O presidente Lula elevou o tom das críticas, afirmando que não aceita interferência externa no Brasil e atacando Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro: "Bolsonaro que se abrace na bandeira americana". Em entrevista a uma TV dos EUA, Lula declarou que "Trump não é o imperador do mundo". A Casa Branca reagiu, defendendo Trump e mencionando investigações contra o Brasil, o que intensifica a crise diplomática. Dora Kramer e Cristiano Vilela comentam esses conflitos e suas implicações nas relações exteriores do país.
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00:00A alta temperatura diplomática. O presidente Lula sobe o tom contra Donald Trump.
00:04Em um evento da União Nacional dos Estudantes, o petista comentou a relação Brasil-Estados Unidos.
00:11Camila Yunis, aqui nos nossos estúdios. Tudo bem, Camila?
00:14Boa noite pra você, bem-vinda. Qual foi o tom dessa fala do presidente Lula? Bom trabalho.
00:19Oi, Tiago. Boa noite pra você. Boa noite a todos que nos acompanham aqui no Jornal Jovem Pan.
00:23Tom bem acalorado, viu? Ele deu várias declarações a respeito dessa relação Brasil-Estados Unidos.
00:30Fez várias críticas duras, não só ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas também ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
00:38Esse evento aconteceu, como você disse, né, Tiago? Durante um evento, o Congresso da União Nacional dos Estudantes, que aconteceu em Goiânia.
00:46E aí, dentre algumas declarações que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu, ele voltou a falar que não vai admitir interferência externa aqui no Brasil.
00:56E disse também que se Donald Trump fosse brasileiro, ele iria ser julgado pelo que aconteceu no Capitólio lá em 2021.
01:04A gente tem um trechinho dessa fala dele? Vamos acompanhar.
01:07Eu nasci aprendendo a fazer negociação. Eu tenho certeza que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida.
01:18Jamais.
01:19É que nós não aceitamos que ninguém, ninguém, de nenhum país fora do Brasil, se meta nos nossos problemas internos, que é dos brasileiros.
01:31Bom, nesse mesmo evento, o presidente Lula também criticou a ida de Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos e toda a articulação que ele vem fazendo com o presidente Donald Trump.
02:00E falou em falta de patriotismo da família Bolsonaro. A gente também tem um trechinho dessa fala.
02:06Manda o filho dele para os Estados Unidos. Vai lá, vai lá pedir para o Trump me absorver. Vai lá, vai lá pedir, vai.
02:13E fica abraçado na bandeira americana, esse patriota falto.
02:20Nós vamos tomar a bandeira verde e amarela.
02:27A bandeira verde e amarela vai voltar a ser do povo brasileiro.
02:33O Bolsonaro que abraça a bandeira americana, transfira seu título para lá e vai voltar lá.
02:39Bom, repercutindo ainda mais uma outra fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele deu uma entrevista a uma TV norte-americana e disse que ninguém quer se separar dos Estados Unidos, mas que os brasileiros também não querem ser reféns dos Estados Unidos.
02:56E uma última declaração dele durante essa entrevista é de que Donald Trump não foi eleito para ser o imperador do mundo.
03:04Tiago.
03:05Bom, Camila, você volta daqui a pouquinho.
03:07Jovem Panha, a gente segue ainda falando sobre toda essa repercussão e as consequências.
03:13A Casa Branca rebate Lula e afirma que Donald Trump não está tentando ser imperador do mundo.
03:20A porta-voz declarou nessa quinta-feira que o republicano é um líder forte e tem influência global.
03:27Questionada sobre o tarifaço, ela mencionou a investigação em andamento contra o Brasil.
03:34Para os Estados Unidos, as regulações digitais e a fraca proteção à propriedade intelectual prejudicam empresas do país.
03:43A porta-voz citou o desmatamento ilegal que coloca setores em desvantagem competitiva.
03:49A Casa Branca reitera que as medidas adotadas por Donald Trump são voltadas ao interesse dos americanos.
03:56Vou chamar já os nossos comentaristas, o Cristiano Vilela já aqui nos estúdios e a Dora Kramer no nosso telão.
04:03Tudo bem, Dora? Começando por você. Bem-vinda, boa noite.
04:06Bom, essa questão diplomática vai se escalando cada vez mais.
04:10Hoje o presidente Lula elevou o tom contra Donald Trump.
04:14Em que momento isso vai ser estancado? Se é que vai ser estancado, hein, Dora? Bom trabalho.
04:20Boa noite, Tiago. Boa noite, Vilela. Boa noite a todos.
04:24Olha, não dá pra saber. E ainda tem, claro que nós vamos falar já disso, ainda tem uma carta que o Trump enviou pro Bolsonaro, né?
04:33Ainda teve mais isso.
