Uma comitiva de senadores brasileiros, composta por parlamentares de diferentes partidos como Nelsinho Trad (PSD-MS), Tereza Cristina (PP-MS) e Jaques Wagner (PT-BA), desembarcou em Washington para tentar negociar o "tarifaço" de Donald Trump. Com reuniões agendadas entre segunda e quarta-feira, a missão diplomática busca reverter a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras. Para falar sobre o assunto, a Jovem Pan entrevista Mauro Mendes (União Brasil), governador de Mato Grosso. Apresentadores: Roberto Nonato e Soraya Lauand Entrevistado: Mauro Mendes
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00:00O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que as tarifas globais entrarão em vigor no dia 1º de agosto, próxima sexta-feira.
00:09Mesmo assim, senadores brasileiros vão a Washington na tentativa de anular ou de, pelo menos, adiar a implementação das tarifas.
00:18Sobre este assunto, conversamos agora com o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes.
00:22Governador, muito bom dia para o senhor. Obrigada pela gentileza de nos atender.
00:26Bom dia, Soraya. É um prazer falar contigo e com todos que nos acompanham neste momento pela Jovem Pan.
00:34Bom, governador, os Estados Unidos já deixaram claro que não haverá prorrogação, nenhum período de carência em relação a essas tarifas para entrar em vigor.
00:45Enquanto isso, a comitiva de senadores já está em Washington para tentar negociar.
00:51E o governo federal aqui do Brasil montou aquele comitê gerido pelo vice-presidente-geral do Alckmin, que já teve ali mais de 20 reuniões com setores afetados.
01:01O senhor acredita que agora, né, essas frentes de negociações podem trazer, de fato, algum efeito concreto?
01:08Olha, Soraya, primeiro nós temos que reconhecer que houveram aí alguns deslizes por parte do governo federal, logo no início, que o Trump erradamente, acredito que equivocadamente, fez esse tarifácio com o Brasil.
01:23Ele está misturando política com a economia, uma questão pessoal, por mais que ela seja louvável, acho que ela é louvável você defender um amigo.
01:32Porém, quando ele coloca em risco setores importantes da economia brasileira e até mesmo do consumo americano, ele age com certo deslize, porque isso pode trazer, seguramente vai trazer consequências.
01:46Mas quem conhece o Trump um pouco, e nós temos observado todos o seu comportamento ao longo dos últimos meses, desde que ele reassumiu a presidência dos Estados Unidos, ele tem esse estilo muito agressivo.
01:58Ele fez isso com a China, fez com a União Europeia e agora ele mirou o Brasil.
02:03Todos nós sabemos que o governo brasileiro andou falando algumas coisas que irritou os americanos, principalmente o Trump, com relação ao dólar, com relação a algumas críticas que saíram daqui,
02:14e comentários extremamente desnecessários, fato é, gerou essa situação, ele insistiu muito na tese e eu acredito, Soraya, que dificilmente ele vai voltar atrás agora num primeiro momento
02:27e nós vamos amargar as consequências, porque quando ele criou o problema, por mais que eu acho que ele esteja errado, e muitos brasileiros nós achemos que ele esteja errado,
02:39ele é o presidente da maior economia do planeta, ele tem grande capacidade de fazer esse jogo e nós temos que ter a inteligência de jogar corretamente.
02:50Não com desdém, não com piadinha, como aconteceu no início, e agora nós estamos correndo atrás de um possível e quase que real prejuízo que vai acontecer a partir do dia primeiro.
03:01E os danos serão grandes, Soraya, porque não é só os 50%, isso pode desestruturar algumas cadeias importantes aqui no Brasil, se isso perdurar por muito tempo.
03:13O governador, já é possível avaliar, mensurar os danos que isso pode causar para a economia do seu estado?
03:21Há setores que seriam mais afetados ou não?
03:25Roberto, nós estamos fazendo sim uma avaliação, o setor de madeira, por exemplo, exportação, é um setor que será fortemente impactado.
03:34E a gente tem empresas que praticamente 70% do que elas exportam na produção de madeira, tudo madeira sustentável, tirado de manejo florestal,
03:44preservando os nossos ativos ambientais, elas terão forte impacto.
