Pablo Neruda é considerado um dos mais importantes poetas latino-americanos do século XX. Sua obra continua a ser amplamente lida e estudada hoje, inspirando novas gerações de poetas e leitores.
A poesia de Neruda é caracterizada pela sua linguagem apaixonada e sensual, pelo seu envolvimento com questões políticas e sociais e pela celebração do amor , da natureza e da vida quotidiana. Seus poemas frequentemente exploram temas de saudade, desejo, perda e busca de significado e identidade em um mundo em rápida mudança.
Escrevendo durante um período de convulsões e mudanças significativas na América Latina, o trabalho de Neruda fez parte de um movimento literário mais amplo conhecido como vanguarda, que procurava romper com as convenções artísticas tradicionais e explorar novas formas de expressão. Sua poesia foi influenciada por modernistas europeus como Federico Garcia Lorca e Walt Whitman, bem como pela rica história e cultura de seu país natal, o Chile.
A influência de Neruda pode ser vista na obra de muitos poetas contemporâneos, especialmente aqueles que escrevem em espanhol. O seu legado reside não apenas na sua bela e evocativa poesia, mas também no seu compromisso inabalável com a justiça social e na sua crença no poder transformador da arte.
Poema "Ficamos Quietos" [Pablo Neruda]
Agora vamos contar até doze e todos nós ficaremos quietos. Pela primeira vez na face da terra, não vamos falar em nenhum idioma, Vamos parar por um segundo, E não mexer tanto os braços.
Seria um momento exótico, sem pressa, sem motores, todos nós estaríamos juntos numa súbita estranheza.
Pescadores do mar frio não fariam mal às baleias e o homem colhendo sal Não olharia para suas mãos machucadas.
Aqueles que preparam guerras verdes, guerras de gás, guerras de fogo, vitórias sem sobreviventes, vestiriam roupas limpas e andariam com seus irmãos pela sombra, sem fazer nada.
O que eu quero não deve ser confundido com a inação definitiva: a vida é apenas o que se faz, não quero nada com a morte.
Se não pudemos ser unânimes movendo tanto nossas vidas, talvez não fazer nada uma vez, talvez um grande silêncio possa interromper esta tristeza, este não nos entendermos jamais e nos ameaçarmos com a morte, talvez a terra nos ensine quando tudo parece morto e depois tudo estava vivo.
Agora vou contar até doze e você se cala e eu vou embora.
[She Moved Mountains] by Scott Buckley – released under CC-BY 4.0.