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  • 19/06/2025
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Categoria

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Notícias
Transcrição
00:00Então, nessa ação penal 504.65.12.94, continuo a depoimento do senhor ex-presidente Luiz Inácio
00:08Loura Silva. Como eu disse, eu encerrei as questões do juízo, eu vou passar ao Ministério
00:13Público, sem prejuízo de esclarecimentos adicionais. Ao final do depoimento, o Ministério
00:17Público tem a palavra.
00:19Excelência, Excelência, a despeito de a Constituição da República e a legislação de hierarquia
00:26inferior a segurar o direito ao silêncio, o interrogante faz questão de responder todas
00:32as indagações no Ministério Público. Então, ele não vai usar, a não ser que se extrapole
00:39do tema aprobando. É a única exceção.
00:42Eu agradeço a parte do senhor, mas, se eu não me engano, ele já esclareceu isso no início.
00:45Mas eu não estou dando a parte à vossa Excelência, eu estou falando com o magistrado.
00:49Agradeço a sua intervenção, mas eu me dirijo ao magistrado.
00:51A palavra do Ministério Público, vamos seguir, então.
00:53Perfeito. Bom, senhor Luiz Inácio, boa tarde. Gostaríamos aqui, enquanto Ministério
01:01Público, de complementar alguns aspectos das perguntas feitas pelo juízo. O primeiro
01:08aspecto que gostaria de indagá-lo, senhor Luiz Inácio, é sobre...
01:13Excelência, pela ordem, só uma questão de respeito. Assim como vossa Excelência foi
01:18bastante cuidadoso com o tratamento dado ao ex-presidente da República, eu diria
01:24ao Ministério Público que também observasse que nós estamos aqui tratando de um ex-presidente
01:29da República. Então, senhor Luiz Inácio, acho que não é uma forma adequada de se referir
01:34a um ex-presidente da República.
01:35Eu acho que o Ministério Público não tem nenhuma intenção de ofender. Provavelmente
01:39é um lápis verbal, mas eu pediria que você exportasse, talvez, a forma como eu coloquei,
01:44de senhor ex-presidente. Embora eu sendo presidente, mais, até poderia ser essa outra forma, mas
01:51vamos fazer dessa outra maneira.
01:53Perfeito.
01:55Bom, senhor ex-presidente, então gostaria de questioná-lo. O senhor mencionou que possuiu
02:01uma relação com o senhor João Vacari Neto. Então, nos últimos dez anos, com que frequência
02:07que o senhor tinha contato, mantinha contato com o senhor João Vacari Neto?
02:12Procurador, eu poderia saber o seu nome?
02:16Perfeitamente. Meu nome é Robertson Pozovão.
02:21A pergunta é nos últimos dez anos.
02:24Vamos situar aqui no período da denúncia, de 2004 a 2015.
02:27Tenho a menor noção, querido.
02:28Não tenho.
02:30Aproximadamente, o senhor costumava encontrá-lo pessoalmente, o senhor conversava por telefone
02:35com ele?
02:36Encontrava. Por telefone eu não tenho muito hábito de conversar, graças a Deus.
02:42Porque até coisa familiar é divulgada, então eu me cuido.
02:47Mas eu conversava com o Vacari quando tinha reunião, ele e outro membro do partido,
02:52para discutir assunto de partido, assunto de campanha, assunto de publicidade.
02:58Era assim que eu me contava com o Vacari.
02:59Embora o Vacari seja uma pessoa que eu tenha muita, muita, muita, muito respeito, o Vacari
03:07não é da minha geração sindical, ele é a geração mais nova.
03:11Então eu tinha mais contato com o Ricardo Berzuini, tinha contato com o Cuxiguem.
03:16Perfeito.
03:18O senhor sabia que o senhor João Vacari Neto era diretor do Bancop a época em que a OAS
03:24empreendimentos assumiu o empreendimento marcantável?
03:27Eu não sei se ele era quando a Bancop, quando a OAS assumiu, eu sei que ele era presidente
03:31da Bancop.
03:33E parece que quando a dona Marisa comprou as cota, ele era, parece que o presidente da
03:37Bancop.
03:38Perfeito.
03:39O senhor mencionou também durante a inquirição que o senhor sabia que o Vacari possuía um
03:45apartamento lá.
03:47Como que o senhor soube dessa informação?
