- anteontem
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00:00Desastres Aéreos
00:30Desculpe, saímos do curso.
00:32Completamente fora.
01:00Eu gritava, saiam do avião, corram, saiam do avião.
01:07Não sei onde estamos, mas há uma estrada que dá a volta no aeroporto.
01:12Temos muitas pessoas feridas.
01:15Este filme conta a história de um desastre trágico e evitável.
01:19A investigação revelaria uma combinação mortal de erro de piloto,
01:23os efeitos devastadores de condições atmosféricas tempestuosas
01:26e uma corrida perigosa para manter o avião no horário.
01:30Revelaria também evidências perturbadoras de uma indústria imperfeita sob vários aspectos
01:35e que pode matar novamente a qualquer momento.
01:42American Airlines
01:44Apesar de aeronaves confiáveis e treinamento intensivo,
01:56as empresas aéreas modernas e suas tripulações enfrentam pressões sem precedentes.
02:02A intensa competição industrial exige que todo o sistema,
02:05desde os planejadores de voo aos pilotos, seja eficiente e pontual.
02:10As pressões que isso pode trazer representaram um papel vital na perda do voo 1420.
02:15Para uma grande operadora como American Airlines,
02:22as pressões começam com a tarefa complexa de programar sua extensa frota.
02:28Dispatchers direcionam os aviões ao redor do mundo
02:31em uma dança cuidadosamente coreografada.
02:37A tensão em manter essa eficiência afeta o sistema inteiro.
02:41É claro que a competição tornou-se muito intensa.
02:50Há uma grande pressão sobre os despachers, pilotos,
02:53atendentes de voo e basicamente toda a infraestrutura
02:57para concluir a missão e ganhar dinheiro.
02:59Todos os esforços são feitos para assegurar que nada rompa esses frágeis esquemas.
03:04Os estados do sul dos Estados Unidos são especialmente propensos
03:16a condições atmosféricas rigorosas,
03:19onde tempestades não apenas provocam atrasos,
03:22mas trazem perigos extremos a jatos comerciais.
03:27Atrasos, problemas de horário e tempestades violentas,
03:30tudo conspiraria para transformar um voo rotineiro
03:33em uma terrível corrida contra o tempo.
03:39Aeroporto Dallas-Fort Worth.
03:41No dia 1º de junho de 1999,
03:43o voo 1420 da American Airlines estava atrasado.
03:48O movimento da tempestade.
03:50Tudo está se deslocando para o sudeste,
03:52portanto, é isso mesmo.
03:54Temos uma noite tempestuosa a caminho.
03:56Centro de operações da American Airlines.
03:58O atraso do voo 1420 pressiona os pilotos mesmo antes da decolagem.
04:03A responsabilidade de manter um horário apertado
04:05pode recair sob a tripulação do voo.
04:08Dispate, por favor.
04:10Isso, é Michael Orgel.
04:12A tripulação tem rígidos limites legais durante suas horas de trabalho.
04:16O primeiro oficial alerta ao dispatcher
04:17que eles correm o risco de se atrasar.
04:19Horário programado para 11h16.
04:22O voo terá de decolar dentro de uma hora ou será cancelado.
04:25E os pilotos também tomam conhecimento de uma outra pressão provocada pelo tempo
04:29que piora perto de seu local de destino.
04:34Os pilotos tinham comunicado sobre o tempo
04:36que receberam antes de partirem de Dallas Fort Worth
04:39que lhes dava a previsão, os alertas às condições atmosféricas.
04:43O dispatcher e o capitão preparando-se para o voo
04:45examinaram as informações sobre o tempo
04:47e acharam que poderiam chegar a Little Rock antes do impacto das tempestades.
04:51Os 139 passageiros só queriam chegar em casa.
04:57Eu estava viajando com meu filho e minha filha.
04:59Estávamos indo para casa, de volta das férias.
05:02Era o primeiro voo de minha filha.
05:03O avião estava atrasado e, é claro, havia muitos atrasos.
05:07Era cansativo, frustrante e era tarde da noite.
05:12Logo começaram a perceber que o voo 1420
05:14estava competindo com as condições atmosféricas.
05:17Quando nos chamaram para embarcar, queriam que nos acomodássemos depressa.
05:21Vamos, pronto?
05:23Sentem-se, coloquem os seus cintos, vamos decolar.
05:27Eles mencionaram que o tempo entre nós e Little Rock estava ruim
05:31e queriam chegar antes que o mau tempo atingisse Little Rock.
05:37Finalmente, mais de duas horas além do programado,
05:40o voo 1420 deixa Dallas.
05:42A tripulação desconhecia que as tempestades
05:48já estavam se movendo em direção a Little Rock.
05:5340 minutos depois, o 1420 está a 160 quilômetros de seu destino.
05:5930 minutos até Little Rock.
06:01Nesse ponto, a transcrição da caixa preta
06:02revela uma rotina calma e tranquila na cabine dos pilotos.
06:08American 1420, ainda quer mais baixo?
06:10Até agora tudo bem.
06:12Até agora tudo bem. American 1420, manteremos contato.
06:17O primeiro oficial no American 1420 era o Neil Hyatt.
06:21Ele havia recentemente completado o treinamento
06:23e tinha sido colocado em dupla em uma de suas primeiras viagens
06:25com seu capitão orientador.
06:27Portanto, temos um piloto bastante experiente
06:30sentado no assento esquerdo em dupla com o Neil Hyatt.
06:35Bushman e Origel estão tranquilos
06:36enquanto planejam sua chegada e aterrissagem.
