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  • 28/05/2025
Alessandro Visacro, analista de segurança e Defesa, avalia como o território brasileiro está cada vez mais sob o domínio de facções criminosas e grupos armados.

Assista à íntegra: https://youtu.be/mCDrDIT6y-g

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Transcrição
00:00O Estado moderno é formado por três elementos, povo, território e soberania.
00:06Soberania significa monopólio do uso da força.
00:10O Estado brasileiro está perdendo esse monopólio?
00:13Sem dúvida alguma.
00:15Na verdade, a gente observa uma tendência, um processo histórico de decomposição da ordem internacional.
00:26Então, no sistema internacional que foi concebido em meados do século XVII, o Estado foi investido de soberania.
00:34Soberania, como você falou, nada mais é que um monopólio da força dentro de fronteiras reconhecidas.
00:41Então, esse é um processo que a gente observa em diferentes formas, em diferentes lugares do mundo.
00:48Mas na América Latina, especificamente no Brasil, o que nós temos observado desde o final da Guerra Fria
00:55é a ascensão e o fortalecimento de grupos armados criminais.
00:59Então, especificamente no território brasileiro, aquilo que vulgarmente é chamado de facções,
01:05elas têm exercido influência direta sobre contingentes populacionais significativos.
01:11E essa população, esse povo circunscrito dentro de um determinado espaço geográfico,
01:18a gente observa a territorialização desses espaços segregados.
01:22Então, se a gente tem um ator armado não estatal exercendo influência sobre povo e território,
01:28que são os elementos materiais do Estado, a soberania do Estado perde as suas características.
01:34Ela deixa de ser una, indivisível, deixa de ser imprescindível, deixa de ser uma prerrogativa exclusiva do Estado.
01:40Então, a gente observa essa atrofia da soberania do Estado, do poder soberano do Estado,
01:48dentro dessas áreas que são territorializadas por atores armados não estatais.
01:53Você falou que o Estado moderno tem três elementos constitutivos,
01:56povo, território e soberania, mas alguns juristas e doutrinadores,
02:00aliás, até a corrente majoritária, falam em um quarto elemento constitutivo,
02:04é a finalidade do Estado, o valor social do Estado, que é que se consubstancia na promoção do bem comum.
02:12E essa contestação da legitimidade do Estado vem justamente da incapacidade do Estado
02:19em atender as expectativas crescentes das populações que são tradicionalmente marginalizadas.
02:26Então, daí, essa janela de oportunidade para esses grupos armados criminais passarem a exercer influência
02:33sobre contingentes populacionais, como eu disse, significativos.
02:37Agora, me parece que isso que você está descrevendo é bastante diferente do que a gente caracteriza como crime.
02:48Assalto, tráfico de drogas, aqui a gente está falando de uma coisa diferente.
02:54Será que o termo insurgência criminal é apropriado?
03:00E qual é a diferença disso para o crime?
03:06Uma das dificuldades, uma das limitações que nós temos é a estrutura conceitual.
03:12Então, nós temos um modelo teórico que divide a segurança em segurança pública ou segurança nacional.
03:19Então, nós nos deparamos com algumas ameaças, especificamente quando nós nos referimos a esses grupos armados criminais.
03:28É uma ameaça que é, simultaneamente, uma ameaça ao cidadão, ou seja, dentro do escopo da segurança pública,
03:35mas também se torna uma ameaça às instituições e à existência do próprio Estado.
03:40Então, ela perpassa todo esse espectro.
03:43E o que a gente observa, esse termo insurgência criminal foi cunhado por um policial norte-americano chamado John Sullivan.
03:52E hoje ele fala até em guerras criminais quando analisa a América Latina.
03:55A insurgência criminal, ela se diferencia das tradicionais formas de insurgência,
04:01sobretudo das insurgências do século XX, que se mantinham presas a uma agenda política.
