O ministro Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) declarou não entender o patamar elevado da Taxa Selic, afirmando que ela quase inviabilizou o Plano Safra de 2025. Enquanto isso, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dário Durigan, tenta tranquilizar o mercado, dizendo que o país deve ter condições de reverter a situação. Dora Kramer e Nelson Kobayashi criticam o "positivismo" do governo sobre a taxa de juros, apontando divergências com o Congresso e os riscos para a economia.
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00:00Bom, e na programação a gente volta a falar sobre essa questão do governo e o embate com o Congresso Nacional.
00:06Enquanto isso, o ministro da Agricultura e Abastecimento, Carlos Fávaro, afirmou não entender o motivo da taxa Selic estar em um patamar tão elevado.
00:15De volta à Brasília, repórter André Nelly chegando, o ministro também declarou que chegou a duvidar que o plano safra saísse do papel. É isso, André?
00:24Isso mesmo, Tiago. O ministro Carlos Fávaro afirmou que a taxa básica de juros a Selic, atualmente em 15%, foi desafiadora para a formulação do plano safra 2025-2026,
00:39que apresenta juros menores do que esse patamar, mas ainda maiores do que o que foi oferecido no ano passado.
00:46O aumento dos juros ficou entre 1,5% e 2% acima daquele ciclo anterior.
00:54Durante o discurso do lançamento do plano, o ministro disse que não entende o motivo que leva o Comitê de Política Monetária,
01:02o COPOM, conduzido pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a manter o patamar dos juros atuais.
01:09E com todo o respeito ao Galípolo, à equipe do Banco Central, mas eu não consigo compreender, eu como sou economista,
01:19aonde nós temos uma inflação controlada, os gastos públicos, André, completamente controlados,
01:26diferente de qualquer tipo de fake news, os números de 2024 provam isso, não teve déficit.
01:31A inflação controlada, os números públicos controlados, o crescimento da economia,
01:38a renda da população crescendo, o desemprego caindo, seria, e é importante dizer,
01:45um desafio gigante para fazer esse plano safra recorde.
01:48Ao todo, o plano safra vai disponibilizar 516 bilhões de reais para o agronegócio de médias e grandes propriedades
02:00com diversos objetivos, entre eles a ampliação do crédito rural, o incentivo à produção sustentável
02:07e o fortalecimento da infraestrutura no campo, com apoio principalmente à compra de maquinários.
02:13O valor anunciado representa um acréscimo de 8 bilhões de reais em relação à safra anterior.
02:20Só que, apesar desse terceiro recorde consecutivo no volume de recursos,
02:25a cúpula da Frente Parlamentar da Agropecuária, a FPA, não compareceu à cerimônia de lançamento do plano.
02:33A ausência do grupo, que é o maior do Congresso, tem cerca de 300 deputados e 50 senadores,
02:39é mais uma consequência desse desgaste entre executivo e legislativo por conta do aumento do IOF,
02:46que atinge também o setor produtivo.
02:49Tiago.
02:50Bom, é isso.
02:51A crítica do ministro Fávaro em relação aos juros também e o plano safra, que foi anunciado não só hoje,
02:58mas também ontem tivemos um outro anúncio por parte do governo.
03:01Até daqui a pouquinho, André, já o secretário da Fazenda, Dário Durigan,
03:05ressalta que o Brasil deve ter condições para reverter a alta taxa de juros em breve.
03:11Reportagem do Rio de Janeiro, Rodrigo Viga.
03:14O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dário Durigan,
03:18afirmou nesta terça-feira aqui no Rio de Janeiro que a inflação do Brasil,
03:23encerrada nos últimos 12 meses, em maio e em junho,
03:27já dá espaço, condições para a redução da taxa básica de juros, a Selic.
03:34Na última reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária, a Selic, foi aumentada em 0,25 ponto percentual.
03:42Agora, a taxa básica de juros do país está em 15%.
03:46É o maior patamar desde o ano de 2006.
03:51Isso tem gerado, dentro do próprio governo, incômodo, desconforto e insatisfação.
03:57Nos últimos 12 meses, encerrados no mês de maio, o IPCA, a inflação oficial do país,
04:04que serve para o sistema de metas adotado pelo governo, estava em 5,32%.
