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  • 27/05/2025
Teobaldo leva Eulália e Lucia Helena para casa. Artêmio acha uma pedra preciosa, quando chega desacordado deixa a pedra cair e Altiva pega. Pitágoras é demitido pelo presidente.

Categoria

😹
Diversão
Transcrição
00:00Não dá para chegar em casa. Vamos procurar abrigo em algum lugar. Vem!
00:04Vamos à igreja. Vamos tentar ir à igreja.
00:06Vamos ver se a igreja está aberta. Vem cá!
00:13Pô, minha porta está fechada.
00:14Não vai abrir, meu filho.
00:20Não vai abrir, meu filho.
00:22Não vai abrir, meu filho.
00:24Não vai abrir, meu filho.
00:26Não vai abrir, meu filho.
00:28Não vai abrir, meu filho.
00:38Sabe quem é, minha mãe?
00:46É meu pai.
00:50É meu pai, sim.
00:58Não vai abrir, meu filho.
01:20Não vai abrir, meu filho.
01:22Não vai abrir, meu filho.
01:24Não vai abrir, meu filho.
01:30Bote a minha filha no chão.
01:32Bote a minha filha no chão, não está me ouvindo?
01:34Não está me ouvindo.
01:36Bote a minha filha que estou mandando!
01:38A senhora pra luxo não é etiqueta, moço.
01:40Ninguém vai tirar minha filha de mim, não.
01:42Ninguém vai tirar minha filha de mim.
01:44Pare com isso. Eu não estou fazendo nada de mal para a menina.
01:46Eu só estou querendo ajudar.
01:48Se vocês continuarem no meio dessa vendania, vão acabar morrendo.
01:50É melhor a senhora vir também.
01:52Está tudo fechado aqui!
01:53Papai, olha!
01:55Tem uma porta aberta!
01:56Como é que só sabe?
01:58Não está escutando bater?
02:02Vem! Vem!
02:12Senhor, já chegaram.
02:14Nem sinal.
02:16Estou aqui rezando, me pegando com Santa Margarida de Escócia...
02:19para que nada de ruim aconteça.
02:21Mas no meio dessa ventania arretada, as duas podem estar até mortas.
02:25Ai, me deixa bater na boca.
02:27Isi, Florencia, não se preocupe não.
02:30Vaso ruim não quebra, viu?
02:32Me preocupo sim.
02:34Não sou feita certa as pessoas que tem coração de pedra e não liga pra ninguém.
02:37É de mim que está falando, é?
02:39A carapuça bem que lhe serve.
02:41Serve não, viu?
02:42Pois eu disse aquelas duas que ficassem em casa.
02:44Oxente, saltiva!
02:46A senhora proibiu.
02:47Foi elas de ir à festa, coisa então.
02:49Você me obedecido.
02:50Se aconteceu alguma coisa com a menina Helena e a Olália...
02:54a culpa é toda sua.
02:56Fez questão de esconder de seu marido que as duas tinham saído.
03:00Doutor Pedro Afonso tinha um assunto da maior importância...
03:02pra conversar com o doutor Pitágoras.
03:04Não podia perder tempo com as doidices da irmã.
03:06Derrive, viu?
03:07Vai dizer pra ele que as duas saíram?
03:10Fala, criatura, pelo amor de Deus.
03:12Não.
03:13Como dizem os ingleses, I will not.
03:16Então eu vou.
03:18Flores, saca.
03:21Eu não vou permitir que você aborreça o doutor Pedro Afonso com bobagens.
03:24Se eu tiver de aborrecer o doutor Pedro Afonso com bobagens...
03:28eu tenho muitas outras verdades pra contar pra ele, viu?
03:31Não está me ameaçando, é?
03:32Entenda como quiser.
03:34Flores, saca.
03:37Saltiva, oi bem.
03:44Já que faz tanta questão.
03:49Aqui é um imóvel menor.
03:51Será que tem alguém aí dentro?
03:52Acho que não. Está fechado faz tempo. Está abandonado.
04:19Elas estão na rua esse tempo todo?
04:22Sim, senhor. E no meio dessa ventania arretada?
04:25Goddamn. Por que não me disse antes, criatura?
04:29Tua mulher não deixou.
04:30Saltiva, você sabia.
04:33Eu não queria lhe aborrecer.
04:35Mas podia acontecer uma tragédia.
04:37Pedro Afonso.
04:39Oh, shake my God, é o Lalia saiu porque quis.
04:42Não tive a esconder isso de mim, minha irmã.
04:45Sim, Pedro Afonso, mas convenhamos.
04:47Você tem que ter aquela conversa seríssima com o doutor Pitágoras.
04:50Um assunto da maior importância.