04:06Então, o objetivo final de uma insurgência nacionalista, de uma insurgência revolucionária marxista,
04:13típicas do século XX, era a tomada do poder político do Estado.
04:16A insurgência criminal, não.
04:18A insurgência criminal nada mais é que o uso da violência armada organizada
04:22para o controle das cadeias de listos, das zonas produtoras aos mercados consumidores,
04:28livre da ingerência do Estado.
04:29Então, isso está associado às disputas por rotas, por zonas produtoras, por áreas de plantio,
04:37quando a gente se refere à droga, mas também toda a cadeia de listos.
04:41E quando a gente chega nessas, em situações socioeconômicas muito degradadas,
04:48diríamos até situações políticas muito degradadas,
04:53a gente observa esse processo de territorialização.
04:56E esse é o grande problema, porque isso transcende, em muito,
05:00aquela perspectiva de segurança pública estrito senso.
05:03Então, a gente está falando de uma violência que é armada, organizada,
05:07não estatal, endêmica e hiperdifusa,
05:09na qual esses grupos armados criminais combinam técnicas de cooptação e coerção
05:14para agir de forma direta e indireta sobre a população,
05:17para exercer influência sobre a população de forma direta e indireta.
05:21E se apoia em quatro eixos de esforços.
05:23O primeiro é a imposição do sistema normativo, no nível local, no nível comunitário.
05:28O segundo é a redefinição dos padrões socioculturais.
05:31O terceiro é a criação de zonas de silêncio,
05:34dentro da qual cala as vozes dissidentes e promove uma narrativa hegemônica.
05:38E o quarto eixo de esforço é o controle e exploração de recursos locais.
05:42Então, esse processo de territorialização transcende, em muito,
05:47a questão de segurança pública.
05:48Quando a gente fala em furto, latrocínio,
05:51isso até dificulta as métricas para a gente avaliar a segurança pública.
05:56Porque não é um problema de segurança pública.
05:58Ele transcende, na verdade, ele abarca o conceito de segurança multidimensional.
06:04Esse panorama que você descreve,
06:07inclusive os termos que você usa para descrever esse panorama,
06:11não são os termos usados quando se fala de segurança pública,
06:18de combate ao crime.
06:21Me parece que o Estado hoje enxerga um monte de coisas isoladas,
06:29de pequenos fenômenos isolados que ele tenta combater um a um,
06:33sem perceber uma coisa enorme que está por trás
06:36e da qual essas coisas são sintomas.
06:38Exatamente, porque a gente está preso a determinados modelos
06:42que já se mostram anacrônicos.
06:44Então, a gente não consegue diagnosticar,
06:46fazer um diagnóstico claro da situação
06:47e, muito menos, desenvolver soluções adequadas,
06:52efetivas para enfrentar o problema,
06:54para tratar o problema de forma definitiva.
06:57Então, quando a gente pega, por exemplo,
06:59aquela perspectiva tradicional do crime,
07:01o tráfico de drogas,
07:04o roubo de carga,
07:06a contravenção,
07:09isso é uma coisa.
07:11Agora, quando a gente pega, por exemplo,
07:13essa edificação daquilo que é chamado de áreas não governadas
07:17no interior do Estado,
07:18verdadeiros enclaves de microsoberania,
07:21a gente observa ali
07:22o controle do fornecimento da água,
07:24da luz, do gás.
07:26Quem controla a água, a luz e o gás controla a sua vida.
07:28A inclusão de ilícitos ambientais.
07:33Então, por exemplo,
07:34quando a gente vai para a Amazônia Ocidental,
07:36tem a questão da exploração do garimpo,
07:38a exploração da madeira.
07:40A gente pega nas comunidades,
07:43não é mais nem o gatonete,
07:45é a oferta do serviço de internet,
07:49de TV a cabo,
07:51é a questão do transporte alternativo,
07:53da restrição de ingresso de alguns motoristas
07:58de determinados aplicativos,
08:00é a cobrança de taxas e impostos.
