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00:00Olá, seja muito bem-vindo, está no ar o Terra Vive Entrevista.
00:13O programa que traz uma abordagem diferente, que promove uma segunda opinião sobre os fatos inseridos no universo agropecuário.
00:21No programa de hoje a gente conversa com Gustavo Piccoli, presidente da Abrapa, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.
00:28Seja muito bem-vindo, obrigada pela participação.
00:30Obrigado, eu. É um prazer estar com vocês.
00:33Obrigado, presidente.
00:34Presidente, como que está a safra 24-25?
00:37Em que posição esta safra coloca o Brasil como exportador mundial?
00:42A safra deste ano está correndo muito bem.
00:45O Mato Grosso, como principal produtor de algodão, teve algumas chuvas tardias, mas em que não afetou a qualidade do algodão.
00:52Então, deveremos ter uma boa safra no Mato Grosso.
00:55Na Bahia, temos alguns, porque a Bahia é o segundo estado maior produtor de algodão do Brasil.
01:01Lá temos algumas, pontualmente, alguns problemas devido a uma estiagem que teve.
01:06Mas, de maneira geral, a safra brasileira é uma boa safra, uma safra grande.
01:10E, com certeza, seguiremos sendo o maior exportador de algodão do mundo.
01:14Quando você fala boa safra, assim, é a qualidade do algodão que está boa, a produção, o que é?
01:18Como nós estamos no início da colheita, o que a gente tem é uma expectativa de boa qualidade e uma expectativa de boa produção de maneira geral.
01:29Então, nós devemos ter uma safra maior do que a do ano passado, em torno de 8%, em produção, em volume de produção.
01:36E a qualidade, o Brasil já é referência em qualidade.
01:40E, este ano, temos certeza que teremos boa qualidade.
01:43Nós temos, através da ABRAP e através das associações estaduais, promovendo vários workshops de qualidade pelos estados produtores de algodão.
01:53Nós somos 11 estados que produzem algodão no Brasil.
01:58A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, da qual eu sou presidente, nós temos 11 associadas que fazem parte.
02:05Então, o algodão, principalmente, produzido em sua maioria no Mato Grosso e na Bahia.
02:11E, nesses estados, além de Goiás, Minas, a gente tem feito workshop de qualidade, onde a gente fala, junto aos produtores,
02:22as melhores práticas que devem ser seguidas para produzirmos algodão de qualidade.
02:27Ainda falando desse cenário internacional, qual que é o impacto das tarifas e barreiras comerciais por alguns países?
02:33Nós estamos ainda analisando isso, mas a primeira impressão que temos é que não teremos impacto quanto à demanda devido a essas práticas de guerra comercial.
02:46Porque a gente perde alguns mercados, mas, em contrapartida, ganha outros mercados.
02:51Então, no balanço dos mercados, a gente deve manter os mesmos níveis de exportação.
02:56O que tem afetado a demanda de algodão e a exportação de algodão, acabam sendo outros fatores.
03:03Por exemplo, a China está vindo com uma grande produção de algodão esse ano.
03:07Então, a China vai importar menos do que importou o ano passado.
03:11Isso, sim, afeta a exportação brasileira.
03:14Eu não diria que as tarifas, mas, sim, as particularidades dos países produtores.
03:18Eu ia te perguntar, porque é um mercado muito competitivo, um setor muito competitivo.
03:22Sim, ele é muito competitivo.
03:24O Brasil conquistou essa liderança na exportação.
03:30Então, a gente, realmente, agora temos que continuar fazendo o trabalho de divulgar o algodão,
03:36divulgar a qualidade do algodão brasileiro pelo mundo, para continuarmos conquistando mercados
03:41e não perdermos o que já conquistamos de mercado, porque, realmente, é um mercado disputado.
03:46Mas eu diria que a nossa maior disputa não é em cima das fibras naturais.
03:54Nós temos um grande problema com as fibras sintéticas, com as fibras fósseis,
04:00que, no mercado de fibras, elas têm crescido a demanda delas,
04:04enquanto a demanda por fibras naturais tem se estabelecido nos mesmos níveis nos últimos anos.
