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NotíciasTranscrição
00:00Eu preciso construir uma narrativa para destruir o inimigo, estou aqui para me vingar dessa
00:23gente. Salve, salve, eu sou Felipe Moura Brasil, sejam bem-vindos ao Papo Antagonista, mais uma edição
00:33especial de fim de ano. Nessa semana estamos conversando com os colaboradores da edição de
00:38fim de ano da Cruzoé, que sai nessa sexta-feira, 29 de dezembro de 2023. Se você está vendo esse
00:44vídeo antes, corre lá, assina para ler todo esse compilado de escrutínio em cima de temas muito
00:51importantes no debate público nacional e internacional. Se você está vendo esse vídeo
00:55no futuro, corre lá para ler também cruzoé.com.br, procura a edição de fim de ano, porque são
01:01conteúdos permanentes. Hoje a gente tem uma convidada muito especial da área da psicanálise,
01:07mas antes eu dou minha boa noite, aqui é o Duda Teixeira, que vai dividir esse papo comigo
01:10no estúdio. Salve, salve, Duda. Salve, salve, Felipe, boa noite. Muito bem, conversamos nessa
01:16semana com colaboradores sobre temas como corrupção, sistema político, inteligência artificial,
01:21antissemitismo. E hoje a gente vai falar de um tema que dá o que falar e sobre o qual a gente
01:27tem escrito, inclusive, em antagonista.com.br, que é o feminismo. E para isso convidamos uma
01:33psicanalista altamente qualificada. Se eu for falar, todo o currículo dela aqui ocupa metade do
01:38programa. Tânia Coelho dos Santos tem pós-doutorado em Paris. Boa noite, Tânia. Seja bem-vindo aqui ao
01:44Papo Antagonista. Boa noite, Felipe. Muito obrigada a você e ao Duda pelo interesse em conversar
01:51comigo sobre esse assunto, que afinal é um tema tão caro, né? O meu trajeto de formação e de pesquisa.
02:00Tânia, a gente tem falado com os colaboradores no começo do programa sobre um pouquinho do perfil
02:07deles, né? Para o nosso público saber. E em relação a terapeutas, de modo geral, as pessoas sempre perguntam
02:13qual é a sua linha, etc. Como é que você se resume, resume o seu trabalho profissional?
02:19Não é difícil, Felipe. Não existe psicanalista que não seja freudiano. Eu me formei na tradição
02:27freudiana, na obra freudiana, análise, supervisão, experiência clínica. E a essa formação eu acrescentei
02:36um grande passo, um grande avanço, que é a orientação lacaniana. E é isso que eu pratico e eu ensino
02:44nos dias de hoje, psicanálise e orientação lacaniana. Sem deixar de ser freudiana.
02:51E só deixando registrado, a Tânia é autora de vários livros, né? Tem outros também como organizadora,
02:57como colaboradora. Mas os livros autorais, como Quem Precisa de Análise Hoje,
03:01Sintoma, Corpo e Laço Social. Tem um que está em fase aí de lançamento, Tânia?
03:07Só para já deixar registrado, para a gente não esquecer.
03:10Eu acabei de lançar, o Todo Mundo é Igual, Clínica Lacaniana, da Psicose Ordinária e do Autismo.
03:17Ele já está à venda, foi editado pela CRV.
03:23Maravilha. Aí quem quiser se aprofundar, já tem aí as referências.
03:26O título do artigo da Tânia na Cruzoé é O Feminismo Radical é um Machismo Reverso.
03:32Isso certamente vai dar o que falar.
03:35E, Tânia, você começa esse artigo falando das acusações de reais ou supostas agressões
03:41que se multiplicaram, quer dizer, da manifestação do sentimento de injustiça,
03:47de muita gente com essa experiência subjetiva de vítima.
03:51A gente aborda esse tema todo dia, inclusive, na análise do noticiário político
03:55e sempre vem essas alegações de atitudes machistas, racistas ou LGBT e todo o alfabeto.
04:03Como é que é o nome que o comediante americano dá? Alphabet People, né?
04:09A todo esse alfabeto, atitudes que antigamente eram resumidas à homofobia.
04:16E, muitas vezes, pode haver ataques nesse sentido, só que, muitas vezes, é uma sensação que fica
04:23e, às vezes, é só patrulha.
04:26Como é que você enquadrou esse sentimento no histórico do feminismo?
04:30Olha, Felipe, não tem muito tempo que eu me dei conta que o feminismo tinha uma fortíssima influência
04:44no estado de coisas que nós estamos vivendo.
