Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • anteontem
Samuel Pessôa, economista e pesquisador associado do FGV Ibre, ressalta que a reforma tributária aprovada pelo Congresso é herança boa do governo Lula 3, no entanto, afirma que ainda há o que ser melhorado no texto.

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00No Brasil, hoje, nós vivemos, talvez, o apogeu dessa insegurança jurídica.
00:04Insegurança de contrato, insegurança de legislação.
00:09Um exemplo, contribuição social sobre o lucro líquido,
00:12uma hora era para pagar, outra hora cobra de forma retroativa.
00:16E tudo isso causa enorme insegurança.
00:19Como você vê uma agenda para retomar essa segurança jurídica no país
00:25a respeito às regras do jogo, a contratos,
00:27e esse impacto na produtividade e competitividade?
00:30Eu acho que a gente vai ter, a gente tem uma herança boa
00:35do terceiro mandato do presidente Lula,
00:38com muita contribuição do Congresso Nacional,
00:42que foi a reforma tributária.
00:44Acho que a reforma tributária vai nessa direção
00:46de você gerar mais previsibilidade, reduzir litígios,
00:52reduzir o custo de conformidade
00:53e, principalmente, uma agenda de cidadania tributária.
00:59Ser fácil para o cidadão saber
01:02quanto ele está pagando de impostos
01:04e, portanto, ser fácil para o cidadão avaliar
01:07o custo do Estado no dia a dia dele.
01:10Hoje, com essa complexidade, na verdade,
01:12a gente não sabe quanto a gente paga de impostos.
01:15Então, acho que essa é uma agenda importante.
01:17A gente tem outra agenda muito importante,
01:21que é reduzir os subsídios e o gasto tributário.
01:26Junto com aquela agenda de controle do gasto obrigatório,
01:30que está associado à indexação do salário mínimo
01:33e à indexação dos mínimos constitucionais
01:36com saúde e educação,
01:38nós temos uma outra agenda,
01:40que é a agenda de reduzir o gasto tributário e os subsídios.
01:44Quando o FHC passou o bastão para o Lula,
01:48nos três níveis, União, Estados e Municípios,
01:52a gente tinha gastos tributários da ordem...
01:55Gastos ou subsídios tributários,
01:57é a mesma coisa,
01:58da ordem de 2% do PIB.
02:01Quando a Dilma passou o bastão para o Temer,
02:04esse negócio saiu de 2%, foi na União para 4%.
02:07Então, dobrou.
02:09É um aumento muito expressivo do gasto tributário
02:13e a gente está perdendo essa batalha.
02:19Acho que o Congresso brasileiro,
02:21até pela má qualidade da liderança,
02:25a forma de construir a coalizão
02:28e a forma do executivo dialogar
02:31e exercer o poder conjuntamente com o legislativo,
02:37acho que os últimos governos a gente foi mal nisso.
02:40E aí gera um conflito entre o executivo e o legislativo
02:47e a solução desse conflito
02:49é que o legislativo acaba respondendo menos ao executivo,
02:55menos à liderança do executivo,
02:58ao plano de governo do executivo
03:00e aí aparece um legislativo meio disperso,
03:05um pouco centralizado,
03:08forças centrífugas,
03:10que faz com que o legislativo
03:12responda muito aos grupos de pressão.
03:16E a ação dos grupos de pressão
03:18coloca uma série de penduricários na lei,
03:23uma série de subsídios,
03:24uma série de isenções
03:26que não atende ao interesse coletivo,
03:29mas atende ao interesse deste ou daquele grupo.
03:32E isso gera uma complexidade
03:34no nosso marco legal e institucional
03:36e regras mais extrativistas,
03:39porque um dos princípios do Acemoglu
03:42de instituições inclusivas
03:44é instituições que tratam todo mundo igual.
03:48E o que a gente tem no Brasil,
03:49e isso piorou muito nos últimos 15 anos,
03:52é que a gente tem um monte de regras
03:55que criam exceção para grupos
03:57que não têm muito sentido aquela exceção.
04:01Aquela política pública não faz muito sentido.
