Após reunião com empresários, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) rebateu as recentes pressões dos Estados Unidos sobre temas como desmatamento, o sistema Pix e as tarifas comerciais. Ao comentar a postura do governo Trump, Alckmin afirmou que "não é a primeira vez" que o Brasil enfrenta este tipo de situação e defendeu a busca por uma negociação diplomática para resolver os impasses.
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00:00O Geraldo Alckmin está falando nesse momento, Zé, rapidinho, vamos lá ao vivo.
00:03Comercial com os Estados Unidos e agora à tarde fizemos uma reunião com a Anshan.
00:11E, aliás, tanto a Anshan quanto a US Chamber fizeram uma nota conjunta.
00:19E nessa nota conjunta elas colocam a sua posição favorável à negociação
00:26e a que possa rever a questão das alíquotas.
00:33Aliás, destaco aqui que diz que questões políticas não devem estabelecer um precedente preocupante
00:44de questões outras interferirem em questões de natureza tarifária.
00:51É um precedente que não é bom para o comércio exterior.
00:59Queria também destacar que nós tínhamos feito no dia 16 de maio uma proposta.
01:08Ela foi confidencial aos Estados Unidos, enumerando um conjunto de itens
01:14que se poderia avançar no acordo comercial, sempre procurando estimular o acordo comercial,
01:23estimular complementariedade econômica e crescimento do comércio exterior, que é emprego e renda.
01:32Isso foi no dia 16 de maio.
01:34Foi confidencial esse documento, mas não tivemos resposta até hoje.
01:40Então ontem assinei com o chanceler Mauro Vieira um documento já entregue ao secretário Howard Lutnick
01:50e ao embaixador Grier do USTR pedindo uma resposta,
01:56que era o documento que foi encaminhado para a negociação, para se buscar uma solução.
02:04Então estamos aguardando resposta a esse documento.
02:09Presidente, a reunião de agora à tarde tem atores de grandes empresas,
02:14Amazon, Coca-Cola, muito se fala também nos bastidores.
02:18Queria ouvir o senhor sobre também o pensar do governo de que essa pode ser uma frente importante,
02:24não do ponto de vista de pressão, mas de diálogo mesmo com os Estados Unidos
02:27através dessas grandes empresas que são americanas.
02:30Nós queremos trabalhar unidos, unidos com empresários, trabalhadores, todo mundo unido para resolver essa questão.
02:40E as empresas têm um papel importante, tanto as brasileiras, que aliás tem empresa brasileira que tem indústria nos Estados Unidos,
02:49quanto as empresas americanas.
02:51A General Motors comemorou esse ano, participei do seu centenário, 100 anos.
02:59A Johnson & Johnson tem 90 anos.
03:03A Caterpillar tem 70 anos.
03:06Muitas delas exportam para os Estados Unidos.
03:09Se o Brasil é o segundo país do mundo com maior déficit,
03:16nos Estados Unidos o segundo maior superávit que eles têm é com o Brasil.
03:20Se cai o comércio, eles vão perder.
03:23Quer dizer, os poucos países que eles têm um superávit importante.
03:27Então não tem lógica, né?
03:29Então, por isso o empenho para resolver.
03:32Presidente, queria que, por favor, o senhor comentasse um pouco sobre a investigação comercial que foi aberta pelos Estados Unidos ontem.
03:39E aproveitando já fazer uma pergunta, porque negociação pressupõe também concessões recíprocas.
03:45O Brasil pretende fazer alguma concessão do ponto de vista comercial, em termos de exportação de etanol,
03:50ou outros pontos até que foram colocados nessa investigação aberta pelos americanos?
03:55Olha, primeiro, sobre a investigação, a sessão 301, não é a primeira vez que é feita uma abertura de investigação.
04:04Isso já foi feito anteriormente, o Brasil respondeu e o assunto foi encerrado.
04:11Dessa vez, o Brasil vai explicar.
04:14Você questionar desmatamento, mas o desmatamento está em queda.
04:19Aliás, o Brasil é um exemplo hoje para o mundo.
04:22Nós temos a maior floresta tropical do mundo, que é a floresta amazônica.
04:28O Brasil tem empenho em reduzir o desmatamento.
04:32A meta é desmatamento ilegal zero e recompor a floresta.
04:37Com o fundo do clima.
04:39Nós fomos um dos primeiros pais do mundo a ter mercado regulado de carbono.
04:44Lei do combustível do futuro.
04:46Dia 1º de agosto, agora, entra em vigência o etanol a 30%.
04:52Para ajudar a questão do meio ambiente, o biodiesel a 15%.
04:57O mundo não tem isso.
04:58Energia elétrica, 85% renovável.