04:48Ao pleitear com todo o direito, enfim, e muito justamente, a igualdade de direitos políticos, jurídicos, civis,
05:03com o homem, a primeira onda do feminismo,
05:07eu penso que se desdobrou, a partir de uma reivindicação justa,
05:15um estado quase que generalizado de oposição à figura masculina,
05:23sempre suspeito de privilégios e indevidos,
05:28especialmente a partir da segunda onda,
05:30quando as mulheres começam a adotar a lógica da diferença de classe,
05:38da oposição de classe social, classe dominante, classe dominada,
05:43que emerge junto com o pensamento, com a doutrina marxista.
05:48Quando isso se superpõe ao feminismo, de fato, se estabelece uma crença
05:54de que os homens são os dominadores e as mulheres oprimidas e dominadas necessariamente,
06:02obscurecendo um fato importantíssimo,
06:06que ao longo da tradição, da conjugalidade, das relações entre os sexos,
06:16os homens tiveram um duro encargo de prover a família sob sua responsabilidade,
06:25cabendo às mulheres o cuidado com as crianças, a casa, a família em geral.
06:32Essa divisão de papéis foi praticamente criminalizada,
06:38como se o homem fosse idêntico, por definição,
06:42ao capitalista, proprietário dos meios de produção,
06:46e a mulher fosse igualável à proletária, explorada pelo capitalismo,
06:53o que é um raciocínio bastante perturbado, distorcido.
07:00Reducionista?
07:03Eu não diria nem reducionista, eu diria que ele é mentiroso.
07:07As mulheres viveram às custas dos homens, do trabalho masculino.
07:10Quer dizer, que história é essa?
07:13De que as mulheres trabalharam para os homens,
07:15os homens também trabalharam para as mulheres, para a família,
07:18para prover a família.
07:20E o fato de que há inúmeras famílias onde isso não acontece de forma adequada,
07:28e de fato mulheres abandonadas pelos homens,
07:32que não desempenham a função que eles cabem,
07:35sobrecarregando a mulher com o trabalho extradoméstico,
07:38intradoméstico e também o trabalho intradoméstico,
07:42não significa que essa divisão tradicional de papéis e de funções
07:48não seja alguma coisa absolutamente justa.
07:52Onde não cabe dizer que alguém explora alguém.
07:57Enfim, me parece que é uma lógica distorcida, uma distorção mesmo.
08:02Não é que não possa haver outros arranjos,
08:06é simplesmente que esse tipo de arranjo você considera legítimo,
08:10não necessariamente significa o opressor e a oprimida,
08:13que é uma visão de uma lente ideológica.
08:19Indiscutivelmente,
08:20esse arranjo pode ser muito proveitoso para ambas as partes ou não.
08:25Caso a caso, é preciso examinar se as relações conjugais
08:30contemplam as necessidades de um e outro ou não.
08:34Há mulheres que podem perfeitamente serem interpretadas ou vistas
08:41como exploradoras dos maridos.
08:45É uma questão de ponto de vista,
08:47é uma questão de como isso se dá,
08:51caso a caso, nas relações conjugais.
08:55As generalizações são sempre perigosas
08:59e atravessadas por interesses políticos
09:02nem sempre bem colocados.
09:08Esse ponto é muito importante, Duda Teixeira.
09:11A Tânia falando sobre a análise caso a caso
09:14e o perigo das generalizações,
09:16nessa época em que muita gente está trocando o divã
09:19pelo movimento de massa,
09:21pela adesão a um grupo político,
09:24a um campo ideológico,
09:26quer dizer, pela uniformização,
09:29pela homogeneização,
09:30suprimindo muitas vezes a sua personalidade.
09:32Diga lá, Duda.
09:33Achei interessante, Tânia, você falar isso que tem...
09:36Dependendo do caso,
09:37a mulher pode ser exploradora dos maridos.
09:40Eu tenho um grupo de amigos casados
09:43que se você se reúne com eles é só piadinha
09:46de mulher explorando o marido.
09:48Eles só falam disso e saem dando risada e tudo.
09:52Mas, Tânia, é o seguinte,
09:53eu queria te perguntar,
09:55as neofeministas que consideram os homens
09:59como agressores, como privilegiados
10:02ou como dominadores.
10:04Essa perspectiva de mundo,
10:06de alguma maneira,
10:09ajudou elas a se satisfazerem,
10:13deixou elas felizes?
10:15Funcionou para elas?
10:18Duda, a sua pergunta é inteligente,
10:21ela demonstra um agudo senso crítico,
10:26mas, como sempre,
10:28a gente está num terreno
10:29onde toda generalização é passível
10:35de faltar com a verdade.
10:39Então, vamos lá.
10:40O que você chama de neofeminismo
10:42provavelmente é a radicalização,
10:46na terceira onda,
10:47do feminismo da segunda onda.
