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  • 03/07/2025
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, defendeu nesta quarta-feira (2/7), durante o XVIII Fórum de Lisboa, a decisão da Corte que estabeleceu critérios para a responsabilização de plataformas digitais por conteúdos publicados nas redes. Segundo o ministro, não se trata de censura, mas de proteção a princípios fundamentais.

Créditos: Mariana Campos/Correio Braziliense

Leia mais:
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2025/07/7189991-barroso-defende-decisao-do-stf-sobre-regulacao-das-redes-e-nega-censura.html

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Transcrição
00:00Tem dois modelos principais.
00:03O modelo americano, que é o da imunidade absoluta,
00:06a plataforma não tem responsabilidade por contribuir no terceiro N1 e cópias.
00:10E o modelo europeu, que é a obrigação da remoção do governo,
00:15mesmo simplesmente após a notificação privada.
00:19O modelo brasileiro combinou a notificação privada do direito europeu
00:26com o modelo que nós tínhamos, que é o da remoção por órgão judicial.
00:31Então, o que nós decidimos é, na hipótese de crime,
00:36a remoção pela plataforma, que deve ser da obrigação privada,
00:41sob pena de responsabilização.
00:44E, embora a polarização radical no mundo e no Brasil dificultem o seu senso comum,
00:51mas não importa se você é liberal, conservador, progressista,
00:55e não pode, por exemplo, alguém convocar na rede social as pessoas
01:00para comparecerem armadas de fuzil, paus e pedras para lincharem alguém.
01:07Ou o macho alfa da vizinhança pode convocar um estupro coletivo
01:12contra a moça que não deu bola para ele.
01:16Ou um estudante revoltado convocar os colegas da Penteclar
01:21para estarem tiros em um estupro coletivo e matar jovens.
01:24Nada disso é fixo a pouco, isso é coisa que acontece.
01:29Entende bem, ninguém acha que isso é legisimo.
01:32Portanto, quando houver crime, notificação privada deve ser solicita para que isso.
01:37Quando houver uma privada, eu quero dizer, é extensencial,
01:40pode ser a vítima, pode ser qualquer do povo, pode ser o justinério público.
01:44Então, nós previmos, residualmente, para tudo mais, que não seja crime,
01:51depende de ordem judicial, exceto crime contra a honra.
01:56No caso de crime contra a honra, que são calúnia, injúria e difamação,
02:00nós mantivemos a exigência da ordem judicial.
02:03Para não transferir para as plataformas o poder de arbitrar o debate público
02:09e definir o que é contra a honra e o que não é.
02:12Então, no debate, alguém chamou alguém de cretino,
02:14ele disse que esse é o prefeito mais incompetente da história,
02:17ou o fulano é miliciano.
02:19Então, acho que é um componente do debate público
02:21que a gente não pode transferir para as plataformas o poder de arbitrar.
02:28Então, deve permanecer com o poder judicial.
02:31Nós estabelecemos os casos em que a remoção deve se dar por uma indicação privada
02:36ou extrajudicial, só no caso do crime.
02:40Todo o resíduo tem que ser por ordem judicial, com a censura do uso.
02:44E nós estabelecemos o que chamamos de dever de cuidar,
02:48que é a conteúdo que a plataforma deve impedir que chegue ao ar.
02:53O algoritmo tem que ser programado.
02:55E aí a gente está falando que não pode chegar a uma pornografia infantil,
02:59não pode chegar a um terrorismo,
03:01não pode chegar a uma instigação ao suicídio,
03:04a uma instigação à motivação de jovens.
03:06Coisas que, de novo, não importa se você é conservador, liberal ou progressista,
03:11basta que você seja uma pessoa do bem, uma pessoa razoável,
03:14para entender que não pode ser assim.
03:17Pode que há muita crítica de quem não deu e não gostou.
03:21Mas eu acho que nós conseguimos,
03:24com muito esforço democrático e dialético,
03:27produzir uma solução que não interfere com a liberdade de expressão,
03:34e não interfere com o modelo de negócios das plataformas digitais,
03:39mas, ao mesmo tempo, contém o crime,
03:43contém o extremismo político.
03:46E aí não pode enfrentar a má vontade
03:49de pessoas que têm um modelo de negócio
03:52que é fundado na disseminação do negócio.
