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Diante das exceções na lista divulgada pelo governo de Donald Trump, muitos ainda têm dúvidas sobre os efeitos na economia brasileira, no empresariado e no consumidor final. Para esclarecer, o Tempo Real recebe o economista Jason Vieira.

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Transcrição
00:00Antes de tantas exceções no julgamento, no documento, perdão, divulgado pelo governo americano,
00:05muita gente ainda tem dúvidas sobre como isso vai afetar a economia do Brasil, os empresários e também o consumidor final
00:13em relação a esses produtos. Por isso a gente chamou o economista Jason Vieira, que vai tirar todas essas dúvidas
00:20e conversar com a gente ao vivo agora em tempo real. Jason, bem-vindo ao Em Tempo Real aqui na Jovem Pan.
00:26Obrigada pela participação. Jason, alguns setores ainda estão afetados, como carne, pescados e café.
00:34De que forma o brasileiro vai sentir a médio e a longo prazo isso no bolso?
00:41Isso tudo vai depender se essas tarifas vão vingar ou se os Estados Unidos conseguem alguma alternativa a isso.
00:48No caso do café, o café em termos internacionais já está caro. Existe a possibilidade efetivamente
00:54de que o Brasil consiga alternativas ao café. A carne também acabou de se fechar um acordo
01:01com a Austrália, mas precisamos entender se essa tarifa vai vingar, porque o grande intuito
01:07do Donald Trump nessas tarifações todas é a abertura de mercado. E é isso que ainda não foi discutido
01:14e as pessoas estão ignorando. Seja o ponto, o passo seguinte nos próximos dias.
01:19E o Brasil ainda não apresentou nada, nenhuma contraproposta, nenhum aceite, nem nada.
01:24Então, não dá para medir ainda. A perspectiva é que se houver continuidade disso, no caso
01:30do café, não muda muito porque os preços internacionais estão elevados. Inclusive,
01:34nós importamos café recentemente para tentar gerar uma queda de preços e não aconteceu.
01:40E no caso da carne bovina, essa sim, ela pode gerar um impacto de preços em termos locais,
01:45mas também é limitada. O problema é mais econômico. Em termos econômicos, isso pode afetar
01:51diversos setores, especialmente o setor cafeeiro aqui no Brasil, ainda que, como citei, preços
01:58internacionais muito elevados. Existe também um problema de diversas secas, tudo isso atingindo.
02:04Mas o problema maior é que os outros setores que não foram afetados, basicamente, se nós formos
02:08separar quatro grandes setores, a coisa foi dividida no meio a meio. As quatro grandes exportações
02:14brasileiras são carne, suco de laranja, café e setor aeronáutico. O setor aeronáutico e
02:21suco de laranja não foram afetados por motivos óbvios, porque boa parte da cadeia de produção
02:27da Embraer vem dos Estados Unidos, afetaria produtores americanos. Fora que uma parcela
02:31significativa dos aviões que voam, com voos internos americanos, que são de aviões menores,
02:37também são da Embraer, então não havia interesse. E suco de laranja, para evitar a inflação
02:41americana, dada a dependência que os Estados Unidos têm agora do nosso suco. Que, aliás,
02:47que nem se bebe esse tipo de suco no Brasil. O Brasil só bebe suco de laranja fresco.
02:51Então, com tudo isso, óbvio, dentro daquela lista, havia uma série de índices que, na
02:55verdade, evitariam que os Estados Unidos, ao não depender do Brasil, pudessem depender
03:00da China, por exemplo. Então, houve uma estratégia. E foi uma estratégia até que bem montada,
03:05se a gente for observar.
03:08Agora, Jason, a gente ouviu, nas últimas horas, um certo otimismo ainda sobre uma eventual
03:13negociação, que essa será uma semana muito importante para iniciar uma nova fase de conversa
03:20e com essa lista de cerca de 700 itens que ficaram de fora. Existe algo a ser comemorado
03:27após esse anúncio dos Estados Unidos?
03:30É, os Estados Unidos puseram o Brasil no córner, que, ao mesmo tempo que deram um
03:35waiver grande de diversos itens, se formos somar, na verdade, vários itens ali têm uma
03:40expressividade muito pequena dentro da balança comercial. Mas aí ele coloca a questão do
03:46Alexandre de Moraes do outro lado. E aí o Brasil fica numa situação de não poder fazer
03:50um ataque direto ou tentar uma negociação mais agressiva e ter que esperar um pouco do que
03:55vai vir até o dia 6. Então, temos uma situação de curto prazo que, pelo menos, isso agora,
04:00no curtíssimo prazo, foi considerado até que positivo, por conta, especialmente para o mercado
04:05financeiro, Embraer, empresas assim, acabaram tendo esse waiver importante. Mas também precisa
04:11se esperar qual vai ser a taxa final, se vai haver uma taxa final e se vai haver uma negociação.