10:50Essa doutrina marxista aplicada ao feminismo,
10:54ela já estimula uma relação opositiva
10:59e uma ideia de que entre homens e mulheres
11:02há uma relação de opressor, oprimido,
11:07dominador, dominado,
11:09tal como nas relações de produção
11:12do tipo capitalista.
11:14Então, dizer que a família
11:17e o modo de produção capitalista
11:19têm exatamente a mesma estrutura
11:21é problemático.
11:23O neofeminismo é a radicalização
11:26dessa perspectiva,
11:30de relações de pessoas que lida,
11:33mas eu penso que isso avança,
11:36e talvez seja esse o ponto
11:38que você está tentando captar,
11:41ele avança,
11:42esse ponto de vista belicoso,
11:45para o campo das relações afetivas e sexuais.
11:49Eu cito, inclusive,
11:52uma feminista que diz
11:54que entre um estupro
11:56e uma relação sexual qualquer,
11:59a diferença é da espessura
12:01de uma folha de papel.
12:07Complicado,
12:08quando você começa a tomar
12:09a própria relação sexual,
12:12é como um ato
12:14atravessado pela violência,
12:17pela agressão,
12:18pelo desejo de dominação,
12:21o macho sobre a fêmea.
12:23Essa radicalização
12:26do feminismo.
12:29Paz,
12:30você pergunta,
12:32traz felicidade,
12:35maior felicidade às mulheres?
12:37Essa questão é uma imensa
12:39delicadeza clínica,
12:41porque eu penso que se uma mulher
12:43de fato encara um homem
12:44como um opositor,
12:46como um rival,
12:47como um potencial agressor,
12:50e a própria vida sexual
12:52como um ato de violência,
12:55quanto mais radical ela é,
12:57mais feliz ela é,
12:58porque mais ela consegue
13:00manter os homens à distância.
13:01E parece que o propósito
13:03desse feminismo
13:04não é estabelecer relações
13:07entre homens e mulheres
13:08mais satisfatórias,
13:11mas é assegurar às mulheres
13:12uma espécie de safe space,
13:15onde elas se livrem
13:16definitivamente
13:17da convivência
13:18com o sexo masculino.
13:21Então, se elas estão sozinhas,
13:23então estão felizes.
13:25É o que eu diria,
13:26responderia você.
13:28Parece que a única saída
13:29para o neofeminismo
13:30é a solidão.
13:31Vamos ver se essas pessoas
13:34que ficam na solidão
13:35ficam realmente felizes.
13:37Aí é preciso analisar
13:38caso a caso.
13:39Tânia, você citou ondas.
13:41No seu artigo,
13:41você descreve detalhadamente
13:44essas quatro ondas,
13:45me parece.
13:46A primeira,
13:46como você colocou,
13:48foi a luta ali
13:48pela igualdade de direitos civis,
13:50jurídicos, políticos.
13:52A segunda onda,
13:53você já mencionou,
13:54que é esse feminismo
13:56marxista.
13:57O que veio depois,
13:59na terceira e na quarta onda?
14:00Penso que a terceira onda
14:03se caracteriza
14:06pela emergência dos studies
14:10nos Estados Unidos.
14:12Os estudos,
14:14estudos de gênero,
14:15estudos de raça,
14:17estudos de orientação sexual,
14:20que vão se caracterizar
14:23pelo esforço sociológico
14:26de desconstrução
14:28de todas as concepções
14:32relativas à diferença sexual.
14:35No limite,
14:37essa terceira onda
14:38chega a pretender
14:39que a própria diferença
14:41anatômica entre os sexos
14:44não passa de uma construção social.
14:47e que o discurso da ciência
14:49ou pesquisa científica
14:52não é mais do que
14:53uma mera construção social
14:55sempre a serviço
14:57da opressão
14:59de alguém
15:00sobre um outro.
15:03É uma perspectiva
15:05que radicaliza
15:07os diferentes modos
15:09segundo o qual
15:10relações de poder
15:12numa dada sociedade
15:14produzem
15:16diferentes formas
15:17de dominação,
15:19diferentes dominadores
15:20e diferentes dominados.
15:22A desconstrução
15:24da diferença sexual
15:25eu penso que é o coração
15:27da terceira onda.
15:29Eu cito, por exemplo,
15:30Judith Butler,
15:31que é uma filósofa
15:32pós-estruturalista.
15:35Americana.
15:36Americana.
15:38Contemporânea, justamente,
15:39desses estudos
15:41que hoje caracterizam
15:42o pensamento woke
15:44nas universidades americanas
15:47e que instala
15:49definitivamente
15:51a guerra
15:52de todos contra todos.