04:04Simplesmente um presidente fragilizado,
04:07Congresso sem a liderança da presidência,
04:11acaba criando um caldo de cultura
04:12que os grupos de pressão vão lá no Congresso
04:14e aprovam leis que atendem aos interesses dele
04:17contra o interesse coletivo.
04:20A gente viu recentemente que uns vetos
04:23que corretamente o presidente Lula
04:25tinha colocado naquela lei elétrica
04:27das offshore, produção de eólica...
04:30Offshore.
04:31Offshore.
04:32Tinha uns jabutis lá,
04:35subsídio para pequenas centrais elétricas,
04:39subsídio para manter a produção
04:41de algumas usinas a carvão mineral.
04:46Gente, pelo amor de Deus.
04:48E coisas assim que não eram para aqueles vetos
04:53do presidente Lula caírem,
04:55os vetos estavam corretos
04:56e o Congresso derrubou.
05:00Então, eu acho que a gente tem
05:03uma série de coisas para melhorar,
05:05tanto na área trabalhista,
05:06quanto na área tributária,
05:09quanto na área administrativa.
05:10Temos uma agenda da reforma administrativa.
05:12O deputado Pedro Paulo,
05:14do PSD do Rio de Janeiro,
05:16está tocando com muita intensidade.
05:18Espero que ande.
05:20Espero que haja uma colaboração
05:22nessa área de reforma administrativa
05:24do Congresso com o Executivo.
05:27A gente tem a ministra Esther Dweck,
05:30que está muito bem assessorada nessa área.
05:33Se conversar direito com o Congresso,
05:34talvez a gente consiga fazer
05:35que essa pauta ande.
05:37Mas, principalmente,
05:38eu acho que a pauta dos subsídios
05:41e dos gastos tributários,
05:43elas vão muito contra a ideia
05:45de instituições inclusivas do Acemoglu.
05:48Aliás, você estava dizendo aí
05:50o seu otimismo com a reforma tributária.
05:53Eu entendo que a reforma tributária,
05:56a criação do imposto de valor agregado
05:57é ótima,
05:58ela acaba com a cumulatividade dos impostos.
06:01É uma coisa muito positiva,
06:02simplificação de regras.
06:04Mas, no fim,
06:05essas exceções acabou.
06:06O Brasil provavelmente vai ter
06:07o IVA mais alto do mundo
06:09e um período muito longo
06:11de transição entre um sistema e o outro.
06:14Você não se preocupa
06:15com essas duas coisas?
06:16Eu fico triste.
06:20Não é a reforma dos sonhos.
06:23É a reforma possível.
06:26Mas, eu acho assim,
06:27primeiro,
06:28essa reforma possível,
06:30com todos os defeitos dela,
06:32é muito melhor
06:33do que o que nós temos hoje.
06:34Então, houve um avanço grande.
06:37E, para olhar a parte mais cheia do copo,
06:41em vez de discutir um pouco a parte vazia,
06:45é que foi uma reforma
06:47muito complexa,
06:48porque envolve
06:49todos os impostos indiretos,
06:52PIS, COFINS,
06:53ICMS, SS, IPI,
06:57e envolve os três níveis da federação,
07:00União, Estado e Municípios.
07:02E a gente conseguiu aprovar isso
07:04com a democracia funcionando.
07:07Isso é bonito.
07:08Isso faz com que nós tenhamos
07:10alguma esperança.
07:11E a gente pense,
07:12olha, alguma funcionalidade,
07:14com todos os problemas,
07:15no nosso sistema político A.
07:18Eu espero,
07:19tenho um certo otimismo,
07:20eu acho que,
07:21quando essa reforma
07:22estiver operando
07:23a plena carga,
07:25como ela vai gerar
07:26esse efeito
07:27de cidadania tributária,
07:29que é permitir
07:30que o cidadão
07:31saiba
07:32o custo real
07:33do Estado
07:33para ele,
07:35isso vai gerar
07:35uma pressão
07:36para reduzir
07:37os casos especiais.
07:39e acho que
07:41vai ter novas rodadas
07:42nos próximos 20,
07:4430 anos
07:45de melhora
07:46da estrutura
07:47do nosso Imposto
07:48sobre o Valor Adicionado.
