O dólar iniciou o pregão desta terça-feira (8) pressionado pelas movimentações do presidente Donald Trump, que enviou cartas impondo tarifas de 25% a 40% sobre produtos importados, válidas a partir de 1º de agosto. Alan Ghani, Deysi Cioccari e José Maria Trindade analisaram Apresentadores: Roberto Nonato e Soraya Lauand Comentarista: Alan Ghani, Deysi Cioccari e José Maria Trindade
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00:00E o dólar iniciou o pregão com os investidores ainda reagindo aos novos capítulos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
00:08Assunto para Alan Gani, que já está de volta aqui com a gente.
00:11Bom, Gani, como é que está o comportamento da moeda americana no dia de hoje?
00:16Então, na abertura, né, poucos negócios ainda, mas o dólar cotado próximo de 5,46, com uma ligeira queda de 0,42%,
00:25refletindo novamente a escalada da guerra comercial com novas tarifas para alguns países.
00:33Na verdade, esse movimento do dólar de hoje reflete o que aconteceu com o dólar nos últimos tempos, desde o início da guerra tarifária.
00:45Basicamente, o dólar perdeu força perante outras moedas, principalmente o euro.
00:51O investidor, ele não gosta de guerra tarifária, ele não gosta de protecionismo, ele vê com bastante desconfiança essas políticas do presidente dos Estados Unidos.
01:02Com isso, correm para outras moedas, correm para outras economias, investimento na Europa ou em países emergentes.
01:11Portanto, refletindo aí novamente essa rodada da guerra comercial de Donald Trump, a ligeira queda no dia de hoje.
01:19E vamos ver como é que vai se comportar o dólar ao longo do dia.
01:24Ô, Gani, tem alguma coisa a ver com o que houve e o que foi dito durante o BRICS também?
01:29Porque o presidente Lula disse, né, que aquela moeda comum dos BRICS, inclusive, que estaria em andamento e que se foi de fato aprovada, não vai ter mais volta.
01:39Essa movimentação pode também até estar por trás da irritação de Trump e também do mercado que acaba reagindo.
01:46Eu vejo que a reação do mercado tem muito mais a ver com essas novas tarifas para esses 14 países, se eu não me engano, né, basicamente a maioria da Ásia.
01:57A fala do Lula ali não faz muita diferença, até porque ele foi bastante cuidadoso, né, ele não fulanizou, não disse que era exatamente o Donald Trump,
02:07embora todo mundo saiba que ele estava dando um recado, e até porque também não dá para substituir o dólar da noite para o dia.
02:15Portanto, este risco, ele é um risco muito mais de médio ou longo prazo.
02:20E veja, quando eu falo em risco, não significa que ele vá se concretizar.
02:25Então, o Trump ameaça ali, vou colocar 10% de tarifas adicionais para aqueles países dos BRICS que adotarem políticas anti-americanas.
02:35Também fica muito vago, né, o que seriam as políticas anti-americanas.
02:39Então, o que eu vejo, Soraya, basicamente reflete muito mais essa nova rodada de tarifas protecionistas para os países asiáticos.
02:50José Maria Trindade, Deise Siocari, são os nossos comentaristas que estão com a gente hoje também.
02:55José Maria, queria te ouvir nessa questão, à medida em que é o que o Gani falou.
03:00O Trump ameaça, e ele já trabalhou com isso outras vezes, para poder forçar uma possibilidade de negociação com outros países.
03:07O problema é que quando isso acaba se repetindo demais, aí perde a credibilidade, fora que gera também intranquilidade e imprevisibilidade, né, José?
03:16É aquela velha fábula conhecida da nossa infância, né, da história do pastor que vivia mentindo, dizendo que tinha um lobo.
03:25Todos corriam para ajudar e salvar o rebanho, até que um dia ninguém acreditava mais.
03:31O lobo chegou, ele pediu por socorro e todos disseram, ah, isso é brincadeira.
03:35E o lobo foi lá e comeu as ovelhas do pastor.
03:38Então, o Maquiavel, ele diz no seu compêndio sobre política, né, de que o rei, ou seja, um governante, né, deve sempre falar a verdade, porque um dia ele vai precisar admitir.
03:55E aí, o que que acontece?
03:56Donald Trump gastou todos os cartuchos em ameaça.
03:59Existem várias teses, eu já li pelo menos umas cinco, de metodologia de negociação do Donald Trump.
04:07Uma delas é o método o louco, ou seja, ele faz essa imponência para acabar levando o adversário a ficar temeroso e negociar de uma maneira mais fácil.
04:21Existem várias e várias teses que eu não vou repetir aqui.
04:25O certo é o seguinte, todos agora estão aguardando a prática, o que ele vai adotar em prática.
04:32O certo é o seguinte, lidar com um assunto tão sensível por mídia social, por plataformas, é muito perigoso e instável demais.
04:43Esta é a realidade.
04:45Agora, eu acho que no mérito, no conteúdo, Donald Trump tem razão.
04:49Era mesmo preciso dar uma sacudida nesta relação comercial dos Estados Unidos com o mundo.
04:57Lembrando sempre, ele é presidente dos Estados Unidos.
05:01Não é do Brasil, não é da China e não é de outros países.
05:05Então, ele está na razão dele de mexer, de dar uma sacudida numa situação que não estava boa mesmo para os americanos.
05:12O Deise, se as ameaças, por exemplo, pararem de funcionar daqui para frente, há algum tipo de alternativa que anime os agentes de mercado?
05:24Olha, Soraya, a alternativa, pelo menos o que demonstra esse cenário todo agora, é que o que os mercados estão dizendo diante disso tudo
05:33é que o dólar já não é mais tão invencível quanto era antigamente ou quanto era alguns meses atrás.
05:40Então, o dólar perdeu força agora, muito mais, ele perdeu força frente ao euro, muito mais no movimento que reflete a fragilidade da economia americana do que a força da Europa.
05:54Então, é muito mais por um descrédito americano do que uma força europeia.
05:57A expectativa agora é que o Fed adote os juros mais brandos somado a uma postura mais firme do Banco Central Europeu contra a inflação.
06:08E isso foi o que impulsionou a moeda europeia.
06:11Não foi uma força europeia, mas uma fragilidade americana.
06:15Então, os mercados estão entendendo isso.
06:18Se os americanos voltarem a ter uma postura mais firme, os mercados se reajustam.
06:23Mas foi uma fragilidade americana que impulsionou todo esse cenário e não uma força europeia.