05:02Então, depois, PIX.
05:04O PIX é um modelo, é um sucesso.
05:08Propriedade intelectual, o INPI, estava levando sete anos para registrar uma patente.
05:14Nós reduzimos para seis, para cinco, para quatro.
05:18No final do ano deve chegar a três.
05:20E o ano que vem, dois anos, que é o padrão internacional.
05:25Então, isso é, nós vamos explicar, não tem nenhum problema.
05:28O que nós precisamos resolver é a questão tarifária, porque ela não se justifica, né,
05:34neste patamar.
05:37E é um perde-perde.
05:38E aí não pode o interesse de alguns se contrapor ao interesse coletivo, o interesse de todos.
05:45Presidente, sobre a carta de 16 de maio, para quem foi endereçado em Washington?
05:51E vocês têm certeza que eles receberam esse documento?
05:53Olha, foi endereçada ao Howard Luther King e ao embaixador Grier.
06:01Tanto, tanto receberam que no dia 4 de julho, agora, dez dias atrás, aliás, dia até de feriado nos Estados Unidos,
06:11teve trabalho.
06:12As equipes técnicas estavam trabalhando, conversando, dialogando, procurando acertar questões setoriais, até o dia 4.
06:21Em cima da proposta que foi feita na carta?
06:24É, muitas, até questões que não estavam na carta.
06:28Mas nós fizemos um conjunto de propostas, que eu não vou detalhar, porque ela foi confidencial,
06:34mas que foi encaminhada e não teve resposta.
06:37E aí o Brasil não fez um follow-up dessa carta? Ficou esperando?
06:41Não, tanto fizemos que até o dia 4 de julho teve reunião técnica entre os representantes dos Estados Unidos e do Brasil.
06:50Presidente, com relação aos empresários de ONU, eles apresentavam uma alternativa como sendo a prorrogação,
06:56a tentativa de prorrogar as tarifas.
06:58Hoje, os empresários com quem o senhor conversou também, senhor Rio, falaram a ONU sobre isso, usam isso como alternativa?
07:04Olha, o que eu tenho ouvido, e acho que esse é um pensamento comum do presidente Lula e dos empresários aqui envolvidos,
07:15do setor industrial, do agro, serviços, comércio.
07:19Nós queremos negociação, é urgente, é urgente.
07:26O bom é que se resolva aí nos próximos dias.
07:30Se houver necessidade nessa negociação de prorrogar, não vejo problema.
07:36Agora, o importante era resolver, quer dizer, você buscar aí uma solução.
07:41Esse é o sentimento geral e um sentimento de que, olha, vamos trabalhar juntos.
07:48As empresas americanas também estão preocupadas.
07:51Aliás, não só a empresa, mas o próprio cidadão.
07:54Amanhã vai encarecer o café, o suco de laranja, enfim, carne, produtos que o Brasil vende para os Estados Unidos.
08:03Mas eu queria que vocês ouvissem o presidente da ANCHAM, o Abraão.
08:10Obrigado.
08:11Obrigado, presidente.
08:12Boa tarde.
08:13Bem, ANCHAM é uma entidade que há mais de 100 anos promove o comércio e os investimentos entre Brasil e Estados Unidos.
08:21Nós temos mantido um diálogo muito construtivo com o governo brasileiro.
08:26E hoje tivemos a oportunidade de dar continuidade a esse diálogo, trazer aqui a visão concreta de várias empresas
08:35sobre como elas avaliam o impacto dessas medidas para suas operações.
08:40Hoje existem quase 10 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos,
08:45que criam 3 milhões e 200 mil empregos aqui no Brasil.
08:49Essa é uma relação muito importante para o Brasil, assim como é uma relação muito importante para os Estados Unidos,
08:56para a economia americana e o nosso desejo, que é um sentimento, acho que unânime no setor empresarial aqui no Brasil,
09:05é de se buscar a construção de uma solução negociada entre os dois governos
09:10e que aconteça de maneira a impedir um aumento tarifário, que teria impactos muito severos para a economia brasileira
09:19e também para a economia americana.
09:22E nós esperamos que essa seja a via que aconteça.
09:26E o setor empresarial brasileiro e americano tem buscado contribuir com o governo brasileiro
09:31e contribuir também do lado americano, trazendo essas suas percepções.
09:37A nota que foi mencionada pelo presidente, publicada ontem pela Amsham e pela US Chamber,
09:44olhando a perspectiva americana, é um exemplo nesse sentido.
09:46Presidente, falando da perspectiva americana, o presidente Donald Trump, na carta dele,
09:50ele cita os problemas jurídicos do Brasil na visão dele, fala de uma perseguição, caças cruxas contra o Bolsonaro.