15:56Desse ponto de vista,
15:58especialmente
15:59do ponto de vista
15:59interseccional,
16:02dificilmente a gente consegue
16:05identificar com clareza
16:06quem é o seu inimigo.
16:08São tantos atravessamentos,
16:10são tantas tensões,
16:13são tantas relações opositivas,
16:16relações de dominação.
16:18Gosta saber
16:19quem domina quem
16:20nesse panorama.
16:23São os discursos radicais
16:24aí brotando no seio
16:25das lutas feministas,
16:27como diz um trecho
16:28do seu artigo.
16:29Duda Teixeira.
16:30Tânia,
16:31queria saber
16:33como é que você vê
16:35duas representantes
16:36das mulheres aí,
16:37mas de polos distintos.
16:39Michele Bolsonaro
16:40e Janja.
16:43São completamente...
16:45Está querendo complicar você,
16:46Tânia,
16:47ou Duda.
16:49Ah, Duda,
16:50a sua pergunta,
16:52eu poderia levar
16:55para o lado
16:55mais malicioso.
16:57Você está me botando
16:58para falar.
16:59de duas personagens,
17:02duas mulheres
17:04de homens
17:05de destaque.
17:09Acho que,
17:09quando você é uma mulher
17:10de um homem de destaque,
17:12eu não sei se faz
17:13muita diferença
17:14se você é a Janja
17:16ou você é a Michele Bolsonaro.
17:18A gente só está falando
17:19delas porque
17:19uma era mulher,
17:21é a mulher do Lula
17:21e a outra mulher do Bolsonaro.
17:23Eu penso
17:25que o propósito
17:26da luta feminista
17:28é justamente
17:29propiciar a mulher
17:30oportunidade
17:32de uma carreira própria,
17:34de uma identidade
17:35social,
17:36política,
17:36civil,
17:37independente
17:39do homem.
17:40Não quer dizer
17:40que ela não seja casada,
17:42que ela não tenha filhos,
17:43que ela não tenha um companheiro,
17:45mas o fato
17:46de que a notoriedade
17:48dessas duas mulheres
17:49é completamente
17:50independente
17:51dos homens,
17:51a quem elas estão ligadas,
17:54para mim é o suficiente
17:55para dizer
17:56que um e o outro
17:56não são tão diferentes assim.
17:59Eu duvido você
18:00comentar
18:01alguma coisa
18:02nessa noite
18:02a respeito do meu marido.
18:08Perfeito, Tânia.
18:09E você citou no título,
18:12e aí se volta
18:13um pouco a isso
18:14no arremate
18:15do seu artigo,
18:16o machismo reverso.
18:19Em que sentido
18:20que isso pode
18:21estar acontecendo,
18:23é claro que você
18:23toma todas as precauções
18:25aqui,
18:25como alguém
18:26que tem uma atividade
18:27clínica,
18:28que trata caso a caso,
18:29sem generalizações,
18:31mas a gente sabe
18:32o poder
18:32das ideias
18:34que elas circulam,
18:35elas se
18:35revertem em ações
18:37de pessoas
18:37que muitas vezes
18:38são inconscientes
18:39até
18:39da origem
18:41dessas ideias.
18:43Então,
18:44as mulheres
18:45elas se tornam
18:47quando elas estão
18:49mais aderentes
18:50a esse discurso radical,
18:53mais controladoras,
18:56autossuficientes,
18:57independentes,
18:59mais dispostas
19:02a repudiar
19:03qualquer tipo
19:04de ponderação
19:06do homem.
19:08Como é que você
19:08analisa isso?
19:09Felipe,
19:12eu acho
19:13que eu partiria
19:15de um eixo
19:16comum
19:17a todos
19:19os grupos
19:19identitários,
19:21quando o
19:22feminismo
19:23vai migrando
19:28graças
19:29a essa
19:30associação
19:32com outros grupos
19:34supostamente
19:36oprimidos
19:38pelo homem
19:40patriarcal,
19:41branco,
19:42heteronormativo,
19:45proprietário
19:46dos meios
19:46de produção,
19:48quer dizer,
19:48quando o feminismo,
19:50raça e orientação
19:50sexual
19:51passam
19:52a designar
19:54todos eles
19:55indivíduos
19:57em posição
19:58de
20:00desfavorecimento
20:01face
20:02a um único
20:03albós
20:04que é o
20:05homem branco,
20:06heteronormativo,
20:07patriarcal,
20:08etc,
20:09etc.
20:10Eu penso
20:11que
20:12a questão
20:13do feminismo
20:14se torna
20:15idêntica
20:17à questão
20:18do racismo
20:18e à questão
20:20das orientações
20:21sexuais
20:22não heteronormativas.