06:3925 por 24, está em posição.
06:43Acha que essa coisa vai funcionar bem?
06:46Sim, estamos chegando ao peso máximo da aterrissagem.
06:49Ah, tem uma lua lá fora.
06:51Ou será uma nave espacial?
06:52É a nave mãe.
06:55Desativando o controle.
06:56Os pilotos estão bem atentos às tempestades à sua frente.
07:02O radar do tempo de bordo escaneia uma área do céu
07:05em forma de cone à frente do avião.
07:08As tempestades potencialmente fortes
07:10aparecem em vermelho.
07:12Estão se movimentando de leste para o oeste, em direção ao Little Rock.
07:25Eu gosto disso.
07:27É relâmpago.
07:28É mesmo.
07:29O dispatcher da American Airlines emitiu uma atualização
07:33sobre a forma e a formação das tempestades.
07:36Estão se movimentando de leste para o oeste, em direção ao Little Rock,
07:40e podem ser um problema para o nosso pouso.
07:42Eu sugiro acelerar nossa chegada.
07:44O dispatcher deu a essa tripulação a informação sobre o tempo.
07:51Para ele, parecia que haveria um espaço,
07:54ou o que ele chamou de pista de boliche,
07:56onde você tem dois tipos de tempestades,
07:58ou duas tempestades com um espaço entre elas.
08:01E se a tripulação do voo conseguisse acelerar a sua chegada à Little Rock,
08:06provavelmente poderia chegar àquela abertura
08:08antes que as duas tempestades se juntassem.
08:12À medida que o voo 1420 descia,
08:14o plano de vencer as tempestades estava em vias de dar errado.
08:18Os pilotos não tinham conhecimento
08:19de que as paredes da pista de boliche estavam se fechando.
08:26A American Airlines é flanqueada por tempestades traiçoeiras,
08:29um corredor que os pilotos chamam de pista de boliche.
08:33Com 13 quilômetros pela frente,
08:35a rota até Little Rock ainda parece estar livre.
08:3823 minutos para Little Rock.
08:40Vai estar a pista de boliche bem ali?
08:42É, eu sei.
08:42Na verdade, tem luzes na cidade, daquele lado.
08:47Já vai descer?
08:48Ainda não.
08:49Mas logo.
08:49Estamos a cerca de 13 quilômetros do aeroporto
08:57e estamos começando nossa descida.
08:59É um belo show de luzes na lateral da aeronave
09:02e vamos passar por ela em nosso caminho a Little Rock.
09:06Foi um prazer tê-los a bordo neste nosso breve voo
09:09e gostaria de aproveitar a oportunidade
09:11para agradecer por voarem pela American Airlines.
09:14Os relâmpagos pareciam estar dos dois lados.
09:17Eles iluminavam o interior do avião.
09:20Eram muito rápidos, sabe?
09:22Do tipo brilhantes, barulhentos.
09:25E chegou a dar um pouco de medo.
09:28Havia um show de luzes à esquerda.
09:30Normalmente, isso não é para chamar a atenção.
09:32Se você está passando pelo Grand Canyon, aí sim.
09:34Mas não se trata de um show de relâmpagos.
09:36A medida que o avião descia,
09:42trechos da gravação na cabine dos pilotos
09:44mostravam que eles estavam cientes do mau tempo à sua frente.
09:51Só alguns relâmpagos ali adiante.
09:53Mas vamos ficar bem.
09:55Olha ali.
09:56Bem lá embaixo na pista de boliche.
09:59Como diriam meus amigos, vai ser legal.
10:01Legal.
10:03Beleza.
10:04É isso aí.
10:0614, 20 a 11, 3 por 10 mil.
10:10Quando os pilotos contatam o controlador de tráfego aéreo de Little Rock,
10:13ele dá o primeiro de uma série de avisos alarmantes sobre o tempo.
10:16Aeroporto de Little Rock, Arkansas.
10:18Temos uma tempestade bem a noroeste do aeroporto se movendo pela região.
10:22O vento está a 280 a 28 rajadas 4-4.
10:26E terei novas informações sobre o tempo em instantes.
10:30Ventos fortes chegam a até 80 km por hora,
10:32o suficiente para levantar telhas de casas.
10:35Os ventos laterais representam um enorme risco para o voo 14-20.
10:40Eles fazem com que seja difícil controlar o avião na aterrissagem.
10:46Os pilotos precisam determinar rapidamente se estão dentro de limites de segurança.
10:51Eles calculam a força dos ventos laterais de seus ângulos até a aproximação final.
10:55Tudo bem, então isso é 280 a 4-4.
11:02É, ventos a 4-4.
11:04Tudo bem, próximo ao limite.
11:06Mas está a 40 graus fora.
11:07Quer dizer, você não está fora do limite por causa do ângulo, mas está bem perto.
11:17Comissárias, preparem-se para a aterrissagem, por favor.
11:19A atenção dos pilotos se volta agora para o mau tempo à frente.
11:28Ele disse que a tempestade está noroeste do campo?
11:31É, ele disse noroeste.
11:32É.
11:34Tempestade com relâmpagos.
11:36Mas a tarefa de rastrear as tempestades que se movem
11:39fica mais difícil pela ausência de radares sofisticados em Little Rock.
11:42American 1420, seu equipamento é muito melhor do que o meu aqui.
11:48Como está a 22F?
11:50O que foi isso?
11:52Conseguimos ver o aeroporto, mas com bastante dificuldade.
11:55Devemos conseguir o 22.
11:58Essa tempestade está se aproximando, como seu radar está indicando.