04:35Olha, o tom provocativo do presidente Lula, ele contrasta com a maneira suave com que o vice-presidente que tá à frente das tratativas objetivas vem adotando, né?
04:49É um tom esse do presidente Lula que pode, claro, render popularidade e as pesquisas estão aí confirmando isso.
04:57Agora, do ponto de vista concreto dos problemas da tarifa, das investigações sobre práticas comerciais do Brasil,
05:06eu tenho muitas dúvidas sobre a eficácia disso, ou melhor, não tenho a melhor dúvida de que isso não é eficaz.
05:14Esse ambiente em que ele se embate com o inimigo é muito confortável pro presidente Lula.
05:21Ele tá acostumado com isso e principalmente com isso, quando rende benefícios políticos e principalmente eleitorais.
05:28Agora, é um terreno perigoso, porque é preciso calibrar, equilibrar as conveniências de palanque com os interesses do Brasil.
05:39Porque se houver um desequilíbrio, se houver um exagero na retórica inflamada,
05:46de repente isso pode trazer prejuízos para o Brasil e também, consequentemente, malefícios políticos para quem usa desse exagero.
05:57É, Vidal, é um xadrez político que vai se ampliando.
06:01O presidente Lula, claro, faz a leitura política de que isso está beneficiando ele,
06:07mas é o que a Dora falou, as consequências, porque não é uma briga com qualquer um,
06:11é com o presidente do país mais poderoso do mundo, de qualquer forma.
06:15Apesar de qualquer problema e todas as questões que são feitas questionando se isso é legítimo ou é ilegítimo,
06:23o que os Estados Unidos estão fazendo com o Brasil. Bem-vindo.
06:25Exatamente, Tiago. Uma ótima noite a você, a Dora Kramer e todos que acompanham o Jornal Jovem Pan.
06:31Olha, na linha do que a Dora comentou, hoje de manhã, no Jornal da Manhã aqui da Jovem Pan,
06:36eu fiz o comentário justamente no sentido de colocar o importante que era a condução, por exemplo,
06:42do vice-presidente Geraldo Alckmin, no sentido de fazer um diálogo mais racional,
06:47um diálogo sem esses arroubos, um tom mais técnico, mais polido nas negociações,
06:54de que isso poderia ser importante para o país, diferentemente do que a gente viu naqueles primeiros momentos,
06:59aquele tom palanqueiro que o presidente Lula acabou dando para essa questão
07:03e que acabou até tendo um certo sucesso do ponto de vista das pesquisas de opinião.
07:08No entanto, você vê que da manhã para a noite já tudo caminhou de uma forma diversa.
07:13O presidente, no evento, agora à tarde, ele já teve um posicionamento bastante duro,
07:18bastante inflamado, bastante enfático, contrastando, como a Dora muito bem disse,
07:23com o posicionamento mais sóbrio, mais técnico do vice-presidente Geraldo Alckmin
07:28e, nesse sentido, a gente acaba retrocedendo, porque essa disputa de discurso político
07:34acaba politizando uma discussão que deveria ser discutida pelo Itamaraty, pelos setores econômicos
07:41e acaba fazendo com que quem grita primeiro acaba tendo a prevalência.
07:46E nós estamos diante de Donald Trump, que é uma figura de imensa força global
07:51e que é bom de grito também.
07:53Eu vejo que é muito difícil o Brasil, com essa postura,
07:56acabar tendo uma solução pacífica e harmoniosa aos interesses nacionais.
08:01É, Vila Elidora, nesse evento, o presidente Lula também falou que não aceita qualquer interferência,
08:09dizendo que Trump se acha o imperador do mundo, tanto é que a Casa Branca deu essa resposta.
08:13Mas ele ameaçou também taxar as big techs americanas.
08:16A gente separou esse trecho para acompanhar.
08:18Esse país só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho desse país.
08:27E eu queria ter para vocês que a gente vai julgar e vai cobrar imposto das empresas americanas digitais.
08:40Bom, Vila Elidora, essa ameaça que ele faz, é claro que não se sabe se a Fazenda pensa nisso,
08:48da forma como isso pode se dar, mas é uma ameaça que pode gerar alguma reação.
08:53Absolutamente.
08:54É ruim esse tipo de discurso vindo do presidente da República
08:58num momento onde o que deveria acontecer é justamente uma palavra de paz, uma palavra de negociação.
09:04O presidente Lula, ele erra no tom, ele se comporta muitas vezes dentro desse viés eleitoral
09:10que uma parte do eleitorado até gosta, mas que do ponto de vista estratégico,
09:15pensando nos interesses do Brasil em conflito com a principal potência do mundo,
09:20é algo relativamente perigoso e que pode fazer com que esse sucesso colhido num primeiro momento
09:26acabe fazendo com que o resultado final seja desastroso para o Brasil.