Embora a literatura muito anterior tivesse sido sustentada pelo consenso social da visão coletiva expressa em mitos e lendas, Safo era livre para ser crítica, para apontar as lacunas e os problemas nas opiniões recebidas pela sua sociedade.
Ode à inveja (Fr. 31 E. M. Voigt) esta é uma poesia de Safo que coloca em cena às infinitas emoções que se desencadeiam na pessoa quando surge o ciúme.
Safo nos representa em versos o ímpeto pulsional típico desse sentimento (que podemos indicar como pouco “inteligente”). Um sentimento muito difundido, podemos dizer que envolve muitas pessoas.
No momento em que se ama ou se deseja alguém, o instinto toma conta e a razão se torna fraca e muitas vezes pouco respeitosa com quem deveria ser amado sem condições.
Em nome do ciúme, as piores coisas foram feitas; esse sentimento gerou nos seres humanos o pior.
Safo conseguiu representar, graças a esta ode, as pulsões incontroladas e incontroláveis que o ciúme gera. Tudo isso com uma harmonia de versos que deixam sem fôlego.
Safo confessa a profunda perturbação que a acomete ao presenciar uma cena em que a pessoa desejada está com outra pessoa.
Poema "Ode à inveja" [Sappho]
Parece-me igual aos deuses quem está ao teu lado ouvindo um som tão doce enquanto falas
e ris amorosamente. Imediatamente meu coração se agita no peito somente ao ver-te, e a voz perde-se na língua inerte.
Um fogo sutil aflora rápido à pele, e tenho escuridão nos olhos e o estrondo do sangue nos ouvidos.
E toda em suor e trêmula como erva murcha descoloro: e a morte não parece distante de mim, arrebatada de mente.