03:49Todo mundo sabia que o Vacari tinha um apartamento lá, que ele tinha comprado uma cota, ele era
03:55o presidente da Bancop, ele poderia comprar quantas cotas ele quisesse.
04:01Ele disse isso ao senhor?
04:02Eu acho que ele disse, mas também tem relevante.
04:08Foi publicado uma nota pelo Instituto Lula, a qual foi juntada ao evento 724 dos autos.
04:17Ela foi publicada no dia 12 de dezembro de 2014.
04:21O título é Lula não é dono do apartamento no Guarujá, e se fosse.
04:25Nessa nota constou a seguinte afirmação.
04:29Dona Marisa Letícia Lula da Silva adquiriu em 2005 uma cota de participação da Bancop,
04:35quitada em 2010, referente a um apartamento que tinha previsão de entrega em 2007.
04:39Então, eu pergunto ao senhor, ex-presidente, houve de fato a quitação dessa cota?
04:47Eu não sei, procurador, deixa eu dizer uma coisa para você.
04:51Eu vou apenas repetir aqui um dado que eu já disse para o juiz.
04:54A minha relação com o apartamento Triplex, o apartamento 141, o normal, a do Triplex foi
05:02em 2013, quando o Léo me procurou em setembro, não sei se foi em setembro,
05:07para falar que eu tinha que visitar e eu só fui em 2014.
05:10E a dona Marisa, quando me disse que tinha comprado uma cota da Bancop.
05:14É a minha relação, sabe, com esse famoso apartamento.
05:20Então, o senhor não tem conhecimento sobre a quitação ou não dessa cota?
05:23O senhor sabe por quanto tempo se estendeu os pagamentos feitos para essa cota?
05:34Não tem conhecimento.
05:35Não tem conhecimento porque quem cuidava do apartamento era a dona Marisa.
05:44Eu não sei quanto tempo pagou, se terminou em 2007, 2008, 2009, 2010, eu não sei quanto terminou.
05:49Essa cota do apartamento 141, o senhor sabia como ela era?
05:54Qual era a metragem quadrada, por exemplo?
05:56Não, não, não.
05:56Não tinha conhecimento.
05:57Eu vou apenas repetir, se quiser até economizar tempo, ou seja,
06:02a minha relação com o famoso apartamento da Bancop é de quando a minha mulher comprou,
06:09que foi feito pelo imposto de renda, a primeira visita do Léo para me falar
06:14que eu tinha que visitar o apartamento porque estava acabando o prédio.
06:18Perfeito.
06:19Nessa ação penal em que o senhor é réu, o Ministério Público Federal juntou uma prova documental
06:24como anexo da denúncia.
06:26Trata-se do anexo 197, que foi um documento apreendido na sede da Bancop.
06:33Gostaria de...
06:35Se você me permitiu.
06:37Então, mostrado esse documento, em cima consta Mar Cantábrico, Návia, 09, 1208.
06:46Não tem a menor noção do que é isso aqui.
06:52Se o senhor puder olhar com calma...
06:54Não tem a menor...
06:57Então, na 22ª fase da Operação Lava Jato, foi cumprido um mandado de busca no Bancop e foi
07:04apreendido esse documento.
07:06Esse documento é uma planilha que é datada de 9 de dezembro de 2008 e consolida a situação
07:12dos apartamentos do Condomínio Solares.
07:15Nessa planilha, a relação de todas as unidades do apartamento, constando o nome da pessoa
07:22ou a expressão estoque e referindo-se apenas aos apartamentos disponíveis à venda, a expressão
07:29estoque.
07:29O único apartamento que consta uma expressão diferente é o apartamento 174, em relação
07:36ao qual consta a expressão vaga reservada.
07:39Então, considerando aqui as perguntas já feitas pelo juízo de que na residência do
07:44senhor foram encontrados documentos relativos ao apartamento 174, considerando que no próprio
07:51termo de compromisso há uma rasura na proposta de adesão que foi assinada por sua esposa,
07:56senhora Marisa Letícia, em que a Polícia Federal detectou que havia o número 174 embaixo
08:03do número 141, sobreposto, rasurado.
08:05Eu pergunto ao senhor, era para o senhor e para a sua família que essa unidade triplex
08:10174 do Condomínio Solares estava reservada?
