O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o governo começará a enviar cartas aos parceiros comerciais nesta sexta-feira (4), informando sobre a implementação de taxas tarifárias unilaterais que deverão ser pagas a partir de primeiro de agosto. Alan Ghani analisou. Apresentadores: Roberto Nonato e Soraya Lauand Comentarista: Alan Ghani
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00:00O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que sua administração provavelmente começará a notificar os parceiros comerciais hoje, sexta-feira, sobre a nova tarifa sobre exportações.
00:14Alan Ghani está de volta. Esse anúncio, então, Ghani, deve acontecer hoje, mas começa a vigorar só no mês que vem? Como que vai funcionar?
00:22Pois é, com Donald Trump, de tédio, o mundo não morre, né? Porque houve aquela pausa temporária de três meses nas tarifas protecionistas e agora, 9 de julho, é o prazo final para a resolução, ou seja, para os países chegarem a um acordo.
00:40O problema é que muitos países não estão chegando a um acordo com os Estados Unidos, muito pelo contrário, estão ali num momento bastante crítico.
00:50Aí, o presidente dos Estados Unidos, o Donald Trump, resolveu dizer o seguinte, olha, se vocês não chegarem a um acordo, eu vou notificá-los via uma carta mesmo, e que vai valer tarifas adicionais no dia 1º de agosto.
01:08Na prática, significa que as tarifas protecionistas para alguns países poderão chegar a 70%.
01:17É claro que, em um patamar de 70%, isso inviabiliza o comércio internacional.
01:23Resta a dúvida se é mais um blefe de Donald Trump, uma estratégia de negociação, ou se, de fato, ele está dobrando a aposta.
01:31Agora, de qualquer maneira, tarifas protecionistas, como eu costumo dizer aqui, não é bom para ninguém.
01:38Acaba reduzindo a atividade econômica e também traz mais inflação.
01:42E fora que aí tem a possibilidade de que esses países possam negociar novamente, por aquilo que a gente tem visto até agora, de comportamento do Donald Trump, né, o Gani?
01:52Porque ele lança uma, o país vai lá e negocia, vai, reduz ou amplia esse prazo e por aí vai.
01:58Então, nada é certo, né?
02:00Nada é certo.
02:00E talvez seja essa mesmo a estratégia, né?
02:03Faz uma ameaça para ver ali se no dia 9 de julho, na última hora, os países acabam reduzindo as suas tarifas protecionistas ou aceitando as tarifas norte-americanas.
02:15Agora, o grande problema desse tipo de estratégia é que vai causando uma incerteza.
02:20Tanto empresários quanto investidores, para tomarem as suas decisões, eles acabam operando agora num momento de muita incerteza.
02:31Então, eles acabam postergando essas decisões.
02:34Veja, como é que uma empresa, por exemplo, fala, opa, peraí, vai ter uma tarifa protecionista maior aqui na China, então vou mudar a minha fábrica para a Índia.
02:43De repente, o Trump volta atrás e fala, não, não é nada disso, eu voltei atrás, mas peraí, eu já estava com o plano de ir para a Índia, já estava fazendo toda a operação de ir para a Índia.
02:53Agora, volta atrás, vou ter que voltar para a China.
02:55No mundo real, isso traz uma complexidade muito grande, né?
02:59Quando a gente fala de indústria, de cadeias produtivas, não são decisões muito simples, né?
03:05Não é como você fritar um pastel na feira, né?
03:08Você troca um de carne pelo de queijo.
03:10Não, são cadeias absolutamente complexas.
03:13E aí, é claro que tanto as indústrias, quanto os empresários, quanto os investidores, agora, eles acabam esperando um resultado final.
03:22Só que, ao esperar esse resultado final de Donald Trump, acaba também prejudicando a atividade econômica global.
03:30Por quê? Porque, com mais incerteza, você acaba reduzindo o ritmo da produção e também postergando investimentos.
03:41Agora, Gani, a gente falou mais cedo, né?
03:43Daquela, dos novos dados sobre criação de empregos nos Estados Unidos e agora tem essa questão do tarifácio Donald Trump.
03:51Os investidores ficam completamente confusos, né?
03:54Em uma hora, tem dados positivos, talvez que mostre que a economia esteja forte.
03:58E agora, sem instabilidade.
04:00Como que fica?
04:01Pois é, né?
04:02O que acontece é o seguinte, né?
04:03Os dados de mercado de trabalho estão muito ligados ao setor de serviços.
04:08Na verdade, a economia norte-americana é uma economia baseada, basicamente, em comércio e serviços.
04:15É claro que tem indústria lá, mas, aliás, isso vale também no mundo inteiro, né?
04:21A maior parte das economias, mesmo na China, né?
04:25É óbvio que a indústria acaba pesando mais na China, mas as economias hoje, economias mais desenvolvidas, são baseadas em comércio e serviços.
04:34Então, o dado de mercado de trabalho, ele está muito ligado ao setor de comércio, ao setor de serviços.
04:41Agora, tem um ponto que traz realmente preocupação para o investidor.
04:45É o impacto da política tarifária.
04:48Porque muitos dizem o seguinte, olha, ainda não fez impacto, não vai trazer inflação.
04:53E muitos estão dizendo o seguinte, não, peraí, isso tem um efeito defasado.
04:59Vai começar a fazer impacto a partir do terceiro trimestre, e aí vai chegar a inflação.
05:06Inclusive, o próprio Banco Central dos Estados Unidos tem essa dúvida também, né?
05:10Acaba postergando uma redução da taxa de juros com o receio desse impacto inflacionário acabar chegando com uma certa defasagem.
05:19Por que acontece isso?
05:20Porque muitas empresas, as indústrias, estão com seus estoques.
05:24Então, a política tarifária que entrou em vigor por um certo tempo, né?
05:29Ela demora porque, primeiro, a empresa vai desovar o seu estoque,
05:35para depois começar a repor com as novas importações, que aí, sim, estão mais caras.
05:42Então, o terceiro trimestre nos Estados Unidos, que é justamente ali o período de agosto, de setembro, enfim,
05:51vai ser muito crucial para os investidores, que a gente vai começar a ter uma sensibilidade
05:57de como que as tarifas vão chegar na economia real.