08:03Recentemente,
08:05eu tomei ciência de que,
08:08em algumas comunidades,
08:09a cobrança do condomínio
08:10já vem embutido ali a taxa para a confecção,
08:13para a construção de barricadas.
08:15Então, na verdade,
08:16é a edificação de um Estado.
08:21Esse termo se tornou lugar comum,
08:24mas ele é apropriado dizer
08:26um verdadeiro Estado paralelo
08:27dentro dessas áreas que são segregadas.
08:31São historicamente segregadas,
08:33socialmente segregadas,
08:34economicamente segregadas
08:35e socialmente segregadas.
08:37Então, esse espaço tem sido territorializado
08:40por esses grupos armados.
08:42O senhor, você uma vez comparou,
08:46eu vi,
08:48me corrija se eu estiver errado,
08:49você lembrou o caso
08:52da situação da faixa de Gaza,
08:54do sul do Líbano,
08:56da calha do Rio Solimões
08:57e a favela da Maré, por exemplo.
09:01Ela se encaixa nesse mesmo fenômeno?
09:03As comunidades do Rio de Janeiro,
09:04sem dúvida alguma.
09:05Se a gente observar esse processo
09:07de controle,
09:09construção da territorialidade,
09:11esse processo de controle territorial,
09:13que no caso, por exemplo,
09:14do Rio de Janeiro,
09:15fica muito claro
09:16aquilo que é chamado
09:17controle territorial armado,
09:18por esses grupos criminosos,
09:21é rigorosamente o mesmo processo.
09:24É rigorosamente o mesmo processo.
09:25A gente poderia fazer...
09:27Lógico que tudo respeita
09:28as características,
09:29as peculiaridades locais.
09:31Mas a essência da dinâmica,
09:34por exemplo,
09:34com que o Hamas construiu
09:36sua territorialidade
09:38dentro da faixa de Gaza,
09:40por exemplo,
09:40não difere das dinâmicas
09:43com que os ETAs no México
09:46ou o Comando Vermelho
09:49no Rio de Janeiro.
09:51Então, são dinâmicas
09:53que são muito iguais.
09:55Quando a gente fala
09:55desse processo de territorialização,
09:57por exemplo,
09:58a criação de zonas de silêncio,
10:00dentro da qual calam as vozes dissidentes,
10:04erradicam os informantes
10:05e promovem sua própria narrativa.
10:07A gente,
10:07quando,
10:08desde os ataques
10:09do Hamas em outubro
10:11de 2023,
10:12a gente ouve de forma recorrente
10:13que o Hamas não representa
10:15o povo palestino.
10:17Mas você nunca ouve
10:18o palestino morador de Gaza
10:20falar isso,
10:21porque ali é uma bolha de silêncio.
10:24Igual quando nas comunidades.
10:26Você sabe que
10:27em algumas comunidades,
10:30majoritariamente,
10:31existe uma aversão
10:32à atuação
10:33desses grupos criminais.
10:35Mas ali dentro da comunidade,
10:37ninguém se manifesta contra isso.
10:39Se manifesta, às vezes,
10:40isso contra a violência do Estado.
10:42Mas não se manifesta
10:43com relação
10:43às mortes violentas,
10:45às torturas,
10:46aos homicídios praticados
10:47por esses grupos criminais.
10:49Não se manifesta
10:49contra a existência
10:50da barricada.
10:52Barricada, pelo menos,
10:53não se manifesta ostensivamente.
10:54Mas o processo
10:55é rigorosamente o mesmo.
10:57E você fala
10:57de enclaves
10:59de micro-soberania,
11:01que é uma expressão
11:02que eu achei interessante.
11:05Além das comunidades,
11:06comunidades tradicionais,
11:08eu me lembrei
11:08de um bairro no Rio,
11:11que é um bairro
11:11composto por edifícios,
11:14que é o bairro da Muzema.
