50Ai, não.
04:52Xafia, Xafia.
04:55Não, não, não.
05:01Não, Xafia, tem muito tempo demais, Xafia.
05:03Não, Xafia.
05:07Na igreja!
05:17Vocês perderam o juízo?
05:18Eu quero saber onde é que está a minha filha.
05:21Eu não tenho ideia.
05:23Ela esteve aqui ontem.
05:24Pensa que eu não sei.
05:25As mucamas me contaram tudo.
05:27É verdade, Diogo Farto.
05:30Mas eu não compactuei com aquilo.
05:31Eu levei Branca em casa assim que a pilhei aqui, sem demora.
05:34Acha que eu não conheço o seu jogo, Matias Almeida?
05:38Isso deve ser mais algum plano seu e da sua mulher.
05:41Para minha filha ficar falada e ser obrigada a casar com o gaiato do seu filho.
05:45Isso não é verdade.
05:46Eu paguei para o seu filho ficar longe da minha filha.
05:48Paguei pela liberdade dele.
05:50Eu usei a minha influência com o intendente.
05:55Se o seu filho ousar se aproximar da minha menina,
05:59eu mando capar o desgraçado, entendeu?
06:02Capar!
06:02O senhor quer me dizer alguma coisa pessoalmente, Dom Diogo Farto?
06:06Eu não preciso.
06:08Eu já falei tudo o que tinha que falar.
06:22Posso saber onde você estava, Branca?
06:24Na igreja.
06:25Na igreja?
06:26Sim.
06:26Fui rezar.
06:27Pedi por nós.
06:28A igreja está vazia.
06:30O novo padre ainda não chegou.
06:32A casa de Deus nunca está vazia.
06:34E a senhora, o que estava fazendo lá?
06:36Rezando também?
06:38Rezo sempre que posso, Dona Luzia.
06:41Peço a Deus que olhe por todos nós.
06:44E vim acompanhar a Branca, já que não tinha ninguém da família para olhar por ela.
06:49Imposto.
06:50Só tem imposto aqui?
06:51Tem muito lucro também.
06:54Aliás, a receita é bem maior do que a despesa.
06:58Seis escravos mortos no período de seis meses.
07:00Você chama isso de lucro?
07:02Isso dá alma a alma perdida por mês.
07:04Trabalho nas minas é muito perigoso, Raposo.
07:06Você sabe disso porque você já garimpou por todas essas gerais.
07:09No meu tempo, a gente matava e morria olhando o olho.
07:12Hoje em dia, a gente se mata para pagar imposto.
07:15E isso só vai piorar.
07:17Porque com a chegada da corte, alguém vai ter que pagar essa conta.
07:20Não vai ser eu.
07:22Dá licença, senhor.
07:24Fala.
07:25O menino trouxe o recado feito.
07:28Fechar a mina da travessia.
07:30O padrão voltou de Portugal.
07:39Não vai gostar nada de ver a mina fechada.
07:42A mina da travessia será impeditada até que os impostos atrasados sejam pagos integralmente.
07:47Alves, o que está acontecendo aqui?
07:50Esse senhor disse que a mina está fechada.
07:53Ordem da entendência.
07:54A mina da travessia fica impedida até que os impostos atrasados sejam pagos à coroa.
08:00São quase seis meses de atrasos e impostos, senhor Raposo.
08:07Como consta aí?
08:08O livro dos registros?
08:10Ah, que fato isso.
08:12Mas eu não tinha ideia.
08:14A minha irmã paga um guarda-livro exatamente para isso.
08:16Para pagar os tributos à mão de obra.
08:17Eu sei.
08:19Seu guarda-livro chama-se Inácio Taveira.
08:23Vive como um nababo.
08:25Anda enfeitado, feito uma dama.
08:27Vistoso como um pavão.
08:29Você pode pagar uma fortuna ainda.
08:30Eu ainda não tive tempo de me encontrar com esse tal Taveira.
08:35Despaixa com a minha irmã.
08:36Uma mulher cuidando de negócios tão importantes.
08:40Aqui.
08:42Não consta o registro do pagamento do forro, da inscrição do registro, da medição e
08:50demarcação da terra.
08:51Medição?
08:53Vila Rica tem geômetra?
08:55Não.
08:56Mas os impostos precisam ser pagos.
08:58Independente do governo prestar ou não o serviço.
09:01Pois.
09:02Veja.
09:04Tem mais essa.
09:05Aqui.
09:06Registro dos títulos imobiliários da comarca.
09:08O tal Taveira adquiriu imóveis.
09:12Bens.
09:13Enfim.
09:14Em pouquíssimo tempo, tornou-se um homem rico.
09:17Pois então, está aí sua prova.
09:18Mande prender esse homem.
09:20Eu não posso.
09:21Dom Raposo, infelizmente, eu...
09:23Não sei uma denúncia oficial.
09:26Não sou eu quem faz as leis.
09:27Mas o senhor as faz cumprir.
09:29De fato.
09:30O senhor tinha um prazo para cumprir esses compromissos.
09:36Prazo esse que venceu.
09:37O senhor estava em alto mar.