04:16Esse está sendo o grande problema. Nós estamos parados agora. O Brasil parou, travou e não
04:22sabem muito bem o que fazer. Tudo vai depender agora das atitudes que o Brasil vai tomar
04:27de agora em diante ou das possíveis demandas dos Estados Unidos em relação a uma segunda
04:31fase de negociações.
04:33Jason, em relação à abertura de mercados do Brasil, a gente já tem feito isso? Qual a sua
04:39análise com esse fechamento do governo americano? Você acredita que o Brasil se aproxima cada
04:44vez mais da China e dos países dos BRICS? Como é que você avalia isso?
04:49É uma economia super fechada. Mesmo com a China, nós temos toda uma série de proibições,
04:57de burocracias que fazem com que o Brasil seja uma economia extremamente fechada. Nós não somos
05:03literalmente capitalistas. Nós não somos uma economia fechada de intervenção estatal e que isso
05:09demonstra que uma abertura como nós tivemos, vocês talvez não sejam jovens o suficiente, velhos o
05:15suficiente para lembrar disso como a gente lembra, mas na época da abertura do Collor, aquilo sim foi
05:20uma abertura econômica. Depois disso, nós voltamos a fechar a economia brasileira. Então, não há nem
05:26com a China uma abertura econômica. Nós temos um comércio intenso e ter um comércio intenso não
05:32significa que haja abertura. A abertura seria importante, por exemplo, para a redução do preço
05:38médio dos produtos que são consumidos no Brasil. O preço médio dos produtos no Brasil, vis-à-vis ao
05:44custo de salário, é muito mais elevado que a maior parte dos nossos pares internacionais. Ou seja, é muito
05:49caro ser brasileiro. Isso porque nós somos uma economia fechada. E aí que vem o ponto. Nos voltarmos
05:56mais para a China? Não, nós não vamos nos abrir mais para a China. Provavelmente, nós falhamos mais comércio.
06:01Só que nós chegamos a fazer 25% do nosso comércio com os Estados Unidos e hoje nós fazemos a metade
06:08disso. Por quê? Nós nos voltamos para a China. Só que a China também está numa situação que não tem
06:13muito mais o quanto a gente consiga avançar com a China. Nós já temos um comércio muito intenso com
06:20eles. Então, assim, abrir economia eu acho uma coisa difícil, porque é uma cultura brasileira de
06:25protecionismo. Com a China, não vejo que haja um avanço comercial maior, talvez um avanço
06:32geopolítico, alguma coisa parecida, que é exatamente o grande mote da briga que nós estamos sofrendo
06:37agora. E agora, vamos ver qual é o pedido de proposta dos Estados Unidos. Com a China, agora no
06:43México, foi abertura de mercado. Com o Japão, Coreia do Sul, a União Europeia, todos eles foram com
06:49abertura de mercado. Provavelmente, essa demanda vai vir para o Brasil também.
06:53Agora, rapidamente ainda, Jason, a gente já tem o conhecimento sobre esses anúncios dos Estados
07:01Unidos. Agora, o que deve ser feito na nossa economia local? O que deve ser feito por parte
07:06do governo para gerar algum tipo de incentivo e ajudar a conter os impactos em relação a esses
07:15anúncios, a esse valor chegando a 50%? O que esperar por parte do governo?
07:20É uma situação complicada, porque já tivemos hoje anunciado mais um déficit fiscal acima
07:26das expectativas. O Brasil não está com todo esse dinheiro para conseguir ajudar os setores.
07:31Fica uma situação bastante complicada. Cresce a expectativa de que, óbvio, haja isenção,
07:38pelo menos do café, nesse curto prazo. Mas o governo brasileiro vai ter que tentar criar
07:45alguma coisa. Mas agora, de todos os gastos fiscais que o governo já está tendo, de todas
07:51as intenções de gastos fiscais que o governo vai ter, esse seria mais um gasto fiscal, que
07:56provavelmente seria colocado como, em tese, para fiscal. Mas, de qualquer jeito, vai haver
08:01um aumento da dívida, vai haver uma piora do perfil do nosso endividamento e do nosso refinanciamento
08:08público. E daí, provavelmente, se reflete na manutenção de juros elevados por um período
08:13mais longo ainda, dado que o Banco Central ontem já mostrou uma sinalização conservadora
08:17por conta disso.
08:18Então, você acredita que a inflação vai se manter, pelo menos nos próximos dias,
08:23assim, nos próximos meses, perdão?
