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O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, analisou os riscos do tarifaço de Donald Trump. Segundo ele, somos "insubstituíveis" para os americanos, já que o Brasil fornece 33% de todo o café consumido nos EUA. Por isso, Matos ressalta que as tarifas representam um "prejuízo para os dois lados".

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Transcrição
00:00Olha, pessoal, eu quero falar um pouquinho também desse tarifácio de Donald Trump, que por enquanto começa a valer a partir de 1º de agosto,
00:06há um certo desespero para a negociação que não tem avançado em várias correntes e a gente vai trazer mais informações para vocês ao longo do 3 em 1.
00:13Mas eu já quero falar um pouquinho do impacto para o setor do café.
00:17E eu recebo aqui o Marcos Matos, que é diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, o C-Café.
00:23Marcos, seja muito bem-vindo, é um prazer recebê-lo no nosso 3 em 1.
00:26Primeiro, eu gostaria que você contasse à nossa audiência, o café brasileiro, ele representa quanto das exportações para os Estados Unidos
00:36e o quanto essa decisão impacta esse setor que é tão relevante aqui no país e para o mundo.
00:43Bem-vindo.
00:45Olá, Evandro. Olá a todos. Que satisfação estar com vocês. Muito obrigado pelo espaço para o C-Café.
00:51Sem dúvida nenhuma, nós somos insubstituíveis para os Estados Unidos e Estados Unidos também é insubstituível para o Brasil.
00:57O Brasil, como o maior produtor, o maior exportador e segundo o maior consumidor da bebida, exportou para os Estados Unidos cerca de 17% de todas as nossas exportações.
01:06Foram 8,1 milhões de sacas nos últimos 12 meses, com 2 bilhões de dólares na receita.
01:12E o nosso café no mercado americano, que é o maior consumidor global da bebida,
01:16o nosso café representa 33% do market share por lá.
01:21Lembrando que o mundo do café nos Estados Unidos representa 1,2% do PIB norte-americano.
01:272,2 milhões de empregos, 343 bilhões de dólares.
01:30Cada um dólar que os Estados Unidos importam de café, ele agrega 43% na economia.
01:35Agora, Marcos, você chegou a participar da reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin?
01:39Participamos do C-Café, foi nosso presidente Márcio e eu como diretor executivo.
01:46Acompanhamos as discussões com os ministros e também acompanhamos as discussões lá nos Estados Unidos com os nossos parceiros do café,
01:52que é a National Coffee Association e as empresas.
01:54E me diga uma coisa, você saiu otimista ou pessimista desse bate-papo?
01:58Olha, nós saímos, digamos, com muitas preocupações, muitas preocupações pela dificuldade de se estabelecer diálogo.
02:09Então, eu diria o seguinte, ouvir, discutir é muito importante e esse trabalho foi feito.
02:14Mas estamos vendo quão difícil é dar de fato início ao debate, início à negociação.
02:20Ali nós temos dificuldades em todas as partes.
02:23Da nossa parte, com às vezes a comunicação que não é adequada e também uma dificuldade de acesso lá nos Estados Unidos.
02:29Então, entendemos que agora é a hora de baixar as tensões e se por um momento a gente entende que lá nos Estados Unidos
02:36existe uma boa percepção sobre produtos que são essenciais, recursos naturais não disponíveis para os Estados Unidos serem em lista de exceção,
02:43ótimo para nós.
02:45E a gente entende que o Brasil tem que correr o máximo possível antes de 1º de agosto
02:49e é bem provável que depois de 1º de agosto, sob pressão, também vamos continuar com esse clima de negociação.
02:55Esse seu depoimento é muito importante.
02:56Marcos, eu vou abrir aqui um espaço para o nosso comentarista Alangani.
02:59Marcos, boa tarde.
03:01Caso permaneça a tarifa de 50%, existe algum tipo de alternativa, ou seja, o Brasil exportar o café para outro país?
03:10Teria essa demanda?