03:49Algum setor, o setor de carne, ele é pequeno, digamos assim, ele tem uma relevância, mas é pequeno e nós temos alternativas globais,
03:58em função da característica desse mercado, por termos no Brasil, players aqui que são, tem forte presença em outros mercados.
04:08Então aquilo que nós deixaremos de mandar para os Estados Unidos, com uma certa tranquilidade, nós poderemos realocar isso em outros mercados mundiais.
04:17O complexo soja, milho, o etanol vai sofrer algum nível de impacto.
04:22Existem alguns impactos que eles poderão ser trabalhados daí no médio prazo, mas todos eles trarão alguma consequência prática maior ou menor para esses setores atingidos.
04:35Governador, nossos comentaristas também vão participar dessa entrevista, começando pela pergunta de José Maria Trindade.
04:41Perfeito. Governador, isso está sendo explorado muito politicamente, né?
04:47É uma ação econômica de negócio de Brasil e Estados Unidos, mas que está sendo explorado politicamente.
04:55Como o senhor vê esse trabalho de brasileiros que moram no exterior,
05:00defendendo essas tarifas que impactam fortemente a indústria, né?
05:04Como é que o senhor está vendo essa possibilidade de brasileiros pregarem contra o Brasil?
05:11Olha, Trindade, não tem como concordar com isso.
05:14Nenhum brasileiro de bom senso pode achar que alguém que é brasileiro esteja certo ao defender os Estados Unidos
05:23quando ele cria um problema gigante para a economia brasileira.
05:26O Trump fez isso, só que nós temos que reconhecer que estas pessoas possam estar erradas na forma que elas estão conduzindo isso, Trindade.
05:35Mas também nós temos que reconhecer que o governo brasileiro não agiu corretamente quando ele desdenhou,
05:41quando o nosso presidente fez piadinha com o próprio Trump, falando em Jabuticaba.
05:48Parece bonitinho aqui dentro, mas como é que essa mensagem chega lá?
05:51Vê se os chineses, vê se os europeus agiram dessa forma e é por isso que está anunciado aí que a União Europeia,
05:59nesse exato momento, fechou um acordo de 15% com os Estados Unidos.
06:03Todos deram o problema à importância que ele tem, compreendendo que as cadeias globais e as exportações,
06:10o comércio bilateral é importante para todo mundo.
06:13Trindade, o Brasil está tão ruim nesse momento que até a Venezuela aqui do lado,
06:17um país de terceira categoria aí no mercado mundial, um país caloteiro, governado por um ditador,
06:26por uma pessoa que todos conhecemos a trajetória do Maduro, resolveu taxar o Brasil em 77%.
06:33Olha só o nível de desmoralização que esta nossa relação, nossa cadeia internacional está tendo nesse momento a nossa diplomacia.
06:42Então, é algo complicado e eu não concordo que alguém vá no exterior para defender contra o Brasil uma taxação,
06:50algo que pode ser muito prejudicial a muitos brasileiros aqui no nosso país.
06:56A pergunta agora é de Nelson Kobayashi.
07:00Governador, bom dia, é um prazer falar contigo.
07:02O seu posicionamento está muito claro.
07:04Agora eu gostaria de entender como é que o senhor está vendo esse movimento em relação à União que estava acontecendo na direita.
07:10O senhor é um dos governadores aí que estavam alinhados com um projeto de união para as eleições do ano que vem.
07:18E agora a gente vê alguma cisão, algumas críticas da família Bolsonaro, do Eduardo em específico,
07:24com o governador Tarcísio, por exemplo, com o próprio Nicolas Ferreira,
07:28que aparentemente tem entendimentos diferentes a respeito desse momento de tarifar.
07:33O senhor teme que isso possa atrapalhar o projeto eleitoral de dois mil e vinte e seis.
07:39Como é que o senhor está vendo esse momento da direita?
07:42Há um momento de cisão?
07:45Olha, Nelson, é muito cedo ainda, né?
07:47O que na prática nós tínhamos era um governo, o governo do presidente Lula.
07:52E eu lamento profundamente.