08:12Eu digo para o senhor, não.
08:15Só tem alguém que pode responder, que é a Bancop.
08:20O senhor mencionou que tinha contatos frequentes com o senhor Jovacari, que ele era presidente
08:26da Bancop.
08:27Eu vou repetir, eu vou repetir.
08:30Eu só tive contato sobre o famoso apartamento lá no Guarujá, no ato da compra da cota,
08:39é importante lembrar, e em 2013, quando o Léo me procurou, que eu tinha que cuidar de
08:45ver o apartamento.
08:47Só!
08:47Perfeito.
08:49Qualquer outra pergunta, você perguntou para o Léo ou para a Polícia Federal, ou...
08:54Eu pergunto porque...
08:56Eu sei, eu sei, eu sei.
08:57Cumprimos aqui uma função constitucional, senhor ex-presidente, e nós precisamos esclarecer.
09:03O senhor fique à vontade para responder.
09:05Eu conheço o papel do Ministério Público.
09:06Perfeito.
09:08Então, é só finalizando essa questão, esse documento que foi encontrado na sua residência
09:16por ocasião da busca e apreensão, que consta lá a informação do apartamento 174, edifício
09:21Nave, o senhor não tinha conhecimento?
09:23Eu tenho certeza que a Polícia Federal conheceu mais o dito local que ela disse que encontrou
09:30esse documento do que eu.
09:31Especificamente aqui, com relação à sua primeira visita, o senhor mencionou que...
09:39Primeira não, única.
09:40Perfeito.
09:42A sua, né, única visita então, mas não a única da sua família ao apartamento Triplex.
09:48O senhor poderia aproximadamente nos citar aqui quanto tempo que durou essa visita?
09:54Foi 15 minutos?
09:55Foi uma hora?
09:56Eu não sei.
09:56O senhor não recorda?
09:57Eu não sei.
09:57Nessa visita, eu pergunto ao senhor, o senhor mencionou durante a sua inquirição que foi
10:04visitar o empreendimento e que, segundo lhe foi informado, me corrija se estiver equivocado,
10:12havia duas unidades disponíveis, uma unidade tipo e uma unidade o Triplex.
10:17Eu pergunto ao senhor, nessa oportunidade o senhor foi conhecer também a unidade 141A do
10:22condomínio Solar?
10:23Ele não fez uma afirmação peritória do jeito que a vossa excelência está fazendo.
10:29Eu pedi a ele, com devido respeito, doutor, para que ele me corrija então, se for eu...
10:34Sim, mas eu observando que a pergunta de vossa excelência não reflete o que foi dito
10:39anteriormente, eu tenho o dever de alertá-lo de que não está correta.
10:44Pode repetir a pergunta?
10:45Pois não.
10:46Nessa oportunidade, fevereiro de 2014, o senhor mencionou que esteve junto da senhora Marisa,
10:53do senhor Léo Pinheiro, no apartamento Triplex, no Guarujá.
10:57Eu pergunto ao senhor, o senhor visitou a unidade 141A, aquela cuja cota...
11:02Eu não sei, mas eu fui, eu sei que eu fui no Triplex.
11:06O senhor não visitou outro apartamento no local?
11:08Não sei se eu visitou, só fui num prédio lá.
11:10Eu não sei se passei em outro apartamento.
11:15Perfeito.
11:16É só para ficar bem claro.
11:17A questão é se o senhor teve naquela oportunidade a curiosidade ou a intenção de visitar aquela
11:24unidade em relação à cota que o senhor pagou nos anos anteriores.
11:27O senhor não reflete.
11:27A cota estava vendida já.
11:28A cota foi vendida com bastante antecedência.
11:32A dona Marisa autorizou a cota a ser vendida.
11:36Encerrada essa visita, eu gostaria de perguntar ao senhor se o senhor recorda, foi o objeto
11:46aqui que foi trazido durante as inquirições, inclusive de testemunhas da defesa, se o senhor
11:51recorda de ter retornado um trecho da volta num carro junto com o senhor Léo Pinheiro e
11:59depois trocado os integrantes do carro.
12:03O senhor recorda esse...
12:03Eu peguei o Léo para ir na porta da Volkswagen, na Vizinha Chieta, porque o Léo, eu não
12:11sabia onde que era.
