A nova pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, divulgada nesta terça-feira (15), indica uma leve queda na desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após o aumento da tensão comercial com os Estados Unidos. O levantamento, realizado entre 11 e 13 de julho, mostra que 50,3% dos entrevistados desaprovam a gestão, uma redução de 1,5 ponto percentual em relação ao final de junho. Alan Ghani, Deysi Cioccari e José Maria Trindade analisaram. Apresentadores: Roberto Nonato e Soraya Lauand Comentarista: Alan Ghani, Deysi Cioccari e José Maria Trindade
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00:00A nova rodada da pesquisa Atlas Intel Bloomberg, divulgada hoje, mostra uma leve redução na desaprovação ao governo do presidente Lula após a escalada da tensão comercial com os Estados Unidos.
00:13O levantamento, feito entre os dias 11 e 13 de julho, aponta que 50,3% dos entrevistados desaprovam a gestão petista.
00:23Mas é uma queda de 1,5 ponto percentual em relação à última pesquisa realizada no final de junho.
00:30No mesmo período, a aprovação do governo subiu de 47,3% para 49,9%, dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais.
00:40A movimentação sugere que a reação do governo brasileiro às tarifas de 50% impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump em 9 de julho pode ter gerado um efeito positivo na percepção pública.
00:56A pesquisa foi realizada pela Atlas Intel em parceria com a Latam Pulse e a Bloomberg.
01:04E ouviu 2.841 pessoas por questionário online com margem de erro de 2 pontos percentuais.
01:12Lívio de confiança é de 95%.
01:14É mais um assunto aqui para os nossos comentaristas, Deise Siocari e também José Maria Trindade que estão com a gente.
01:21O Deise, está dentro daquele processo de mexeu com um, mexeu com todo mundo, para dar uma melhora aí nessa aprovação ou desaprovação do presidente Lula?
01:32Está sim, Ananato. É uma oscilação modesta, mas a gente tem que lembrar que ela é expressiva, principalmente num contexto bem polarizado como o que a gente vive.
01:44É óbvio que ela é um reflexo desse tarifácio do Trump, mas ela também pode ser por causa dessa paralisação de algumas crises negativas que o governo vinha sofrendo.
01:56A gente estava falando muito na crise do INSS, isso pausou também, a pauta mudou bastante.
02:04Então a gente teve essa oscilação que deve ter impactado bastante em relação a essa aprovação.
02:10Então essa leve melhora, ela coincide com esse recuo dessas pressões, como a inflação, que teve o recuo também, como os escândalos.
02:19E aí isso aponta para essas pequenas oscilações econômicas e para essas cronologias, que é óbvio que tem um impacto na percepção pública.
02:28Então esses alívios na taxa de rejeição, eles podem estar concentrados em regiões bem vulneráveis.
02:34Tem que olhar com um pouco mais de detalhamento isso, mas pelo que eu tenho visto aqui, o Nordeste, ele permanece favorável
02:41e os jovens religiosos ainda mantêm reservas em relação ao presidente Lula.
02:46Então uma reversão mais ampla ainda exige uma conquista nesses grupos.
02:52Então alguns detalhes, eles ainda permanecem iguais.
02:54Então o que eu quero dizer?
02:56Teve sim essa questão do Trump, mas a gente pode perceber que houve também uma reversão nessa questão das crises.
03:05INSS a gente não falou mais, então isso acabou suavizando a imagem do presidente Lula.
03:10Isso com certeza contribuiu também para a melhora na desaprovação dele.
03:15Zé, como que você percebe esses resultados?
03:18A gente falou mais cedo, se o tarifácio trazia questões políticas e acirrava um pouco mais,
03:25mas de alguma forma esse tarifácio consegue empoderar o presidente?
03:30Isso refletiu também na aprovação do governo?
03:33Pois é, parou de piorar, né?
03:36Essa interrupção na queda da aprovação do governo, ela foi muito bem avaliada
03:41e já vem há tempos demonstrando o seguinte,
03:44que a resistência ao presidente Lula, ela é muito ideológica, né?
03:49As pessoas não gostam, não estão gostando do PT e do presidente Lula
03:54e fazem essa resistência.
03:56E não adiantava ações populistas, distribui dinheiro, facilidades, energia de graça.
04:03Que continuava nesse mesmo processo.
04:06Um processo de desaprovação do governo e desaprovação também do presidente Lula,
04:12projetando para uma disputa no ano que vem.
04:15E aí houve um trabalho ali de análise muito criterioso do grupo do presidente Lula.
04:22Sei também que eles se basearam em pesquisas qualitativas dessas que não são divulgadas,
04:29que não são registradas e apenas para avaliar ali a alma do brasileiro.
04:34E a conclusão é de que era preciso sim mostrar que o presidente Lula tem lado.
04:39E aí houve uma mudança no aspecto geral do governo.
04:42Isso desagradou o Congresso Nacional, aquela história do nós contra eles,
04:47desagradou nessa volta da luta de classe,
04:50mas isso provocou um novo engajamento ali dos petistas
04:55e que tomaram as plataformas sociais e deram uma resposta inédita ao governo.
05:03Então, esse resultado de hoje, não demonstrando que o Lula voltou a ser o popular,
05:08mas que parou de cair, é uma demonstração clara de que a política do PT,
05:13do nós contra ele, pelo menos, segurou parte importante da esquerda.
05:19E é isso que quer o presidente Lula.
05:21Essa garantia de uma parte importante, um bloco fechado,
05:26é uma garantia de ida para o segundo turno.
05:30Pois é, o Alan Gani está aqui no estúdio também com a gente.
05:33O Gani, como é que você vê aí esse recuo na desaprovação,
05:38ou como o Zé disse, parar de cair a aprovação do presidente Lula,
05:43dando uma melhorada a partir do tarifácio do Donald Trump?
05:48Será que isso já mexe com o inconsciente das pessoas
05:50em relação à defesa dos nossos empregos, do nosso dinheiro ou algo assim?
05:55Olha só, Nonato, primeiro que eu vi que o recuo foi marginal.
05:58Embora tenha ocorrido um recuo na desaprovação,
06:03ainda é insuficiente, pensando em termos eleitorais.
06:07Agora, o fato é que todo este tarifácio, ok, para a esquerda,
06:12eles entenderam que a culpa seria lá do Donald Trump,
06:17da família do Jair Bolsonaro.
06:19Agora, para o grosso da população,
06:21para a pessoa que está lá no ponto de ônibus,
06:23pouco importa se é o Jair Bolsonaro, se é o Lula, se é o Trump.
06:28O fato é que se tiver consequências econômicas para o Brasil,
06:33como perda de empregos no setor exportador,
06:36e se essa guerra comercial escalar,
06:39ou seja, o Brasil também aplicar tarifas protecionistas,
06:43e a gente importar uma inflação,
06:46a população acaba sentindo.
06:48E essa população que carrega o Brasil nas costas,
06:51que é menos ideológica,
06:53ela vai culpar o governo de turno.
06:56Então, eu vejo que é muito cedo ainda
06:59para o presidente comemorar este recuo na sua desaprovação.