04:10Só que não foi uma conquista fácil, né?
04:12Foi todo um trabalho das associações para conquistar esse mercado, para o Brasil ter essa posição,
04:16é investir no algodão de qualidade, na tecnologia também e no produtor, que você disse, nas boas práticas, né?
04:22Você mesmo tem uma história com o algodão, você também vem lutando com isso há muitos anos, né?
04:26Exatamente.
04:27A Abrapa fez, esse ano, 25 anos de existência.
04:31Eu planto o algodão há 26 anos.
04:32Então, a gente tem toda uma história onde o Brasil, de importador de algodão,
04:39ele se transformou no maior exportador de algodão nos últimos anos.
04:43O que o algodão brasileiro fez em termos de performance de produção e de conquistar mercado,
04:48não tem nenhuma outra comódia que conseguiu a mesma coisa.
04:51Isso graças à dedicação do produtor, à tecnologia empregada nas lavouras,
04:57o cuidado com a sustentabilidade, o cuidado com as boas práticas agrícolas.
05:03Então, todo esse cuidado que o produtor de algodão teve, a certificação do algodão,
05:08isso aí teve um impacto muito positivo quando nós saímos, mundo afora, divulgando o algodão brasileiro,
05:15divulgando as boas práticas de produção do algodão brasileiro, a qualidade do algodão.
05:20Isso fez com que nós conquistássemos o mercado, tendo o volume de produção necessária
05:25para atender a demanda internacional.
05:27Gustavo, falando agora, então, desse trabalho dos produtores, quais são hoje os principais desafios?
05:32Logística e clima, de repente, aí são os principais?
05:35Hoje, os desafios são muitos.
05:39Logística é um deles.
05:40A gente, a maior parte do algodão é exportado para a Ásia.
05:44Então, a gente tem um problema logístico interno aqui dentro do país
05:47e também temos sempre os gargalos de porto e navios.
05:51Mas, tem melhorado muito.
05:54A logística tem melhorado, até pela demanda de algodão exportado.
06:00Então, a logística tem melhorado do porto para fora.
06:03Mas, a parte interna, a parte logística rodoviária é muito complicada, é muito cara para o produtor.
06:09Por isso que a gente faz um trabalho, junto ao governo, de incentivar que sejam construídos ferrovias no Brasil
06:15para que a gente possa baratear esse custo logístico interno.
06:18Isso que pesa para o setor é o custo Brasil, né?
06:21O custo Brasil continua pesando muito e precisamos que sejam investidos mais no transporte
06:26para que a gente consiga levar a mercadoria do produtor lá da fazenda até os portos com menor custo
06:32para que fiquemos mais competitivos no mercado internacional.
06:35Fiz recentemente uma reportagem, ainda vai ao ar essa série, mas quando a gente fala de algodão,
06:40a gente pensa em pluma.
06:41Só que lá eu descobri que o algodão serve para uma série de setores também, de outros produtos, né?
06:47Como é que vocês têm trabalhado para ampliar esse uso do algodão?
06:50Sim, o produtor de algodão, ele não produz só a fibra, ele produz a fibra, produz o caroço.
06:58Do caroço de algodão, é extraído o óleo, onde do óleo, ele é usado tanto para o óleo comestível humano,
07:08como para biodiesel.
07:11Fora isso, tem a torta do algodão, que é extraída do processo de extração do óleo, sobra a torta.
07:18Essa torta, ela é usada para alimentação animal, então, alimentação bovina principalmente.
07:24Então, a gente produz carne, a gente alimenta, alimenta, porque o produtor de algodão produz a fibra,
07:31produz óleo e produz torta de algodão, farelo de algodão para alimentação bovina.
07:36Então, outro diferencial do produtor de algodão brasileiro é que, na sua maioria, o algodão é produzido em segunda safra no Brasil.
07:47Então, nós temos uma primeira safra que produz soja, milho, produz outras culturas,
07:51e na segunda safra, quase 70% do algodão brasileiro é produzido na segunda safra.
07:58Então, ele não compete com outras culturas e, além disso, produzimos o caroço, que produz óleo e produz a torta.