12:01Só um pouco mais distante do que pensava.
12:03O controlador continua.
12:04Seu radar é melhor do que o meu e assim por diante.
12:06O controlador nesse acidente tinha um conjunto de radares monocromáticos
12:11ou basicamente quase um conjunto de radares preto e branco
12:14e não podia determinar a intensidade da tempestade.
12:18Alerta, ventos fortes.
12:20O controlador traz mais más notícias.
12:23Windshare é uma súbita mudança na direção do vento a uma curta distância
12:27e é um dos elementos mais temidos de uma forte tempestade.
12:32Para combater os ventos que mudam constantemente,
12:35os pilotos são forçados a descartar sua aproximação anterior
12:40e começar de novo.
12:43Eles precisam reverter a direção de sua aproximação
12:46e por isso eles aterrissarão em direção ao vento.
12:49Vamos precisar de...
12:51Seria preferível irmos em direção ao vento, senhor.
12:54A decisão do piloto de pousar na posição oposta
12:57é uma atitude prudente, mas criará sérios problemas.
13:02Muito bem, uma volta à direita, 250 pela rota mais longa?
13:06Sim, senhor. Está bem perto do aeroporto.
13:08Certo. 250 vai funcionar.
13:13Enquanto os pilotos se voltam à sua nova aproximação,
13:16o radar do tempo da aeronave que escaneia à frente do avião
13:19perde o curso da tempestade.
13:22Pior ainda, a volta atrasa a aterrissagem mais de 10 minutos
13:26e a cada momento que passa, as tempestades crescem de intensidade.
13:3110 minutos para o pouso.
13:37Pista 4, certo?
13:391, 1, 1, ponto 3, 0, 4, 2.
13:42Eu acho...
13:43Não era o aeroporto embaixo de nós?
13:45Isso, certo.
13:46Trocando de pistas, mantendo o rastreamento das tempestades.
13:49Tudo isso aumenta demais,
13:50a já pesada carga de trabalho dos pilotos.
13:52Certo, 2, 2, 17, totalmente para baixo, perdida a aproximação.
13:57Volta à direita, 4 mil.
13:59Vamos ver, você tem o aeroporto?
14:01Eu não tenho o aeroporto.
14:02Estou dizendo que você tem o ILS.
14:04O ILS eu tenho.
14:05Pilotos fazem jus ao que ganham quando voam sob más condições.
14:10Quando o tempo piora, assim de repente, a carga de trabalho começa a aumentar,
14:14porque é preciso avaliar as nuvens baixas, chuva, relâmpagos, tempestades, vento.
14:20Todos esses elementos começam a bombardeá-los à medida que se aproximam das imediações do aeroporto.
14:25American 1420, parece que a segunda parte da tempestade está se movimentando.
14:34O vento agora é de 3, 4, 0 a 1, 6, soprando a 3, 4.
14:39Com a tempestade piorando, os pilotos precisam chegar ao aeroporto o mais rápido possível.
14:46Jonah, quer aceitar a aproximação mais curta?
14:48É, mas só se você conseguir ver a pista, porque eu mal consigo vê-la.
14:51Olha, está bem ali.
14:52Tudo bem.
14:53Viu?
14:53Apenas a ponte para mim na direção certa, então eu começo a diminuir.
14:56Me dê os flaps 11.
14:58As transcrições agora revelam crescente confusão na cabine de voo,
15:02à medida que o capitão faz o máximo para determinar a posição do aeroporto.
15:06Então, percebeu alguma coisa?
15:08Viu o aeroporto ali?
15:09Onde?
15:10Ali, está vendo?
15:11Você está no ponto certo para isso.
15:14Está bem ali.
15:14Eu estou no ponto certo?
15:16É como uma curva descendente.
15:18Estamos indo e lá está, bem ali.
15:21Eu perdi ela.
15:23Não tenho como manter no visual.
15:25Os pilotos agora precisam abandonar sua aproximação visual direta e solicitar ajuda aos sistemas de instrumentos de aterrissagem de Little Rock.
15:32Mas isso atrasa ainda mais a aterrissagem.
15:35American 1420, aproximação.
15:37Certo, American 1420.
15:40É, há uma nuvem entre nós e o aeroporto e nós perdemos o campo.
15:46Estamos em um vetor...
15:48Bem, basicamente, estamos no último vetor que nos forneceu, que é como uma curva descendente.
15:55American 1420, se voar em direção a 220, eu levo você para o ILS.
16:00Essas imagens de noticiários mostram a tempestade na noite do acidente.
16:05Nas pistas, a chuva forte compromete ainda mais a visibilidade.
16:09O capitão Bushman começa a ficar frustrado.
16:12Sabe, eu detesto voar assim à noite com um tempo desse, sem ter qualquer noção de onde estamos.
16:16O que realmente me incomodava era que eu sabia que estávamos cada vez mais baixo.
16:22E eu sabia que a chuva não iria passar e que nós estávamos sacolejando demais de um lado para o outro.
16:31Veja, estamos indo bem para o meio dessa coisa.
16:33Certo.
16:34American 1420 se aproximando.
16:37Eu sei que está fazendo o melhor que pode, senhor, mas estamos chegando muito perto dessa tempestade.
16:41E é preciso manter o controle.
16:43O avião estava balançando de um lado para o outro, estava ficando instável demais.
16:48Eu não sei o que me vê tão claramente, mas tão claramente que teríamos problemas.
16:54Eu não sei o que provocou aquilo.
16:56Quando o voo 1420 se alinha para a aproximação final, eles estão indo direto para o centro de uma tempestade.