20:25Para todos
20:26esses grupos,
20:27o homem,
20:28insisto,
20:29é repetitivo,
20:30mas é importante
20:31que a gente
20:32tenha isso
20:32em conta.
20:34O homem
20:34supostamente
20:35branco,
20:36patriarcal,
20:36heteronormativo,
20:39ele se torna
20:39um inimigo comum,
20:41ele é uma espécie
20:41de outro mal.
20:44E todos
20:44esses grupos
20:45têm esse
20:46inimigo
20:47em comum.
20:49Todos
20:50esses indivíduos
20:51passam
20:52a produzir
20:53discursos
20:54muito semelhantes,
20:55embora a questão
20:56racial
20:56não seja
20:58a questão
20:58do feminino
20:59e não é
21:00exatamente
21:00a questão
21:01das orientações
21:03sexuais
21:04não
21:04heteronormativas,
21:06a discursividade
21:08desses grupos
21:09é muito semelhante,
21:11porque o mais
21:12importante
21:13é o inimigo
21:14em comum,
21:15que é o homem.
21:17E quando você
21:18construiu um personagem
21:20tão solidamente
21:22responsável
21:24por tudo
21:25que há de ruim
21:26no sistema,
21:28no ocidente,
21:29na civilização
21:30judaico-cristã,
21:32na colonização
21:34da África,
21:36enfim,
21:36são tantos
21:37os crimes
21:39do homem
21:40branco,
21:41europeu,
21:41heteronormativo,
21:42etc., etc.,
21:43patriarcal,
21:44que não há mais
21:45diálogo possível,
21:47não é mais possível
21:48conversar com o homem.
21:50Todo homem...
21:50Você fala muito hostis
21:52a esse tipo de homem,
21:53é isso?
21:54Hostis ao homem.
21:56O homem
21:56é, por definição,
21:58a menos que ele
22:00seja
22:01aderente,
22:04uma pauta
22:05não heteronormativa,
22:06ou que ele não
22:07seja branco,
22:08isso já
22:09alivia um pouco
22:10a barra dele,
22:12mas o
22:13principal,
22:15o aspecto principal
22:16é que ele é
22:17por definição.
22:19Tudo isso,
22:21todos esses
22:21predicados
22:22lhe são atribuídos
22:24independentemente
22:25de qualquer
22:26ponderação.
22:28é, de fato,
22:29uma generalização
22:29muito poderosa.
22:31E a gente
22:32encontra isso
22:33mais vivamente
22:35entre os
22:36adolescentes
22:38nos dias de hoje.
22:40Isso se diz
22:41de maneira
22:43muito
22:44convicta,
22:46justamente
22:48entre os
22:49indivíduos mais
22:50jovens.
22:50É curioso,
22:53porque acabam
22:54essas pessoas
22:54suprimindo
22:55sua personalidade,
22:56entrando no movimento
22:57de massa,
22:58e aí depois
22:59elas passam
23:00a não detectar
23:01mais,
23:02ou pelo menos
23:02não considerar
23:03a singularidade
23:05desses homens.
23:06Trata
23:07como se fosse
23:08um conjunto
23:09de homens
23:10malignos.
23:11Diga, Duda.
23:12Tânia,
23:12como é que
23:13esse homem
23:14branco,
23:15europeu,
23:16patriarcal,
23:17heteronormativo,
23:18que é inimigo
23:19de todos esses
23:19grupos minoritários,
23:20ou descendente
23:21de europeu.
23:22Como que ele
23:23tem reagido?
23:27Bom,
23:28nós vimos
23:29recentemente
23:30a onda
23:32bolsonarista,
23:33um dos
23:35vieses
23:36de leitura
23:38do sucesso
23:39de um personagem
23:41que afinal
23:42não tem
23:42muitas qualidades
23:44retóricas
23:46e políticas.
23:49Intelectuais.
23:50A lista
23:52é longa,
23:53não é?
23:54As poucas
23:55qualidades
23:56desse indivíduo,
23:57mas ao adotar
23:58um discurso
24:00ufanista
24:01que associa
24:04a virilidade,
24:06a masculinidade,
24:08com a força,
24:09com o valor
24:10do trabalho
24:11e com o
24:12nacionalismo
24:14brasileiro.
24:15a gente não pode
24:16perder de vista
24:17que todos
24:18esses discursos
24:19são discursos
24:20do colonizador,
24:22são discursos
24:23que nós
24:23importamos
24:24dos Estados Unidos.
24:26Esse papo
24:27de racismo
24:28num país
24:28miscigenado
24:30como o Brasil,
24:31obviamente,
24:32vem de fora.
