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Em entrevista ao 3 em 1, o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Pollo de Mello Lopes, avalia o impacto do tarifaço de Donald Trump (Partido Republicano-EUA) na economia brasileira. Setores como aço, petróleo e carnes serão os mais prejudicados, com a medida podendo inviabilizar exportações e causar perdas bilionárias.

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Transcrição
00:00Agora a gente volta a falar sobre a polêmica dessa semana, a medida imposta por Donald Trump pode impactar em diversos setores da economia,
00:09inclusive a siderurgia pode ser um dos setores mais prejudicados.
00:13Sobre isso, nós vamos conversar agora com o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Melo Lopes.
00:20Seja bem-vindo aqui a Jovem Pan, é um prazer te receber.
00:22Eu já quero te perguntar como é que vocês estão acompanhando esta crise gerada a partir do anúncio de Donald Trump de taxação de 50%,
00:32como o mercado do aço está acompanhando isso?
00:36Boa tarde, Nelson.
00:37Olha, o setor aço vem tendo um tratamento anterior à chamada reciprocidade tarifária.
00:45O aço já a partir de março recebeu a elevação da alíquota para 25%.
00:51Em junho, essa tarifa foi elevada para 50%.
00:55E, em paralelo, o Trump, no chamado Dia da Liberdade, para o mundo inteiro estabeleceu as chamadas tarifas recíprocas.
01:06E o Brasil, naquele momento, recebeu a tarifa de 10%.
01:10Anteontem, o que se viu foi a tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros,
01:15mas o aço já tinha sido, vamos dizer assim, contemplado com essa tarifa de 50%.
01:21E a grande dúvida nossa é se essa nova tarifa seria acumulativa ou não.
01:26O nosso entendimento, ainda que a gente não tenha recebido uma confirmação oficial do governo brasileiro,
01:32mas o nosso entendimento é que a tarifa não é acumulativa.
01:34Então, a nossa situação permanece como estava antes, com 50%,
01:38e todos os demais produtos brasileiros agora também com 50%.
01:43Quer dizer, presidente, então, há possibilidade, se isso não se esclarecer rapidamente,
01:48há uma possibilidade até de uma taxação de 100%, seria isso?
01:51Os 50% que já existem, mais o anúncio feito por Trump?
01:55Explica para a gente.
01:55É, Nelson, deixa eu te dizer, o sistema que vem sendo, vamos dizer assim,
02:02a base do tratamento para o aço, para o mundo inteiro, não só para o Brasil,
02:06ele é regido por um provisionamento legal nos Estados Unidos chamado Sessão 232.
02:11E a chamada reciprocidade tarifária é regida pelo Emergency Act.
02:16São dois instrumentos diferentes.
02:18Então, o nosso entendimento do Aço Brasil, o meu pessoal,
02:22é de que essa tarifa, ela não é cumulativa.
02:26É interessante a gente transmitir aos telespectadores,
02:29em 2018, o mesmo presidente Trump, de uma maneira surpreendente,
02:34taxou o aço para o mundo inteiro em 25%.
02:37Aquilo foi uma surpresa gigantesca naquele momento.
02:40E aí o Brasil resolveu estabelecer um sistema negocial com os americanos,
02:44eu participei diretamente desse processo, reuniões duras, difíceis,
02:49mas que nós conseguimos, ao final de dois meses, celebrar um acordo.
02:53Um acordo que estabelecia um sistema de cotas para as exportações americanas.
02:583,5 milhões de toneladas para os produtos semi-acabados
03:02e 670 mil toneladas para produtos acabados.
03:08Por que é importante a gente voltar a 2018?
03:10Porque esses semi-acabados, Nelson, são as chamadas placas
03:14que são utilizadas pela própria indústria siderúrgica americana.
03:18Eles não têm autossuficiência nessa matéria-prima estratégica
03:21e precisam da importação.
03:23Só para dar uma ideia para os nossos telespectadores,
03:25o ano passado importaram 5,6 milhões de toneladas.
03:29Então, as nossas exportações são estratégicas e complementares
03:33para os Estados Unidos, razão pela qual celebramos um acordo
03:36que vigiu durante seis anos.
03:39Um acordo bom para a indústria siderúrgica brasileira
03:41e bom para a indústria siderúrgica americana.
03:43Além disso, nós compramos dos americanos também
03:46alguma coisa em torno de 1,4 bilhão de dólares
03:50de carvão metalúrgico.
03:52No Brasil, todo mundo pensa que tem carvão em abundância
03:55e tem carvão em Santa Catarina,
03:57mas não é um carvão metalúrgico,
03:59não é um carvão coqueificável,
04:01porque tem um teor de cinza e enxofre muito grande.
04:04Então, nós somos hoje o segundo maior comprador de carvão
04:09nos Estados Unidos.
04:10As condições de 2018 são as mesmas de agora,
04:14quer dizer, a necessidade americana de placas
04:16não deixou de existir da noite por dia,
04:19razão pela qual a gente vinha desde março,
04:22o governo brasileiro, a nossa diplomacia sempre muito eficiente,
04:26vínhamos tentando reestabelecer o acordo de cotas.
04:30Esse estressamento político do momento,
04:33com essa tarifação de 50% para todos os produtos brasileiros,
04:38na nossa visão, vai acabar por prejudicar aquele acordo,
04:42acordo não, a negociação que vinha sendo bem desenvolvida até então.
04:47Sobre isso ficou bem claro?
04:48Eu gostaria agora de levar a nossa conversa
04:51para os impactos aqui no Brasil,
04:53principalmente em relação ao preço do aço no Brasil.