17:01A situação do voo 1420 está para ficar ainda pior.
17:04Com o voo 1420 a minutos de pousar no solo, a violenta tempestade dá aos pilotos mais um enorme problema.
17:17Chuva ofuscante e nuvens espessas encobrem o campo de pouso.
17:22A visibilidade da pista, conhecida como RVR, está apenas um pouco acima do limite regulamentado de 800 metros.
17:29Nós vamos direto para isso.
17:35American 1420, neste momento temos chuva pesada sobre o aeroporto.
17:40Não tenho informações sobre o tempo, mas a visibilidade é inferior a 1.600 metros e na pista 4 direita o RVR é mil metros.
17:48A visibilidade está abaixo de mil metros.
17:51Os pilotos não têm certeza de que seja seguro aterrissar.
17:54Mil metros?
17:54Confirmo mil, American 1420. Na 4 direita, correto?
17:59Correto, American 1420. Pista 4 direita, livre para pouso.
18:03Podemos aterrissar?
18:0403045, American 1420.
18:07Mil RVR. Não podemos aterrissar assim.
18:09Não mil, hein?
18:10O que precisamos?
18:11Não, 800 RVR.
18:13Tudo bem, é isso.
18:14É, é isso mesmo.
18:15Certo.
18:1615.
18:20Trem de pouso baixado.
18:24E luzes.
18:33Enquanto desciamos, desciamos no meio de uma nuvem muito, muito escura.
18:38A chuva parecia vir na horizontal.
18:41Aparentemente, ventava muito, pois o avião estava balançando demais.
18:46Eu nunca vi isso antes.
18:48Apertei meu cinto, quase me incomodando.
18:50E eu estava tão preocupado que coloquei de novo meus sapatos e fiquei preparado.
18:54O que estava acontecendo me deixava muito nervoso.
18:58Os ventos laterais estavam acima do limite.
19:01Os pilotos poderiam ter se desviado para um outro aeroporto.
19:05Mas não o fizeram.
19:06E o tempo ficava pior.
19:07Os solavancos pareciam estar muito mais fortes do que antes.
19:27Você podia dizer que a trovoada estava perto demais do avião.
19:30Eu achava que se eles estivessem tentando aterrissar com aquele tempo, nós íamos nos arrebentar.
19:36Flaps 28.
19:37Mais 20.
19:38E então, a visibilidade caiu dramaticamente abaixo do limite.
19:43American 1420, pista 4, direita RVR, está agora 550.
19:49Droga!
19:50Os pilotos estão confusos.
19:52Sob pressão, eles começam a cometer erros.
19:54Não vejo nada.
19:56Procurando 460.
19:57Está ali.
19:58Não conseguia ver nada.
20:00O vento jogava o avião violentamente.
20:02O vento lateral era tanto que fiquei com medo que fôssemos aterrissar sobre uma asa.
20:06Parecia que íamos cair de pico.
20:08A coisa estava feia demais.
20:09Quer Flaps 40?
20:10Claro, eu já pedi.
20:13Eu sabia que pelo jeito que ele estava pilotando o avião e pelo barulho dos motores,
20:17ele estava tentando se alinhar com a pista e não conseguia vê-la.
20:19Eu não conseguia vê-la, mas eu podia dizer que estava perto e eu continuava pensando.
20:23Onde está a pista?
20:24330 metros.
20:2620.
20:2740, 40, a terra.
20:28Isso, isso está muito difícil.
20:31Olha, o vento está 330, a 28.
20:34Eu vou permanecer acima um pouco.
20:36Está vendo a pista à sua direita, capitão?
20:37Não.
20:38Eu vejo a pista.
20:39Está bem no curso.
20:40Mantenha.
20:41Agora eu vi.
20:42A maioria das pessoas no avião se segurava bem firme, só olhando para a frente e imóveis.
20:49Eu pensei no pior, verdade.
20:52Achei que não conseguiríamos pausar.
20:53Em meio a uma forte tempestade, o voo 1420 está para aterrissar em Little Rock.
21:06Baixa visibilidade e ventos fortes tornam a aproximação final perigosíssima.
21:11Vento 330, a 2, 5.
21:15170 metros.
21:17Mais 20.
21:20Vento 330, a 2, 3.
21:23Droga, saímos do curso.
21:23Não consigo vê-la.
21:24Fora!
21:25Não vejo coisa alguma.
21:26E agora?
21:27E?
21:3033 metros.
21:31Dezessete metros.
21:3414.
21:3710.
21:397.
21:423.
21:50Atingimos a pista muito forte e não diminuímos.
21:54No chão, patinando!
21:56Ah, não!
21:57Ainda estávamos indo muito, muito rápido e naquele momento pensei, estamos mortos.
22:02Os freios!
22:10Foi um caos.
22:12Aterrorizante.
22:13Literalmente aterrorizante.
22:15Outro freio!
22:16Outro!
22:17Outro!
22:17Outro!
22:17Quando finalmente o avião parou, houve um momento de silêncio absoluto.
22:47Havia fogo à minha frente, eu podia ver destroços e havia silêncio.
22:56E então eu pensei, ah, minha nossa, eu morri.
22:59Naqueles minutos, eu ouvi um grito fraco.
23:14E senti que ficava cada vez mais alto, como se fosse um megafone.
23:19E me dei conta, era minha filha.
23:22E eu fiquei, como que, bom, certo, temos que sair daqui, sabe, temos que fazer alguma coisa.
23:28Os passageiros fizeram de tudo para sair antes que o fogo tomasse conta da cabine.
