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00:00A gente começou dando esse panorama da agenda política, só que agora eu vou chamar uma pessoa que eu sei que vocês conhecem, vocês gostam muito, por isso que eu trouxe ele aqui de volta, que é o Rodrigo Oliveira, para me ajudar no panorama da agenda econômica, que eu sei que também tem muita coisa para acontecer. Tudo bom, Rodrigo?
00:19Tudo bem, Júlia. Boa tarde, boa tarde aí, sucupira, sucupirados, sucupiranos. Estamos por aí, novamente.
00:26Me conta uma coisa, Rodrigo, como é que está a previsão da semana? Vim que você já começou a segunda-feira dando spoiler do que a gente pode ter na economia.
00:37O mercado francês está bem de olho no Congresso Nacional essa semana. A gente tem os últimos dias para o Haddad apresentar o orçamento, quer dizer, não é nem para o Haddad apresentar o orçamento,
00:52o planejamento apresentar o orçamento, claro, mas o Haddad tem essa história de que vai deixar as contas em equilíbrio, e até agora ninguém sabe muito bem de onde virá esse equilíbrio,
01:02já que você teve um aumento de despesa, você precisa então ter um aumento de receita para poder equilibrar as contas.
01:09É simples, é matemática simples, é básico, é fácil, na teoria, só que na prática você precisa saber de onde você vai tirar esse dinheiro.
01:20O governo tem falado aí, deve vir junto nesse pacote, uma taxação sobre os fundos exclusivos, que o governo gosta de chamar de fundo dos super-ricos,
01:31o imposto contra os super-ricos. Esses fundos exclusivos, normalmente a partir de 5, 10 milhões de reais, quando a pessoa tem esse tanto de dinheiro em cash,
01:40em dinheiro mesmo, ele monta um fundo exclusivo que tem algumas vantagens tributárias, e é isso que o governo quer acabar,
01:47ele quer que essa pessoa, que tem esse fundo exclusivo, pague mais ou menos o mesmo imposto que você paga
01:52quando você coloca seu dinheiro num fundo de investimento qualquer de banco, aquele famoso comicotas,
01:58de tempos em tempos o governo vai lá e abocanha um pouquinho do que você ganhou,
02:02para não ter que ficar esperando só o dia que você tirar o dinheiro.
02:06Então isso deve vir junto com o orçamento, para tentar equilibrar as contas,
02:09e aí tem outras medidas que tem que estar andando, ou pelo menos propostas aí no Congresso Nacional,
02:17para o governo poder colocar dentro do orçamento.
02:20Então qualquer coisa que for proposta no Congresso Nacional, o governo pode considerar como perspectiva de receita.
02:29Então algumas coisas devem aparecer lá só para poder fechar a conta,
02:33a gente espera até quinta-feira, quinta-feira é o último dia, para o governo apresentar então o orçamento de 2024,
02:40com aquela ideia de que o resultado primário, o déficit que a gente tem hoje, vai ficar zerado no ano que vem.
02:47Precisa aí de uns 150 a 170 bilhões de reais para fazer essa conta fechar,
02:54que você quer a conta que o Haddad disse que vai fazer fechar no orçamento,
03:00que pouca gente está acreditando nesse momento.
03:04Então além do orçamento a gente tem... Posso continuar, né, Júlia?
03:08Dina, eu só ia comentar, eu estava ouvindo você falar dos números e eu achei bastante otimista.
03:14O Haddad. Estou errada?
03:17Você está muito certo.
03:19Eu costumo brincar que o Haddad é um dos grandes matemágicos do Brasil,
03:23porque ele consegue tirar números de onde não existe absolutamente nada.
03:27Você pegar, por exemplo, na pauta também tem o plenário do Senado,
03:31deve votar na terça ou quarta-feira, amanhã ou quarta, o voto de qualidade do CARF.
03:37Para quem não lembra, o CARF é aquele conselho administrativo de recurso fiscal
03:41e ele, quando uma empresa acha que não devia pagar aquele imposto,
03:45por alguma dúvida qualquer, ela vai até o CARF e pede,
03:49olha, eu não quero pagar porque eu acho que vocês estão cobrando errado.
03:51E aí cria-se, então, esse contencioso administrativo.
03:56O CARF é formado ali de turmas com oito componentes,
04:00quatro que são representantes do contribuinte e quatro que são representantes do governo.
04:05Em caso de empate, desde 2020, uma lei dá ganho de causa automático para o contribuinte.
04:12O que o governo quer agora é colocar o voto de qualidade de volta, que é o quê?
04:16Porque, no caso de empate, o presidente do CARF, que é um representante do governo,
04:22desempata. Normalmente vai desempatar pró-governo, obviamente.
04:27E aí o governo fala entre 50, lá no começo do ano ele falava que era 50 bilhões
04:32de reais que ele podia arrecadar com essa história do voto de qualidade.
04:38Agora já tem gente falando em 59, os mais otimistas, e os mais pessimistas, 11.
04:43Então, é alguma coisa, nesse momento, entre 11 e 60 bilhões de reais.