04:56Como é que vocês estão projetando aí esta questão?
05:01Nelson, toda vez que a gente fala em comércio internacional,
05:05a gente sempre tem duas vertentes,
05:08acesso ao mercado de um lado e defesa comercial do outro.
05:11Nesse momento, todo mundo só está falando no acesso ao mercado,
05:14porque o assunto mais presente é exatamente a questão
05:18do acesso ao mercado americano.
05:20Mas a defesa comercial, ela é vital.
05:23Então, só para dar uma ideia a todos,
05:25existe hoje no mundo um excesso de capacidade instalada
05:29da ordem de 620 milhões de toneladas.
05:33A nossa capacidade no Brasil é de 51 milhões de toneladas.
05:36Só para dar uma ideia do que representa esse excesso
05:39de capacidade que leva a práticas predatórias,
05:42a escaladas protecionistas.
05:44E no Brasil especificamente,
05:46só nesses primeiros seis meses de 2025,
05:50nós tivemos um aumento das importações de 40%.
05:54Nós estamos estimando importações esse ano
05:57da ordem de 6,4 milhões de toneladas,
06:00o que representa 31% do nosso mercado,
06:03o que é inaceitável.
06:05É impensável você ter um volume de importações
06:08com o importo penetrante da ordem de 22%,
06:11quando historicamente sempre foi 9%, 10%.
06:14Eu estou trazendo essas informações, Nelson,
06:16para falar a respeito do preço.
06:18A exportação para lá, para os Estados Unidos,
06:21por conta da necessidade americana,
06:23ela se mantém.
06:24Nós continuamos exportando a mesma coisa
06:26e o preço eventualmente sofreu uma queda,
06:29porque tem aí a competição do Sudeste Asiático.
06:32No que diz respeito às nossas importações,
06:37com o chinês fundamentalmente abaixando o preço,
06:41se você tem um sistema cota-tarifa
06:44estabelecido pelo governo brasileiro,
06:46os chineses vão e abaixam o preço.
06:47A competição não é contra uma empresa chinesa,
06:50é contra o Estado chinês,
06:52a política de agredir e de acessar mercados
06:55ao redor do mundo.
06:59Então, isso faz com que você tenha,
07:01na verdade, uma redução de preço
07:03bastante significativa no nosso mercado interno.
07:06Perfeito.
07:06Presidente, nós temos mais um minutinho.
07:08Dá tempo de mais uma pergunta.
07:09Quem vai te fazer é o Fábio Piper.
07:11Bom, presidente, boa tarde.
07:13A gente sabe, presidente,
07:14que a Índia, por exemplo,
07:18é o país de um dos maiores empresários do mundo
07:22nesse setor, a família Mittal.
07:26E aí, presidente, eu gostaria de saber do senhor
07:28duas coisas.
07:29Primeiro, a Índia também, de alguma forma,
07:34vai receber essa mesma taxação
07:38que foi anunciada contra o produto brasileiro.
07:41E segundo, o senhor acredita que essa ação do governo americano,
07:47ela tem um sentido mais econômico ou mais político?
07:53Olha, eu diria o seguinte, Fábio, a parte referente à Índia,
08:02o estabelecimento desses 50% vale para o mundo inteiro,
08:06exceção feita ao Reino Unido,
08:09que os americanos abriram uma exceção
08:11estabelecendo um sistema chamado soft quarter.
08:14Eles vão definir uma cota que ainda não foi estabelecida,
08:18nós estamos aguardando,
08:20e uma vez atingida essa cota,
08:22o importador passa a pagar 50%.
08:24Então, o mundo inteiro está dentro do mesmo patamar,
08:28com 50%, o que a gente costuma dizer
08:30que é o level play field.
08:32Todo mundo no mesmo plano,
08:33mesmo grau de competitividade,
08:35exceção feita aqui,
08:37especificamente ao que seria o Reino Unido.
08:42A segunda pergunta, Piperno, que você colocou?
08:48Fábio, a segunda parte da sua pergunta.
08:55Não ouvi, Fábio.
08:57Então, se o senhor acredita que essa nova taxação...
09:01A política, se seria a política...
09:03Não, olha, não tenho nenhuma dúvida
09:06que a decisão do presidente Trump
09:09foi uma decisão essencialmente política,
09:11até porque, se você olhar sobre a ótica Brasil-Estados Unidos,
09:14de forma recorrente, os americanos
09:17vem tendo superávit na balança com o Brasil.
09:20Não estou falando do aço, estou falando da balança global.
09:22Informação que a gente tem nos últimos cinco anos
09:25acumulando superávit na hora de seis, seis bilhões,
09:28alguma coisa em torno disso.
09:29Então, na nossa avaliação,
09:32a decisão foi tomada não olhando especificamente
09:35aquilo que vem sendo alegado pelo governo americano,
09:37de que precisa inverter a situação de déficit
09:41com os demais países.
09:42não é o caso do Brasil,
09:44que, de novo, são superávitáveis.
09:46Então, no nosso entendimento,
09:48a decisão foi essencialmente política.
09:50Perfeito.
09:51Quero agradecer demais aqui a participação conosco
09:53do presidente executivo do Instituto Aço Brasil,
09:56Marco Polo de Melo Lopes,
09:58nos ajudando a entender melhor
09:59da visão agora do mercado do aço,
10:01toda essa situação aí
10:02que vive o Brasil e os Estados Unidos
10:05a respeito da taxação anunciada por Donald Trump.
10:08Presidente, muito obrigado pela sua participação.
10:09Boa tarde a todos.

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