23:32Eu tive o homoplata quebrado, o ombro deslocado e costelas trincadas e todo tipo de coisa, mas eu não senti nada.
23:40Eu só queria sair.
23:43Eu não iria morrer dentro daquela coisa.
23:45Devo ter saído daquele avião em 20 segundos.
23:48Foi como guerra.
23:49Vai, vai, vai.
23:50Eu gritava, saiam do avião, corram, saiam do avião, corram, corram, corram.
24:06Algumas pessoas pareciam ter saído de uma explosão.
24:10Suas roupas estavam em farrapos.
24:12Eu vi um homem pedindo ajuda pelo celular.
24:14Não sei onde estamos, mas há uma estrada que dá a volta no aeroporto.
24:18Temos muitas pessoas feridas.
24:20A mais de 160 km por hora, a aeronave ultrapassou o fim da pista, afundou em um aterro de 8 metros e bateu pesadamente contra uma estrutura de aço.
24:41O avião se partiu em vários pedaços.
24:44Os destroços finalmente pararam nas margens barrentas do rio Arkansas.
24:50Dez passageiros morreram no acidente.
25:05O capitão Bushman morreu instantaneamente quando sua cabine arrebentou contra a estrutura de aço.
25:10Foi uma vergonha não ter, eu não ter feito mais para salvar as pessoas.
25:21Esse é o meu pior pesadelo.
25:22A Secretaria Nacional de Segurança no Transporte americana foi imediatamente notificada.
25:43Greg Fyde era investigador-chefe da NTSB.
25:46Na noite do acidente com o American 1420, eu recebi um telefonema por volta de uma da manhã do nosso centro de comunicações da NTSB, avisando sobre um acidente aéreo em Little Rock e que poderia ter alguns mortos.
26:03O investigador, Don Icke, chegou rapidamente ao local.
26:11A adrenalina corre rápido quando acontece um acidente como esse e você vai direto ao local onde ele aconteceu e...
26:17Há uma prece enorme em chegar para tentar descobrir o que ocorreu e documentar os fatos para que se possa evitar que volte a acontecer.
26:26A NTSB montou um centro de comando próximo ao local.
26:29Eles passariam os 18 meses seguintes ligando os fatos que levaram ao acidente.
26:34Quando chegamos ao local, tínhamos uma ideia do que teria acontecido.
26:42Só não sabíamos o porquê.
26:45Sabíamos que o avião foi além do fim da pista, que os pilotos não conseguiram pará-lo,
26:49que a aeronave havia sido destruída chegando até essa estrutura,
26:52que o fogo que se seguiu ao desastre havia matado pessoas.
26:55Só não sabíamos o porquê.
26:57A NTSB trabalhou do momento do impacto em direção ao que acontecera antes.
27:03A sequência de eventos foi compilada desde a aproximação final até Dallas-Fort Worth.
27:09A primeira pergunta para os investigadores era, por que os pilotos não conseguiram parar o avião?
27:14Análises das marcas de pneus deixadas pelo avião durante a derrapagem
27:18mostravam uma total perda de controle depois de tocar o solo.
27:23Quando você olha para a largura daquelas marcas de pneus,
27:26você vê que o avião não estava indo reto,
27:28mas, na verdade, estava deslizando para os lados.
27:30Você tem essa máquina que pesa 70, 80 mil quilos com 100 ou mais pessoas dentro dela
27:37e que está deslizando descontroladamente para fora da pista.
27:45Alguma coisa deu errado na aterrissagem e os investigadores queriam saber por quê.
27:50Eles interrogaram os sobreviventes do voo 1420 que forneceriam pistas extremamente valiosas.
28:01O que aconteceria se chegasse?
28:04Os investigadores da NTSB precisavam descobrir por que o voo 1420 havia deslizado descontroladamente para fora da pista.
28:13Eles decidiram entrevistar os passageiros sobreviventes, muitos deles moradores de Little Rock.
28:18Os depoimentos levariam a investigação em direção ao mais importante sistema mecânico usado
28:23para reduzir a velocidade de um avião depois da aterrissagem.
28:27Estávamos realmente interessados nos passageiros que estavam sentados próximos às asas
28:33e que poderiam olhar pela janela e nos dizer se haviam visto os spoilers abertos.
28:39Spoilers são grandes flaps que se abrem na aterrissagem, literalmente pilhando a corrente de ar sobre as asas.
28:46Isso é necessário para que o avião pare.
28:49Nenhum dos passageiros viu os spoilers estendidos.
28:52A NTSB comparou seus testemunhos com as informações que constavam das caixas pretas do avião.
29:00A caixa preta que monitora os sistemas a bordo durante o voo confirmou que os spoilers não tinham se estendido.
29:08As implicações eram catastróficas.
29:12Aquela aeronave não tinha qualquer possibilidade de parar a tempo.
29:17Os freios!
29:20Patilando!
29:21Assim, teria a falha na ativação dos spoilers sido um problema mecânico?
29:31Ou a confusão da aproximação final teria sido um erro do piloto?
29:36Para descobrir, a NTSB faria bom uso da caixa preta da cabine do piloto, ou CVR?
29:45Quer o LAPS 40?
29:47Claro, eu já pedi!
29:48Um dos elementos-chave que a equipe a cargo do CVR procurava distinguir era o acionamento do spoiler.
29:56Na gravação dos dados de voo, verificamos que os spoilers de solo não se abriram.
30:00Queríamos saber se o spoiler havia sido realmente acionado ou não.