08:03Muito interessante ver essa versatilidade do algodão.
08:07E para a alimentação animal, a Abrapa fomenta também esse setor?
08:10Sim, a Abrapa, ela procura sempre atrair indústrias para o setor.
08:14Nós temos visto indústrias se instalar no Brasil com mais capacidade de extração de óleo.
08:21Então, inclusive, estamos buscando indústrias fora do país para vir se instalar aqui no país,
08:27para que, cada vez mais, o produtor de algodão consiga também aumentar a sua renda através do produto do caroço e algodão.
08:36A gente tem conseguido, através da Abrapa, facilidades para que sejam exportados o caroço
08:41e que seja exportado também a torta de algodão para outros países, inclusive para a China.
08:46Tem biodiesel também a partir do óleo de algodão?
08:48Sim, tem várias indústrias de biodiesel que fazem o biodiesel ou só com óleo de algodão ou na mistura com óleo de soja.
08:58Ele é perfeitamente utilizado para biodiesel.
09:01E falando agora da qualidade do algodão brasileiro, fazendo um panorama geral, como que está essa qualidade?
09:07O algodão brasileiro, ele evoluiu muito em qualidade.
09:11E hoje, nós temos uma qualidade comparável ao algodão americano ao algodão australiano.
09:16E nós temos isso, além da qualidade, nós temos uma padronização do algodão brasileiro.
09:21A gente conseguiu essa padronização através das associações de investimento em laboratório.
09:27Nós temos um laboratório em Brasília, que fica, inclusive, na sede da Abrapa,
09:32onde esse laboratório calibra os outros laboratórios do Brasil
09:36para que tenhamos uma padronização dos HVI, da classificação do algodão no Brasil inteiro.
09:41Então, quando um importador compra um algodão brasileiro, ele tem certeza da qualidade.
09:46Ele tem certeza de que aquilo que ele está comprando tem qualidade e tem padronização.
09:51Isso tem feito nós conquistarmos mais mercado.
09:53Isso é no Brasil todo?
09:54Porque a gente tem hoje, por exemplo, São Paulo, interior de São Paulo, também já tem produtor.
09:58A produção maior ainda se concentra no centro-oeste, no cerrado?
10:01Como é que funciona isso?
10:02Hoje, 70% da produção do algodão é no Mato Grosso, quase 20% na Bahia,
10:09e aí o restante são em outros estados.
10:12Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas, São Paulo, tem Maranhão, Piauí,
10:18tem vários estados que estão entrando na cultura do algodão.
10:21O Brasil tem um potencial enorme para continuar crescendo na produção de algodão.
10:26Qual seria esse potencial?
10:27É o calor, é o que é exatamente?
10:30É o clima, nós temos um clima favorável à produção de algodão.
10:35Temos áreas extensas para produzir algodão e temos tecnologia.
10:39O que nós precisamos é demanda para o algodão.
10:42E aí, se vocês me permitem, eu gostaria de falar um pouco sobre a questão de narrativas
10:47das fibras que existem no Brasil e no mundo.
10:50Nós produzimos fibra natural.
10:52A nossa fibra, a fibra de algodão, é uma fibra biodegradável.
10:56E a gente fica brigando por mercados, onde nós temos o maior competidor,
11:02que é a fibra sintética, que são as fibras fósseis, feitas de derivados de petróleo.
11:08Eu costumo dizer, a gente...
11:10Olha o que aconteceu com os biocombustíveis.
11:11Nós consumíamos só produtos fósseis, petróleo.
11:15Agora não, agora os carros já estão consumindo gasolina com etanol, etanol puro,
11:21óleo diesel misturado com biodiesel.
11:23Então, os biocombustíveis estão tomando conta dos produtos fósseis.
11:29E na parte de roupas, a parte de fibras e tecidos, nós precisamos que tenha o mesmo movimento.
11:37As pessoas precisam saber que, quando vão comprar uma roupa,
11:40têm que comprar de fibra natural, fibra biodegradável.
11:43Porque, senão, o pessoal vai sair vestido com roupa feita de produtos fósseis.
