Brasil é o 13º país com mais empresas americanas, mostra levantamento; Ghani analisa

Jovem Pan News

ontem

Um levantamento recente revela que o Brasil ocupa a 13ª posição no ranking global de países com maior presença de empresas dos Estados Unidos. O dado, divulgado após a imposição de tarifas por Donald Trump, mostra a relevância do mercado brasileiro como destino de investimento estrangeiro. Alan Ghani analisou.
Reportagem: Danúbia Braga
Comentarista: Alan Ghani

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00:008 horas e 44 minutos, um levantamento da MUDS mostrou que o Brasil é o 13º país do mundo

00:07com o maior número de empresas americanas com sedes instaladas em solo nacional.

00:13Uma informação que vai contra um dos argumentos usados para a investigação dos negócios entre Estados Unidos e Brasil.

00:20A Danúbia Braga está de volta ao vivo e traz os detalhes para a gente desse levantamento.

00:24Danúbia.

00:25Isso mesmo, Soraya. Mostrando, então, de acordo com os dados aí feitos pela MUDS Analíticas,

00:33em que no Brasil são mais de 4 mil empresas norte-americanas com sedes aqui no nosso país.

00:40Então, ocupando esse 13º lugar, o que vai justamente na contramão de Donald Trump,

00:45dizendo que aí teria essa dificuldade das empresas norte-americanas operarem aqui no país,

00:52que existe uma discriminação contra os Estados Unidos.

00:56Mas não é o que mostra, então, uma vez em que são mais de 4 mil empresas norte-americanas sediadas aqui.

01:03Além disso, né, a dificuldade para operar no país é uma das justificativas ali do escritório do representante do comércio dos Estados Unidos

01:10em relação às taxas de 50% sobre os produtos brasileiros, que devem passar a valer a partir de agosto, impostas, então, por Donald Trump.

01:20Quando a gente vai olhar nesse recorte ali de justificativa política,

01:24Trump alega que ele diz como seria a caça às bruxas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

01:31Bom, o que acontece é que quando a gente vai olhando ali um recorte, então, de acordo com essa lista das empresas norte-americanas,

01:41dos países em que recebem ali empresas norte-americanas, a gente tem, em primeiro lugar, o Reino Unido, com 38.600.

01:49Na sequência, o Canadá, com 22.600 empresas norte-americanas sediadas em seu território.

01:56Aí, num outro patamar, pensando em torno de 9.000 empresas, vem Alemanha e Austrália,

02:03enquanto Singapura, Itália, Índia, Holanda e China ficam ali no patamar em torno de 6.000 empresas com sede, então, nesses países.

02:14Um pouco abaixo, Ilhas Caimã, França, com 4.988 empresas, Noruega.

02:20E aí, por fim, o Brasil, com 4.686 empresas norte-americanas, com sede aqui no nosso país.

02:28Um dos maiores parceiros ali comerciais, então, com os Estados Unidos, o México,

02:33está em 15º lugar, em torno de 4.233 empresas americanas com sede, então, no México.

02:42Então, a gente mostra que o nosso país tem em torno de 4.686 empresas norte-americanas sediadas aqui.

02:51Volto com vocês no estúdio.

02:53Obrigada, Danúbia, pelas suas informações.

02:55Nosso analista de economia, Alan Gani, já está por aqui para comentar este e outros assuntos também envolvendo a nossa economia.

03:04Gani, muito bom dia para você.

03:05Bom, então, na prática, não haveria dificuldades operacionais aqui no país.

03:10Qual teria sido aí a bronca de Donald Trump para ele aplicar esse tarifácio, iniciar essa investigação?

03:17Bom dia, Soraya. Bom dia, Nonato. Bom dia a toda a nossa audiência.

03:20Vai ficando cada vez mais claro, obviamente, que não se trata de uma questão econômica,

03:27mas se trata fundamentalmente de uma questão política e geopolítica.

03:33Como a própria reportagem mostrou, os Estados Unidos investem muito aqui no Brasil, né?

03:40Pegando num contexto global, o Brasil é o décimo terceiro que tem empresas sediadas americanas aqui no nosso território.

03:49Não só isso.

03:51Por exemplo, a gente é o segundo parceiro comercial dos Estados Unidos.