09:57Eu queria saber se as empresas americanas também vêm dessa forma nas conversas que você tem com elas,
10:03se elas também têm algum tipo de neto com relação à segurança jurídica do Brasil.
10:07As empresas atuam no marco econômico comercial e a discussão que nós temos buscado fazer
10:13tem sido dentro do âmbito econômico comercial, onde há interesses muito importantes de ambos os lados
10:20e onde nós entendemos que há espaço para se encontrar uma convergência e se resolver comercialmente essa situação.
10:29Presidente, os Estados Unidos estão dando alguma abertura de negociação
10:34e o presidente Lula estaria disposto a fazer uma ligação para o Trump?
10:38Nós mandamos o documento, foi entregue hoje cedo.
10:42Então vamos aguardar, estamos aí, a nossa disposição é de rever essa questão tarifária.
10:48Obrigado.
10:48Obrigada.
10:49Acompanhamos a fala do vice-presidente Geraldo Alckmin e ministro também do governo Lula,
10:55junto com o CEO da Anchan, o Abrão Neto, falando sobre essas tratativas e sobre a maneira como eles devem articular toda essa situação.
11:03Fábio Piperno, você entende que o melhor nome para conduzir todas essas tratativas seja de fato Geraldo Alckmin?
11:10E você entende que não ter a figura do presidente Lula presente nessas conversas, nessas coletivas, seja uma estratégia do atual governo?
11:20É também uma estratégia inteligente de se governar e negociar.
11:24Por quê?
11:24Isso que a gente comentava fora do ar.
11:26O presidente Lula, ele, com um político sagaz, que é experiente e tal, ele sabe que, em momento algum, a presença dele, o nome dele vai ser visto com algum tipo de isenção em algo tão sensível como esse.
11:43Então, isso não quer dizer que ele abriu mão de participar desse processo.
11:47Mas, o governo dele passa a ser representado por uma figura, digamos, muito mais palatável a esses outros setores.
11:59Até porque, a gente não pode esquecer que o vice-presidente-geral do Alckmin é o personagem em toda a história que mais tempo governou o estado de São Paulo.
12:09O estado de São Paulo tem um agronegócio importante, é o estado mais importador do país,
12:14é o estado onde fica, enfim, se situa o maior parque industrial do país, é o estado onde está presente, por exemplo, a Embraer,
12:26que seria o grupo industrial mais prejudicado por essas tarifas.
12:31Então, eu acho que ele é o personagem mais correto e acho que foi uma excelente escolha.
12:38Eu dizia aqui que, inclusive, é alguém que deveria ter tido, em outros momentos, até mais protagonismo.
12:44E, como eu falei antes, a Anshan e a U.S. Chamber estão juntas com o governo, também preocupadas porque, no lado americano,
12:52segundo o documento da U.S. Chamber, 6.500 pequenas e médias empresas seriam prejudicadas.
12:59Agora, um dos repórteres fez uma pergunta interessante ali, Bruno Musa, que é,
13:03vocês pretendem contar com empresas americanas que têm atuação no Brasil para que elas possam facilitar essas negociações?
13:09Você acha que seria uma atitude viável, Musa?
13:15Sinceramente, acho que não.
13:16E não estou dizendo que não seria pela forma como o Trump está lidando com tudo isso.
13:21De novo, eu acho que grande parte da conversa do governo está seguindo apenas pela questão técnica econômica.
13:28Ora, não temos superávit com os Estados Unidos, portanto,
13:32a necessidade de uma tarifa comercial, ela não se configura aqui.
13:37Uma vez que Trump deixou claro que o objetivo é diminuir o déficit comercial e déficit em conta corrente.
13:43Como eu mencionei, esse é basicamente o diagnóstico que eu concordo,
13:47mas não necessariamente concordo com o remédio que está sendo colocado.
13:52Portanto, eu acho que como o movimento é muito mais profundo,
13:56estamos lidando aqui com a ponta do iceberg,
13:59que são justificativas técnico-econômicas,
14:02eu acho que não vai ter o menor sentido.
14:05Para mim, eu venho falando,
14:07eu acho que eu concordo com o que o Alan também vem colocando,
14:10o único ponto é o Brasil recuar no discurso contra a hegemonia do dólar
14:17a favor de uma nova moeda.
14:18E veja, eu não estou, eu que defendo tanto a liberdade,
14:22não estou contra a ideia, se Lula quiser ir a favor de uma moeda.
14:27A China quer, a Rússia quer, a Índia quer,
14:30mas todos lutam da sua forma, com estratégia.
14:33O único que está soltando palavras ao vento,
14:36sem ter uma ação concreta, é o próprio Lula.
14:39Então, estamos pagando as consequências por isso.