11:49Então, essa é uma briga, é um problema de comunicação,
11:51que a gente está investindo muito como associação,
11:54nessa comunicação de conscientização de uso de fibra natural.
11:59Está certo, então, presidente.
12:00Daqui a pouco, a gente continua falando um pouquinho mais sobre o algodão brasileiro,
12:04sobre toda essa força do setor e sobre o trabalho da Abrapa também.
12:07Vou pedir licença para a gente fazer um rápido intervalo comercial
12:10e, daqui a pouco, a gente volta com o Terra Viva Entrevista.
12:13Continue com a gente.
12:14Estamos de volta com o Terra Viva Entrevista.
12:43E, no programa de hoje, a gente conversa com o Gustavo Piccoli,
12:46que é presidente da Abrapa,
12:48Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.
12:51Queria que você contasse um pouco da sua história.
12:53Você é produtor de algodão, tinha outras culturas,
12:55acabou investindo no algodão.
12:57Quanto tempo você produz algodão
12:58e como é que foi essa transição de cultura e por quê?
13:01Bom, eu planto algodão já fazem 26 anos.
13:04Na época, a gente entrou na cultura do algodão
13:07pelo valor agregado que a cultura tinha
13:10em relação às demais culturas do Mato Grosso.
13:13Eu sou produtor em Sorriso, Mato Grosso.
13:16Depois de plantar algodão há alguns anos
13:19e me envolver em associação,
13:22eu fui presidente da Associação Mato Grossense
13:26dos Produtores de Algodão por dois anos,
13:29onde a gente pôde incentivar e cuidar do algodão do Mato Grosso.
13:34Nós incentivamos a produção com qualidade, com sustentabilidade
13:37e atualmente eu estou como presidente da Abrapa.
13:41Perfeito.
13:42E Gustavo, falando então do trabalho da Abrapa,
13:44principalmente no exterior,
13:46como que a Abrapa promove o algodão brasileiro?
13:49Desde 2016, quando nós começamos a aumentar muito
13:52a produção de algodão no Brasil,
13:54nós tínhamos um problema de mercado.
13:56Onde colocar toda essa produção?
13:58Aí, em decisão de associação,
14:00foi feito um convite ao Marcelo Duarte,
14:07uma pessoa com grande conhecimento.
14:09Ela foi morar em Singapura
14:11e montamos um escritório de comunicação em Singapura
14:14para que atendesse todo o mercado da Ásia.
14:17Através desse contato,
14:19foi feito um trabalho de formiguinha em cima da China,
14:22Bangladesh, Paquistão, Vietnã e vários países asiáticos,
14:27conquistando o mercado, mostrando para as fiações
14:30que nós tínhamos aqui no Brasil um algodão de qualidade.
14:33E, através desse trabalho, ano a ano,
14:35a gente tem conseguido mais mercados.
14:37Hoje, a gente tem o programa Cotton Brasil,
14:39onde a gente faz várias viagens internacionais
14:42divulgando o algodão brasileiro.
14:44O Cotton Brasil é uma parceria com a Apex Brasil.
14:47A Apex é um grande parceiro.
14:50E também a ANEA,
14:53que é a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão.
14:55Então, a ANEA, a Apex e a Abrapa
14:58fazem um grande trabalho através do programa Cotton Brasil
15:01divulgando o algodão brasileiro no exterior.
15:04Acho que é importante também a rastreabilidade.
15:07Eu vi que o algodão tem rastreabilidade,
15:09principalmente para as novas gerações
15:10que gostam de saber todo o trajeto do que ele está comprando.
15:14Sim, você tem razão.
15:15E isso fez com que a gente conquistasse o mercado internacional também.
15:19A rastreabilidade é uma exigência do mercado internacional.
15:22Junto com a rastreabilidade, a gente tem as certificações.
15:25Então, nós temos a certificação, que é o Instituto ABR,
15:29que foi criado aqui no Brasil.
15:31E temos a certificação Better Cotton,
15:34que é uma certificação internacional, de credibilidade internacional.