24:33Essa diversidade
24:35de orientações
24:35sexuais
24:37também é
24:38alguma coisa
24:38que é produzida
24:39lá fora,
24:39importada no Brasil,
24:41assim como esse
24:42feminismo radical.
24:43Então, quando esse personagem
24:45em torno
24:46do valor
24:47da virilidade
24:48ele associa
24:51ou ele traz
24:52de volta,
24:52ele evoca
24:53a brasilidade
24:56como valor,
24:58isso cai
24:59como uma luva.
25:02Muita gente
25:02entendeu o recado.
25:04Muita gente
25:05entendeu que
25:06ser brasileiro
25:07era não
25:08aderir
25:09de modo
25:10sem críticas
25:15a toda essa
25:17discursividade
25:18importada
25:19das universidades
25:19americanas
25:20e que se confunde
25:22com jornalismo
25:23globalizado,
25:25com intelectualidade
25:26de esquerda
25:27globalizada,
25:28enfim,
25:29coisas que vocês
25:29jornalistas
25:30conhecem
25:31tão bem
25:32ou muito melhor
25:33até do que eu.
25:36Perfeito, Tânia.
25:37A gente, claro,
25:38analisa tudo isso
25:39e dissocia
25:40certas ideias,
25:42certos valores,
25:43certas questões
25:43que merecem
25:44ser resgatadas
25:45de determinados
25:46personagens
25:46que muitas vezes
25:47têm condutas
25:48individuais
25:49contrárias
25:50até aos seus
25:51discursos.
25:52Isso faz parte
25:52aqui da nossa
25:53análise diária.
25:54Agora, você citou
25:55universidades americanas,
25:57você citou
25:57inclusive
25:58adolescentes
25:59que muitas vezes
26:00estão expostos
26:01também
26:01a todo um sistema
26:03de ensino,
26:04a uma mídia
26:05onde se propaga
26:07uma cultura
26:08politicamente
26:08correta.
26:11Você,
26:12eu sei que
26:13já foi
26:14bastante patrulhada
26:16dentro
26:16do universo
26:17acadêmico,
26:18na área
26:19da psicanálise
26:20também,
26:21e obviamente
26:21qualquer pessoa
26:22pública
26:23com algum tipo
26:24de destaque
26:25e influência,
26:27e a gente vê
26:27pelo seu currículo
26:28a sua importância,
26:29que aponta
26:30essas coisas
26:31que você está
26:31apontando aqui
26:32com todos os cuidados,
26:33com uma fala
26:34pausada.
26:35a gente sabe
26:37que as pessoas
26:38são alvo de patrulha
26:39porque existe
26:41esse pensamento
26:42que coletiviza
26:43tudo,
26:44que generaliza
26:44tudo,
26:45que busca
26:45escapar
26:46à singularidade.
26:48Como é que
26:48você avalia
26:50esse momento
26:51do universo
26:52acadêmico?
26:53A gente tem
26:54feito cobertura
26:55aqui do que está
26:55acontecendo nos Estados
26:56Unidos,
26:57dessas questões
26:57que você colocou
26:58que são importadas
26:59no Brasil.
27:01É possível
27:01ainda
27:02ter um diálogo
27:04nas universidades
27:05brasileiras
27:06pensando diferente?
27:09Uau,
27:09que pergunta
27:10difícil.
27:12Eu tenho
27:1345 anos
27:15de magistério
27:16na universidade.
27:18Hoje eu sou
27:18professora
27:19na Universidade
27:20Federal de São João
27:21Belrei,
27:21no Programa
27:22de Pós-Graduação
27:23em Psicologia,
27:24justamente porque
27:24a minha convivência
27:25com a minha
27:26universidade de origem
27:28se tornou
27:29bastante difícil.
27:30certamente
27:32muito difícil
27:33em consequência
27:35de talvez
27:37não aderir
27:39com tanta facilidade
27:41aos novos
27:42credos
27:43pós-modernos.
27:46É possível
27:48ainda
27:49ou é desejável
27:50reinstalar
27:51o diálogo
27:52na universidade?
27:54Bom,
27:55eu vou partir
27:56do que aconteceu
27:57nas últimas eleições.
27:59Eu acho
27:59que essa divisão
28:00tão
28:01marcante
28:03entre
28:04os eleitores
28:05do Bolsonaro
28:06e os eleitores
28:07do Lula.
28:08A gente sabe
28:08que muita gente
28:09que votou no Lula
28:10votou por falta
28:11de opção.
28:13Grande parte
28:13dos que votaram
28:15no Bolsonaro
28:15igualmente
28:16por falta de opção.