03:55Ou seja, o Brasil exporta mais para a China e, em segundo lugar, para o próprio Estados Unidos.

04:02É o país que mais recebe disparado investimentos diretos.

04:06O Brasil recebe dos Estados Unidos.

04:09Portanto, os Estados Unidos investem muito aqui.

04:12Não se trata de uma questão meramente comercial e econômica.

04:17No meu argumento, se trata de uma questão geopolítica e política.

04:21Geopolítica porque o Brasil, justamente com a China, aliás, na cúpula dos BRICS, não aqui no Rio de Janeiro.

04:28A anterior que ocorreu ali, se eu não me engano, no Cazaquistão, começaram a construir, né?

04:34Uma intenção de construir um sistema de pagamentos.

04:38Então, isso significa que a médio e longo prazo poderá ter uma troca econômico-financeira,

04:44como se fosse uma espécie de um pix, entre aspas, entre os países.

04:47Isso possibilita a não utilização do dólar.

04:51É isso que preocupa muito Donald Trump.

04:54Ou seja, o alinhamento do Brasil geopolítico aos países dos BRICS, principalmente a China,

05:02e a possibilidade de substituição do dólar, conforme já foi evidenciado nessa cúpula dos BRICS,

05:10anterior à do Rio de Janeiro, com o sistema de pagamentos.

05:13Esse é o primeiro ponto.

05:14E o segundo ponto é, claro, a questão envolvendo Jair Bolsonaro, a família Jair Bolsonaro.

05:20Para o Trump, Jair Bolsonaro interessa politicamente.

05:25Por quê?

05:25Porque ele é muito mais alinhado às suas ideias, né?

05:29Ele é muito mais alinhado geopolítica e ideologicamente a Donald Trump.

05:34Então, ele também entra no pacote dessas sanções.

05:38Portanto, o motivo é político interno envolvendo Jair Bolsonaro e geopolítico envolvendo a China.

05:46De econômico, não tem nada, porque os Estados Unidos são favorecidos nessa.

05:49Gani, quando você fala, e a reportagem mostra, o Brasil é o 13º com mais empresas americanas,

05:55a gente olha aí o mundo tão vasto quanto é, não é pouca coisa.

05:59A gente tem muita empresa por aqui.

06:01E diante disso, elas também vão sofrer com esse tarifácio, né?

06:05Podem, de algum modo, fazer pressão para que o Donald Trump reduza a tarifa,

06:09ou, de algum modo, negocie de uma maneira mais próxima ao Brasil?

06:14Pode, pode sim.

06:14Até porque você vai ter algumas empresas aqui dentro do território brasileiro

06:19que acabam também exportando para outros países, né?

06:23Então, você tem, sei lá, uma empresa de automóveis, está em território brasileiro

06:28e ela acaba exportando para a Argentina, exportando para o próprio Estados Unidos, enfim.

06:33Então, aí prevalece o interesse econômico.

06:37O empresário, ele não quer disputas geopolíticas.

06:41O que ele quer é menos protecionismo para ele conseguir vender os seus produtos para outros países.

06:48Muitas vezes, é lógico que ele quer o protecionismo para si,

06:51mas, nesse caso, ele não quer ter barreira de entrada dos seus produtos para outros países.

06:58Além do que, toda essa questão também, Nonato, vai gerando uma insegurança jurídica

07:04que pode afastar os investimentos.

07:08E aí, é lógico que tem muita presença de empresas norte-americanas em solos brasileiros, né?

07:14Se a gente parar para pensar que, no nosso dia a dia, essas empresas estão muito presentes.

07:20A gente pensa em celular, você vê Apple, pensa em computador, você tem a Microsoft, né?

07:25Todos os sistemas operacionais, aí tem tal, sistemas de internet, de GPS, aparelhos eletroeletrônicos.

07:33Portanto, a presença norte-americana aqui no Brasil é muito grande.

07:37A própria Google, né?

07:38Que a gente usa para fazer pesquisa, chat GPT e por aí vai.

07:43Então, é uma questão bastante delicada, porque o Brasil tem muito a perder dobrando a aposta nesse tarifácio.

07:52É isso. Valeu, Gani.

07:53Valeu.

07:54Até já.

07:54Tchau.

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