04:52Eu não queria lhe atrapalhar.
04:54Pois eu já tive essa conversa.
04:56Esse assunto já está resolvido.
04:59Agora vá fazer sala para os convidados.
05:02Pedro Afonso, me diga onde é que você vai.
05:04Vou atrás de mim, irmã.
05:06Nós também vamos com o senhor, não é, delegado?
05:08Oh, fico assim.
05:09E não é nenhum favor que lhe faço, não, doutor Pedro.
05:11Essa é a minha função.
05:13Agora já imaginou o perigo que corre a dona Lalia
05:15mais menina nessa aventaria desgraçada, não?
05:18Porque lá fora está uma maior calamidade pública.
05:21Eu próprio bem que lhe disse para ativar a defesa civil.
05:24Mas, Raul, seu Richard, Raul, como é que eu posso ativar, me diga?
05:27Como é que eu posso ativar uma coisa que só existe no papel?
05:29Pega o homem.
05:30Raul, viva, fale com o ministro Pitágoras
05:32e vê que vou desculpar qualquer coisa.
05:34Pedro Afonso, stop!
05:44Me escute, homem de Deus.
05:46Ainda acho que nós devemos esperar um pouquinho mais.
05:48Nem pensar.
05:49O vento continua forte demais lá fora.
05:52Até parece uma peça de William Shakespeare
05:54montada por amadores.
05:56Reilia, a essa altura, tudo pode acontecer.
06:03Esse filho de inglês com cura e boca.
06:06Também com esse nome Richard da Silva.
06:09Eu tenho a minha irmã.
06:10Você vive de Quisila com o Richard, não?
06:13Mas desde Priscavera.
06:15Pior você que a riada nele até hoje.
06:17Você, que eu?
06:18Você, sim, sua alcoólatra.
06:20Você.
06:21Eu quero quase beber um pouquinho aí.
06:24Dona Ativa, eu vi o doutor Pedro Afonso saindo com os outros.
06:28Está acontecendo alguma coisa?
06:29Minha cunhada, pobrezinha, saiu por aí.
06:32Ninguém sabe para onde.
06:33Deve ter sido surpreendida pela vez que ela saiu.
06:36Imagina a minha aflição.
06:40Mas eu vou fazer uma promessa
06:42para a Santa Margarida da Escócia.
06:45Gente, outra?
06:46Eu vou.
06:47Mas a sua dívida com a santa já está ficando muito alta.
06:50Me atende, padre.
06:52Tenho certeza que vai terminar tudo all right.
06:56Florência, desde que eu cheguei, ainda não vi Artemio.
06:59Cadê ele?
07:01Dona Santina, eu não sei.
07:05Dona Santinha, tinha até me esquecido do desgramado desse menino, viu?
07:10Mas não é que Artemio também saiu?
07:35Agora sim, a senhora já pode sentar.
07:42Obrigada.
08:05A senhora disse que esse impório é do seu irmão?
08:11E está fechado por quê?
08:13Não sei lhe dizer o certo.
08:16Acho que os negócios não iam muito bem.
08:19Meu irmão vive mesmo é da usina.
08:22Esse impório era mais para servir os trabalhadores.
08:25Não, não, não.
08:27Não, não, não.
08:29Não, não, não.
08:31Não, não, não.
08:33Era para servir os trabalhadores.
08:36E seu irmão é usineiro?
08:38Ele é o dono da usina Monguaba.
08:41A senhora já ouviu falar, não é?
08:44É a primeira vez que passo por aqui.
08:49E seu marido?
08:51Meu pai está viajando.
08:58E o senhor, de onde é?
09:00Eu venho correndo do mundo faz tempo.
09:04Ia passando aqui perto quando me perdi.
09:06Minha mãe moça ainda não disse o nome dele.
09:08Helena.
09:10Desculpe.
09:14Esqueci de lhe apresentar.
09:18Teobaldo Farouk.
09:20É estrangeiro, é?
09:22Meu pai nasceu no Egito.
09:25As pirâmides, as finges, faraós.
09:29Eu estudei no colégio.
09:31Foi o país que mais gostei.
09:34Mas minha mãe é daqui.
09:39A menina eu já sei que se chama Helena.
09:43Bonito nome.
09:46E a senhora?
09:52Eulália.
09:55Eulália de Mendonça Albuquerque.
10:00Eu acho que já ouvi falar na família do seu marido.
10:04E a senhora?
10:07Eu não sei.
10:10Eu não sei.
10:12Eu não sei.
10:14Eu não sei.
10:16Eu não sei.
10:18Eu não sei.
10:20Eu não sei.
10:22Eu não sei.
10:24Eu não sei.
10:26Eu não sei.
10:28E a família do seu marido, sim?