15:38Então, nós temos uma parceria de certificadora brasileira
15:40com a Better Cotton,
15:41onde nós fornecemos a maior quantidade de algodão certificado no mundo.
15:47Então, nós, o algodão brasileiro,
15:49tem a certificação brasileira e Better Cotton
15:52e atende uma demanda internacional.
15:55Essas certificações de sustentabilidade,
15:57de rastreabilidade,
15:58de boas práticas,
16:00fez com que a gente conquistasse o mercado.
16:02Falando de sustentabilidade ainda,
16:04existem iniciativas para a pegada de carbono na cultura?
16:07Como que funciona?
16:08Sim, existem iniciativas,
16:10através da Bayer, da Embrapa,
16:13de que façam as medições dessa pegada de carbono
16:17e justamente para que a gente tenha certeza
16:20daquilo que a gente está produzindo com neutralidade.
16:23A gente já tem bons indicativos
16:26e temos certeza que teremos sucesso também
16:29para mostrar que o algodão tem pegada neutra de carbono.
16:33E tem a certificação também,
16:34o Brasil é conhecido pela sustentabilidade.
16:37Sim, o Brasil é conhecido,
16:38são vários itens que são certificados dentro da propriedade.
16:41Então, cada propriedade,
16:43cada produtor de algodão,
16:45ele tem a sua certificação,
16:47ele é vistoriado pela certificadora,
16:51onde ele tem que atender várias demandas de conformidade.
16:54Depois dele atender todas as demandas de conformidade,
16:57ele recebe a certificação.
16:59E uma vez certificado,
17:01aí entra a rastreabilidade.
17:03Então, quem compra o algodão brasileiro,
17:06ele sabe qual é a fazenda que foi produzido o algodão,
17:09quem é o produtor que produziu o algodão,
17:11qual é a algodoeira,
17:12a indústria que extraiu o fio do caroço do algodão.
17:17Ele sabe toda a trajetória do algodão brasileiro,
17:19toda a classificação, o HVI, a classificação,
17:22o laboratório que fez a classificação,
17:24tem todas as informações dentro da rastreabilidade.
17:27Isso dá credibilidade para o algodão brasileiro.
17:29E todo esse processo depois é auditado também, né?
17:32Sim, sofremos auditoria
17:33e temos também o selo do Ministério da Agricultura,
17:37onde é audita todas as informações
17:39que são fornecidas pela rastreabilidade.
17:41E chegando já na ponta final, né?
17:43No consumidor.
17:44Como que a Abrapa trabalha com esses consumidores
17:47sobre a importância de usar o algodão brasileiro, né?
17:50Temos um trabalho no Brasil,
17:52feito pela Silmara,
17:54através, já fazem 10 anos que existe,
17:57o programa Sou de Algodão.
18:00O Sou de Algodão é um programa
18:01que trabalha toda a cadeia produtiva do algodão,
18:05desde a fazenda até a fiação,
18:09até a selagem, a confecção e o consumidor final.
18:12Então, já tem várias marcas que fazem parte do programa,
18:16onde elas, através da etiqueta,
18:19a pessoa chega, olha a etiqueta,
18:21ele vai fazer um QR Code ali,
18:22vai saber, vai poder visualizar de onde é que foi produzido o algodão
18:27da roupa que ele está comprando.
18:28Isso é um trabalho muito legal, muito importante.
18:31A gente, inclusive, está levando esse modelo de sucesso
18:34do Sou de Algodão para o resto do mundo.
18:37Estamos incorporando ao programa Cotton Brasil
18:39para que o consumidor, lá na Ásia,
18:42lá na Europa,
18:43quando ele for comprar uma roupa,
18:44ele vai saber em qual fazenda foi produzida
18:46e toda a rastreadibilidade e a conformidade ambiental.
18:49É importante, né?
18:50Olhar a etiqueta e saber se é algodão.
18:52Você olha...
18:53Olha.
18:53É importante.
18:55Faz diferença, né?
18:56De fato, é um tecido muito mais confortável,
18:58mais importante,
18:59tanto para diversos momentos,
19:01tanto ali na roupa de dormir ou no dia a dia.