30:04E estávamos procurando o som de um determinado clique.
30:08Não conseguimos encontrar esse som no CVR do acidente, o que nos levou a acreditar que a alça não estava na posição armada no momento do pouso.
30:18Extremamente ocupado na cabine, o piloto esqueceu de armar os spoilers.
30:28Se tivessem sido armados, a aeronave MD-80 teria ultrapassado a pista, mas teria parado antes de atingir a estrutura.
30:36Os pilotos cometeram erros graves e basicamente fatais.
30:40Mas os investigadores queriam saber por quê.
30:42Eles suspeitavam que pressões anteriores ao voo haviam levado a tais erros.
30:49Eles voltaram sua atenção para as condições climáticas.
30:53Ficou claro para nós que o tempo estava péssimo na região por ocasião do acidente.
31:04E que participação ele teria tido era uma das coisas que tínhamos de tentar descobrir.
31:09E compilando as imagens de radar e as observações tentando juntar tudo aquilo, levaria semanas para obter essa informação.
31:17A NTSB queria saber qual o papel que o mau tempo havia tido no acidente.
31:21E se os pilotos estavam completamente cientes do perigo.
31:25Estamos indo bem para o meio dessa coisa.
31:29Uma das preocupações que os pilotos têm ao tentar pousar um avião é ter certeza de que os ventos laterais que possam afetá-los não excedam a sua capacidade ou a capacidade da aeronave.
31:41Os ventos agora a 350, a 32, rajadas 45.
31:47Podemos aterrissar?
31:48Essa tripulação em especial tinha uma limitação.
31:52Não imposta por ela mesma, mas imposta pela empresa.
31:55E era de não ser permitido ultrapassar 10 nós de ventos laterais em pista molhada.
32:00Limitações relativas a ventos laterais são claramente estabelecidas no manual de operações.
32:05A tripulação do 1420 estava voando além dos limites regulamentares.
32:08Isso aqui está uma confusão.
32:10Pista à sua direita, está vendo?
32:11Não.
32:12Essa animação da NTSB mostra claramente os efeitos dos ventos, levando o capitão a fazer desesperadas manobras finais.
32:22Os ventos impactaram o voo.
32:24Se você olhar a animação, verá a luta contra o vento.
32:27Definitivamente nada bom.
32:29No chão!
32:31Os freios!
32:33Outro freio!
32:34Outro, outro!
32:35Quando você começa a falar sobre pistas molhadas, tempestades, isso não é nada bom.
32:41Mas estavam os pilotos do 1420 cientes dos riscos provocados pelo tempo ruim?
32:46Para a NTSB, os perigos das tempestades eram muito claros.
32:53Em 94, um DC-9 foi vítima de um wind shear na Carolina do Norte.
32:58O avião se descontrolou a 80 metros e despencou lá de cima.
33:02Um Delta TriStar se chocou contra o solo, depois de voar em meio ao mais violento tipo de wind shear, que criou uma enorme corrente de ar descendente.
33:12Assim, a tripulação do 1420 deveria ter abortado a aproximação?
33:19Lá está a pista, olha.
33:21São duas pistas.
33:23É, eu sei.
33:24Veja, estamos perdendo.
33:26Não vejo como podemos manter a visibilidade.
33:28Essa animação da NTSB sobre as condições atmosféricas cobre a rota da aeronave com imagens da tempestade do radar.
33:36Bushman e Urigel aterrissaram em meio a relâmpago chuva torrencial, granizo e ventos de 80 km por hora.
33:42Com base nas informações que tínhamos do radar de tempo, a tripulação do voo 1420 deve ter visto a maior parte daquela tempestade.
33:51Eles devem ter visto o bordo de ataque se tornando verde.
33:53E rapidamente mudando para amarelo e então para vermelho vivo.
33:59Não vejo nada.
34:00Procurando 460.
34:03À medida que se aproximavam de Little Rock, eles começaram a ver o mau tempo, não apenas em seu radar, mas pelas suas janelas.
34:12Os relâmpagos.
34:13E uma das principais afirmações que esse capitão fez, e que basicamente resume o voo todo, foi a seguinte.
34:24Eu detesto voar assim à noite com um tempo desse, sem ter qualquer noção de onde estamos.
34:29Detesto voar assim à noite sem saber onde estou.
34:33E essa afirmação foi essencial.
34:37Foi naquele momento que um capitão experiente com 10 mil horas deveria ter abandonado a aproximação para Little Rock e ter ido para um aeroporto alternativo.
34:45Ou ter voltado para Dallas.
34:49Mas fazer uma afirmação daquelas e continuar a aproximação para um aeroporto onde está havendo uma tempestade seria um desastre na certa.
34:58Mas os pilotos não foram os únicos a ser fortemente criticados.
35:04À medida que a investigação avançava, a política de voo da American Airlines ficaria sob fogo cerrado e um amplo escândalo industrial estava prestes a ser exposto.
35:17Durante meses depois do acidente do voo 1420, a NTSB mergulhou mais fundo nas circunstâncias que cercavam o acidente em Little Rock.
35:25A pergunta era, quem seria o responsável?
35:29A American Airlines estava relutante em admitir que seus pilotos haviam conscientemente voado em direção a uma perigosa tempestade.
35:36Inicialmente, eles tentaram pôr a culpa no controlador de Little Rock.
35:41A American propôs ação legal contra as autoridades responsáveis pelos controladores do aeroporto.
35:47Os advogados da American alegavam que a tripulação do voo 1420 não recebera todas as informações sobre as condições atmosféricas em curso.