03:12Ou mesmo vender internamente?
03:14Ou não?
03:15Não há essa demanda e seria prejuízo para o setor?
03:19Olha, Alang, de fato, são países que são insubstituíveis.
03:23Claro que nós exportamos para cerca de 150 países nos últimos anos.
03:27As taxas de crescimento do consumo é muito maior nos países asiáticos,
03:31temos aqui China, Índia, Hidonésia, países árabes, Oceania, tudo isso é uma realidade.
03:37Mas é óbvio que vai ter um impacto muito grande no mercado global,
03:40vai impactar os preços e a inflação junto aos consumidores, principalmente os consumidores norte-americanos.
03:45Por quê?
03:46Os níveis de estoque são os mais baixos desde os anos 90.
03:49Então nós temos um consumo global muito pujante.
03:53E esse ruído que se gera nos Estados Unidos impacta todo o mercado.
03:58Lembrando que hoje a União Europeia anunciou uma retaliação para os Estados Unidos.
04:02Só a China tinha se levantado nessa linha da retaliação.
04:07E é algo que a gente aqui tem muito receio e muito cuidado, espero que não aconteça.
04:10Mas a União Europeia se levantou e retaliau em 30% o café solúvel e outros cafés que vêm dos Estados Unidos para a União Europeia.
04:17Então veja, a gente está entrando num jogo de xadrez que a estratégia tem que ficar cada vez mais sofisticada.
04:23Com silêncio, mas com muita estratégia.
04:26Fala, Fábio Piperno.
04:27Boa tarde então, Marcos.
04:28Acho que você realmente dá informações bastante importantes,
04:31porque se o café americano recebe uma taxação agora como forma de retaliação para entrar no mercado europeu,
04:42é óbvio também que os exportadores americanos vão precisar também encontrar café no mercado
04:52por preços mais convidativos para poder lá na Europa não perder esse mercado também.
04:58Então, até por conta disso, o produto brasileiro também passa a ser fundamental nessa engrenagem toda.
05:05Então, é isso que eu queria saber de você.
05:07Veja, esse é um ano em que a produção mundial apresentou queda,
05:15e o que fez os preços, inclusive, dispararem.
05:20E o Brasil, inclusive, está ampliando os seus mercados.
05:24Vocês acompanharam o presidente Lula em várias viagens.
05:27E aí eu gostaria de saber o seguinte, se lá nos Estados Unidos, Marcos,
05:32a elevação de preços também foi semelhante àquela ocorrida aqui no Brasil e em outros mercados.
05:41E se, em caso não tendo ocorrido tanto aumento, tanta variação dos preços,
05:46se ainda haveria margem, então, para incluir essas tarifas
05:50e mesmo assim o produto ser competitivo no mercado americano.
05:53Excelente, Fábio.
05:56Aliás, que debate maravilhoso.
05:58Estava sentindo falta em participar de algo tão especial para mim.
06:02Agradeço demais.
06:03Bom, vamos lá.
06:04Na Bolsa de Nova Iorque, que rege...
06:07Na hora que ele mais estava aproveitando aqui a nossa entrevista.
06:14Vamos tentar, então, conectar novamente com ele.
06:18E aí a gente traz essa resposta aí do Fábio Piperno.
06:21Mas, enquanto isso, vamos debater um pouquinho desses impactos
06:23que podem ser trazidos não só para o café,
06:25mas nós já contamos também os impactos que poderão acontecer para o setor de carne.
06:29Há uma preocupação geral sobre o quanto isso pode mexer com os preços aqui no país
06:34e com as negociações.
06:36E o que me chamou a atenção na fala do Marcos, Bruno Musa,
06:39é a dificuldade que eles têm de ver uma luz no fim do túnel.
06:43Eles entram e saem das reuniões preocupados.
06:46Ou seja, sem vislumbrar uma solução que atenda o setor minimamente.
06:51Se duvida.
06:52Veja, porque o que a gente vem falando aqui, o buraco é mais embaixo.
