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Em conversa ao podcast Latitude, exclusivo para assinantes de Crusoé, o diplomata Rubens Ricupero criticou os atos de Lula que o levam ao protagonismo negativo no cenário internacional.
"Protagonismo depende do sentido. Há o bom protagonismo e o mau protagonismo. Quem vai negar que Trump é uma figura protagônica?", disse Ricupero, que foi embaixador do Brasil em Washington e na ONU.

Se for assinante da Crusoé, assista à integra dessa entrevista no link abaixo:
https://crusoe.com.br/diario/latitude61-a-diplomacia-pt-puro-sangue/
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Transcrição
00:00Embaixador, o senhor comentou sobre a multipolaridade,
00:05falou da reação de não aplausos, como disse em parte do Ocidente,
00:11com relação ao que tem sido a diplomacia do Lula agora.
00:14Eu queria te perguntar, o Lula tem alguma chance nesse cenário atual conturbado,
00:18o senhor disse mesmo, de alcançar alguma forma de protagonismo?
00:23A gente ouve falar das histórias da ambição, do prêmio Nobel da Paz,
00:28o Lula tem alguma chance de protagonismo nesse cenário atual do mundo?
00:33Olha, protagonismo, viu, Caio, depende do sentido.
00:38Como você sabe, há o bom protagonismo e o mau protagonismo.
00:44Você pode se tornar uma pessoa muito conhecida.
00:48Por exemplo, quem é que vai negar que o Trump é uma figura protagônica?
00:55Só que ela não é admirada.
00:58Ela é, em geral, criticada.
01:01Então, depende do tipo de protagonismo que você busque.
01:06Eu acho que o bom protagonismo é aquele que brota da defesa das causas justas.
01:14Não porque elas são ocidentais ou anti-ocidentais,
01:18mas porque elas em si mesmas são justas.
01:22Eu vou lhe dar dois exemplos.
01:25Ambos aplicáveis ao Lula.
01:28Um deles é o caso da Ucrânia.
01:30Por que ele reluta tanto em condenar a Rússia,
01:35em condenar a invasão,
01:38e dizer algumas palavras em defesa do país que foi agredido,
01:45que é vítima de uma agressão sem nenhuma justificativa
01:50e que viola a Carta das Nações Unidas.
01:54Para ser fiel aos princípios das Nações Unidas,
01:59que são os próprios princípios do direito internacional,
02:04como você sabe, pela Carta das Nações Unidas,
02:07a guerra hoje em dia é um meio ilegítimo
02:13e só é admissível em duas hipóteses exclusivas.
02:19A autodefesa, como o caso que Israel está invocando
02:25na faixa de Gaza e no caso de Israel é justo
02:30que eles foram agredidos primeiros.
02:32Então, a autodefesa.
02:34E o segundo caso, quando o Conselho de Segurança
02:38determina que um determinado país
02:42está sendo uma ameaça à paz e à segurança internacional.
02:48Então, se justifica até uma intervenção contra esse país,
02:53como ocorreu, por exemplo, no Afeganistão,
02:56quando eles abrigavam o terrorismo
02:59depois daqueles atentados a torres gêmeas.
03:04Portanto, quem quiser estar dentro do direito,
03:08que é a tradição da diplomacia brasileira,
03:11do direito internacional e da Carta das Nações Unidas,
03:16não pode deixar de condenar.
03:18Não pode, porque é membro dos BRICS
03:21ou porque não quer levar água para o moinho dos Estados Unidos,
03:26ficar numa atitude dúbia em relação ao caso da Ucrânia.
03:31Ele tem que ser claro, tem que ser determinado.
03:35Isso não quer dizer que nós vamos somar parte no conflito militar,
03:38mas nós vamos dizer com quem está a justiça.
03:42Esse é um exemplo.
03:44Um segundo exemplo é aquele da Venezuela,
03:47que se aplica à Nicarágua e à Cuba.
03:50Por que o PT, o Lula e os que pensam como ele relutam tanto
03:56em condenar as violações de direitos humanos dessas ditaduras?
04:02Hoje em dia, eles têm até uma certa vergonha de defender a Nicarágua,
04:08porque é uma tirania tão extraordinária
04:11que acho que nem eles mais têm coragem de fazer isso.
04:15Mas eles faziam isso em relação à Nicarágua, à Cuba, à Venezuela.
04:21Eles fazem, na verdade, porque lá atrás, na criação do PT,
04:26havia aquela ideia, um partido que nasceu vagamente marxista.
04:31Não é um partido comunista, nunca foi,
04:34mas que tinha uma inspiração esquerdista
04:38e que olhava o mundo como uma luta contra o imperialismo.