10:31Mendonça Albuquerque é meu sobrenome de solteira.
10:36Pedro Afonso, meu irmão, é o chefe da família.
10:42Ele já deve estar preocupado.
10:45Na hora desta ele já deve saber que nós saímos, filha.
10:48Eu desculpo, minha mãe.
10:50Ah, meu amor.
10:52Como é que você podia imaginar que ia aventar?
10:56A única coisa ruim é que este vento ainda vai durar muito.
11:03Engano seu, dona Eulália.
11:07Este vento não vai soprar nem mais meia hora.
11:10Você fala com tanta certeza.
11:13Tempestade de areia?
11:16Eu entendo muito bem disso.
11:19Minha família já atravessou muitas como esta no deserto.
11:22O conhecimento está aqui.
11:26No meu sangue.
11:52Daqui a pouco vai passar, sim.
12:22VENCEDORES
12:53VENCEDORES
13:04Dona Eulália! Helena! Onde é que vocês estão?
13:13Dona Eulália! Helena! Onde é que vocês estão?
13:21A bicicleta está inteirinha.
13:24Isso significa que pelo menos aqui ela não sofreu nenhum acidente.
13:28Olha! Acho que a Helena ficou com medo do vento.
13:31Largou a bicicleta e saiu correndo daqui.
13:34E para onde é que ela foi, meu Deus do céu?
13:38Arramos até que descubra.
13:50Alguma notícia, Dona Altiva?
13:52Nada.
13:54De nada.
14:00Estou ficando cada vez mais aflita, doutor Pitágoras.
14:03A minha pobre cunhadinha por aí perdida.
14:07E o pior é que agora a nossa festa...
14:10Eu organizei tudo com tanto gosto para a Líria.
14:13E o pior é que agora a nossa festa...
14:15Eu organizei tudo com tanto gosto para a Líria.
14:18Eu organizei tudo com tanto gosto para a Líria.
14:21Era para ser uma big festa.
14:23Agora pronto. Todo mundo aí.
14:25Essa cara de velório.
14:27Foi nada disso que eu organizei.
14:32Eu ainda acho que a gente pode mudar esse clima aí.
14:36Assim? Mas como?
14:39Veja só a ideia que eu tive.
14:42É claro que todos que estão aqui presentes...
14:44vão querer encaminhar através de mim um pedido ao governo.
14:48Sim, porque afinal de contas, como Ministro da Agricultura...
14:50eu represento aqui em Grêmio Vida o governo federal, não é não?
14:53Assim, para isso não há a menor dúvida.
14:57Que tal se eu desse umas audiências?
15:02A rainha da Inglaterra faz isso uma vez por semana, sabia?
15:06Reúne os súbditos dela um de cada vez.
15:10Ouve os seus problemas, as suas aperreações.
15:14Seus dreams.
15:16Sim, dreams, sonhos.
15:19Wonderful.
15:21Não é não?
15:23Então, organize tudo.
15:26Transforme a sua casa na delegacia do Ministério da Agricultura em Grêmio Vida.
15:32Pois é, pra já.
15:35É diferente, não é, minha mãe?
15:43Olhe para ela, por favor. Olhe para ela, por favor.
15:57Diferente como, filha?
16:05Não sei não.
16:07Mas eu nunca tinha visto um homem assim feito ele.
16:11Ora, deve ser por causa do pano que ele usa na cabeça, lembra?
16:16Ele não falou que é filho de estrangeiro?
16:19É egípcio? Não foi isso que ele disse?
16:24Helena, pelo amor de Deus, pare de olhar para o homem desse jeito...
16:27que ele pode se ofender, vai?
16:31E Artemi? Será que ele conseguiu chegar em casa?
16:35Aposto que sim.
16:37Artemi está meio diferente, viu?
16:39Nem essa ventania pode com ele.
16:41Tomara que não.
16:57E Artemi, Florencia?
16:59Continua o mesmo.
17:01Rebelde feito um bicho do mato. Quase não fala.
17:04Sai cedo e só volta de tardinha.
17:07Conversar mesmo só com a Helena.
17:10Os dois vizes de coxicho pelos cantos, cheio de segredinho.
17:14E a Altiva? Trata ele bem?
17:17Sua irmã não pode ver nem sombra do menino que já começa a resmungar.
17:23Exilenta como dona Altiva, eu nunca vi.
17:26Mas Artemi não dá a menor importância para ela.
17:29Altiva nunca vai aceitar a presença desse menino aqui.
17:33E tinha outra saída, dona Santinha?
17:38Na época, pode ser que tivesse, Florencia.
17:44Mas eu não descobri.