04:11A divulgação do mês de junho só acontece na próxima semana, no dia 10 de julho.
04:18Para Dário Durigan, as condições da economia brasileira e da própria inflação,
04:25mesmo fora da meta para esse ano de 2025, já são favoráveis a uma revisão em breve na taxa básica de juros.
04:36Não tenho nem intenção de comentar ou de falar, orientar qualquer questão sobre o índice monetário.
04:43Mas acho que a gente tem que reconhecer que as situações e as condições do país hoje estão muito bem.
04:49A gente, em breve, deve ter condição para reverter a alta de juros.
04:53O centro da meta da inflação para esse ano de 2025 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo.
05:00Ou seja, no limite, a inflação brasileira pode chegar a 4,5%.
05:06E nos 12 meses encerrados no mês de maio, estava em 5,32%.
05:12Sobre a disputa com o Congresso Nacional sobre o aumento do IOF,
05:19o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dário Durigan, afirmou que o Congresso sempre ajudou o país a atingir suas metas e objetivos.
05:28E na linha do que disse a Advocacia Geral da União, entende que essa decisão sobre o aumento do IOF é uma prerrogativa do Executivo,
05:40mais precisamente do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
05:45Ele reforçou que se essa frustração se confirmar, o governo vai ter de buscar outras alternativas,
05:53entre as medidas que podem ser adotadas, novos contingenciamentos e ainda outras alternativas que ainda estão sendo estudadas.
06:04A decisão do Congresso foi de mérito, uma negativa ao conteúdo do decreto e não apontando um extravasamento de escopo.
06:12O secretário-executivo do Ministério da Fazenda participou nesta terça-feira de um seminário sobre inteligência artificial,
06:27data centers e inovação tecnológica, aqui na sede do BNDES, no centro do Rio de Janeiro.
06:34Do Rio, Rodrigo Viga.
06:37É, Kobayashi, o discurso é o mesmo, né?
06:41O próprio governo criticando a alta dos juros, mas sempre com aquele cuidado para não atacar o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo,
06:49e todo mundo questionando as autoridades da equipe econômica sobre o IOF.
06:53Pois aí a gente vê, naturalmente, o governo sempre com um discurso otimista.
06:58Apesar da crítica, as coisas tendem a melhorar, faz uma projeção de sucesso, de melhora das condições,
07:05em especial da taxa de juros, o que muito preocupa, tenho certeza, o governo,
07:09porque reta final agora de gestão com o maior índice de juros dos últimos 20 anos.
07:14Então, isso, claro, ingesta, de alguma maneira, o aquecimento esperado pelo governo na economia
07:21e, de alguma maneira, dificulta também os interesses eleitorais, não só do presidente Lula,
07:26mas de todos aqueles que o cercam também, Tiago.
07:29É, Odora, e a crítica do ministro Fávaro, por exemplo, aos juros.
07:35Claro que ele mesmo falando que não tinha certeza se o plano safra ia sair.
07:40Ou seja, ele faz uma ameaça, entre aspas, para criticar a decisão do Banco Central.
07:46Eu achei mais interessante ele dizer que não entende por que as taxas de juros estão assim.
07:53As reiteradas atas do Copom, declarações de economistas e do próprio Gabriel Galipo
08:00desenham perfeitamente, se o ministro tem dificuldade de entender, tem um resumo disso.
08:06É para segurar a inflação e se contrapor à política expansionista do governo.
08:12E, por isso, o Banco Central tem que adotar medidas restritivas.
08:17É só por isso.
08:18É muito simples.
08:19Isso já foi explicado várias vezes.
08:21Então, o ministro se faz de desentendido.
08:24E, quando ele diz que a inflação está controlada, ora, ela está acima da meta.
08:29Está certo?
08:30Embora o governo considere, o próprio ministro da Fazenda já disse isso, considera muito razoável
08:36a inflação estar acima da meta.
08:39E aonde a inflação estaria não fosse a política restritiva do Banco Central.
08:46Essa que é a questão.
08:48Não tem muito mistério.
08:49E o ministro Fávaro, ele fala ao microfone que não entende,
08:54mas isso não depõe favoravelmente à inteligência dele.