19:03O conforto é usar o algodão,
19:05de fato, é uma experiência muito mais confortável
19:08para o usuário, né?
19:09Para o consumidor.
19:10Com certeza.
19:11É uma fibra natural.
19:13Então, por mais que a tecnologia invista em fibras sintéticas,
19:17nunca vai se chegar a uma fibra natural.
19:20Hoje, se você pegar uma calça jeans e jogar,
19:23enterrá-la no solo,
19:24daqui a alguns anos, você vai lá,
19:27dois, três anos, não tem mais nada.
19:28Ela biodegradou.
19:29Uma fibra sintética, daqui a 100 anos, vai estar lá.
19:32Então, a questão de contaminação do ambiente por microplásticos,
19:36contaminando os mares, contaminando os seres humanos,
19:40isso é uma polêmica que, com certeza,
19:42vai conscientizar as pessoas a cada vez mais usarem fibra natural.
19:46Então, esse é um caminho que a gente tem certeza de sucesso,
19:49por isso temos certeza do trabalho da associação
19:52e de que produzir algodão, produzir uma fibra natural,
19:55é um caminho sem volta.
19:56Nós continuaremos sendo o maior exportador de algodão do mundo.
20:02Uma iniciativa que eu acho interessante também é a Colton Trip,
20:04que é levar a informação para as pessoas.
20:06Então, nessa semana, vocês levam diversas pessoas, né?
20:10Por exemplo, estudantes de moda, profissionais do setor,
20:14porque é importante conhecer a fazenda,
20:16conhecer uma empresa de beneficiamento, né?
20:19Porque quando você vê a informação ali em loco,
20:22acho que você transmite melhor o conhecimento do que você está fazendo
20:25ou você entende o que você está produzindo.
20:27Por exemplo, uma estilista vai conhecer melhor o tecido que ela está trabalhando, né?
20:30Sim, são várias iniciativas nesse sentido
20:33e são todas elas muito bem-vindas
20:35para justamente mostrar o que é feito
20:39desde a produção até a confecção.
20:42É muito importante esses eventos
20:44e continuaremos fazendo e promovendo eventos dessa natureza.
20:47Gustavo, sua gestão começou em janeiro, correto?
20:50À frente da Abrapa.
20:51O que você pode falar desses primeiros seis meses aí do ano na associação?
20:56Os desafios são grandes,
20:57mas eu estou muito feliz de estar à frente de uma associação
21:00de produtores responsáveis,
21:02produtores que produzem qualidade
21:04e produzem um produto que conquistou o mercado internacional.
21:08O desafio é grande para nos mantermos na liderança
21:10de exportadores de algodão do mundo.
21:14Sabemos do desafio,
21:15mas tenho certeza que os produtores engajados em produzir qualidade,
21:18nós não teremos dificuldade em colocar esse algodão no mundo,
21:23aumentando ainda mais a nossa participação no mercado internacional.
21:26Você acha que é um desafio essa guerra que tem entre o algodão natural
21:29com as fibras sintéticas, principalmente nessa questão do preço?
21:32Como é que vocês trabalham nessa questão?
21:34Sim, a gente tem esse desafio junto às fibras sintéticas,
21:38mas é a questão de narrativa.
21:41Então, a gente fica bem tranquilo em relação a isso,
21:43porque é questão de tempo.
21:44Nós estamos melhorando muito e investindo na comunicação.
21:49Como a Abrapa, a gente está investindo na comunicação
21:51para que a comunicação, para que a narrativa correta
21:54chegue até o consumidor final.
21:55A gente está fazendo um trabalho aqui no Brasil
21:57e estamos fazendo através do programa Sou de Algodão
22:00e também lá fora, através do Qualtom Brasil.
22:03Estamos fazendo um papel, um trabalho, aliás,
22:06junto aos consumidores, junto à moda,
22:10que a moda é muito criada na Europa.
22:12Então, estamos fazendo um trabalho lá na Europa
22:14de conscientização e de narrativa,
22:17demonstrando que fibra natural é fibra de algodão
22:20e o resto é fibra fóssil.
22:22Então, é uma questão de tempo,
22:25mas a gente está trabalhando muito a comunicação
22:26para a conscientização dos consumidores.