17:57Quer dizer, doutor Filófilo, que o senhor está sugerindo
18:01que o governo federal inclua na ração diária
18:05da merenda escolar a rapadura?
18:08Exatamente.
18:10E que compre, por antecipação,
18:13toda a produção dos engenhos das usinas?
18:16Exatamente.
18:18E que compre, por antecipação,
18:21toda a produção dos engenhos das usinas?
18:24Que ideia maravilhosa é essa?
18:28Olha, não só vou aceitar a sua sugestão,
18:32como vou transformar isso tudo numa prioridade do governo.
18:36Sabe?
18:38Já tenho até o slogan.
18:41Um país se faz com homens, livros e muita rapadura.
18:47Ah, mas que beleza.
18:49Muito mágico.
18:51Agora, doutor Filófilo, chega aqui.
18:54Vou fazer o seguinte, doutor Filófilo.
18:57Espero que o senhor não se esqueça de mim,
19:00porque na próxima eleição,
19:02vai me dar já uma contribuiçãozinha,
19:05porque o político ainda está um caro, não é verdade?
19:08Sim.
19:09E pode deixar.
19:10Tá certo.
19:11Então, solou um passado.
19:16Passado.
19:19Passado.
19:20Muito obrigado.
19:22Então, agora, o próximo.
19:25O próximo.
19:27Com licença.
19:28Doutor Aniceto, que prazer.
19:31Seu ministro.
19:32Como vai?
19:33Que prazer.
19:34Se que dá.
19:35E nem me conte seus sonhos,
19:37porque aqui não vai ser essa história de tu bi ou não tu bi, não.
19:40Só vai ser atendido porque eu tô aqui.
19:44O doutor Pitágoras devia pensar duas vezes
19:47antes de fazer tanta promessa.
19:49Lá vai você, santinha.
19:51O jeito é o tipo.
19:52Ele nem foi efetivado ainda.
19:54Por enquanto é interino.
19:56Só tá ocupando o cargo
19:57porque era secretário-geral do ministério
19:59quando o ministro morreu.
20:00Agora o presidente da república
20:02tá, como sempre, viajando pro exterior.
20:04E é que garante que não vai botar outro no lugar quando voltar.
20:07O doutor Pitágoras é the right man in the right place
20:10e vai continuar no ministério da agricultura assim.
20:13E se depender dele,
20:15a usina Montgomery vai voltar a produzir
20:19toda a carga outra vez.
20:21Falar na usina?
20:22Artemio já tá trabalhando lá, é?
20:24Não entendo o que eu tô falando.
20:26Oxente, Altir, você nunca fala o nome do menino.
20:28É sempre dele, aqueles daí.
20:30Eu não gosto dele.
20:32Você sabia que ele também saiu?
20:34E que o pobrezinho tá, sabe-se lá onde agora,
20:36no meio dessa ventania?
20:38Sabia!
20:41Oxente, quem foi, criatura?
20:44Listen.
20:46O vento.
20:48Oição!
20:50O vento parou!
20:53The wind is gone!
20:55Gone with the wind!
21:05Agora é só calcular o prejuízo
21:07e contar os mortos e feridos.
21:09E achar a Dona Eulália mais a menina Helena Sanz
21:11e salvas pra graça de Deus.
21:16E a Santa Margarida Scorce?
21:18O que foi, doutor Pedro?
21:19Look!
21:22Será uma delas?
21:23Jesus Christ!
21:28E Artemio?
21:29Eu já sei qual foi a ocorrência.
21:31Ele tava passando por debaixo da árvore
21:33e o vento bateu no lugar e quebrou,
21:34caiu bem em cima da cabeça dele.
21:36Será que ele tá muito ferido, doutor Pedro?
21:38Vamos, senhor, alugar daqui.
21:39Cuidado!
21:41Cuidado, doutor Pedro.
21:42Cuidado, delegado.
21:49Não, não tem nada aparentemente machucado.
21:52Deve ter levado uma pancada e desmaiou.
21:55É, vamos levar o menino.
21:57Vamos levar com cuidado.
21:58Pega aí.
21:59Pega, delegado.
22:00Vou pegar aqui.
22:01Com cuidado, doutor Pedro.
22:02Cuidado.
22:03Isso.
22:06Não tem nada aparentemente machucado.
22:07Deve ter levado uma pancada e desmaiou.
22:08É, vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:09Cuidado, delegado.
22:10Vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:11Cuidado, delegado.
22:12Vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:13Cuidado, delegado.
22:14Vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:15Cuidado, delegado.
22:16Vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:17Cuidado, delegado.
22:18Vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:19Cuidado, delegado.
22:20Vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:21Cuidado, delegado.
22:22Vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:23Cuidado, delegado.
22:24Vamos levar com cuidado, doutor Pedro.