04:43Então, para essa visão do mundo, Cuba é uma reação contra o império,
04:50a Venezuela, a Aiden, etc.
04:53Agora, ao relutar em condenar as violações de direitos humanos,
04:58venham de onde vieram?
04:59Venham de Israel, venham da Arábia Saudita,
05:03venham dos Estados Unidos, de onde vieram?
05:05Ao relutar em condenar essas violações,
05:10ele, na verdade, está se calando diante de uma questão fundamental.
05:15Como você sabe, a própria Constituição brasileira
05:19tem uma característica interessante.
05:22Como ela foi feita relativamente há pouco tempo,
05:27ela é uma Constituição que diz explicitamente
05:31quais são os princípios da política externa brasileira.
05:34Se não me engano, é o artigo 4º, 3º, eu não me lembro exato.
05:39Enumera todos os princípios.
05:42E entre esses princípios estão os direitos humanos.
05:45Então, você não pode calar na defesa dos direitos humanos.
05:49E quando você condena uma violação de direitos humanos,
05:54você não está interferindo naquele país,
05:57porque aquele país é membro das Nações Unidas,
06:01ele assinou as convenções de direitos humanos.
06:03Quem é membro das Nações Unidas,
06:07quem assina as convenções dos direitos políticos,
06:12dos direitos econômicos e sociais,
06:14dos direitos culturais e todas as outras convenções,
06:18ele se abre ao escrutínio do mundo inteiro.
06:22Porque essas convenções dizem claramente
06:25que é um dever da comunidade internacional
06:28examinar o que cada um faz
06:31para pôr em prática ou não os direitos humanos.
06:35Não é uma interferência.
06:37É simplesmente o cumprimento dos tratados
06:41que esses países assinaram voluntariamente.
06:43ninguém obrigou a Nicarágua ou Cuba a assinar esses tratados.
06:49Agora, quando não se condena,
06:53a consequência é sempre negativa.
06:56Vocês veem esse exemplo do essequibo,
06:59que vocês citaram no início.
07:01Isso mostra o quê?
07:04Mostra que os ditadores,
07:06os que violam a democracia
07:08e os que violam os direitos humanos,
07:11eles têm que ser condenados,
07:13não apenas por causa dos princípios,
07:16porque nós somos bons moços,
07:19porque nós acreditamos nas aspirações.
07:22É que esses homens são perigosos.
07:25São eles que invadem, que ameaçam invadir.
07:28Você vê, quem é que invadiu a Ucrânia?
07:31Quem é que anexou a Crimeia?
07:34Quem invadiu lá atrás, há muito tempo, a Georgia?
07:39Foi Putin, porque Putin é um ditador,
07:42não é um democrata.
07:44Quem é que está ameaçando invadir a Guiana?
07:47É o Maduro.
07:49Então, você vê, quando um país se abstém
07:52de dar o nome aos bois
07:55e de condenar esses violadores,
07:59ele está, no fundo, indiretamente,
08:02estimulando esse tipo de ação.
08:04Porque, cedo ou tarde,
08:07quem viola os direitos humanos da sua população
08:10não hesita em fazer o mesmo
08:13em relação aos estrangeiros,
08:15que é o crime da agressão.
08:18Então, por isso é que eu digo a vocês,
08:20não é porque isso é uma causa do Ocidente
08:23ou dos Estados Unidos,
08:25é porque é uma causa humanitária,
08:29é uma causa do humanismo,
08:30é uma causa do direito.
08:33Então, o Brasil tem que ser fiel
08:35a esses princípios,
08:37e não a um partido,
08:39não a uma ideologia,
08:41vagamente, de esquerda,
08:43antiimperialista,
08:45seja o lá que for.
08:46Como eu disse a vocês,
08:48eu, que apoio integralmente
08:52a política ambiental do atual governo,
08:55apoio a política de direitos humanos,
08:58de saúde, de educação,
09:00eu não apoio toda a política externa.
09:04Tem coisas que são corretas,
09:06outras que não são.
09:08Então, esse é o meu pensamento,
09:10que eu queria,
09:11foi bom você me perguntar.
09:13Eu acho que atrás o que está
09:14é o PT,
09:15a ideologia do PT,
09:17mas o Celso pensa da mesma forma,
09:20é mais ou menos um daqueles
09:22que pensa,
09:24se não fosse ele,
09:25seria o Marco Aurélio Garcia,
09:27que já não está mais aqui,
09:30mas que pensava também
09:32nessa mesma linha.
09:43E aí

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