Harold Bloom, em sua exploração das obras de Shakespeare, observa que o monólogo "O mundo é um palco" de *Como Gostais* encapsula a profunda compreensão que Shakespeare tem da condição humana por meio da poesia e da literatura. Bloom argumenta que a representação das sete etapas da vida reflete as experiências universais que definem a humanidade, transformando o mundano em reflexões profundas através de sua maestria poética. A passagem serve como um microcosmo da literatura shakespeariana, onde cada fase da vida — da infância ao esquecimento — é retratada com uma mistura de ironia, humor e melancolia, demonstrando a habilidade do dramaturgo em tecer camadas emocionais complexas em sua poesia
Poema "O mundo é um palco" [William Shakespeare] **Tradução de Bárbara Heliodora:**
Todo o mundo é um palco, E todos os homens e mulheres, meros atores; Têm suas entradas e suas saídas, E cada um no seu tempo representa muitos papéis, Seus atos são sete idades. No início, o bebê, Gorgolejando e vomitando no colo da ama; Depois, o menino choramingas com sua sacola, Rosto brilhante da manhã, rastejando como caracol, Indo a contragosto para a escola. E depois o amante, Suspirando como uma fornalha, com uma triste balada Feita para a sobrancelha de sua amada. Depois, um soldado, Cheio de juramentos estranhos, com barba de leopardo, Ciumento da honra, impetuoso e rápido na briga, Buscando a bolha da reputação Até na boca do canhão. E depois, o juiz, Com ventre redondo, bem forrado de capão, Com olhos severos e barba bem aparada, Cheio de máximas sábias e exemplos modernos; E assim ele desempenha seu papel. A sexta idade passa Para o velho magro e pantufado, De óculos no nariz e bolsa ao lado; As meias de sua mocidade, bem conservadas, largas demais Para suas pernas finas; e sua voz forte, Voltando de novo ao agudo infantil, assobia E chia quando fala. Na última cena de todas, Que termina essa estranha e cheia de eventos história, É a segunda infância e o mero esquecimento, Sem dentes, sem olhos, sem gosto, sem nada.