O presidente americano, Donald Trump, ordenou a retirada do sigilo de diversas mensagens enviadas por diplomatas e membros de agências de inteligência sobre o assassinato do presidente John Kennedy.
Entre as mensagens, aos menos três tratam do Brasil.
Em uma delas, há telegramas os quais revelam ações subversivas cubanas no país em 1961.
Felipe Moura Brasil e Duda Teixeira comentam:
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00:00Agora, olha só o que aconteceu que tem a ver com a história do Brasil.
00:04O Trump ordenou no início desse ano a retirada do sigilo de diversas mensagens enviadas por diplomatas e membros de agências de inteligência sobre o assassinato do presidente John Kennedy.
00:15Entre as mensagens, que são da década de 1960, ao menos três falam sobre o Brasil.
00:21Em uma mensagem da CIA, enviada em 2 de setembro de 1961, do Rio de Janeiro, a fonte é um professor brasileiro com bons contatos entre os líderes estudantis comunistas.
00:32O texto afirma que as ditaduras da China e de Cuba ofereceram ajuda ao governador gaúcho Leonel Brizola, que tentava garantir a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.
00:43Abra o aspas.
01:13O breve telegrama termina com um comentário.
01:34Ou seja, é uma revelação agora de que o Mao Tse-Tung também estava oferecendo ajuda militar e agentes para a esquerda brasileira.
01:52Outro documento da CIA de junho de 1964 detalha as ações da ditadura comunista de Fidel Castro.
01:58Diz o texto, abro aspas, o potencial cubano de subversão na América Latina continua alto. Fecho aspas.
02:04Em um discurso em 26 de julho de 1963, Castro tinha dito que Cuba seria, a aspas, principal fonte de inspiração e orientação para revoluções inevitáveis no resto da América Latina. Fecho aspas.
02:17Castro acreditava que revoluções como a de Cuba poderiam acontecer em muitos países da região.
02:22E a gente estava falando sobre a revelação desses telegramas, dessas mensagens diplomáticas nos Estados Unidos que se referem à história do Brasil.
02:33E eu falava que o Fidel Castro acreditava que revoluções como a de Cuba poderiam acontecer em muitos países da região.
02:40Os militantes, segundo ele, deveriam aproveitar a oportunidade e, aspas, abrir uma brecha. Fecho aspas.
02:47O texto fala que o esforço de Cuba para iniciar outras revoluções tinha sofrido alguns reverses.
02:52Aspas.
02:53A revolta de abril em que o presidente Goulart do Brasil foi deposto, golpe de 64, entre parênteses aqui, também foi uma derrota grave para Havana.
03:02Esses reverses podem ter produzido um sentimento em Havana de que uma pausa para descanso é necessária.
03:08Além disso, Castro deverá ser cuidadoso e moderar suas táticas revolucionárias quando visitar a União Soviética em janeiro. Fecho aspas.
03:17Então, estão aí as imagens, Duda Teixeira. E nós falamos a respeito disso no grupo de WhatsApp.
03:23Você escreveu matéria, né? Publicou a matéria?
03:24Sim, publiquei.
03:26Pois é. Porque havia muitas alegações naquela época de pessoas que defendiam, inclusive, o golpe de 1964,
03:35mesmo que depois não tenham defendido a ditadura que acabou se instalando e vigorando durante mais de 20 anos,
03:42de que a escolha naquele momento era entre o autoritarismo militar e o autoritarismo comunista.
03:50E o que você escarafunchou mais desse episódio?
03:53A matéria que eu publiquei na Cruzóia, o título é
03:55Telegramas revelam ações subversivas cubanas no Brasil.
03:59Então, quem quiser ler, recomendo.
04:02E aí tinha muita gente nas redes sociais, Felipe, que falaram assim,
04:05ah, mas isso aí é documento americano, vai acreditar nos americanos.
04:08E aí é bom explicar só o que são esses documentos, né?
04:11Isso aí é o pessoal, os diplomatas, embaixadores americanos que estavam aqui no Brasil,
04:17gente também das agências de inteligência, então da CIA,
04:21mandando mensagens, na época eram cables, eram telegramas,
04:28para as pessoas nos Estados Unidos informando sobre o que estava acontecendo aqui.
04:32Então, eles não estavam divulgando nada para fora, para a imprensa,
04:37eles só estavam informando os superiores.
04:40Isso em 1961, até 1964, que tem ali, quer dizer, já se vão aí várias décadas, né?
04:48Que esses telegramas ficaram em sigilo, né?
04:53Agora que o Trump ordenou a quebra do sigilo,
04:58preocupado ali mais com a questão do John Kennedy,
05:01mas aí a gente, sempre que sai esse monte de documento,
05:04é informação muito valiosa que tem ali, e aí aparece muita coisa do Brasil.
05:09Mas, Duda, então não foi um xadrez 4D para 64 anos depois vazar e causar uma impressão no Brasil diferente?
05:17É, mas de fato as pessoas estavam achando isso, né?
05:22Mas é óbvio que não, então a gente tem que olhar isso aí como fonte de informação histórica.
05:27E mostra esse periodozinho ali da renúncia do Jânio Quadros e do governo do João Goulart,
05:34que realmente assumiu ali como viés de esquerda, mas que não fez nada, né?
05:38O Jânio só ficou ali sambando na presidência.
05:43Ele falava em fazer reformas e não fazia reforma nenhuma.
05:46Aí recebia aqui no Brasil o Che Guevara, fazer acenos para o bloco...
05:51No meio da Guerra Fria, o cara fazendo aceno para o bloco soviético, né?
05:54Ele falava de fazer reforma agrária em torno das rodovias federais.