12:12Então o Léo me levou, peguei o Léo na porta da Volkswagen e ele foi me seguindo.
12:16Na volta, na volta, por gentileza, eu falei para o Léo, vamos juntos conversando.
12:22E o Léo veio comigo na volta até a hora que eu fui entrar para a minha casa em São Benado
12:27e ele ia seguir para a casa dele, que eu não sei onde que é.
12:29Certo.
12:30Nessa visita, os senhores discutiram sobre as condições do apartamento?
12:34Não.
12:35Não discutiram?
12:35Não, não discutiram.
12:36O senhor recorda sobre o que o senhor conversou com ele, né, senhor?
12:39Não, não, não.
12:39Não recordo.
12:40Não recordo.
12:41Perfeito.
12:44Alguma vez o senhor Léo Pinheiro visitou o senhor em seu apartamento em São Bernardo do
12:49Campo?
12:50Visitou.
12:51O senhor recorda?
12:51Eu nem me lembrava da visita.
12:53É que eu vi um depoimento dele, ele dizia que foi lá em casa e depois eu vi o doutor
12:57Paulo, que eu não sabia que era Paulo Gordilho, só sabia que era Paulo, que disse que foi
13:02lá em casa.
13:03Como os dois disseram, eu não me lembro, mas eles disseram que foram, eu também não quero
13:07desmentir, não.
13:08Certo.
13:09Se foram, foram, sabe?
13:11E não discutiram, e não discutiram apartamento.
13:15A minha afirmação é categórica.
13:18Eu discuti o apartamento duas vezes.
13:22Certo.
13:22E o que que eles discutiram com o senhor nessa oportunidade?
13:25Eu acho que eles tinham ido discutir a questão da cozinha, que também não é assunto para
13:30discutir agora, lá de Atibaia.
13:34Eu acho.
13:35Foi referido por eles que também houve nessa visita uma discussão sobre os projetos afetos
13:43relativos ao triplex.
13:46O senhor, então...
13:46Mas você também ouviu o doutor Paulo Gordilho dizer que ele notou que a gente nem estava
13:52entendendo que ele estava falando do projeto.
13:54Ele disse em depoimento.
13:56Eu gostaria de perguntar, então, se o senhor recorda ter discutido sobre o projeto.
13:58Eu não tenho a menor noção, se eu discutir apenas a questão da cozinha.
14:01Eu vou dizer para você, nunca mais, depois que eu visitei o prédio, nunca mais eu discutir
14:07triplex.
14:09Eu vou fazer aqui uma observação.
14:11Já que a defesa reclamou o tratamento do senhor ex-presidente, peço que o senhor se refira
14:16aos membros do Ministério Público como o senhor e não como você.
14:19É que é tão novo, um velho falar senhor para um jovem.
14:21Não, sei que o senhor tem uma tendência informal, mas eu peço também que o senhor trate
14:26dessa maneira.
14:26Pode deixar.
14:29Perfeito.
14:32Aí o senhor mencionou que houve uma segunda visita na qual o senhor não participou, né?
14:38Em que teria participado, segundo o senhor referiu, a sua falecida esposa e o seu filho.
14:44O senhor sabe de quem que partiu a iniciativa para essa segunda visita?
14:49Deve ter sido dela.
14:51Ela chegou a comentar isso com o senhor?
14:53Ela comentou, doutor.
14:54Ela tomou a decisão e ela foi.
14:59Afinal de contas, a cota era dela.
15:01Mas nesse momento o senhor mesmo disse que não havia mais cota, né?
15:05A cota era dela.
15:06A cota ela tinha pago, mas não tinha recebido o que ela pagou.
15:10Então ela tinha dinheiro a ver no tal do apartamento.
15:15E ela foi visitar o triplex?
15:17Foi isso que ela disse ao senhor?
15:18Foi.
15:18Ela chegou a comentar com o senhor o objetivo específico da visita?
15:25Não, eu já disse para o doutor Moro que eu não recordo que ela foi visitar.
15:32O seu filho, o senhor Fábio, ele chegou a comentar com o senhor sobre a visita?
15:36Não.
15:38O senhor sabia se o apartamento estava em vias de reforma?
15:42O senhor mencionou aqui que não havia nada.
15:43Eu queria especificar um pouquinho mais.
15:45Não, não sabia se estava em reforma, se tinha alguma coisa feita.
