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Carlos Gustavo Poggio, professor de ciência política e relações internacionais do Berea College, fala sobre a expectativa para a próxima eleição presidencial dos EUA.

Assista à íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=z4mL12wZFMc&t=445s

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Transcrição
00:00Queria entrar no assunto guerra na Ucrânia, Podio.
00:05Eu noto, desde já, em discursos da oposição republicana,
00:10o próprio governador De Sanchez falou nisso,
00:13que os gastos com a guerra na Ucrânia que estão sendo empreendidos
00:16pelo governo Joe Biden, apoiando os ucranianos contra a invasão russa,
00:21estão sendo contestados.
00:23Existe um discurso já se formando na oposição
00:26de que esses gastos seriam mais bem empregados internamente,
00:31que os Estados Unidos precisam,
00:33e é uma coisa que também condiz com o isolacionismo
00:38que o Trump defendia na política externa na época em que era ele o presidente.
00:43No caso do Biden, parece haver um compromisso firme
00:47de dar ajuda militar à Ucrânia,
00:49e eu queria saber de você como você acha que isso pode se refletir na eleição,
00:57se esse tema da ajuda militar à Ucrânia pode ser explorado,
01:01se há uma vantagem ou uma desvantagem para o Biden, como você vê?
01:06Isso é uma outra questão que mostra como o Partido Republicano mudou.
01:10Você imagina o partido de Ronald Reagan,
01:13o partido de George Bush,
01:14dizendo que nós não temos que ajudar os aliados americanos
01:20numa luta contra uma potência agressiva, no caso da Rússia.
01:24Então isso mostra que há uma parcela expressiva,
01:28principalmente entre os trumpistas,
01:30os apoiadores do Donald Trump no Congresso Nacional,
01:32aqueles mais vocais contra a Ucrânia
01:35são aqueles que apoiam mais fortemente o Donald Trump.
01:40Então há uma coincidência nesse sentido.
01:42A postura republicana tradicional até 2016
01:45seria justamente uma postura de enfrentamento à Rússia.
01:49Eu lembro um debate na reeleição do Barack Obama, em 2012,
01:56o Barack Obama discutia com o Mitt Romney,
01:57o Mitt Romney disse que o principal adversário geopolítico dos Estados Unidos
02:02era uma Rússia,
02:03e o Barack Obama deu risada do Mitt Romney.
02:06Falou assim, olha, você está vivendo uma Guerra Fria.
02:08É claro que depois, invasão da Crimea, invasão da Ucrânia e tal,
02:13isso tudo acabou mudando bastante.
02:15Então, o que mostra, de novo, como foi uma trajetória muito longa
02:19do partido republicano, muito rápida,
02:21entre o Mitt Romney, que tinha essa visão mais internacionalista,
02:25até o isolacionismo do Trump,
02:27isso tem contaminado também, claro, do Congresso Nacional.
02:30Então pode, sim, claro, ser um problema
02:32se essa guerra na Ucrânia continuar no longo prazo,
02:38também pela experiência histórica que nós temos nos Estados Unidos,
02:41os Estados Unidos são uma nação que não tem muita paciência
02:43para guerras longas.
02:45Quanto mais as guerras vão se estendendo,
02:47você ousou pegar o exemplo da Guerra do Vietnã,
02:49a Guerra do Afeganistão, do Iraque,
02:51são guerras que começaram com um apoio público popular muito grande
02:55e foram pedindo apoio conforme elas foram se estendendo.
02:58Então essa é uma questão relevante aí que vai ser fundamental,
03:02porque a questão da Ucrânia é crucial na visão de política externa
03:06do Joe Biden, que enxerga a política externa como esse atual do século XXI,
03:10os relaços internacionais, como sendo um embate entre democracias e autocracias.
03:15E uma vitória da Rússia na Ucrânia não seria ruim apenas para a Ucrânia,
03:20a partir desse ponto de vista,
03:22mas seria ruim para toda a ordem internacional
03:25que os Estados Unidos construíram desde o final da Segunda Guerra Mundial.
03:30Ocorre que o Trump é o primeiro presidente
03:32desde o final da Segunda Guerra Mundial
03:35a se colocar abertamente contra essa ordem,
03:38que é uma ordem que envolve o quê?
03:39Mercados abertos, instituições, democracia, direitos humanos, etc.
03:44O Trump se colocou contra absolutamente tudo isso.
03:47Era alguém que defendia protecionismo, isolacionismo,
03:50contra a ONU, contra a OTAN,
03:51que mesmo no discurso não tinha,
03:55claro que há muita hipocrisia,
03:56às vezes o discurso americano de direitos humanos,
03:58mas o Trump nem no discurso colocava isso
04:01como um elemento da política externa americana.
04:03Então ele se destacou muito,
04:04ele representa uma mudança muito importante nesse sentido.
04:08Podio, agora você acha que o presidente da Ucrânia,
04:11o Volodymyr Zelensky, deveria se preocupar
04:15no caso de uma eleição do Trump ou do Ron DeSantis?
04:19Acho, eu acho que se o Trump for eleito,
04:22certamente, ou se eu sou o Zelensky,
04:25eu ficaria bastante preocupado.
04:27Uma eleição do Trump no meio de uma guerra com a Ucrânia,