07:53Eu nunca torci contra o meu país nem contra o presidente Lula.
07:56Embora eu faça parte desse chamado campo centro-direita, mas eu torço pelo meu país.
08:03Eu falei muitas vezes que eu gostaria muito que todos os brasileiros tivessem voltado a comer picanha,
08:09que a economia estivesse indo muito bem, mas não está.
08:13O fato é que muita coisa não está bem no país e com o cenário de piorar nos próximos anos.
08:19O próprio PCU já disse isso.
08:22Em dois mil e vinte e sete, nós vamos ter shoot-down aí na economia brasileira.
08:26Ou seja, é um cenário de pré-caos.
08:29Enquanto isso, nós perdemos muito tempo pensando apenas em política.
08:34Nesse momento, existe uma fumaça eleitoral aí.
08:37Houve um equívoco, houve talvez um erro cometido por alguém da direita.
08:43Isso tem muita gente batendo cabeça.
08:45O governo do PT está aproveitando, não diria que nem uma onda.
08:49Isso é uma fumaça, porque isso não é verdadeiro.
08:51Isso vai trazer consequências ruins para o país e não adianta também querer surfar numa onda que não é positiva.
08:59Se você surfa numa onda ruim, isso não vai trazer dividendos para o país e para a maioria dos brasileiros.
09:05E no final do dia, o culpado é o governo, porque ele pode resolver esse problema, poderia ter resolvido esse problema.
09:12Nós temos que parar com essas confusões internas e focar naquilo que é importante para o nosso país, Nelson.
09:18Porque eu vejo muita autoridade, muito líder desse país só pensando em eleição.
09:23Acaba uma eleição de prefeito, começa a pensar na eleição de presidente, senador, deputado, acaba, começa a pensar.
09:29É uma coisa de louco, como se eleição por si só resolvesse os problemas do país.
09:35Nós não estamos conseguindo enfrentar os graves problemas brasileiros.
09:39O déficit público continua aumentando, o déficit da previdência.
09:42Ou seja, o governo federal está na iminência de quebrar.
09:46Infelizmente, os números mostram isso e o órgão oficial, de novo, repita aqui, o Tribunal de Contas da União já afirmou.
09:54Vamos ter chutar em 2027.
09:56Então, eu vejo que a direita tem uma responsabilidade, a esquerda tem e todo mundo tem que cumprir.
10:02Nesse momento, temos que olhar para o Brasil.
10:04Parar de pensar nas eleições de 2026.
10:07Vamos pensar no Brasil, nos brasileiros.
10:10Eu acho que o Congresso Nacional, porque olha só, o que o Trump está fazendo nesse momento, Nelson?
10:14Ele está brigando com o Executivo, de alguma forma.
10:17Está brigando com o Judiciário Brasileiro, com dois poderes.
10:20Quem que é outro poder que não está sob mira momentaneamente dos americanos, principalmente do presidente Trump?
10:26É o Congresso Nacional, é um dos nossos representantes legislativos.
10:30Então, eu acho que Davi Alcolumbre, Hugo Mota, os dois presidentes,
10:35que tinham que se apresentar como representantes legítimos de um poder e ir tentar fazer uma negociação.
10:42Por mais que seja louvável esses senadores irem aos Estados Unidos, mas não é a representação oficial.
10:48Talvez eles sejam recebidos lá pelo terceiro escalão do governo americano.
10:52Agora, se tentarmos marcar uma reunião dos dois presidentes da casa para ir aos Estados Unidos
10:58e fazer uma negociação de gente grande, entendendo que nós precisamos sair dessa Arapuca que foi criada
11:05e, obviamente, produzir os resultados que sejam bons para o país e para todos nós brasileiros.
11:10Densar um pouco, deixar de lado um pouco os objetivos eleitorais de 2026
11:15e pensar no problema presente, que é grande e é grave para o nosso país.
11:19Conversamos com o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes,
11:23a quem eu agradeço mais uma vez a participação e a gentileza da entrevista.
11:27Governador, um bom dia para o senhor.
11:30Obrigado, Soraya. Bom dia a você, bom dia a todos, bom dia aos ouvintes da Jovem Pan.