15:48Perfeito.
15:53O senhor mencionou também durante a inquirição que em um dado momento o senhor manifestou
16:03que não gostaria mais do apartamento.
16:05Gostaria de fazer aqui algumas questões sobre isso.
16:07No dia 30 de janeiro de 2016, o Instituto Lula publicou mais uma nota,
16:16a qual eu tomo como ponto de partida para fazer algumas inquirições para o senhor.
16:20A nota tem o título Os Documentos do Guarujá, desmontando a farsa.
16:24No curso da nota, no seu teor, consta a seguinte informação.
16:31Por que a família desistiu de comprar o apartamento?
16:34Uma interrogação.
16:35Por que, mesmo tendo sido realizadas reformas e modificações no imóvel,
16:41abre parênteses, que naturalmente seriam incorporadas ao valor final da compra,
16:44as notícias infundadas, boatos e lações romperam a privacidade necessária ao uso familiar do apartamento?
16:52E aí eu gostaria de perguntar ao senhor, o senhor foi consultado para que essa nota fosse feita?
16:58Deixa eu, eu ia falar até na pergunta do doutor Moura, ia fazer, ia responder isso.
17:03Ou seja, eu não sou dirigente do Instituto, ponto.
17:08A nota, se ela é feita, ela é feita com a direção do Instituto,
17:13em combinação com os advogados que conhecem o projeto e o processo todo.
17:20O projeto conhece a Funda Pancópolis.
17:22Mas eu pergunto...
17:23Nem sempre, quando a nota é feita, eu estou em Instituto.
17:25Nem sempre eu estou em São Paulo.
17:27Às vezes eu fico sabendo das notas pela imprensa.
17:30Mas, objetivamente, senhor ex-presidente, o senhor foi consultado antes da emissão dessa nota?
17:35Não, não.
17:35Então, o Instituto falou sobre uma situação que envolvia a sua família sem consultá-lo?
17:40Deixa eu dizer uma coisa para o senhor.
17:42Vocês estão exigindo de mim uma objetividade que eu ainda não exigi de vocês.
17:50Não, a gente está...
17:51O que eu vou exigir de vocês, ao terminar a palavra de vocês, e eu puder falar,
17:57é que vocês me apresentem o documento de que o apartamento é meu.
18:02Porque essa é a prova.
18:03O resto é conversa fiada.
18:06Senhor ex-presidente, com todo o respeito,
18:10esse é o momento em que o senhor está sendo inquirido.
18:13Todas as provas relativas à acusação foram juntadas ao processo.
18:16Todas as testemunhas estão inquiridas.
18:18Então, essa é a oportunidade para o senhor se manifestar sobre essas perguntas
18:21que vêm sendo feitas pelo Ministério Público, pelo juízo,
18:24e que, quiçá, serão feitas pela defesa.
18:26Então, o senhor fique inteiramente à vontade, se não quiser responder.
18:29Mas eu busco aqui a objetividade justamente para buscar o esclarecimento de alguns detalhes.
18:36Então, especificamente, em relação...
18:38O senhor ex-presidente, só uma questão assim.
18:43Ao final do seu depoimento, como eu faço com todos os acusados que passam aqui,
18:47o senhor ex-presidente vai ter a oportunidade de fazer declarações finais.
18:50Então, assim, se o senhor ex-presidente pretende fazer as declarações no final,
18:54eu sugeriria que deixasse ao final.
18:55Mas só para tranquilizar o nosso procurador é o seguinte.
18:58Eu me preparei para não ficar nervoso como algumas pessoas ficam.
19:05Eu vim aqui para dizer a verdade a mais absoluta.
19:08É que, às vezes, a gente recebe a mesma pergunta tantas vezes
19:12que, sem querer, você vai ficando irritado.
19:15Sem querer, você vai ficando irritado.
19:17Ou seja, e eu espero que o doutor Moro tenha recebido do Ministério Público
19:22a prova concreta, material, de que o apartamento é meu.
19:28Aí eu estarei.
19:30Perfeito. Mas, retornando à questão específica, senhor ex-presidente.
19:34Eu pergunto ao senhor.
19:36O senhor foi consultado, uma vez que a nota versava sobre intenções,
19:42sobre a intenção da família do senhor.
19:44Eu vou repetir aqui o trecho da nota.