03:54A gente precisa proteger a liberdade de expressão
03:56sem impedir que o mundo desabe um abrigo de ódio,
04:02de mentiras deliberadas.
04:04Não é a desinformação que envolve múltiplos pontos de observação,
04:10ou mesmo a mentira que não seja criminosa.
04:13Mas o crime precisa ser reprimido em qualquer sociedade civilizada.
04:18É isso que nós estamos passando.
04:20E a ministra, a pergunta é recentemente,
04:22falou que era uma cultura,
04:24as críticas que fizeram,
04:25o que o fato de um evento,
04:27o que ele sentia,
04:29mas era financiado pelo empresário,
04:31e há críticas também sobre a participação de ministros do STF,
04:34que é uma pergunta aqui,
04:35por contarem com a participação de empresários,
04:37bandeiras do BTG Pactual.
04:39Eu quero saber se o senhor consideraria também cultura,
04:41esse tipo de crítica,
04:42ou é uma crítica normal,
04:44em razão de possíveis conflitos de interesse.
04:47E o senhor comentasse um pouco, por favor.
04:50Olha, o país vive uma certa onda de negatividade,
04:55onde as pessoas têm um foco no negativo.
04:59Há muitas coisas que precisam ser criticadas no país,
05:02e é muito bom que haja a liberdade de fazer essa crise.
05:06Mas eu vou te dar um exemplo que acontece comigo.
05:08Eu vou, na minha missão de levar a justiça,
05:11onde tem que levar.
05:12Eu vou a Chapuri, no interior do Acre,
05:15eu vou ao Maitá, no interior da Amazônia,
05:18eu vou a Altamira,
05:20eu vou ao Rio Branco,
05:21eu vou ao Porto Velho.
05:22Mas quando eu venho em um evento,
05:24na Europa dizem que eu estou fazendo o circuito de Elizabeth e Adam.
05:27Quando eu for a Chapuri, não saio em lugar nenhum.
05:29Essa é a primeira observação.
05:31A segunda,
05:32que é importante me fazer em relação a eventos,
05:35eu visito comunidades indígenas,
05:39eu visito sindicatos,
05:41eu, quando viajo,
05:44muitas vezes sou recebido pelos governadores.
05:47Todas essas pessoas têm interesse no Supremo.
05:50Eu vou a eventos de empresários que têm interesse no Supremo.
05:53Eu vou a eventos de empresas jornalísticas que têm interesse no Supremo.
05:58Portanto, todo mundo tem interesse no Supremo.
06:02As comunidades indígenas são os empresários.
06:05E eu converso com todo mundo.
06:06Eu converso com os planos de saúde,
06:08eu converso com os usuários dos planos de saúde,
06:11para as famílias dos autistas,
06:12para as famílias que fazem tratamento para câncer.
06:15Portanto, faz parte do meu papel,
06:17mais ainda como presidente,
06:19ouvir todos os segmentos da sociedade
06:22e, eventualmente, falar para todos os segmentos da sociedade.
06:26O que inclui os empresários,
06:28o que inclui as comunidades indígenas,
06:31o que inclui os prefeitos,
06:32o que inclui os sindicatos.
06:34Mas, quando eu vou a um evento de empresários,
06:37é que há essa grita geral,
06:40que é, no fundo, um pouco o preconceito
06:43contra o empresariado,
06:45contra o empreendedorismo,
06:47contra a livre iniciativa.
06:49É a suposição de que,
06:51se você vai no evento de empresários,
06:53tem algum interesse de escândalo por trás disso.
06:56Até para lembrar que,
06:57nesses eventos de empresários,
06:59tem pessoas que concorrem entre si.
07:02Então, tem dois bancos que são concorrentes,
07:04tem planos de saúde que são concorrentes.
07:06Pode que é uma visão
07:10que demonstra um certo preconceito
07:17contra a atividade empresarial
07:20e a suposição de que conversar com as pessoas
07:24vão fazer o que você deseja fazer o que é certo.
07:27Eu tenho uma religião nessa vida.
07:30Eu só faço o que é certo, justo e legítimo.
07:33Há 12 anos, no Supremo,
07:35nunca me afastei disso.
07:37Eu converso com todo mundo
07:38e depois faço o que é certo.