35:54American 1420, seu equipamento é muito melhor do que o meu aqui?
35:59O que eu tenho é 22F.
36:02Mas após entrevistar o controlador em Little Rock, os investigadores não se convenceram.
36:08É extremamente improvável que a tripulação não estivesse suficientemente informada sobre as condições do tempo e a sua gravidade.
36:17Não apenas durante o percurso, mas claro, durante o andamento da aterrissagem em Little Rock.
36:21O foco se voltou para os pilotos.
36:24Advogados representando os passageiros estavam determinados a fazer com que a American Airlines assumisse a responsabilidade pelo acidente.
36:31Quer dizer, trata-se de dinheiro de uma certa forma, porque você quer fazer com que eles paguem.
36:39Porque eu vi as cartas que eles escreveram respondendo ao meu advogado, minimizando o que tínhamos passado,
36:46minimizando as queimaduras da minha filha, os cortes, os efeitos psicológicos que isso provocou em meu filho de 15 anos,
36:53em minha filha e em mim.
36:57E estavam simplesmente minimizando tudo.
36:59E então temos que buscar justiça.
37:01René Salmans e muitos outros sobreviventes assistiram às audiências públicas da NTSB
37:06que ocorreram em Little Rock oito meses depois do acidente.
37:09Com o capitão morto, o copiloto foi o primeiro a testemunhar.
37:12A medida que saímos da pista, eu podia ver as luzes da pista se aproximando.
37:18Eu não conseguia ver nada à nossa frente.
37:20Tudo o que eu pensei foi que o trem de pouso podia se arrebentar e que continuaríamos deslizando.
37:25Precisa dar certo.
37:27Aí eu senti o impacto.
37:29Eu acompanhei tudo o que pude.
37:32Pode apostar, eu queria saber o que tinha acontecido.
37:34Fui a todas as audiências da NTSB, senti-me ultrajada.
37:38Eu fiquei louca.
37:40Para mim, eles não fizeram as perguntas certas.
37:42Sabe, eu queria perguntar a eles, o que estavam pensando?
37:45Por que ficaram jogando com as nossas vidas?
37:48O testemunho do copiloto foi bastante discutível.
37:52Em seu relato sobre o momento final do voo,
37:54ele alega ter dito ao capitão para abortar a aproximação,
37:57o que é conhecido também como voltar atrás.
38:00Quem pode pedir para que a operação seja abortada?
38:02Qualquer piloto.
38:04Você pediu um voltar atrás em algum momento?
38:06Sim, senhor, eu pedi.
38:08Parece que depois de ouvir novamente a gravação,
38:10você consegue ouvir o voltar atrás.
38:13Parece que ele falava ao mesmo tempo que eu.
38:16E eu olhei para ele e ele levou o avião de volta ao curso.
38:20Entretanto, quando especialistas da NTSB estudaram as gravações de vozes na cabine,
38:25eles não ouviram tal afirmação.
38:26Apesar dele continuar mantendo aquele depoimento,
38:33nunca pudemos validá-lo.
38:35Aquilo levou a uma descoberta controvertida,
38:38porque não tínhamos certeza de que aquilo tivesse acontecido ou não.
38:42A NTSB foi firme em suas perguntas ao copiloto.
38:45Mas o treinamento da American Airlines também não era falho?
38:49Greg Fite colocou um dos gerentes da American Airlines no banco de testemunhas.
38:53Quais eram as regras para os pilotos voarem em meio a tempestades?
38:56Quando perguntado, ele respondeu apenas que simplesmente não queria seus pilotos voando naquelas condições atmosféricas.
39:03Nossos pilotos estão proibidos de entrar ou sair de um terminal cuja área esteja coberta por tempestades.
39:10Para a NTSB, essa política simplesmente não era clara o suficiente.
39:14Bom, essa é uma exigência muito subjetiva para um piloto.
39:17Pilotos precisam de limites.
39:18Você precisa estabelecer limites.
39:20Se há atividade convectiva, ou seja, tempestades acontecendo, e isso dentro de 5 milhas marítimas do aeroporto,
39:26se há relâmpagos e se há windshore, então não vá.
39:36Quanto mais investigava, mais a NTSB descobria que voar sob tempestades era algo alarmantemente comum.
39:43Evidências extraordinárias dadas nas audiências revelaram que o problema era de toda a indústria.
39:54Especialistas do MIT passaram semanas gravando as rotas dos aviões aterrissando em Dallas-Forth Ward.
40:03Eles esperavam pelas tempestades e observavam como os pilotos reagiam.
40:07Sua animação marca em gráfico os aviões chegando para aterrissar com imagens de tempestades no radar.
40:17Qualquer coisa amarela ou laranja é uma tempestade potencialmente forte.
40:22Dos 2 mil encontros com tempestades,
40:242 de cada 3 pilotos voaram em meio à tempestade e aterrissaram sua aeronave.
40:33Fiquei muito surpreso com o depoimento na audiência pública.
40:36Considerando que eles voam com os melhores equipamentos, possuem o melhor treinamento
40:40e têm à sua disposição as melhores informações
40:43e continuam tomando decisões que colocam em risco a vida das pessoas,
40:47eu fico surpreso que eles tenham tentado fazer uma coisa daquelas.
40:52Os pilotos sabem que se entramos em uma tempestade, podemos não sair dessa tempestade
40:56e se conseguirmos sair, pode acontecer de não sairmos inteiros.
41:00Por que tantos pilotos voam rumo ao perigo?