19:46Por que a família desistiu de comprar o apartamento?
19:48Por que, mesmo tendo sido realizadas reformas e modificações no imóvel,
19:53as notícias infundadas, boatos e lações romperam a privacidade necessária
19:58ao uso familiar do apartamento?
19:59Isso, eu pergunto ao senhor.
20:01O senhor foi consultado isso?
20:02Ou sua família foi consultada disso?
20:03Não, ordem, excelência.
20:05Isso já foi respondido.
20:06Não, não foi...
20:06Já foi respondido.
20:07Doutor, tem definida a sua questão.
20:10Vamos deixar a audiência fluir.
20:11Deixa o seu cliente responder.
20:12Eu estou deixando.
20:13Doutor, perturba a audiência todo minuto.
20:15Eu acho.
20:15Vossa Excelência não preza pela defesa, isso está claro.
20:18Eu prezo quando a defesa não perturba a audiência a todo momento.
20:21Tá bom.
20:22É que Vossa Excelência enxerga a defesa como alguém que atrapalha a audiência.
20:26Talvez a Constituição não dê guarida a essa posição de Vossa Excelência.
20:31É só ver a postura dos outros defensores, se alguém perturba tanto a audiência.
20:35Mas a pergunta pode fazer novamente, então?
20:37O senhor gostaria que eu informasse?
20:39Eu só queria dizer que, pelo que o senhor leu da nota, o espírito da nota, primeiro,
20:44nenhuma nota, nenhuma nota da diretoria do Instituto e dos advogados, eu preciso saber
20:49da nota.
20:50Ou seja, eles conhecem o processo, sobretudo da advogado, muito mais do que eu.
20:54Com essa história da Bancop, mais do que eu.
20:57Pelo que eu senti, o espírito da nota é dizer que mesmo que tivesse tudo certo,
21:02depois do carnaval feito, em cima do triplex, mesmo que eu tomasse a decisão, não tinha
21:10como utilizar o apartamento.
21:12Porque aquilo virou uma coisa bichada.
21:15Bichada, a ponto de ter quase que marcação de convescote para saber o triplex do Lula.
21:23Senhor ex-presidente...
21:24É só isso que eu acho.
21:26Perfeito.
21:26Na verdade, a nota afirma que, mesmo tendo sido realizadas reformas e modificações,
21:30então eu vou fazer uma pergunta adiante.
21:33O senhor tinha conhecimento que, de fato, foram realizadas reformas e modificações
21:37de imóvel?
21:37Não.
21:39Então a nota...
21:40É porque, certamente, a nota respondia a uma acusação de alguém.
21:44Não, a nota...
21:45A nota respondia ou a uma matéria de imprensa ou a uma acusação de alguém.
21:49E aí, agora, a segunda pergunta, já que o senhor falou que a nota não é verdadeira
21:53no tocante a terem sido realizadas reformas e modificações de imóvel.
21:56Eu disse o quê?
21:57Que a nota não é verdadeira?
21:58Que não foram realizadas reformas e modificações de imóvel.
22:00Que o senhor não tinha conhecimento...
22:01Diz que não tinha conhecimento.
22:03Perfeito.
22:03E não sei se quem fez a nota tinha.
22:06A nota, normalmente, ela é feita em resposta a alguma coisa.
22:11Então é possível que...
22:12A nota não é o começo de um processo.
22:13A nota é o seguinte.
22:14Ou um procurador falou, ou um cara da Política Federal falou, ou um jornalista falou,
22:20ou uma revista publicou.
22:22A nota, normalmente, ela vem em resposta.
22:24Então é possível que quem escreve as notas do Instituto não tenha conhecimento sobre os fatos?
22:34Eu estou dizendo, meu querido procurador, senhor, é o seguinte.
22:38Eu não sei se a nota foi feita em resposta a alguém que disse que estava pronto o apartamento.
22:48E essa nota foi repetida para dizer, sabe, que mesmo que estivesse pronto, não era possível mais.
22:54Eu acho que é esse o espírito da nota.
22:56Perfeito.
22:59Prosseguindo aqui.
23:01O senhor mencionou que, durante a inquirição, que a desistência se deu em decorrência do apartamento ser um local público,
23:10o senhor ser uma figura pública.
23:12E aí eu pergunto ao senhor, uma vez que essa informação...