09:39As meninas continuaram dando lucro, continuaram em funcionamento.
09:43Dom Raposo, a coroa fornece a concessão das terras e concede o poder de exploração
09:51mansa e pacífica.
09:52Mas o senhor assumiu compromissos.
09:54Ministros, eu nunca deixei de pagar uma conta em toda a minha vida, seu intendente.
10:07Lá vem a rainha da Inglaterra.
10:10Isso é hora de acordar, sua preguiçosa.
10:12Vai ver se o café da manhã está pronto, Mimi.
10:15E anda que eu estou com fome.
10:16Era o que me faltava.
10:19Vai você, seu indolente, antes que eu te cozinhe o nome na pancada.
10:22Ai, hoje eu não quero briga nem questões, eu quero silêncio.
10:28Manda servir o mingau da Girona, Mimi.
10:34A gente está radiante, senhor Taveira.
10:37Anelão no dedo.
10:40Os negócios vão bem, não é, senhor Caldeira?
10:43A gente se cuida.
10:45Peruca em poada.
10:47Manda vir o talco da capital.
10:49Seu Taveira.
11:00Sim, senhor.
11:01Meu nome é Raposo.
11:04O irmão de Dona Dionísia?
11:06Eu sou o homem que você roubou esse tempo todo.
11:13Não, não, não.
11:15Senhor Raposo, pelo amor de Deus.
11:17Por quem é, senhor Raposo?
11:18Eu juro, eu sou inocente, pelo amor de Deus.
11:21Eu não fiz nada.
11:23Eu sou inocente, eu juro.
11:26Você vai ao lugar comigo.
11:28Não faz isso comigo, eu juro.
11:39Eu não fiz nada.
11:40Eu sou inocente.
11:44Quem é?
11:45Eu sou o povo, pelo amor de Deus.
11:46Não faz isso comigo, eu juro.
11:49Xavier.
11:51Regina, eu estou precisando de dinheiro.
11:52Você anda se expondo demais.
11:54Pode colocar tudo a perder.
11:55Você foi parar na cadeia.
11:58Aquilo foi um mal entendido, Virginia.
12:00Nós temos uma causa muito maior do que essa sua vaidade.
12:03Você precisa controlar esse ímpeto.
12:09Tome antes que esfrie.
12:18Você botou sal.
12:19Mudei receita.
12:22Mudei.
12:52Falou com ela?
12:55Não, esse lugar não é adequado pra você, Rosa. Vamos embora.
12:58Não, nada disso. Eu vou lá.
12:59Rosa, Rosa!
13:00Vou lá, dá licença.
13:01Rosa!
13:02Parem, pare! Chega, chega!
13:05Chega, chega!
13:06Sua maluca!
13:07Chega!
13:08Eu disse que eu não queria que as coisas...
13:11Para!
13:12Para de rir!
13:13Para de rir!
13:14Para de rir!
13:15Para de rir!
13:16Rosa!
13:18Você não pode entrar nesse lugar de jeito nenhum.
13:21Isso é um bordel.
13:22Eu preciso saber quem é essa mulher, André.
13:24Ela conheceu meu pai de sangue.
13:26Rosa, você não pode ser vista aqui.
13:34Para que briga?
13:35A gente não leva nada. Dá um beijinho.
13:38Você não sabe o que acontece?
13:40Que essas duas vivem se pegando.
13:41Por que vocês vivem se pegando?
13:44Rosa!
13:49Senhorita!
13:51Senhorita!
14:00Senhorita!
14:04Eu sempre cedo para...
14:06Senhorita!
14:08Senhorita!
14:10Beis unanta.
14:11ή wellаш!!
14:12Senhorita!
14:13Senhoritas!
14:14Senhorita!
14:15Senhorita!
14:16ushing ele�!
14:17Amém.
14:47Rosa, o que é que você tá fazendo aqui?
15:09Eu vim falar com a senhora.
15:10Aqui?
15:12Perdeu o juízo, menina?
15:13Pois foi o que eu disse.
15:15Há um lugar mais discreto?
15:17Pelo amor de Deus, não.
15:20Não, meu amor de Deus.
15:23Pô, não aguento mais.
15:25Não me arraje mais, eu morro.
15:33Pelo amor de Deus, por favor.
15:38Jamais poderia permitir que a sua irmã fosse o cabaré.
15:41Eu não tive culpa.
15:42Rosa só faz o que quer.
15:44Uma moça de família numa casa de tolerância.
15:46O senhor não quer falar mais alto?
15:48Parece que o cabelo ainda não ouviu muito bem.
15:50Não quer arranjar um par de tambores pra lardear a novidade?
15:53Ou quem sabe uma trombeta?
15:56Que o senhor bebe ou não beba?
15:59Nunca vi um homem que não bebe?
16:03A essa hora, quero dizer.
16:07Eu queria falar sobre a sua irmã.
16:09Rosa?
16:10É.
16:12Ela é comprometida?
16:14O que isso pode lhe interessar?
16:17É, ela é uma mulher muito bonita.
16:19Há de ter muitos admiradores.
16:20Bora.
16:34Bora, ó.