07:41Não tenho medo de nada,
07:43mas eu não falo isso por arrogância
07:45nem pretensão.
07:46O universo protege as pessoas
07:48que se moram por hoje na hora.
07:50Infelizmente, esse é o meu caso.
07:52Então, eu estou aqui
07:54quando a gente está falando.
07:56Recentemente,
07:57um senhor do Flávio Nacional
07:59me entrevistou o jornal
08:00Feira de São José
08:01e eu disse
08:03que ele só aceitaria
08:06um acordo político
08:07para um grupo político
08:09que votasse o ministério
08:10que eventualmente fosse
08:11empurrado à força
08:13contra o STF
08:15na posse do governo presidente.
08:17Como é que a corte
08:18encarou essa declaração?
08:20Olha, ele exerceu
08:22a liberdade de expressão dele
08:23e não cabe a mim com a gente.
08:25O que é, Zé?
08:26Ministro,
08:26comparativamente
08:28as plataformas da União Europeia
08:30aqui
08:31com esse projeto
08:33que o senhor disse
08:34que os palestrantes
08:35disseram
08:36que foram inspirados
08:37sobre o modelo
08:38do Alegão,
08:39do Alegre,
08:39do Alegre,
08:39do Alegre,
08:40do Alegre,
08:40do Alegre,
08:41No tocante
08:43às plataformas digitais
08:45a regulação
08:46que nós fizemos
08:47pelo Supremo Tribunal Federal
08:49enquanto aguardamos
08:50a legislação do Congresso
08:52é mais liberal
08:53e mais protetiva
08:55da liberdade de expressão
08:56do que a do próprio modelo europeu.
08:59O modelo europeu
09:01impõe a remoção
09:02de conteúdo
09:03e a responsabilização
09:05por simples notificação privada.
09:07E o nosso sistema
09:10prevê a remoção
09:11por notificação privada
09:13se for crime,
09:14crime tipificado
09:15no Código Penal.
09:16Fora das situações de crime,
09:19a remoção depende
09:20de decisão judicial.
09:22Portanto,
09:22nós temos um modelo
09:24que é mais liberal
09:26do que o modelo europeu.
09:30Nos Estados Unidos,
09:31a matéria chegou
09:32à Suprema Corte
09:33e eles,
09:35de uma certa forma,
09:36tomaram uma lição
09:36que adiou
09:37a decisão
09:39sobre este tema.
09:41Mas, em algum momento,
09:43vamos ter que decidir.
09:44Porque as plataformas digitais
09:46ali podem ter um risco
09:47para a segurança nacional.
09:49Se alguém
09:49de qualquer país do mundo
09:51quiser interferir
09:52na eleição doméstica
09:54de um país,
09:54isso é muito grave.
09:56Se um outro país
09:58estiver fazendo
09:59um esforço cibernético
10:01de promover desordem
10:03num outro país,
10:04incitando o racismo,
10:06por exemplo,
10:07ou incitando a rebelião.
10:09Então, as pessoas
10:09vão ter
10:10que, em alguma medida,
10:13regular,
10:14mas não é regular
10:15para reduzir
10:18a liberdade de expressão.
10:20É regular
10:21para proteger
10:23a liberdade de expressão.
10:25Porque o discurso de ódio
10:26não é liberdade de expressão.
10:28O discurso de ódio
10:29é crime.
10:30Isso vale para fake news
10:31em eleições também.
10:32O senhor notificou isso na palestra?
10:34Vale.
10:35Só que o que chamam fake news
10:36ou desinformação
10:37não é um conceito singelo.
10:40E, portanto,
10:41se você quer enfrentar
10:42alguma desinformação,
10:44você tem que ir ao judiciário.
10:46Como regra geral,
10:48para o judiciário avaliar
10:49se aquilo deve ser tratado
10:51como uma desinformação
10:52perigosa
10:53para a sociedade,
10:54que geralmente será crílica.
10:56Ou, se aquela é uma desinformação,
10:59que faz parte
11:00do debate público.
11:01Então, as pessoas
11:02podem ter opiniões erradas.
11:04A liberdade de expressão
11:05protege as opiniões erradas.
11:08A liberdade de expressão
11:10protege as opiniões injustas.
11:12Mas a liberdade de expressão
11:14não protege o crime.

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