06:56Há pouco, antes da gente entrar aqui, eu estava lendo uma matéria
06:59em que, eu não sei se vocês chegaram a ver, os Estados Unidos autorizaram novamente
07:03que a Chevron voltasse a explorar petróleo na Venezuela.
07:07Que os royalties ajudam o regime do Maduro.
07:11E ele também vem fazendo acordos, por exemplo, com o Vietnã, que é um país comunista.
07:14Então, veja que o buraco é mais embaixo.
07:17Não tem a ver única e exclusivamente com a ideologia do governo brasileiro.
07:20O buraco é verdadeiramente mais embaixo, como nós falamos aqui.
07:24E também, só um dado interessante que eu estava pesquisando,
07:27não é do café, mas dá para a gente fazer uma sinergia com o suco de laranja.
07:30Que ontem, até o Zé Maria trouxe dados importantes.
07:33Veja, de tudo que é consumido nos Estados Unidos, de suco de frutas,
07:37não só de laranja, de suco de frutas no geral,
07:40o suco de laranja representa 12%.
07:43Ou seja, não é algo tão grande, sem que você tem todas as outras frutas.
07:48Desses 12%, por volta de 70%, é laranja que vem do Brasil.
07:52É muita coisa.
07:53Sim, mas 70% de 12%.
07:56Ou seja, do total que é consumido de suco nos Estados Unidos,
07:59ou variáveis das frutas, desse 70%, dá 8,5% mais ou menos do Brasil.
08:05Se tiver uma inflação em cima de 8,5% dos produtos,
08:09é muito menor o impacto do que nós,
08:12que dependemos 56% da exportação de laranja para os Estados Unidos.
08:16Percebe como o impacto em números é muito mais relevante?
08:20O prejuízo que nós podemos ter do que eles?
08:23Então, isso pode, de repente, pode servir para o café, para a carne.
08:26As formas deles encontrarem os produtos que nós exportamos,
08:30é muito mais fácil do que nós encontrarmos a dependência que nós temos nos Estados Unidos.
08:34Rapidamente, Piperno, que o nosso entrevistado já se conectou.
08:37Diga.
08:37Mas até eu ia pegar exatamente uma carona em uma resposta que ele deu.
08:43Então, cada dólar de café que o Brasil exporta,
08:46isso significa mais de 40 na economia americana.
08:51Então, é evidente que o prejuízo para o setor aqui no Brasil seria imenso.
08:56Mas o prejuízo também para o comerciante americano e para o exportador americano
09:02seria ainda mais relevante.
09:04Marcos, vamos lá, está conectado conosco novamente o Marcos Matos,
09:07diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil.
09:11Pode continuar, pode responder aqui ao questionamento do Piperno.
09:15Perfeito.
09:16Eu acho que esse questionamento é muito oportuno,
09:17porque a Bolsa de Nova Iorque regula os preços internacionais de café arábica,
09:21de Londres, do Robusta.
09:23Nós tivemos preços recordes até maio,
09:26o dobro da média histórica,
09:27fomos para cima de 4 dólares por cento de libra-peso.
09:29Agora está em 2,80, porque entrou a safra do Brasil,
09:33estamos colhendo menos ou mais baixa,
09:35estamos colhendo, aumenta a oferta.
09:37E o SDA previu uma safra maior para a Ásia,
09:41bem como uma possibilidade de safra recorde do Brasil em 2026.
09:44A gente consegue as situações, obviamente não ainda certas,
09:48para se ter uma nova safra recorde.
09:50Ou seja, o consumidor americano,
09:52ele viu o café acima de 4,
09:54e o mercado inflacionário viu o mercado acima de 4 na Bolsa.
09:58Agora está em 2,80.
09:59Ou seja, ainda pode sim ter espaços,
10:02mas encarecendo.
10:04E mais que isso, não há oferta nesse momento.
10:07E mesmo a oferta que nós temos na Ásia são cafés robustas.