11:15Uma vez caiu
11:16um edifício lá,
11:17virou notícia,
11:19e a imprensa descobriu
11:20que nenhum edifício
11:21ali era legal.
11:22Era tudo construído
11:23ilegalmente,
11:24totalmente à margem
11:25da lei.
11:26É isso que é
11:27o enclave de micro-soberania?
11:28É.
11:29O enclave de micro-soberania,
11:31primeiro,
11:31é aquela ideia
11:32de que soberania,
11:33de uma forma
11:34muito grosseira,
11:35é o monopólio
11:36da força
11:36dentro daquele
11:37fronteiras
11:40legalmente estabelecidas.
11:41Ora,
11:41se eu tenho
11:42um nicho territorial
11:43em que o Estado
11:45ali dentro
11:45efetivamente
11:46não detém
11:47o monopólio
11:47da força,
11:48então,
11:48se a gente
11:49observa
11:50no Rio de Janeiro
11:51operações policiais
11:53combinadas,
11:54envolvendo
11:55o batalhão
11:56de operações
11:56policiais especiais
11:57da Polícia Militar,
11:59a coordenadoria
12:00de recursos especiais
12:00da Polícia Civil
12:01com efetivos
12:02de centenas de homens
12:03passando horas
12:04se digladiando
12:05em intensos combates
12:06ali dentro,
12:07não tem dúvida
12:08que o monopólio
12:09da violência
12:10o Estado
12:10não tem ali dentro,
12:11o monopólio
12:11da força
12:12o Estado
12:12não tem.
12:13Mas o mais importante
12:14é a imposição
12:16do sistema normativo.
12:18Existe uma teoria
12:18chamada
12:19Teoria do Controle Competitivo.
12:21Ela diz o seguinte,
12:22quem impõe
12:22um sistema normativo
12:23detém o controle efetivo.
12:24O que significa
12:25impor um sistema normativo?
12:26É que lá dentro
12:27a lei é diferente?
12:28A lei é diferente.
12:29Quem determina
12:30aquilo que pode ser feito
12:31e aquilo que não pode ser feito
12:34deixou de ser o Estado.
12:36A gente costuma
12:37dar um exemplo
12:37muito grosseiro
12:38que é o seguinte,
12:38se a mulher apanha
12:39do marido,
12:40ela recorre
12:40à delegacia da mulher,
12:42então quem impõe
12:43um sistema normativo
12:44ainda é o Estado.
12:45Agora,
12:45se ao apanhar
12:46do marido
12:46ela recorre
12:47ao dono do morro,
12:48vamos colocar assim,
12:50não é o Estado
12:51que está impondo
12:51o sistema normativo.
12:52E essa é a forma
12:54mais danosa,
12:54justamente porque
12:55é ali que a gente
12:57observa a verdadeira
12:58erosão do Estado.
12:58Agora,
12:59por que isso acontece?
13:00Porque esses grupos armados
13:02eles são capazes
13:04de impor
13:06um sistema
13:06de justiça
13:07que tem
13:08algumas características.
13:09Primeiro,
13:10ele é 100% informal,
13:11100% informal.
13:13Ele é quase sempre
13:14extremamente brutal,
13:17extremamente brutal,
13:19mas ele é
13:19ágil,
13:20previsível,
13:21crível e eficaz.
13:23Ora,
13:24nada que a nossa justiça
13:25seja,
13:26né?
13:26A nossa justiça não é ágil,
13:27a nossa justiça
13:28não é previsível,
13:29a nossa justiça
13:30não é crível
13:31e a nossa justiça
13:32não é eficaz.
13:33Então,
13:33a partir do momento
13:34que você tem
13:35um ator não estatal,
13:37especificamente,
13:38um ator armado
13:38não estatal,
13:39impondo o sistema
13:41normativo
13:41e oferecendo
13:42esse tipo de justiça,
13:44pode parecer paradoxal,
13:45mas por mais brutal
13:46que ela seja,
13:48por ser ágil,
13:48previsível,
13:49crível e eficaz,
13:50ela adquire
13:51legitimidade
13:52perante a população local.