41:06Pesquisadores do MIT descobriram que os pilotos eram mais descuidados
41:11quando estavam atrasados, se era à noite
41:13e se o avião à sua frente também voava sob mau tempo.
41:17No caso de Little Rock, 2 daqueles 3 elementos estavam presentes.
41:21Era à noite e eles estavam atrasados.
41:24A investigação do MIT era uma prova perturbadora de que o acidente em Little Rock
41:36era parte de um problema ainda maior.
41:40Falando claramente, não estamos vendo um grande progresso.
41:44Há um tempo limitado para treinamento.
41:46O tempo ruim foi fundamental na criação de um ambiente propício a esse acidente.
41:49Nós achamos que não haja justificativa para que qualquer operação
41:54seja levada a termo nessas condições.
41:57Os riscos advindos de condições atmosféricas severas são conhecidos
42:01e a operação deveria ter sido suspensa. Nada de voo.
42:04Os verdadeiros motivos por trás do acidente do 1420 iam ainda mais longe.
42:08Por que os pilotos estavam tão determinados a aterrissar?
42:12Gregory Fite encontrou a resposta em Dallas-Forthworth
42:14antes mesmo que o avião deixasse o solo.
42:16Ali ele encontrou sinais de condições mortais em aviação
42:19decorrentes do estrito cumprimento de horário.
42:23Pode ter sido o cumprimento de horário.
42:25A tripulação sabia que estava num dia de trabalho de 14 horas
42:28e tinha sido um longo dia de trabalho.
42:30O aeroporto estava bem ali.
42:32Vamos tentar. Vamos ver se conseguimos completar a missão.
42:35Os pilotos têm em mente o objetivo. Nós temos em mente a missão.
42:38Nós vamos meter o bedelho ali e tentar ver se podemos completar a missão.
42:43Às vezes iremos completar aquela missão,
42:44mas às vezes nos envolvemos demais e não podemos pular fora.
42:47E não há mais nenhuma outra opção.
42:49E coisas ruins acontecem.
42:52As pressões em função do cumprimento de horário
42:54deflagraram uma série fatal de erros e equívocos.
42:57Não consigo ver nada. Procurando 460.
43:01Ao final de um longo dia correndo para vencer a tempestade
43:03de fazer com que seus passageiros chegassem a seu destino,
43:06a tripulação do 1420 cometeu um erro básico
43:09que custou a vida de 11 pessoas.
43:11Eles se esqueceram de armar os spoilers.
43:14Estavam tão ocupados tentando colocar o avião no chão
43:17que se esqueceram de fazer o que precisavam.
43:19Não tiveram tempo para isso.
43:22Depois do acidente, a American Airlines
43:24revisou seus procedimentos da lista de checagem.
43:27Ambos os pilotos precisam agora confirmar
43:30que os spoilers estão armados, prontos para aterrissagem.
43:35Secretaria Nacional de Segurança no Transporte, Washington.
43:39Em outubro de 2001, a MTSB publicou seu relatório.
43:42Eles chegaram à conclusão que as duas principais causas do acidente
43:45foram, primeira, a decisão de aterrissar sob tempestade,
43:49e segunda, a falha dos pilotos de não armar os spoilers.
43:52A American Airlines se negou a tomar parte deste filme
43:55ou comentar as conclusões.
44:00Como investigador, eu tive praticamente dois anos
44:03para criticar e determinar o que o capitão estava tentando fazer.
44:10Aquele capitão em especial teve segundos para tomar decisões
44:14baseadas nas informações que estava recebendo.
44:17E não é justo que um investigador de acidentes como eu
44:20comece a apontar os culpados.
44:23Eu não estava lá.
44:24Eu os culpo, mas não estou furiosa com eles, pessoalmente.
44:31Eu não gasto o meu tempo com a raiva deles.
44:34Não conseguiram nada, só canseira.
44:37Você pode compreender, mas...
44:41eu não consigo entender uma pessoa, sabe, querendo se matar.
44:46Nós fomos visitar seu túmulo na Academia das Forças Armadas
44:49algumas vezes e o sujeito apenas foi apanhado em uma hora muito ruim
44:54e estar lá, sofrer aquilo.
44:56Um ano após o acidente, os sobreviventes do voo 1420 se reuniram no local
45:06para lembrar aqueles que morreram.
45:10Para os passageiros que sobreviveram,
45:12os efeitos do acidente são duradouros e profundos.
45:15Nós, como família, trabalhamos muito e durante muito tempo para superarmos isso.
45:26Conversamos bastante.
45:27Muitos relacionamentos terminaram.
45:29Você descobre quem são os seus verdadeiros amigos.
45:33Eu não consegui esquecer o que aconteceu com as pessoas no avião.
45:38A vida é uma coisa preciosa e, sem dúvida alguma,
45:43estamos aqui por um breve espaço de tempo e, de repente,
45:47sua vida parece ter a duração de apenas um segundo e meio.
45:50Me perguntam se eu estou bem.
45:52Eu não, eu não estou bem.
45:54Não, nunca estarei bem.
45:56Que negócio é esse de estar bem?
45:58Somos diferentes.
45:59Eu lido com isso.
46:01A vida é assim mesmo.
46:02O dia seguinte aconteceu.
46:04Quando Adam e eu estávamos no hospital, e Samantha,
46:10Adam e eu nos levantamos e olhamos pela janela
46:13e mal podíamos acreditar que a vida continuava.
46:16Não dava para acreditar, ver os carros passando,
46:19ver um dia ensolarado e ver que a vida continuava.
46:22Porque, para nós, a vida havia parado.
46:34E aí
46:40E aí
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