04:50Pouca gente acredita que seja algo próximo dos 50, deve ficar aí próximo dos 20,
04:54o que já dificulta aquela meta ali que a gente estava falando agora dos 150 bilhões.
05:00Além disso, o governo vai colocar aí o desenrola, que você falou agora há pouco,
05:04também deve entrar aí na pauta para essa semana.
05:09E dentro do desenrola também tem um jabutizinho, que é a limitação do rotativo do cartão de crédito.
05:17O que o Alencar Santana, que é o relator, colocou lá no desenrola,
05:23é que os bancos têm que se juntar e definir um limite para o juro do cartão de crédito,
05:29para o juro do rotativo do cartão de crédito, em até 90 dias.
05:33E o CMN, ou CMN, como o Haddad gosta de falar, que é o Conselho Monetário Nacional,
05:39define então se isso é válido ou não.
05:42Em se tendo um acordo, vale o que os bancos definirem com aceitação aí, com o crigo do CMN.
05:49Se não tiver um acordo, a própria lei, já o que o Alencar Santana colocou lá,
05:54limita a 100% de juros.
05:56Hoje, para você ter uma ideia, anuais, hoje o juro do rotativo está em 430%, 440% ao ano,
06:05que dá mais ou menos uns 12%, se não me falha a memória, ao mês.
06:09Se ficar em 100%, esse juro cai para 5,9%, 5,95% ao mês.
06:15O juro do rotativo parece muito baixo, para quem recebe aí para os bancos, parece muito baixo,
06:22porque tem uma carga muito alta de inadimplência no cartão de crédito.
06:27Então, tudo isso acaba colocando esse cartão, esse juro, um pouco mais alto do que, por exemplo, o cheque especial.
06:39Mas o que acontece?
06:40Quando você limita esse tipo de juros, qual é o efeito secundário?
06:43Quando você limita esse juro, normalmente o banco fica mais criterioso para conceder o juro.
06:52Então, essas pessoas acabam migrando para um outro lugar.
06:55Aí a gente não sabe ainda como é que vai ser.
06:58No cheque especial, que hoje é limitado a 8% ao mês, isso já aconteceu.
07:04Os limites de crédito de cheque especial diminuíram e as pessoas migraram para o cartão de crédito.
07:09E agora vão migrar de algum outro lugar, do cartão para algum outro lugar.
07:12Não tem muita...
07:13Isso é muito legal a gente falar, vai limitar, vai colocar um teto, etc.
07:19Mas para quem usa o crédito mesmo, ele só acaba mudando de um lugar para outro.
07:25Por isso, e ali as pessoas até reclamaram um pouco daquela ideia do Roberto Campos Neto,
07:29que seria, não, quando o cara não consegue pagar o cartão, você pega a dívida dele
07:34e transforma numa dívida separada.
07:37Porque o juro é mais baixo.
07:39Mas as pessoas acham que vão perder liberdade com isso.
07:43De qualquer maneira, é o Congresso Nacional, que é o representante do povo,
07:47que deve resolver isso de acordo com o que o povo gostaria, a gente imagina.
07:52Pelo menos aqui em Sucupira, é assim que funciona.
07:56A gente diz uma outra medida também que está na pauta para o mercado financeiro,
08:01que deve causar uma volatilidade no mercado acionário,
08:04é a prorrogação da desoneração da folha.
08:07Hoje, são 17 setores que estão nessa parte da desoneração,
08:13que não ficam isentos de imposto.
08:17Esse imposto passa de 15%, 12% para entre 1% e 4,5%.
08:23São 17 setores, são os setores que mais empregam no Brasil.
08:27Call Center, TI, construção civil.
08:31E aí, a ideia do Congresso é expandir isso até 2027.
08:39Era para acabar esse ano, no fim do ano,
08:41mas eles querem expandir isso para 2027, função da pandemia, etc.
08:45Lembrando que isso foi uma medida lá atrás, que acabaria em 2021.
08:49Em 2021 foi expandida até hoje,
08:52e agora eles querem expandir para 2027.
08:56Então, é uma coisa que vai carregando,
08:58e é, obviamente, um gasto fiscal.
09:01Para o governo, que precisa de dinheiro para fechar essa conta
09:04dos 150, 170 bi, fica cada vez mais difícil.
09:09A ideia é que amanhã o Congresso vote,
09:12coloque essa SPL para colocar com regime de urgência,
09:16e na quarta-feira, então, já votaria isso.
09:20Eu acho que é mais ou menos isso,
09:21estou até conferindo aqui o que eu anotei,
09:23é mais ou menos isso que está na pauta
09:25para o mercado financeiro, olhando para o Congresso Nacional.
09:30Você esqueceu alguma coisa?
09:31Não, eu lembro dessa questão da desoneração da Folha,
09:33que é até um dos pontos que, inicialmente,
09:36queriam jogar dentro da reforma tributária,
09:38não é isso, Rodrigo?
09:39E aí disseram que não, vai ser depois,
09:41tem até um abrigo.