22:25Cuidado, delegado.
22:26Eu não disse que essa ventania ia passar?
22:46Se não fosse pelos estragos na cidade, ninguém ia dizer que uma tempestade de areia passou
22:49por aqui.
22:50Coitado do povo de Grimville.
22:55Nome esquisito pra uma cidade, né?
22:57É inglês, moço.
22:58Quer dizer Vila Verde.
23:00Os ingleses que batizaram Grimville com esse nome.
23:04Eles vieram construir a Great West, a antiga ferrovia.
23:08Gostaram tanto do clima que acabaram ficando por aqui.
23:11E sabe por que a Vila é verde?
23:13Por causa dos canaviais.
23:15Prejuízo.
23:16Foi grande, filha.
23:17O importante é que a senhora e sua filha estão bem.
23:21Graças ao senhor.
23:23O que é isso, dona?
23:25Eu não fiz nada de mais, eu só apareci na hora certa.
23:29Filha, agora que já está tudo bem, acho que já podemos voltar pra casa, né?
23:38Obrigada, viu?
23:42Mais uma vez.
23:44Mas eu não vou lhe deixar assim, dona.
23:49Desculpe, não entendi.
23:51De certa maneira eu me tornei responsável pelas duas.
23:55Agora eu vou acompanhar vocês até a porta de casa.
24:01Não há necessidade, não, moço.
24:03Já está tudo bem.
24:05Eu faço questão.
24:21Quer dizer então que o Padre quer um sino novo com a sua paróquia, né?
24:24Isso, de bom, viu?
24:26Nós temos um, mas o Badalo apodreceu.
24:31Vou falar com meu colega da parte de comércio e indústria,
24:34pra ele fazer essa doação pra senhora.
24:36Porque um sino sem Badalo é a mesma coisa que um ministério sem ministro, não é, Padre?
24:41Não, não, não.
24:42Não, não, não.
24:43Não, não, não.
24:44Não, não, não.
24:45Não, não, não.
24:46Não, não, não.
24:47Não, não, não.
24:48Não, não, não.
24:49Não, não, não.
24:51Vou aproveitar também pra lhe arranjar umas cestas básicas, uns tíquitos de refeição,
24:55pro senhor distribuir entre os carentes da sua paróquia.
24:59Ah, Doutor Pitágoras.
25:00Acompanhado de uns santinhos meus, porque na verdade a eleição está próxima.
25:05E o senhor sabe, quem sabe eu possa sair do Ministério da Agricultura
25:09direto pro governo estadual.
25:12Se Deus assim não quiser.
25:15Mas, Doutor Pitágoras, e a sua família? Por que não veio também?
25:19Cleonice já tá pra chegar, ela resolveu ficar no Rio de Janeiro pra fazer um shopping, né?
25:25Muito vaidoso, o padre sabe muito bem que minha mulher é, não é?
25:28Vaidosa, tomate.
25:31Agora Dorotinha, minha filha minorzinha, do mesmo jeitinho, sem tímida, pelos cantos.
25:38Agora mais velha, do mesmo jeito.
25:40Escarleta é um pitéu.
25:43Meu gênero Ipiranga é quem não se deu muito bem em Brasília.
25:50Engraçado, ele já foi acometido de uma doença que dá muito, né?
25:55Alergia ao cerrado.
25:57Provocado pelo clima seco.
26:01Tô até pensando em fazer meu gênero perfeito e grande.
26:04O que é que o padre acha?
26:07Bom, tudo é possível, a eleição é direta.
26:11E, afinal, o povo é quem decide, se seu Ipiranga conseguir sim eleger.
26:18Doutor Tágoras, padre Boninúvelho.
26:22O que foi, santinha?
26:23Imagina quem é que tá vindo aí.
26:26Ah, velhida, bem-vindo.
26:29Só porque a gente não fica em apé aguiada, já conheço a Eulália.
26:34Ela tava eravuguiteando por aí.
26:36Aldir, vá pelo amor de Deus.
26:38Até onde? Parece que já arranjou uma coisa.
26:42Quem será o senhor?
26:44Espero que seja meu eleitor.
26:46Ah, queridinha, graças a Deus.
26:51Minha querida, ainda bem salva.
26:55Onde foi que você arranjou esse aí, hein?
27:00Senhor Teobaldo Farouca?
27:02Minha cunhada Altiva.
27:05A gente tava perdida no meio da ventania, ele apareceu e nos salvou.
27:11Ah, é, bem na hora certa. Não fui eu lá, minha querida.
27:15E a Seu Teobaldo é do Egito?
27:17Não, meu pai era egípcio. Eu sou brasileiro como vocês.
27:20Então tem título de eleitor.
27:23O problema é que eu viajo muito.