08:59Ele entende perfeitamente o que está acontecendo.
09:02Bom, eu quero aproveitar vocês aqui para a gente falar sobre essa declaração
09:06do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
09:08O procurador Liviano até chegou a falar sobre isso.
09:11Começo por você, Odora.
09:13E é uma tentativa de amenizar um pouco ou a gente falou de verniz lá atrás?
09:17Mas é um verniz mais republicano a esse conflito dos poderes?
09:22Eu acho perfeita essa imagem do verniz, tá?
09:25Porque ele falou o óbvio, tá?
09:27Então é aquela coisa, você falou o óbvio.
09:29Ah, o governo tem legitimidade.
09:31Você já pensou o presidente do Congresso nessa altura falando o que seria uma inverdade?
09:36O governo não tem legitimidade para entrar no Supremo.
09:39Seria uma mentira.
09:40Porque o governo, obviamente, tem legitimidade para entrar, para recorrer à justiça,
09:48como qualquer pessoa ou associação ou entidade tem para recorrer à justiça.
09:55Então eu achei uma maneira dele passar um verniz.
09:58Podia ter isso.
09:59Não quer dizer, entendeu?
10:01Que se o Congresso perder essa parada no Congresso, que vai haver, assim, uma reação, digamos, amena, né?
10:14Você sabe que eu falei lá no início, né?
10:18No comentário, lá no início do jornal, que eu achava, estou achando mais provável que vai haver recuos daqui em diante, discretos,
10:27mais recuos, porque a prudência política indica isso, já que a eleição está muito longe, né?
10:33Mas achei só que o presidente do Congresso fez uma declaração óbvia.
10:40E queria, é claro, te perguntar, Cobaiar, sobre a declaração de Davi Alcolumbre,
10:43mas indo um pouquinho além do que a Dora está falando, se o Supremo tomar a decisão,
10:49ou seja, der a vitória para o governo, o Congresso pode recorrer?
10:53Recorre a quem, já que o Supremo é a instância máxima?
10:57Olha, Tiago, é uma ação declaratória de constitucionalidade e duas ações declaratórias de inconstitucionalidade.
11:05Isso está dentro do controle concentrado, que necessariamente é julgado pelo plenário.
11:09Então já são os 11 ministros decidindo, depois não há mais recurso,
11:13a decisão que se tiver ali será definitiva.
11:16Então não há depois o que fazer.
11:18O que eu penso em relação ao que pode vir esse julgamento é que o governo já perdeu.
11:23Ele pode ganhar na razão, mas perderá politicamente.
11:27Politicamente com o Congresso e politicamente com o povo,
11:30porque para o Congresso isso pode pegar muito mal de desrespeitar uma votação expressiva no Congresso Nacional
11:37e com a população, porque vai fazer, de fato, o aumento do IOF acontecer, aumento de impostos.
11:43E pode também perder, perder também na razão.
11:46Além, claro, de conviver com o desgaste de ter levado isso até as últimas consequências no Judiciário.
11:52Agora, falando rapidamente a respeito do que disse o presidente do Congresso,
11:55ele tem que tomar cuidado, porque se ele elogia muito o governo,
11:59ele vai ter que lidar com os seus liderados ali no Congresso Nacional,
12:02porque foi uma ação do governo contra a autoridade do Congresso Nacional de fazer um decreto legislativo.
12:07E segundo ponto, ele disse uma obviedade.
12:10Legitimidade é quem pode ajuizar uma ação como essa.
12:13Está na Constituição, então ele só repetiu o que está na Constituição.
12:15A Advocacia Geral da União pode, os partidos políticos podem, a OAB pode, o Ministério Público pode.
12:20Então o governo tem legitimidade para isso.
12:21Sim, está na Constituição, então ele só repetiu o que está na Constituição.
12:26Mas se ele avança muito nesse gesto republicano e ultrapassa aquilo que está no texto constitucional,
12:33ele pode ter problema, sim, com os seus liderados.
12:35Vamos nos lembrar como estava a vida de Hugo Mota algumas semanas atrás,
12:39quando era cobrado publicamente pelos seus deputados.