23:13Data Vênia, a premissa está errada.
23:16Ele não disse que houve desistência.
23:18Ele disse que não houve interesse na compra.
23:21Então a premissa é totalmente diferente daquela colocada por vossa excelência.
23:24Perfeito. Então vamos reformular a pergunta.
23:27O senhor mencionou que não prosseguiu no interesse do apartamento, depois de ter visto, por compra.
23:36Doutor, a premissa...
23:38O interesse de apartamento é o interesse de compra, doutor, do apartamento.
23:41Qual é a diferença?
23:41É que eu gostaria de que fosse reproduzida de forma fidedigna a declaração.
23:45Se há a premissa na pergunta...
23:47Doutor, acho que assim, desculpe, acho que o doutor devia confiar mais no seu cliente que ele está indo bem, está respondendo as questões.
23:52Eu agradeço, vossa excelência, mas a minha relação com o cliente não precisa da intervenção de vossa excelência.
23:58Foi inoportuna essas intervenções.
24:01Vossa excelência mesmo reconheceu que a premissa da pergunta estava errada.
24:05Então eu não posso aqui ouvir uma pergunta feita com uma premissa errada,
24:09que não é compatível com as declarações prestadas pelo meu cliente, e ficar em silêncio.
24:14Veja, vamos prosseguir então. Pode fazer a pergunta?
24:16Vou formular a excelência.
24:18Senhor ex-presidente, o senhor não prosseguiu na compra do apartamento, ou no interesse do apartamento triplex,
24:30porque o local do apartamento, a natureza e a sua figura pública não permitiriam que o senhor desfrutasse do apartamento,
24:38ou porque esse fato veio à tona, como foi o que constou na nota?
24:43Duas coisas. A primeira é de que eu tinha tomado a decisão de que não tinha interesse pelo apartamento
24:51por conta, sabe, da situação do apartamento.
24:55Tá?
24:56Agora o apartamento não era meu.
25:01O apartamento, vou repetir aqui, o apartamento, a dona Marisa comprou cota da Bancop.
25:08Perfeito.
25:08Então, teoricamente, o apartamento era, sabe, o resultado da compra das cotas.
25:15Eu, quando fui lá, eu perdi o interesse no apartamento, pela situação do apartamento.
25:20E depois eu vi que era humanamente impossível um ex-presidente da República, sabe,
25:27conseguir ir naquela praia fora de uma segunda-feira, de uma quarta-feira de cinza ou qualquer coisa.
25:32O senhor, vamos dividir essa questão. O senhor colocou dois motivos.
25:35O senhor disse que não perdeu interesse pela situação do apartamento. O senhor poderia ser mais específico?
25:41O que é isso?
25:41Não, porque o apartamento já está dito. O apartamento tinha muita escada, o apartamento era muito subido,
25:45o apartamento era muito apertado.
25:48Tinha várias coisas.
25:49Então, não foi nesse contexto, pergunto ao senhor, que foi instalado um elevador que custou 700 mil reais nesse apartamento?
25:55Eu não conheço o elevador, não sei quanto custou, estou sabendo agora quanto custou.
26:01Eu vou repetir para o procurador a mesma coisa que eu mostrei para o doutor Moura.
26:06A mesma coisa.
26:07Você, se eu tivesse pedido elevador, você poderia me mandar para uma clínica por questão de insanidade mental.
26:16Porque eu vou lhe mostrar uma foto.
26:19Não é necessário que o senhor já...
26:20Eu vou lhe mostrar, por favor.
26:21Ele tem o direito de responder.
26:23O senhor já mostrou.
26:24Ele tem o direito de responder.
26:25Mostra o apartamento do meu apartamento para ele.
26:27Esse é o apartamento que eu moro há 18 anos.
26:29Já foi visto.
26:30Eu vi na outra oportunidade que o senhor mostrou.
26:31Então, se eu tivesse aqui pedido um elevador, eu teria pedido um elevador nesse apartamento em que eu moro há 18 anos.
26:39E que pretendam morar por mais outros oitos.
26:44Sabe?
26:45Tudo bem a interpretação do senhor.
26:47A pergunta foi objetiva.
26:49Mas a minha resposta foi objetiva, doutor.
26:51Isso, perfeito.
26:51A questão é só.