07:49E a transição
07:51tem uma coisa
07:54muito boa
07:54nessa reforma.
07:55Talvez o assinante
07:58não esteja,
07:59a espectadora
08:00não esteja ciente dela,
08:02que é imposto.
08:04Tem um problema.
08:05O problema não.
08:05O imposto tem duas pontas.
08:07de imposto.
08:08Tem a ponta pagadora
08:09e tem a ponta recebedora.
08:13Quem paga,
08:14como são impostos indiretos,
08:16quem paga
08:16são as empresas
08:17e quem recebe
08:19são os governos.
08:21O problema
08:21é que,
08:22como é um monte
08:22de impostos indiretos,
08:24tem imposto
08:25que é da município,
08:27tem imposto
08:27que é estadual,
08:27tem imposto
08:28que é federal,
08:29da União,
08:30e a gente vai simplificar
08:31em dois impostos
08:32que são idênticos.
08:33Na verdade,
08:33é um imposto só.
08:34Então,
08:34vamos trocar cinco impostos
08:35por dois.
08:37um IVA
08:38e um imposto
08:39sobre...
08:42Bens e serviços.
08:44Não,
08:44então,
08:44um IVA,
08:45que é um imposto
08:45sobre bens e serviços,
08:47e tem aquele imposto...
08:47Contribuição...
08:48Não,
08:49e tem um imposto
08:50sobre coisas
08:51que fazem mal.
08:53Ah,
08:53é um imposto
08:53sobre vício,
08:55lasculia.
08:55ou sobre bebidas,
09:01álcool,
09:02cigarros...
09:03Imposto do pecado,
09:03imposto do pecado.
09:04Imposto do pecado,
09:06que tem um nome agora
09:06que eu me esqueci.
09:08Imposto seletivo.
09:09Então,
09:09a gente vai ter um IVA,
09:10imposto do valor adicionado,
09:11que é sobre bens e serviços,
09:13e um imposto seletivo.
09:14E hoje,
09:14a gente tem cinco.
09:16Então,
09:16vai simplificar muito.
09:18Agora,
09:18você tem,
09:19então,
09:19a ponta que paga o imposto,
09:20a ponta que recebe o imposto.
09:23Para viabilizar politicamente,
09:28eles tiveram uma ideia
09:29muito interessante,
09:31que é perceber que
09:32a transição na ponta pagadora
09:35não precisa ser igual,
09:37ao mesmo tempo,
09:38da transição na ponta recebedora.
09:41Porque o imposto redistribui
09:43entre estados, municípios e a União
09:45o bolo tributário
09:46e entre as regiões.
09:49Então,
09:49a gente fez uma transição longuísima,
09:51para a forma como o imposto
09:52é recebido,
09:5360 anos,
09:55e a transição
09:56na forma como o imposto é pago,
09:58que é o importante,
09:59do ponto de vista
10:00da eficiência produtiva do país,
10:03o importante é que
10:03a forma de pagar o imposto
10:05seja simples,
10:06é uma transição de sete anos,
10:08mais ou menos.
10:08Ainda é muito,
10:10mas não deu para ser mais rápido,
10:12porque a gente tem
10:13os benefícios da guerra fiscal
10:14e o judiciário
10:16disse que há um direito adquirido,
10:18e é esse direito adquirido
10:20associado aos benefícios
10:22da guerra fiscal
10:23que impedem
10:23que na ponta pagadora
10:25de impostos
10:26nós tenhamos uma
10:27transição mais rápida.
10:29Então,
10:29é uma transição
10:30o quão rápido possível,
10:31segundo a legislação,
10:33na prática
10:34de sete anos
10:35e na ponta
10:36que recebe
10:37uma transição
10:38bem longa
10:39para que os governadores,
10:41prefeitos,
10:42não bloqueassem
10:43a reforma tributária.
10:45Então,
10:45acho que foi o possível,
10:47o Congresso trabalhou bem,
10:48está de parabéns
10:49e entregou para um país
10:51uma estrutura tributária
10:52que é bem melhor
10:53do que a que nós tínhamos.

Recomendado