10:10E 82% de tudo que nós exportamos para os Estados Unidos é café arábica.
10:14Então veja, nós temos o corpo do café brasileiro,
10:17que é o único, o sabor, a doçura,
10:19que muitas vezes está preparado para ser feito doentes com os cafés dos centro-americanos.
10:24Então nós temos, no caso do café, características peculiares de paladar.
10:29Nós não temos essa disponibilidade no mundo,
10:31muito menos as qualidades do café do Brasil.
10:34Então não se vai reindustrializar os Estados Unidos
10:37colocando taxas sobre o café ou a laranja,
10:39como um exemplo aqui perfeito que foi dado, né?
10:42Mas ajuda eles a agregarem valor e gera empregos,
10:46e gera riqueza em seu país.
10:48Então é prejuízo muito forte para os dois lados.
10:50E no caso do café tem essa particularidade
10:52de estarmos nos menores níveis de estoques globais no momento.
10:55Marcos, você já tem alguma avaliação
10:57sobre o quanto isso poderia prejudicar
10:59o mercado de trabalho voltado para o setor aqui no país?
11:05Por hora, é difícil fazer essas previsões.
11:08Os impactos vão ser muito grandes, né?
11:10Pelo ser insubstituível.
11:12A gente ainda entende que,
11:14dadas essas características de mercado
11:15e o sentimento que os nossos parceiros trazem de Washington,
11:19conversando com secretariados, com a Casa Branca,
11:21porque grandes empresas e grandes associações
11:23hoje fazem o trabalho.
11:24É que existe esse entendimento dos impactos econômicos.
11:28Então a gente ainda tem essa esperança
11:29de que certos produtos podem ser exceção,
11:32e nós, como Brasil, fazendo o dever de casa
11:34e agindo com inteligência e estratégia,
11:37assim esperamos,
11:38a gente possa ter, nem que seja após 1º de agosto,
11:41um espaço para diálogo, que hoje não existe.
11:43Então entendemos que o cálculo nesse momento
11:47ele é muito difícil de ser feito.
11:49Marcos, só para a gente finalizar,
11:51o IPCA 15 mostrou que o preço do café
11:54caiu pela primeira vez para os brasileiros
11:56em um ano e meio.
11:58A que se deve essa queda
12:00e como você explica esse movimento apontado pelo IPCA?
12:04Isso é esperado, Evandro,
12:09porque nós vimos a entrada da safra do Brasil.
12:11Mesmo que ela não seja recorde,
12:13ela é mais baixa que a safra 24,
12:15o arábico é menor,
12:16mas o Conilon e os nossos canéferos robusta
12:18é uma safra maior.
12:20Somando os dois,
12:21a gente fica um pouco abaixo de 24,
12:23mas ela efetivamente entrou no mercado,
12:25mais de 60% já foi colhido.
12:27E a gente ainda tem as previsões que o USDA fez
12:30de recuperação dos níveis de safra no Vietnã,
12:33por exemplo,
12:33a atingir a partir de novembro 30 milhões de sacas.
12:36E o mercado já está de olho
12:38na safra 2026 do Brasil,
12:40que pode ser recorde.
12:41Então, a gente tem uma pressão sobre os preços.
12:43Porém, os preços que a gente tem na Bolsa
12:46é mais do dobro da média dos últimos anos.
12:49Ainda os preços são competitivos,
12:51são remuneratórios,
12:52mas obviamente nós não estamos falando mais
12:54dos picos que nós tivemos até maio,
12:57que era praticamente acima de 4 dólares,
12:59quase o dobro que a gente tem hoje.
13:01Marcos Matos, obrigado por conversar conosco
13:03aqui nessa edição do 3 em 1.
13:04Se tiver novidades ou novas tratativas,
13:07espaço está aberto para vocês aqui.
13:09Até a próxima.
13:12Nós te agradecemos.
13:13Muito obrigado pela oportunidade.
13:15Um grande abraço. Até mais.

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