Um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta um prejuízo de até 6 bilhões de dólares para o agronegócio com as novas tarifas de Donald Trump. A projeção calcula o impacto para o setor caso as medidas entrem em vigor em 1º de agosto.
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00:00Vamos falar um pouquinho agora das consequências para o agronegócio brasileiro com essa tarifação de Trump que deve começar no 1º de agosto,
00:06porque a Confederação Nacional da Agricultura fez um levantamento e eu vou conversar com o Matheus Dias, que vai trazer as informações pra gente ao vivo agora.
00:14O que que aponta a Confederação? Hein, Matheus? Bem-vindo, conta aí.
00:21Oi, Vandro, boa tarde pra você, boa tarde a quem nos acompanha.
00:24Então, a Confederação está com um olhar bastante pessimista caso esse tarifácio entre em vigor.
00:28Eles apontaram hoje que se os 50% realmente passarem a valer a partir do dia 1º de agosto,
00:35o Brasil pode ter uma queda brusca nas exportações, gerando um prejuízo de 5,8 bilhões de dólares em referente ao que foi exportado em 2024.
00:45Isso aí é em torno de uma queda de 48% nas exportações, principalmente no suco de laranja, viu, Evandro?
00:52O suco de laranja vai ser zerado, não será mais exportado para os Estados Unidos.
00:57Vamos pegar alguns detalhes aqui, então, para entender a importância disso.
01:01O suco de laranja hoje, no mundo, de 5 copos de suco de laranja consumidos, 3 vêm do Brasil.
01:08O Brasil é o maior produtor e exportador de suco de laranja e a América do Norte são os maiores consumidores.
01:14O Brasil vai parar de exportar para os Estados Unidos se o tarifácio entrar em vigor,
01:18porque não vai ter condição, o próprio presidente da Confederação Nacional dos Agricultores,
01:24ele disse que se o tarifácio for imposto realmente, o produto final também fica 50% mais caro.
01:30E não só no suco de laranja, na carne e no café também vão ser contabilizadas quedas.
01:35A carne uma queda de 47%, o café de 25% e também o açúcar com 74% de queda.
01:43O açúcar de cana, então, vai ter a segunda maior queda no ramo, depois do suco de laranja.
01:49Isso também influencia bastante no mercado norte-americano, né, Evandro?
01:53Até ainda mais agora, a gente puxa até para um detalhe, o Trump tentando mudar até a fórmula da Coca-Cola,
01:58usar agora açúcar de cana.
02:01A exportação do Brasil também vai diminuir bastante nesse meio, viu, Evandro?
02:04Exatamente.
02:05Matheus, obrigado pelas informações e um bom trabalho para você.
02:07O Bruno Musa, tem uma questão interessante que a Confederação Nacional da Agricultura aponta
02:12nesse documento que ela preparou sobre os impactos da tarifação de Trump a partir de 1º de agosto,
02:17que é a possibilidade de um aumento de tarifação de 50% impactar também, na mesma proporção, os preços finais.
02:25Você entende esse movimento e como ele aconteceria?
02:29Bom, vamos lá.
02:30A gente tem dois tipos básicos ali de inflação.
02:33Primeiro, a alta dos preços é normalmente uma consequência da desvalorização da moeda.
02:38Então, a inflação seria a própria moeda inflacionada.
02:40Nesse caso, nós estamos falando que são as tarifas.
02:43Então, o preço sobe por conta de tornar mais caro o produto.
02:48Então, ele acaba subindo na ponta final justamente por isso.
02:51Então, nesse ponto, é praticamente impossível, eu diria impossível,
02:56a gente estimar que ele sobe exatamente na mesma proporção,
02:59porque tem um efeito oferta e demanda.
03:01E após esse efeito oferta e demanda, vamos dizer o seguinte para ficar mais claro.
03:06Digamos que todo esse excedente produzido no Brasil, que não irá mais para os Estados Unidos,
03:11podemos dizer aqui, então nós vamos ter deflação, os preços caem.
03:14Num primeiro momento, pode ser.
03:16Só que os produtores ajustam essa produção para que você acabe produzindo menos,
03:21uma vez que, se a oferta excessiva, o preço cai, diminui a produção para igualar toda essa margem.
03:27Então, esse ajuste ao longo do processo da cadeia produtiva, ele vai alterando.
03:32Então, para mim, torna praticamente impossível você saber que ele vai subir exatamente na mesma proporção.
03:37Agora, quando se fala em prejuízos de quase 6 bilhões de reais, Gani, como é que você avalia?
03:42É muita coisa, né?
03:43E veja que isso é uma estimativa, pode ser ainda maior.
03:46O governo também perde a arrecadação com isso.
03:48Então, vamos colocar aí 34% em cima de 6 bilhões de reais.
03:53A gente está falando de praticamente uma perda de 2 bilhões.
03:57Oi?
03:58Bilhões de dólares.
03:59De dólares, então muito maior, né?
04:00Então, a gente está falando de uma perda de praticamente 2 bilhões de dólares em arrecadação,
04:08o que dá quase 11 bilhões de reais.
04:11Não é pouca coisa.
04:12Você tem efeitos de desemprego no setor.
04:16E aí, se o presidente resolver retaliar, trucar, botar o 6 na mesa, a situação pode ficar ainda muito pior.
04:25Porque aí a gente passa a ter um problema inflacionário também.
04:29Por quê?
04:29Porque aí a importação para o Brasil se torna mais caro para os componentes da indústria,
04:35desaquece ainda mais aquelas indústrias dependentes de componentes da indústria norte-americana,
04:41a repasse para o consumidor.
04:42Quem sai perdendo na retaliação é a população brasileira.
04:46Fala, Piperno.
04:48Ah, eu acho que, obviamente, essas taxações são muito ruins para todo mundo.
04:53Num primeiro momento, o consumidor e o empresário americano, ele passa a ter um ônus muito grande.
05:00Até porque está todo mundo taxado, né?
05:02Não é que...
05:03Enfim, a taxação do Brasil, ela é...
05:07Enfim, é a única e os produtos concorrentes, eles não vão ter.
05:11Eles vão ter taxações menores, mas também vão ser taxados.
05:14Então, o suco de laranja que vai chegar à mesa do consumidor americano, ele vai chegar mais caro.
05:20Seja importado do Brasil ou de algum outro país.
05:23Agora, num segundo momento, é óbvio que isso também impacta o produtor aqui.
05:28Porque se ele não vender, o que ele vai fazer com essa produção toda?
05:31Ora, tendo menos mercados, é claro que ele vai produzir menos e isso pode implicar em demissões, por exemplo.
05:39Então, toda essa cadeia, ela é muito significativa.
05:43Agora, eu acho que também vai haver um realinhamento de muitas cadeias produtivas.
05:52Eu acho que, assim, ainda é muito difícil a gente dimensionar qual vai ser a economia global
06:01que vai sair de todo esse movimento, enfim, liderado pelo presidente Trump.
06:08Porque é óbvio que também outras parcerias comerciais vão acabar se formando.
