1. Tantas coisas no ar! fuligem, bolas de elefante, uma nuvem chinesa que já desabou por completo, um gato balançado pelo rabo e as sensações dos mortos que batem e se esbarram dentro dos meus olhos cansados
2. Lá nas profundezas vive um passarinho que só cantarola, um canto de coragem
e temperança; administra uma fundição e como é firme ao pegar as coisas! arranca-as do limo e depois – oh, céus! – numa travessura
ele as joga no caldeirão da feiura
e já um pôr do sol vem nomeando os álamos que, aguados, só veem a si mesmos
3. Ah ser um anjo (se anjos houvesse!) e subir direto ao céu e dar uma olhada e depois descer
sem estar coberto com aço e alumínio fulgurantemente feio nas distâncias puras e estalando e estourando, arfando
mas ser parte do topo das árvores e do azul, invisível, na escuridão iridescente ao longe, silencioso, ouvindo ao ar tornar-se não ar tornar-se ar de novo