22:29Quais são os próximos passos da associação?
22:32A associação vai continuar trabalhando
22:33pela qualidade do algodão brasileiro.
22:36A gente faz um trabalho junto ao governo
22:38para que também cuide do setor.
22:42Nós precisamos produzir com viabilidade econômica.
22:47Para isso, a gente tem preocupação
22:49diante do mercado internacional,
22:51diante de todas essas inseguranças
22:53que, às vezes, o mercado nos oferece.
22:56Mas a associação vai continuar fazendo um trabalho
22:59em defesa dos interesses do produtor de algodão brasileiro.
23:02Quando você fala cuidar do setor,
23:03o que seria exatamente?
23:04O que falta do setor de apoio do governo?
23:06Eu acho que o governo tem que continuar investindo,
23:11apoiando a questão de infraestrutura do país.
23:13Investindo e apoiando a infraestrutura do país.
23:18Desburocratizando onde é possível a questão portuária,
23:21a questão para que a gente possa produzir
23:23cada vez mais com menos custo.
23:25Porque para nós sermos competitivos
23:27no mercado internacional,
23:28precisamos produzir qualidade e quantidade
23:30com baixo custo.
23:31E é um grande desafio para o produtor.
23:32E seria uma coisa simples,
23:35seria investimento em estrada, em portos,
23:37que o setor, não só o setor,
23:38vários setores já vêm pedindo isso para o governo.
23:41Vamos fazer o investimento tudo de uma vez,
23:43que o custo do Brasil melhoraria para todo mundo.
23:46Sim, sim.
23:46A gente sabe disso, é uma cobrança.
23:49Só que as coisas não acontecem, às vezes,
23:51na velocidade que a gente gostaria.
23:53Nós estamos lá cobrando todo dia
23:55investimentos nessas áreas,
23:57porque a gente sabe que isso vai favorecer
23:59e vai consolidar o Brasil
24:01como o maior exportador do rodão do mundo.
24:02Você acha que esse caminho ficaria muito mais fácil
24:05ou muito mais rápido
24:06se a gente já tivesse essa logística,
24:08portos, aeroportos,
24:09essa condição de...
24:10Esse custo do Brasil menor
24:12e as estradas melhores,
24:13ou umas ferrovias, né?
24:16Não, com certeza.
24:18Vários dos trabalhos que a gente faz
24:20é para tentar minimizar
24:23os custos que a gente tem com logística.
24:26Então, se nós tivéssemos uma logística melhor,
24:29nós seríamos mais competitivos lá fora.
24:31Hoje, quando a gente vende uma mercadoria
24:32lá na Ásia, na China,
24:35até sair da propriedade,
24:37chegar no porto,
24:39isso demora 80 dias.
24:41Quando os nossos concorrentes
24:42conseguem levar a mercadoria
24:43é com 10, 20 dias.
24:45Então, essa questão logística,
24:47sempre quem paga a conta é o produtor,
24:49porque essa questão do tempo,
24:52no mundo de juros altos,
24:54quem paga a conta é o produtor
24:55pela questão do tempo.
24:56Então, nós temos que realmente
24:57torcer que haja investimentos
24:59na logística,
25:01na desburocratização das coisas,
25:03para que nós tenhamos mais agilidade
25:04para diminuirmos o nosso custo.
25:07Tá certo.
25:07Gustavo, muito obrigado pela entrevista, viu?
25:09Foi ótima.
25:10Eu que agradeço.
25:11E o setor do Algodão agradece.
25:12Estamos à disposição.
25:13Obrigada.
25:14Obrigada pela participação.
25:16E o Terra Viva Entrevista de hoje
25:17fica por aqui.
25:18Se você quer rever esses e outros programas
25:21e ficar por dentro das notícias do agro,
25:23é só procurar o canal Terra Viva no YouTube
25:25e também seguir nas redes sociais.
25:27Obrigado pela sua companhia e audiência
25:29e até a próxima.
25:30Obrigado.
25:31Obrigado.
25:32Obrigado.
25:32Obrigado.
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