27:25Tô sempre em trânsito.
27:27Nunca voltei.
27:32Bom, Dona Eulália, eu já trouxe vocês de volta.
27:35Agora eu posso ir?
27:36Seu Teobaldo, já que veio até aqui,
27:39antes de ir embora eu vou lhe apresentar meu irmão.
27:42Tenho certeza que ele também vai querer lhe agradecer a ajuda que nos deu.
27:45Ah, Pedro Afonso não está, não, querida.
27:48E essa aí, o desesperado por aí, atrás de duas doidas.
27:53Ele não deve te demorar, né, Altiva?
27:56Acho que o Seu Teobaldo pode esperar.
27:59É, eu não tô com pressa mesmo.
28:01Agora as senhoras vêm comigo.
28:03Vão tomar um belo de um banho, fazer uma merendinha e depois descansar.
28:08Vamos?
28:09Com licença.
28:13Me desculpe.
28:15Minhas apologias.
28:17Eu estou dando uma festa.
28:19É só para convidados.
28:22O senhor pode esperar meu marido aqui mesmo.
28:25Se quiser.
28:34Será um prazer esperar aqui.
28:36Obrigada.
28:37Será um prazer esperar aqui.
29:07Oh, meu Deus, Delilah.
29:21Você não podia ter feito isso.
29:23Saiba que você estragou tudo.
29:25Agora estragou a festa, estragou completamente tudo.
29:29Altiva, como é que eu pude imaginar...
29:31E como que não ia entender?
29:32Estragou completamente tudo.
29:34Altiva, como é que eu pude imaginar...
29:36E como que não ia imaginar?
29:38Eu lhe disse, eu própria lhe disse que ficasse em casa.
29:41Você deixou bem claro que não queria nos ver na praça na hora da festa.
29:44Eu deixei.
29:45Só que com a ventania, a festa veio para dentro de casa.
29:47Então fizemos bem, certo?
29:49Pare, pare.
29:50Está me deixando confusa.
29:51Tenho certeza que nunca vou conseguir lhe deixar assim.
29:54Pedro Afonso, agora que não chega, já não sei mais o que fazer, viu?
29:59Já fiz de tudo para distrair o doutor Pitágoras.
30:02Tenho certeza que fez de tudo mesmo.
30:04Olha que foice.
30:06Você hoje passou o dia inteiro em me explicação.
30:09Até agora eu tive muita paciência, mas se você...
30:11Altiva, se rir, hoje é tão autêntico que é leve trás, então não.
30:17O que foi agora?
30:18É Pedro Afonso e os outros, estão chegando aí.
30:30Não, não, não.
30:34Ele disse que foi coitado.
30:42Cuidado para ele não bater com a cabeça, doutor Pedro Afonso.
30:45Coitado de Afonso.
30:47Esse menino não dá sorte na vida, meu irmão.
30:50Aposto para ser a única vítima desse vendaval desgramado.
30:55Esse menino tirou uma carta ruim na vida.
31:00O que tem?
31:10Carta ruim?
31:20Cuidado, cuidado, calma, calma.
31:23Está meio desmaiadinho?
31:24Calma, calma.
31:25Está, está meio, está completamente desmaiado.
31:27Desmaiado, desmaiado.
31:32Martin morreu?
31:34Não, nem pense nisso, minha querida.
31:36Não, o senhor está desmaiado, Helena.
31:37Deve ter batido com a cabeça em alguma coisa.
31:40Peguem os sais.
31:44Até mesmo.
31:45Deve ter alguma coisa presa aqui na mão.
31:47Até mesmo.
31:53Ah, ele devia estar brincando com isso quando aconteceu o acontecimento.
31:56Deve ter um brilho esquisito, não tem não, Altiva?
31:59Deixe de lezer a santinha.
32:02É só uma pedra que ele achou por aí.
32:06Clorence, atenda o telefone.
32:08Está vendo que eu estou ocupada, não é?
32:10Que atribuimento é esse agora?
32:12Deixa que eu atendo.
32:13Deixa.
32:14O telefone é meu.
32:15Eu própria atendo.
32:19Olá?
32:21Altiva, sim.
32:24O que?
32:27O que?
32:32O que?
32:35Meu Deus!
32:37Não pode ser.
32:40Olhei.
32:41Olhei se isso fosse...
32:47É sério.
32:49Jure.
32:50Jure.
32:52Mas...
32:53Certo.
32:55Então, pelo que entendi, senhora Nath,
32:57o senhor quer que o governo financie o casamento da sua filha.
33:01Sim, por favor.
33:02Então, vou fazer o seguinte,
33:03vou falar com o meu colega da parte da cultura
33:06para ele arranjar uma verba.