28:18Mas a verdade,
28:19Felipe,
28:20e acho que esse
28:21é o ponto
28:21que interessa.
28:23Com essa,
28:25com a nossa
28:25realidade política
28:26recente,
28:27eu aprendi
28:28que a imensa
28:31maioria da população,
28:33independentemente
28:34se votou no Bolsonaro
28:35ou no Lula,
28:36isso não é o aspecto
28:37mais importante,
28:39é extremamente
28:40defensora
28:41de valores
28:41tradicionais.
28:43E eu diria
28:44mais do que isso,
28:46que pessoas
28:47defensoras
28:48de valores
28:48tradicionais
28:49não são,
28:51de modo
28:51algum,
28:52nem necessariamente
28:53pessoas
28:54que
28:55rejeitam
28:57os direitos
28:58à cidadania
29:00de mulheres
29:01negros
29:03e pessoas
29:04de orientação
29:05sexual
29:06divergente
29:07do padrão.
29:08Claro.
29:10O mais essencial,
29:12eu penso,
29:12quando você fala
29:13de pessoas
29:14que renunciam
29:15à sua
29:15personalidade,
29:18ao seu próprio
29:18discurso,
29:19para aderir
29:20a grupos
29:21radicais,
29:22é a gente
29:23levar em conta
29:24que essa
29:25não é
29:25a característica
29:27dominante,
29:28penso eu,
29:30da maioria
29:31da população
29:32brasileira,
29:33que tende a ser
29:34bastante moderada.
29:34É por isso
29:34que a gente
29:35continua tentando
29:35falar para esse público.
29:38Pois é,
29:38que costuma
29:40ser bastante
29:40moderada
29:41e bastante
29:42tolerante.
29:44O radicalismo
29:45existe,
29:46tanto entre
29:47conservadores
29:48quanto
29:48entre progressistas,
29:50mas eu não
29:51penso que isso
29:52seja a
29:53característica
29:54hegemônica
29:55na população.
29:58Eu diria
29:59que a população
30:00tende a um
30:01tradicionalismo
30:03progressista,
30:05um tradicionalismo
30:07apego às
30:08estruturas
30:09tradicionais,
30:10mas com
30:10abertura
30:11para transformações.
30:13Eu acho
30:13que isso se vê.
30:15O mais
30:15importante
30:16é que eu não
30:17penso que a
30:18população
30:19pense como
30:19a mídia
30:20globalizada.
30:22E você
30:23pergunta sobre
30:23o Brasil
30:24e as universidades
30:25americanas.
30:26Bom, as universidades
30:27americanas
30:27desenvolveram
30:29o pós-modernismo
30:30radical,
30:31o pós-modernismo
30:32aplicado,
30:32o discurso
30:33woke,
30:34e hoje
30:34no Brasil
30:35as universidades
30:37brasileiras,
30:38ou pelo menos
30:39na área
30:39de ciências
30:39humanas,
30:40há um grande
30:41número
30:41de professores
30:42que acreditam
30:44que vão
30:45se desvencilhar
30:47da cultura
30:48ocidental
30:49judaico-cristã
30:50e que vão
30:52imprimir
30:55uma direção,
30:57um processo
30:57de decolonização
30:59do pensamento
31:02brasileiro.
31:03Essa tem sido
31:05a tendência
31:07que a esquerda
31:08vem tomando
31:09na universidade
31:11brasileira.
31:12tendência
31:13que de modo
31:14algum
31:14é hegemônica.
31:18É isso aí,
31:19a gente continua
31:19acreditando
31:20na maioria
31:20silenciosa
31:21em meio
31:23a minorias
31:23barulhentas.
31:25Duda,
31:25alguma consideração
31:26final?
31:27Tânia,
31:28posso concluir
31:29então que a maioria
31:29da população
31:30ficou na segunda onda,
31:31é isso?
31:33Simone de Beauvoir
31:34parou aí.
31:35Maioria?
31:36Eu penso
31:37que a maioria
31:38da população
31:39não raciocina
31:41em termos
31:42de opressores
31:43e oprimidos.
31:46Eu acho
31:46que a boa
31:47parte,
31:48grande parte
31:49da nossa população
31:50acredita na universalidade
31:52dos direitos
31:52do homem,
31:53acredita que todo
31:54homem nasce
31:55livre e igual,
31:57fala todos e todas,
31:59só para não ficar mal,
32:00mas acredita
32:01realmente que
32:02quando diz todos,
32:03está dizendo
32:03todos mesmo.
32:05Isso inclui
32:05mulheres,
32:06negros e pessoas
32:07de orientação
32:08sexual divergente.