09:42O governo não estava muito simpático à ideia de estender.
09:46Foi, se eu não me engano, foi o Mar Nascimento...
09:48Não, mas não, era quem no Senado foi o do União da Paraíba,
09:55esqueci o nome dele agora, vou lembrar.
09:57Foi ele que meio que bancou o projeto,
10:00disse, vamos tratar esse assunto agora,
10:01senão ia ficar para o ano que vem também,
10:03a questão da desoneração da Folha.
10:06Só antes de concluir, eu queria te fazer mais uma pergunta.
10:08A gente abriu falando sobre essa vinda do ministro da Economia,
10:13e candidato, no caso, lá na Argentina.
10:17E aí o que eu queria te perguntar é o seguinte, Rodrigo,
10:20economicamente falando,
10:21qual o peso dessa visita para o Brasil?
10:25A gente sabe que Brasil e Argentina têm as relações econômicas,
10:29que são relações fortes e que interessam bastante ao Brasil.
10:33Como é que você vê a vinda do Massa agora
10:36e essa agenda do presidente Lula com ele?
10:40Particularmente, eu acho o seguinte,
10:41essa visita do Massa é mais uma peça eleitoreira
10:49do que qualquer outra coisa.
10:51Vê se sai daqui com alguma promessa de o Brasil ajudar a Argentina,
10:55caso ele vença, ele está mal nas pesquisas lá.
10:58E também o oficial é aquela história de,
11:01ah, não, porque a Argentina vai entrar para o BRICS.
11:04Quando todo mundo sabe que se o Massa não vencer a eleição,
11:07o que provavelmente vai acontecer,
11:09ele não vencendo a eleição,
11:11a Argentina não entra no BRICS porque a Patricia Bullrich
11:14já disse que não vai aderir ao BRICS.
11:17E o Milley, o Javier Milley lá,
11:20que é, não posso chamar o rapaz de maluco,
11:23mas ele é excêntrico, digamos assim,
11:26também já disse que não vai entrar para o BRICS.
11:29Para o Brasil, a Argentina, óbvio,
11:31tem uma importância razoável, econômica,
11:34mas a gente tem um problema agora de pagamento mesmo.
11:38A Argentina tem dificuldade em conseguir dólares,
11:41porque ninguém mais quer o peso argentino.
11:43Então, a gente está negociando para ver se consegue,
11:45via BRICS, que a nossa garantia para dinheiro
11:49de compras argentinas,
11:51seja em Yuan, para também não pressionar mais o dólar,
11:57e o governo tenta fazer essa matemática
12:02para fazer as coisas fecharem.
12:04Na verdade, essa visita do Sérgio Massa agora
12:07é mais, na minha opinião,
12:10uma peça eleitoreira,
12:12para ver se consegue trazer um pouquinho mais de votos,
12:17um pouquinho mais de simpatia a ele,
12:18e lembrando que o Sérgio Massa é ministro da Economia,
12:21como você bem falou aí,
12:22e responsável também pela crise gigantesca,
12:26desproporcional, desastrosa da política
12:29que foi causada pela política econômica,
12:32inclusive dele,
12:33que agora ainda está double down,
12:36está dobrando a aposta nessa história
12:39de aumento de servidores, aumento de gastos,
12:42e mesmo assim, que já recebeu o ok do FMI,
12:48mas aí as coisas ficam mais difíceis para frente,
12:52está empurrando com a barriga
12:53para ver se pelo menos consegue vencer a eleição,
12:55e lá na frente ele tenta colocar a Argentina de volta no trilho,
13:00para saber quanto tempo demora a partir de agora.
13:04Pois, pois, senhor Rodrigo Oliveira,
13:06muito obrigada pela tua contribuição aqui no meio-dia de hoje,
13:10por esse panorama,
13:11e, se duvidar, eu ainda te chamo essa semana de novo,
13:15porque essa semana vai ser agitada na economia,
13:18e eu já avisei aqui,
13:20economia é você e Otávio, não tem jeito,
13:23um ou outro tem que me socorrer aqui,
13:25porque tem muito assunto,
13:26e essa semana com certeza vai ter muito assunto para a gente,
13:29até porque Lula está de volta à Brasília,
13:32e quando Lula está aqui a gente sabe
13:33que a agenda fica bem animada, por assim dizer.
13:37É, e tem muita expectativa sobre essa história da reforma ministerial,
13:42porque, no fim das contas,
13:45é o que vai, como é que se diz,
13:48é o que faz com que as ideologias se conversem,
13:52é a reforma ministerial,
13:53aí fica todo mundo com a mesma ideologia,
13:55é impressionante.
13:57Exato.
13:58Obrigada, Rodrigo, e boa semana para ti.
14:02Para você também, bom trabalho.
14:04Até mais, até daqui a pouco.
14:05Daqui a pouco, até daqui a pouco.
14:07Deixa o celular aí perto,
14:08que daqui a pouco a gente se fala de novo.
14:11É isso.
14:12Tá bom.
14:13Obrigada.
14:16Obrigada.
14:17Obrigada.

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