04:30seria muito interessante ver como é que reagiriam
04:33os aliados europeus,
04:34porque eu acho que aí seria de fato,
04:36sacramentaria uma certa divisão
04:40nessa aliança, que é a aliança fundamental
04:43do pós-segunda guerra,
04:44que é a chamada aliança atlântica
04:46entre europeus e norte-americanos,
04:49que respiraram, de certa forma,
04:51aliviados com a derrota do Donald Trump,
04:53mas que ficou sempre esse fantasma.
04:55Ou seja, se os Estados Unidos elegeram o Trump uma vez,
04:57por que não podem eleger novamente?
04:59Então isso talvez obrigue a Europa
05:01a retomar um certo protagonismo.
05:03Quer dizer, quem é que vai ser responsável,
05:05caso os Estados Unidos abdiquem
05:07da sua função de liderar a ordem internacional,
05:10quem é que se responsabilizaria por isso?
05:12Se ninguém se responsabiliza,
05:14nós temos uma nova ordem,
05:15a ordem essa provavelmente liderada pela China,
05:18com a Rússia aí como um anexo chinês praticamente.
05:24Podio, você acha que,
05:25falando da postura do Biden em relação à Ucrânia,
05:29você acha que houve alguma influência
05:32da situação do Afeganistão nisso?
05:34Porque o Biden, na prática, retirou,
05:37concluiu a retirada das forças americanas
05:40do Afeganistão e deixou o país na mão do Talibã.
05:43A gente viu aquelas cenas dos afegãos
05:45meio desesperados no aeroporto de Kabul,
05:48tentando embarcar nos aviões americanos e tal.
05:53Em que medida isso, que foi visto como um...
05:56Logo no início do mandato do Biden,
05:58como um fiasco da política externa dele,
06:01embora fosse uma situação já que se desenrolava
06:04há muitos anos,
06:05como é que isso informou ou influiu
06:08a postura bastante diferente
06:10que ele está tomando em relação à Ucrânia
06:13e a invasão da Rússia agora?
06:15De fato, o Afeganistão foi, talvez,
06:18o principal fiasco da política externa
06:20do Joe Biden em termos
06:21de como foi operacionalizada essa saída.
06:23Mas também representa uma visão
06:26que foi a visão com a qual o Joe Biden
06:28entrou na Casa Branca,
06:29e o secretário de Estado, Antony Blinken,
06:32confirmou essa visão de que os Estados Unidos
06:35não mais fariam o tipo de intervenção
06:38que foi vista no Iraque e no Afeganistão,
06:40reconhecendo o erro,
06:41principalmente na intervenção do Iraque,
06:43e os certos limites do poder norte-americano.
06:46Então, os Estados Unidos sairiam dessas regiões,
06:50na verdade, isso é uma postura
06:51que a gente já começa a ver
06:52desde o Barack Obama.
06:53O Barack Obama realizou o pivô para a Ásia.
06:56Então, a ideia de que os Estados Unidos,
06:58aos poucos, gradualmente,
06:59se retirariam dessas regiões mais periféricas,
07:01para se concentrar naquilo que eles enxergam
07:04como a grande disputa,
07:05que é a disputa contra a China.
07:07O Biden teve um elemento da China muito importante
07:09durante todo o seu mandato.
07:10Inclusive, a questão do plano de infraestrutura dele,
07:14ele justificava para dizer
07:15que temos que competir com a China.
07:17Então, por conta das competições estratégicas com a China,
07:21o Biden acabou tendo essa visão,
07:24essa grande visão estratégica dele
07:26seria justamente a retirada desses lugares
07:28para poder se concentrar nessa competição.
07:30Quando vem a questão da Rússia,
07:32até desloca um pouco o eixo do Biden,
07:35que era a competição estratégica com a China,
07:37para a Rússia como alguém que é uma...
07:40Por que essa competição com a China?
07:42Porque a China era vista como aquele país
07:44que ainda é visto,
07:45que é a principal ameaça
07:47à liderança norte-americana
07:49no que concerne à ordem internacional
07:51que temos atualmente.
07:53Com a atuação da Rússia na Ucrânia,
07:55comprovou-se que a Rússia,
07:57também como potência agressiva,
07:59estaria se colocando contrariamente
08:01a esta ordem liderada pelos Estados Unidos.
08:04Então, hoje que nós temos
08:04essa combinação entre Rússia e China.
08:06Então, a resposta do Biden na Rússia
08:09é uma resposta que,
08:10na questão da guerra da Ucrânia,
08:11que entra dentro dessa visão
08:12de política externa dele.
08:13Ou seja, eu não vejo uma contradição nesse sentido.
08:16Eu acho que ela, na verdade,
08:17está dentro daquilo que ele enxerga
08:19como sendo central.
08:21Ou seja, deslocar o eixo
08:22daquilo que foi a política externa americana
08:24que marcou, principalmente a era Bush
08:26no pós-11 de setembro,
08:28de se focar em Estados-paras,
08:29em redes terroristas transnacionais,
08:31para voltar ao jogo das grandes potências.
08:34Gradualmente, esse é o processo
08:35que a gente vê acontecendo
08:36desde o governo Obama com o Trump,
08:38que se consolida agora
08:39definitivamente com o Biden.
08:54atovem com o Trump,
08:57e vamos ao seu cargo.
09:01E aí
09:01amém?
09:04Eu amo?
09:05Amém.
09:07Amém.
09:14Eu amo.

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