33:08Sim, senhor.
33:09Seria ótimo.
33:10Agora, gostaria que o senhor não esquecesse
33:14uma retribuiçãozinha.
33:16Claro, senhor.
33:18Desculpe, senhor.
33:19Vamos, senhor ministro.
33:20Minhas apologias.
33:21Mas tem um telefonema importante para o senhor.
33:24Deve ser a minha mulher, Cleonice.
33:25Não sai do meu rato.
33:26Não é a sua esposa, senhor ministro.
33:29É o senhor presidente da república.
33:31O que?
33:33Mas como?
33:34Está chamando do estrangeiro.
33:36Nem sei como descobriu que o senhor está aqui na nossa casa.
33:39Diz que tem urgência ele falar.
33:41As suas ordens, excelência.
33:46Sei.
33:49Está bem, mas...
33:52Mas se vossa excelência quiser, eu posso até...
33:58Sei.
34:01Mas que estranho.
34:06Eu atendi, ele perguntou o meu nome.
34:09Eu disse altiva, yes.
34:11Já imaginou.
34:13Ele ainda falou.
34:14Como vai, minha senhora? Muito prazer.
34:17Sim, bem simples, Pedro Afonso.
34:19Sem luxo nenhum.
34:21Já pensou?
34:23Quem sabe o doutor Pitágoras, na próxima visita a Greenville,
34:27não traz ele aqui.
34:29Quando vai ter que ir?
34:31Desde que ele não apareça em tempo de ventania.
34:36Padre, o senhor pode até ficar de má vontade com o doutor Pitágoras,
34:40mas se o presidente da república em pessoa liga para ele lá do estrangeiro,
34:45então é porque o homem está prestigiado, sim.
34:50Eu tenho sérias dúvidas a esse respeito, seu delegado.
34:54A imprensa lá do sul do país caiu de pau no doutor Pitágoras
34:58por conta dessa viagem dele pra Greenville.
35:01O menos que disseram é que isso não passa de pura ostentação.
35:06Isso é inveja, Nossa Santíssima, é pura inveja.
35:09Seu delegado, eu peguei carona no voo, o senhor sabe.
35:12Os jornais estavam todos lá, eu chamei a atenção,
35:15mas o doutor Pitágoras não quis ler.
35:18Sim, senhor.
35:29E então, doutor Pitágoras?
35:32O que foi que o presidente falou?
35:35Podem cancelar a festa e ir embora pra casa.
35:42O presidente me demitiu.
36:13Que decepção.
36:15Mal assumiu o ministério, foi defenestrado.
36:20Mas quem se arrasou mesmo foi o doutor Pedro Afonso, não é?
36:23Gastou uma fortuna pra homenagear o doutor Pitágoras,
36:27e não, não vai ter nenhum retorno.
36:30Agora o reverendo diz que ele tá meio mal das pernas, é verdade?
36:33Bom, o Sinamongo ainda dá algum dinheiro,
36:36mas ele pede tudo o que ganha no cateado.
36:40É, delegado Montinha, do jeito que as coisas vão,
36:43eu acho que Gambili vai acabar mal.
36:57Otiva, você quer que eu mande seu Teobaldo ir embora?
37:00Quero, quero sim, você o viu muito bem.
37:03Mas eu não posso fazer isso.
37:05Eu pedi que ele esperasse Pedro Afonso chegar, o homem ficou lá até agora.
37:09Depois de tudo que aconteceu com o doutor Pitágoras, não seja cruel, Eulália.
37:13Seu irmão não tá mais em condições de receber ninguém, de falar com ninguém.
37:16É pedir demais dele.
37:18Se o que aquele forasteiro tá querendo é receber uma gurgê,
37:21só porque lhe trouxe de volta em casa,
37:23você vá lá e diga a ele que é pra aparecer uma outra hora,
37:26que é pra ele voltar depois.
37:29A senhora não vai fazer isso, né?
37:36Vamos falar com seu Teobaldo, filha.
37:38Ele vai entender.
37:45Tá achando que sou eu, mãe?
37:49Não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não.
37:54Tá achando que sumiu, mãe?
37:58Coitada, o homem cansou, ficou tanto esperar.
38:02Será que ele ainda volta, mãe?
38:04A gente vai ver se é o Teobaldo outra vez?
38:06Não, querida. Acho que não.
38:24Matemática
38:44Drigas palatianas, doutor Pedro Afonso!
38:48Foi isso que me derrubou!
38:50A Nauto Central tá cheia de víboras
38:53venenosas, viperinas, todas vindas lá do sul.
38:57Não podem admitir que um nordestino de boa sepa feito eu
39:00assuma um cargo de elevada importância no governo da república.
39:04Isso eles não podem admitir.