16:35Vocês estão vendo esse homem aqui?
16:38Esse salafrar me roubou.
16:42E é isso que acontece com gente que me rouba.
16:44Vai pra lá.
16:45Se vocês estão aqui sem fazer nada, sem receber, sem comida,
16:53é por causa desse sem-vergonha aqui que roubou de mim.
16:55Pegou pra si o dinheiro dos impostos.
16:57E agora ele vai contar onde é que ele escondeu esse dinheiro que roubou de mim.
17:01Aqui, diante de vocês.
17:02O homem vai morrer seco, patrão.
17:16Ele não aguenta.
17:17Se ele morrer, você enterra.
17:19Eu tô roubando, pelo amor de Deus.
17:21Eu sou inocente.
17:23Eu juro, eu não fiz nada.
17:24Cala a boca, ladrão.
17:26Vai ficar aí até me dizer onde é que tá o dinheiro que você desviou das minhas contas.
17:29Entendeu?
17:30E pra onde Dom Raposo levou o guarda-livros?
17:36Não se sabe.
17:37Ele arrastou o homem a cavalo pelas ruas e saiu da cidade no rumo do Caminho Novo.
17:41É, senhor.
17:42Direção da mina da travessia.
17:44O senhor vai deixar Dom Raposo fazer justiça pelas próprias mãos?
17:48Não na minha cidade.
17:51Quem faz justiça aqui sou eu.
17:56Aqui podemos conversar sem susto.
17:58Nunca mais vai à minha casa, menina.
18:02Isso foi uma inconsequência de sua parte.
18:04É um lugar como o outro qualquer.
18:06Ah, mas não é mesmo.
18:07É um bordel, uma casa de tolerância.
18:09A senhora não precisa me explicar o que é um bordel.
18:14Você é doida.
18:15Fiquei entregada com o que a senhora me disse.
18:20Me chame de você.
18:22Ninguém me chama de senhora há muito tempo.
18:25Você lembra seu pai.
18:27Os cabelos.
18:29O rosto.
18:31O olhar intrépido.
18:33Quem é você, afinal?
18:34Eu já falei.
18:37Uma velha amiga do seu pai.
18:39Dos dois.
18:41Você conheceu o meu pai de sangue?
18:43O Alferes.
18:45O Tiradentes.
18:47No começo a sua mãe o chamava de Kinkas.
18:51Depois passou a chamá-lo de Sem Vergonha.
18:54E mais adiante, de outras coisas mais.
18:57Você conheceu minha mãe também?
18:59Eu conheci pouco.
19:00Ela já andava separada do Alferes.
19:02E não me via com bons olhos.
19:04Aliás, nenhuma mulher.
19:06Eu não tenho pecado.
19:08Você, de certo, não aprendeu isso com o Raposo.
19:11Você era íntima do meu pai de criação também?
19:14Raposo era um amigo.
19:15Um aliado.
19:16Aliado?
19:17Sim.
19:18Nós dois lutávamos do mesmo lado.
19:20Você participou da conjuração?
19:21E por que a surpresa?
19:23Naquela época, muita gente simpatizava com a causa.
19:27Eu ouvi falar.
19:28Por Raposo?
19:29Meu pai não gosta muito de falar do passado.
19:32Imagina.
19:34Sempre que pergunto, ele muda de assunto.
19:37E o que é que você sabe?
19:39Eu desconfio de muita coisa, mas não sei de nada.
19:43Sei que meu pai Raposo era um rebelde,
19:45que ajudou a financiar a conjuração,
19:48mas que logo depois teve que voltar pra Lisboa,
19:49onde minha mãe o esperava.
19:51A sua mãe nunca saiu daqui.
19:53Se chamava Antônia e era linda.
19:55E tinha o queixo voluntarioso como seu.
19:59Pelo jeito, você sabe de muita coisa.
20:04Vem comigo que eu vou te levar a conhecer o lugar.
20:06Pronto.
20:15Está tudo aí, Vidinha.
20:17Eu só não comprei açúcar.
20:19O mais importante?
20:21O dinheiro não deu.
20:23Culpa dessa carestia?
20:25Escuta, Vidinha.
20:26E a patroa?
20:27Saiu.
20:28Não interessa.
20:29Você é curioso demais pro meu gosto.
20:32Eu, hein?
20:34Eu vou trabalhar.
20:46Chegamos.
20:47É aqui.
20:48Que lugar é esse?
20:51Não reconhece esse lugar?
20:55A casa que havia aqui foi demolida e não restou pedra sobre pedra.
20:59Por quê?
21:02Porque essa era a casa do seu pai.
21:05Do seu verdadeiro pai.
21:08O Tiradentes.
21:08Você nasceu aqui, Joaquina.
21:14A casa que havia aqui foi queimada.
21:17O que restou demolido.
21:20E o terreno foi salgado pra que nada mais nascesse aqui.
21:23A casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada para que nunca mais no chão se edifique.
21:46E no mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu.
21:57Réu infame.
21:59E seus filhos e netos.
22:03Eu.
22:08A casa do meu pai.
22:16A casa do meu pai.

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