26:52Se o senhor alegou que a escada estreita era um objetivo, uma das situações que retiraram o seu interesse,
26:59eu pergunto se o elevador não foi justamente para atender os seus interesses de instalação.
27:06Tem que perguntar para quem fez.
27:07Não é só um problema de escada estreita.
27:12É que é muito degrau de escada para um velhinho subir.
27:15Perfeito.
27:16Aí, objetivamente, para encerrar essa questão, nem o senhor, nem a sua falecida esposa, nem os seus filhos,
27:22o senhor tenha conhecimento que pediu a instalação do seu elevador.
27:25Não.
27:25Ok.
27:29Senhoras e senhores, presidente.
27:31No dia 4 de março de 2016, no cumprimento do mandato de busca e apreensão,
27:37na 24ª fase da Operação Lava Jato, no endereço para o qual foi levado parte do acervo do senhor,
27:44foi identificada uma grande quantidade de material que estava condicionada de uma série de caixas.
27:50Nessas caixas, além das inscrições indicando que elas foram retiradas do Palácio da Alvorada,
27:57algumas até com a indicação de presidência da República, havia a indicação praia e sítio.
28:04Esse documento está juntado como prova documental, anexo 234 da denúncia.
28:12Vou passar para o senhor, para poder dar uma olhada.
28:15Vou ficar registrado aqui o repasse ao senhor ex-presidente,
28:21de duas fotos de caixa, com anotações de residência praia.
28:28E...
28:28É isso aqui?
28:29Isso, é esse praia.
28:30Tem um segundo...
28:32Ah, e outra...
28:33Na outra folha, madeira sítio.
28:36O senhor ex-presidente quiser dar uma olhadinha.
28:38Livro da Alvorada.
28:52Seria tão bom se tivessem trazido aqui...
28:56Quem é que teve acesso a esse arquivo, a essa...
29:00Do Ministério Público e da Polícia Federal?
29:02Senhor ex-presidente, esse documento está juntado na denúncia...
29:05Não, é minha pergunta.
29:06Eu estou respondendo a pergunta do senhor.
29:08Eu ainda não terminei a pergunta, eu estou que nem o doutor Moura,
29:10eu quero terminar a minha pergunta.
29:12Sim, mas acontece que aqui quem faz as perguntas,
29:14nesse momento, é o Ministério Público.
29:16O senhor vai ter a oportunidade para poder falar.
29:18Tá bom.
29:18Então eu vou seguir com a minha pergunta, já que o senhor já viu o documento.
29:21O senhor saberia explicar o motivo pelo qual havia a inscrição praia nessas caixas?
29:28É isso que eu queria falar.
29:31Veja, isso aqui devia estar no Palácio da Alvorada.
29:34Como todo o acervo, eram 11 contêineres de acervo, de tudo que é coisa boa e tranqueira.
29:44Quem pode responder o que está dentro dessa caixa é quem foi investigar.
29:50É quem abriu as caixas.
29:52Certo, uma outra pergunta.
29:53Deixa eu terminar a pergunta, por favor.
29:55Sim, desculpa.
29:56Eu nunca abri uma caixa, nunca visitei o acervo, não sei o que tem dentro.
30:02E, portanto, se a Política Federal foi no sindicato e abriu essas caixas,
30:07poderia ter isso, ter isso e isso.
30:09O fato de estar escrito praia é porque eu ia na praia quando eu era presidente.
30:13Eu ia na praia.
30:14Eu ia em Nema, na praia da Marinha.
30:19Eu ia em Marambaia.
30:21Eu ia lá no Forte Alcântara, no Guarujá.
30:25Certo.
30:25Então, não quer dizer nada.
30:27Eu, sinceramente, fico...
30:28A pergunta não tem relação com o conteúdo, mas com a inscrição, especificamente, praia.
30:34O senhor saberia dizer qual seria o destino dessas caixas, escrito praia?
30:38Eu vou responder com todo... sem ficar nervoso.
30:45Pergunte pro Policial Federal que abriu lá.
30:47Pergunte pro senhor Sábio?
30:49Não sei.
30:50Perfeito.
30:50Então, seguindo aqui.
30:52Só uma pergunta complementar.
30:54É, nessa mudança que foi efetuada do Palácio...
30:57Eu vou interromper aqui pelo tamanho do ódio.
30:59Perfeito.

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