06:00Ali, 5 quilômetros, ele ia confiscar todas as propriedades e fazer um monte...
06:06Imagina, assim, é umas coisas que não tinham nem pé na realidade.
06:10Então o Jango meio que permitiu que essas coisas acontecessem no momento que estava tendo muita influência cubana, né?
06:19Os cubanos, e aí os telegramas mostram isso claramente, os cubanos estavam mandando dinheiro aqui
06:25para os grupos brasileiros que apoiavam, que queriam fazer uma revolução no Brasil.
06:30Estavam dando treinamento lá em Cuba.
06:34A gente lembra, né? O José de Seu foi para lá e que eles foram um pouquinho mais depois, né?
06:38O Franklin Matins também.
06:41As pessoas iam para Cuba dizendo que iam fazer curso de agricultura
06:44e estavam lá aprendendo a manejar rifle, né?
06:47Atirar com revólver, mexer em equipamento de comunicação.
06:50Então Cuba ficou ativamente financiando e treinando e armando movimentos na América Latina inteira
06:59para que tivesse uma outra revolução.
07:02Isso fica muito claro nesses telegramas.
07:07E aí no final, a gente conhece o final da história, né?
07:09Que teve o golpe e essas coisas não aconteceram.
07:13O golpe, em certo momento, a gente pode até considerar que impediu isso,
07:18porque se tivesse uma revolução no Brasil, nossa situação hoje seria muito pior.
07:23Muita gente reclamando do Brasil hoje, mas podia ser muito pior se essa revolução tivesse acontecido, né?
07:30É claro que o golpe não foi uma coisa positiva, muita gente foi prejudicada
07:36e depois começou uma ditadura de 20 anos, né?
07:38Mas esse periodozinho pré-golpe, os telegramas mostram muito bem a confusão
07:44que estava instalada no Brasil e a liberdade que os cubanos tinham aqui para fazer o que queriam.
07:49Pois é, aliás, tem a participação do Roberto Campos, não do Roberto Campos Neto,
07:54do Roberto Campos mesmo, em 1997, no programa Roda Viva,
07:59em que ele fala justamente a respeito disso.
08:01Ele não se conforma muito com uma análise feita a posteriori sobre
08:05qual eram as opções em 1964 e ele diz que as opções eram um autoritarismo dos militares no Brasil
08:17ou um regime comunista nos moldes cubanos, já que, e a gente está vendo a confirmação agora,
08:25mas a gente já falava sobre isso, já organizei trabalhos, enfim, com essas informações,
08:30havia um fornecimento e uma oferta de armas e de agentes por parte de regimes comunistas
08:37para aqueles que estavam fazendo a luta armada no Brasil.
08:41Então, o Roberto Campos fala que havia essas duas opções e ele até faz essa análise comparada.
08:49Estou falando o que ele falou, cada um, evidentemente, faz o seu juízo.
08:53Ele fala, olha, com o Che Guevara havia muito mais mortes, etc.,
08:59que havia uma ditadura meio encabulada.
09:03Não, ele não deixa de reconhecer que cometeu abuso, que ficou no poder,
09:06mas ele dá a entender que um regime comunista nos moldes cubanos
09:12ou nos moldes de Mao Tse Tung na China
09:15poderiam levar a muito mais mortes no paredão do que levou a ditadura militar no Brasil.
09:20Não é uma legitimação, não é uma justificativa.
09:23A gente está falando aqui como o conteúdo desses telegramas, dessas mensagens,
09:28acaba reforçando uma alegação que existe.
09:33E aqui nós nos colocamos, evidentemente, contra golpe de Estado,
09:38contra ditadura militar, contra essa gente que quer se perpetuar no poder.
09:42E aliás, muita gente quer se perpetuar no poder,
09:45mesmo durante o regime supostamente democrático.
09:48Aliás, outro dia José Dirceu, que posa de democrata,
09:52mas estava ali ligado à luta armada,
09:54que tentava implementar uma ditadura do proletariado no Brasil,
09:57ele falou que só não ficaram no poder desde 2002
10:00por causa do golpe que ele chamou de 2016,
10:05que na verdade é o impeachment, não foi golpe de Estado nenhum,
10:08foi um impeachment legal, e da Lava Jato.
10:11E aí ele xinga lá o processo contra o Lula de sumário,
10:14de ilegal, de político, etc.
10:16Bom, na verdade, a turma do Petrolão não ficou roubando,
10:19como eu comentei naquele dia,
10:20justamente por causa da Lava Jato, que descobriu aqueles esquemas.
10:24O que é interessante também nesses telegramas é que eles mostram
10:28como Cuba tem, mesmo sendo uma ilha que destruiu totalmente a própria economia,
10:36vive de parasitar outros países,
10:39mas mesmo assim consegue ter uma operação internacional.
10:44Eles são extremamente eficientes nessa questão diplomática,
10:48não só de mandar dinheiro, mandar arma e treinar guerrilheiro,
10:53que isso aconteceu lá nos anos 60,
10:55mas os telegramas também mostram de criar instituições sociais, culturais.
11:02Tem uma hora no telegrama que fala só no Rio de Janeiro,
11:04tem sete instituições.
11:06Então Cuba consegue criar essas coisas em outros países
11:12que vão defender sempre o ponto de vista cubano.
11:16Também, Cuba é uma ilha que nem tem eletricidade,
11:20mas eles têm sites que divulgam notícias para públicos no exterior.
11:26Então, nos telegramas de 1964,
11:29eles falam lá, por exemplo, do Prensa Latina.
11:31Prensa Latina é um site do governo cubano
11:35que tem até uma sessão em português para o Brasil.
11:38Uma ilha de 7 milhões de habitantes
11:41completamente fracassada do ponto de vista econômico