13:53e subtraindo legitimidade
13:56é o processo
13:59de corrosão do Estado,
14:00da ordem estatal
14:01dentro daquele espaço.
14:02Eu acho que um exemplo
14:03disso foi aquele caso
14:04do assassinato
14:06dos três médicos
14:07lá no Rio de Janeiro
14:08e que no dia seguinte
14:10supostos assassinos
14:12apareceram mortos
14:13porque teriam sido
14:15julgados e executados
14:16pelo tribunal.
14:17Exatamente,
14:17esse é um bom exemplo,
14:19mas infelizmente
14:20acontece de forma
14:21recorrente, né?
14:22A dinâmica social
14:24nesses verdadeiros
14:26protetorados urbanos
14:27sem lei
14:28ela funciona
14:29dessa forma
14:30e eu observo
14:31o verbo que eu usei
14:32funcionar
14:32ela funciona
14:33infelizmente
14:35ela funciona
14:35e como eu disse
14:36é justamente
14:37o que oferece
14:37legitimidade
14:38ainda que a gente
14:40possa considerar
14:41isso
14:41bizarro
14:44ou repugnante
14:46mas
14:46é o que acontece.
14:48É interessante
14:49o seu ponto de vista
14:50porque eu nunca
14:51vi ninguém
14:52dizer
14:53que uma das
14:55formas
14:55de você
14:56combater
14:58esse domínio
14:58territorial
15:00é por exemplo
15:01você oferecer
15:02uma justiça estatal
15:04mais ágil
15:05não brutal
15:07mas ágil
15:08eficiente
15:09eficaz
15:10rápida
15:10isso
15:11e aí você tira
15:12essa vantagem
15:14competitiva
15:14que esses insurgentes
15:16têm
15:16então assim
15:17vamos entender
15:17a coisa
15:18em dois momentos
15:19para fins didáticos
15:20é interessante
15:21a gente está falando
15:22de construção
15:23da territorialidade
15:24e a gente está falando
15:25do controle
15:25territorial armado
15:26o que ganha notoriedade
15:28na mídia
15:29o que ganha destaque
15:30no debate nacional
15:31é o controle
15:32territorial armado
15:33é quando as operações
15:34policiais
15:35tentam ingressar
15:35nessas comunidades
15:36são recebidas
15:38por forte oposição
15:41então tem as barricadas
15:43as barricadas
15:43de aço
15:44e concreto
15:45as barricadas
15:46em chamas
15:47com os pneus
15:48as seteiras
15:49batendo por fogos
15:50fogos
15:51não é fogo de artifício
15:52é um conjunto de tiros
15:53com determinada finalidade
15:55e combates intensos
15:59que se prolongam
16:00às vezes
16:00por dias
16:02isso é o controle
16:04territorial armado
16:04é o helicóptero
16:06é o blindado
16:07que é o que dá
16:08as cenas
16:08que é o que dá as cenas
16:09que é aquilo que ganha
16:10que domina a mídia
16:11não só a mídia
16:11formal
16:12como também as mídias
16:13sociais
16:14mas
16:15o verdadeiro problema
16:16aqui o leite já derramou
16:18o verdadeiro problema
16:19é esse processo
16:20de construção
16:21da territorialidade
16:22esse é o grande problema
16:24então vamos retornar aqui
16:25recorrer mais uma vez
16:26a teoria geral do estado
16:27estado é povo
16:28território
16:29soberania e finalidade
16:30é o calcanhar de Aquiles
16:32do estado hoje
16:33sobretudo no contexto
16:34que a gente está abordando
16:35que é
16:35que é a insurgência
16:37qualquer tipo de insurgência
16:38especificamente
16:40na nossa conversa
16:41aqui a insurgência criminal
16:42o grande calcanhar de Aquiles
16:44do estado
16:45é a finalidade
16:47é a finalidade
16:49o que é o contrato social