39:06E a imprensa?
39:08A imprensa é porta-voz desse bando de mucufa.
39:12Veja só o retrato cruel e desumano que fazem da minha pessoa.
39:17Imagina, só porque eu aluguei um mísero avião
39:21convidei duas centenas de pessoas para visitar a minha cidade.
39:25É claro que o ministério tinha que pagar.
39:27Era uma questão de honra.
39:29Por isso o seu ministro era eu.
39:32Ah, mas uma coisa, uma coisa eles não vão poder tirar da minha biografia.
39:38É que eu fui ministro da agricultura assim.
39:42É bem verdade, por um dia.
39:45Pelo menos uma semana, não é mais, mas foi.
39:48De hoje em diante, meu retrato vai estar lá na galeria do ministério
39:52para todo mundo ver.
39:58Doutor Pitágoras, não sei nem como lhe fazer essa pergunta,
40:04mas a necessidade me obriga.
40:07E quanto ao nosso empréstimo?
40:09Doutor Pedro Afonso, veja bem nas circunstâncias em que eu me encontro
40:14minhas apologias, mas eu nada mais posso fazer.
40:19Não dá.
40:23Explodir a usina.
40:25Botar fogo no canavial.
40:27Ah, Aldir, acho que é a única coisa que nos resta fazer.
40:31Good evening, Dr. Pedro Afonso.
40:33Good evening, Dr. Pedro Afonso.
40:35Good evening, Dr. Pedro Afonso.
40:37How can I help you?
40:39I've got a number of questions for you.
40:41I am not sure if you are the best person to answer them all,
40:46but with all due respect, I would like to respond to each of them.
40:51Mr. Afonso, do you have any questions for Dr. Pedro Afonso?
40:56If I may, I do have a question for you.
40:58Boa noite, doutor Pedro Afonso.
41:01Pensei que a dona Altiva não ia lhe deixar sair.
41:04Ela ficou muito abalada com essa história do doutor Pitaka.
41:11Mas olhe, não dava para ficar em casa.
41:15Hoje eu quero tentar novamente a minha sorte, sr. Richard.
41:20O dia ainda pode melhorar.
41:23E se isso acontecer...
41:26até na casa de campo eu vou.
41:29Quem sabe Ma Kenga não possa me consolar.
41:32Quem sabe?
41:34Aqui no British Club não deve aparecer ninguém, não é?
41:37Depois dessa ventania toda.
41:39Parceiro de jogo a gente sempre arranja.
41:42Alguém há de aparecer.
41:44Vamos entrando. Vamos preparar um drink.
41:47Espere, sr. Richard.
41:49O que foi, Luke?
41:52Não tem uma luz acesa no meu empório.
41:55Tem sim. E parece que a porta está aberta.
42:01Eu vou até lá.
42:25Quem é você, sr. Cabra?
42:27Doutor Pedro Afonso de Mendonça e Albuquerque.
42:31Como é que sabe meu nome?
42:34E o que é que está fazendo aqui?
42:38Me chamo Teobaldo.
42:41Teobaldo Farouk.
42:44Eu estive aqui no empório logo cedo.
42:46Sua irmã me trouxe.
42:48Ah, então é você.
42:51Me falaram tudo.
42:54E eu lhe agradeço muito por tudo que você fez.
42:58Mas o fato de ter salvo minha irmã e minha sobrinha...
43:01não lhe dá o direito de invadir a minha propriedade.
43:05Eu procurei pouso na cidade.
43:09Ninguém me ofereceu abrigo.
43:14Achei que não ia incomodar se ficasse aqui.
43:18Mas estou aqui não é um albergue.
43:21Está escrito, é um empório e está fechado.
43:25Mas sempre pode reabrir.
43:28Não é do meu interesse. Tenho mais o que fazer.
43:31E se alguém oferecer um arrendamento?
43:35Você?
43:38Eu gostei do clima de Gremville.
43:42Estou pensando em me abancar aqui, sim.
43:52O senhor...
43:55acredita em sorte?
44:03Alguma coisa me diz...
44:06que ela está começando a mudar.
44:09A minha ou a sua sorte?
44:13O doutor gosta de um carteado, não?
44:18Uma carta para cada um, que tal?
44:22Se eu ganhar, o senhor me arrenda o empório.
44:26Se eu perder, eu vou embora daqui agora mesmo.
44:48Rei de espadas.
44:52Parece que o empório vai continuar fechado.
45:17As de ouros.
45:23Eu alugo embora você.
46:18A CIDADE NO BRASIL
46:22A CIDADE NO BRASIL
46:27A CIDADE NO BRASIL
46:32A CIDADE NO BRASIL
46:37A CIDADE NO BRASIL

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