32:09eu ainda
32:11acho que
32:11o credo
32:12do Estado
32:13moderno
32:14é o que
32:15predomina
32:16e assim como
32:17as noções
32:18de cidadania
32:19universal
32:19e universalidade
32:21dos direitos
32:21do homem.
32:23O resto
32:24tem seu lugar,
32:28mas eu não acredito
32:29que tenha hegemonia.
32:30Tânia,
32:32diz o nome
32:32do seu livro
32:33que está sendo
32:34lançado agora
32:35para a gente
32:35finalizar,
32:36para quem acompanhou
32:37todo esse papo
32:38e não quer voltar
32:39para o começo
32:39e gostou de ouvir você
32:41para ter fresquinho
32:42na memória.
32:42Qual é o nome?
32:44O livro,
32:45o título principal
32:46é uma pergunta.
32:48Todo homem,
32:49né?
32:51Somos todos iguais?
32:53Todo mundo é igual?
32:54e se trata
32:57da clínica
32:57lacaniana,
32:59da psicose ordinária
33:00e do autismo.
33:02Todo mundo é igual?
33:03É uma convocação
33:07as pessoas pensarem
33:08que as diferenças
33:09talvez não sejam
33:10diferenças ideológicas,
33:12mas digam respeito
33:13à estrutura subjetiva
33:15de cada um.
33:16Neuróticos,
33:17psicóticos
33:18e outros.
33:19E que muito
33:20dos problemas
33:21de estrutura subjetiva
33:23estão sendo mascarados
33:25com discussões
33:26ideológicas
33:27e reivindicações
33:29de igualitarismo
33:30absoluto
33:31que definitivamente
33:33distorcem
33:34completamente
33:35aquilo que está
33:36em jogo
33:37no campo
33:37da experiência
33:38psicanalítica
33:39que é de onde
33:40enfim,
33:41é de onde eu falo.
33:43Maravilha,
33:44perfeito.
33:44O título do artigo
33:45da Tânia
33:45na edição de fim de ano
33:46da Cruzoé
33:47que sai 29 de dezembro
33:48é
33:48O Feminismo Radical
33:50é o Machismo Reverso?
33:52Vale a pena ler?
33:53É um registro histórico
33:55que a Cruzoé
33:55está fazendo
33:56nessa edição
33:57e eu agradeço muito
33:57a Tânia Coelho
33:58dos Santos
33:59psicanalista
33:59pela participação
34:01no Papo Antagonista
34:01boa noite,
34:02bom trabalho
34:03boas entradas
34:04em 2024, Tânia.
34:06Boa noite, Felipe
34:07boa noite, Duda
34:08muito obrigada
34:09por essa conversa
34:10tão agradável.
34:12Obrigado nós
34:13aqui
34:13e o Papo Antagonista
34:14continua de segunda
34:15a sexta-feira
34:16sempre às 18 horas
34:17ao vivo
34:17um grande abraço
34:18a todos
34:18tchau
34:19tchau
34:20tchau
34:21você sabia
34:22que pode assistir
34:23aos programas
34:23ao vivo
34:24de O Antagonista
34:24na sua Smart TV
34:26conecte a sua Smart TV
34:28à internet
34:29se ela ainda
34:29não estiver conectada
34:30acesse o aplicativo
34:32do YouTube
34:32na sua Smart TV
34:33ou se ele ainda
34:35não estiver instalado
34:36baixe diretamente
34:38da loja de aplicativos
34:39da sua TV
34:40procure pelo canal
34:41de O Antagonista
34:42no YouTube
34:43se inscreva no canal
34:45e ative as notificações
34:46para receber os alertas
34:48dos programas ao vivo
34:49outra opção
34:51é espelhar o conteúdo
34:52diretamente
34:53do seu smartphone
34:54abra o aplicativo
34:56do YouTube
34:56em seu aparelho
34:57procure pelo canal
34:58de O Antagonista
34:59e depois clique
35:00aqui neste ícone
35:01de espelhamento
35:02encontre a sua TV
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35:05agora você pode assistir
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35:09sempre que quiser
35:10não perca tempo
35:12e aproveite
35:12os melhores conteúdos
35:14sobre política
35:14economia
35:15cultura
35:15e muito mais
35:16com a qualidade
35:17e a independência
35:18de O Antagonista
35:19na tela
35:20da sua TV
35:21eu preciso construir
35:27uma narrativa
35:28para destruir
35:29o inimigo
35:30estou aqui
35:31para me vingar
35:31dessa gente
35:32eu não vou esperar
35:33foder minha família
35:34por isso
35:35vou interferir
35:48e a minha família
35:50eu não vou esperar
35:50e a minha família
35:52eu não vou esperar
35:52e a minha família
35:53eu não vou esperar
35:53Obrigado.
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