16:50o contrato social é o seguinte
16:51a sociedade outorga
16:52ao estado
16:52o monopólio da força
16:53beleza
16:54em contrapartida
16:55o estado se compromete
16:56a promover o bem comum
16:57esse é o valor social
16:58do estado
16:59a partir do momento
17:00a partir do momento
17:00em que a sociedade
17:01ou parte dela
17:02ou estratos sociais
17:03começam a
17:04perceber
17:07que as suas expectativas
17:08crescentes
17:09não é nem o atendimento
17:11das demandas básicas
17:12as suas expectativas
17:14crescentes
17:15começam a ser
17:16frustradas
17:16até
17:18o que que acontece
17:19o estado vai perdendo
17:20legitimidade
17:21o estado vai perdendo
17:23legitimidade
17:24e qual é
17:24aí é algo que
17:26talvez seja um ponto crucial
17:28que não existe
17:30um entendimento claro
17:31sobre isso
17:31é toda luta
17:33contra ator armado
17:34não estatal
17:35seja um grupo guerrilheiro
17:36seja uma organização
17:37terrorista
17:38sejam insurgentes
17:39criminais
17:40toda luta
17:42contra ator armado
17:42não estatal
17:43é uma luta
17:43por legitimidade
17:45então não interessa
17:46se o norte-americano
17:47no Vietnã
17:48por exemplo
17:48matou mais Vietcong
17:50do que morreu
17:50soldado americano
17:51não é a contagem
17:52de corpos
17:53que define isso
17:54aqui no Brasil
17:55não é a quantidade
17:56de execução
17:58de mandados
17:58de busca e apreensão
17:59execução
18:00de mandados
18:00que são as métricas
18:02usadas
18:02são as métricas
18:03que é a quantidade
18:03de drogas apreendidas
18:05a quantidade de fuzis
18:05apreendidos
18:06não que isso não seja
18:07importante
18:08é lógico que isso é importante
18:09mas como um meio
18:11não como um fim
18:12isso
18:13a gente tem que entender
18:14que a luta
18:15é por legitimidade
18:16e enquanto a gente lutar
18:19para
18:19contra
18:20a
18:21capacidade
18:23a economia
18:24do crime
18:24por exemplo
18:25a economia
18:25do crime
18:25tem que ser
18:26combatida
18:26é lógico
18:27que tem que ser
18:27combatida
18:27daí a gente
18:28tem uma visão
18:28sistêmica
18:29o tráfico
18:30de armas
18:31que abastece
18:32o arsenal
18:32desses grupos
18:33tem que ser
18:33combatido
18:34tem que ser
18:34combatido
18:35mas isso tudo
18:36é o meio
18:37para que a gente
18:39ataque a questão
18:40central
18:40o centro de gravidade
18:42que é a legitimidade
18:43então toda luta
18:45contra ator armado
18:46não estatal
18:46não é luta
18:47por território
18:48não é luta
18:49por quantidade
18:50de armas
18:50aprendidas
18:51quantidade
18:52de criminosos
18:53presos
18:53quantidade
18:54de droga
18:55apreendida
18:55é uma luta
18:56por legitimidade
18:57a gente precisa
18:58entender isso
18:58então quando você fala
19:00a gente nunca parou
19:02para pensar
19:03que uma forma
19:03eficaz
19:04de combater
19:05é oferecer
19:06uma justiça
19:07que seja
19:08ágil
19:08previsível
19:09crível
19:09e eficaz
19:10é lógico
19:11que se eu estiver
19:11fazendo isso
19:12eu não estou
19:13nessa segunda etapa
19:15que o leite já derramou
19:16da disputa
19:17pelo controle
19:18territorial armado
19:19eu estou
19:19na desconstrução
19:21desse processo
19:24de territorialização
19:26e

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