08:26É, o curto prazo ainda não existe nenhum impacto, principalmente por conta da questão
08:30cambial. O câmbio não teve uma grande explosão e isso acaba não tendo um reflexo tão direto
08:36na inflação. Mas nós já estamos tendo uma reflação de alguns itens. Houve uma inflação
08:41crescendo mais recentemente. Nós vimos um IPCA na faixa de 0,23 no mês passado. Provavelmente
08:47ele vai vir mais 10 business points, ou seja, ele deve vir a 0,33, quiçá ele pode vir
08:53ainda mais alto do que 0,30 ou alguma coisa, mas não é por reflexo disso. Existe uma inflação
08:58ainda corrente no Brasil. O que pode acontecer, caso, por exemplo, a questão da carne continue,
09:04é que a carne contribui um pouco para a redução da inflação de alimentos. Mas o conjunto
09:10inflacionário ainda não depende dessa situação, especialmente por conta da questão do câmbio
09:14que ainda está, de certa maneira, controlado.
09:17A carne vai poder ser reaproveitada no nosso mercado aqui, por isso que talvez ela dê uma
09:22segurada nisso. Obrigada, Jason Vieira, pelas análises, economista, sempre aqui com a gente
09:28na Jovem Pan News. Agora, 2 horas e 34 minutos, vamos repercutir então com os nossos comentaristas
09:35do dia, Priscila Silveira e Henrique Kriegner. Começando pelo Kriegner, eu vi que você estava
09:40ali reagindo à entrevista do nosso economista Kriegner, falando que realmente o Brasil tem um mercado
09:47muito fechado, né? Que tem um mercado que é pouco aberto a outros países. Você
09:51concorda com essa análise, então?
09:58A gente está sem o áudio do Kriegner. Será que você ficou com ele fechado aí, Kriegner?
10:03Isso, vamos lá.
10:04Perdão, está me ouvindo, desculpa.
10:05Agora, eu vou...
10:06Não, realmente, a análise do professor Jason foi muito feliz porque trouxe a comparação
10:11com aquilo que a gente viveu, o Brasil viveu, durante o período Collor, no início, né?
10:16Aquela abertura econômica que foi realmente histórica. Pouco se fala, inclusive, desse processo
10:22de abertura econômica e com todas as outras questões aí, durou muito pouco e aí acabou
10:27sendo fechado novamente. Isso traz prejuízos, Márcia, porque hoje, no nosso sistema internacional,
10:34é muito difícil que uma economia consiga avançar com rapidez e também com profundidade,
10:41ou seja, com bases sólidas, se não tiver um capital mais aberto, se não tiver um mercado
10:46mais aberto. Inclusive, no Brasil, nós temos dispositivos legais, nós temos também uma
10:52questão que passa, sim, por posicionamento ideológico, que acabam impedindo essa negociação.
10:59A gente pode ver, por exemplo, o exemplo do Chile, que é também um país nosso, amigo
11:05nosso, na América do Sul, mas que tem um mercado muito mais aberto do que o próprio Brasil.
11:11Então, esse é um ponto para ser trabalhado e ser considerado como uma pauta importante
11:15nas próximas eleições, inclusive.
11:17Em relação à popularidade do governo, Priscila Silveira, como é que politicamente
11:23isso vai seguir nos próximos capítulos dessa história? Você acredita que o governo ainda
11:28vai continuar se beneficiando dessa narrativa do Brasil contra os Estados Unidos?
11:33Sim, tanto isso está sendo beneficiado, Márcia, que até quando a gente pega as pesquisas,
11:38o governo brasileiro, ele aumenta, principalmente o presidente Lula teve ali um aumento na sua popularidade,
11:44levando em consideração que, na verdade, ele se coloca como vítima num primeiro momento,
11:50diante aí da impossibilidade de retrucar e de apresentar ali outras possibilidades diante
11:56desse tarifácio. Mas, como bem colocou aqui o Jason e também o Krigner, nós precisamos
12:01preocupar com a curto prazo, não, mas a longo prazo a gente se preocupa com esse tarifácio,
12:07porque se nós formos pensar, a curto prazo realmente vai ter a queda da carne, do café,
12:13isso facilita também a compra dentro do nosso país, mas o Brasil vai precisar,
12:17além de ter ali, né, se valido dessa popularidade em razão desse tarifácio de alguma maneira,
12:23ele vai se preocupar com quem ele vai poder exportar esses produtos,
12:27para que, por exemplo, a gente não tenha o perdimento como vai acontecer de frutas,
12:32laranja. Então, por mais que nós tenhamos ali a queda, né, no valor desses bens,
12:37nem tudo será possível da gente ser consumido.
12:40Então, na verdade, a curto prazo eu acho que realmente vai ter essa queda,
12:43mas a gente precisa pensar, sim, a longo prazo como vai ficar.

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