"Quando pessoas passionais não simpatizam com um indivíduo, cai assustadoramente o nível de exigência delas em relação às evidências necessárias para a conclusão de que ele fez algo repugnante ou maligno, de modo consciente, intencional e deliberado", diz Felipe Moura Brasil, na análise intitulada "Caso Musk: como a antipatia leva à demonização".
Felipe Moura Brasil e Duda Teixeira comentam o texto e o caso:
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00:00Muito bem, hoje, 23 de janeiro de 2025, eu publiquei em Um Antagonista uma análise sobre a passionalidade no debate público à luz do caso Elon Musk
00:11e trago ela aqui ilustrada com prints e vídeos como editorial do Papo Antagonista.
00:16Vamos lá.
00:17Quando pessoas passionais não simpatizam com um indivíduo, cai assustadoramente o nível de exigência delas
00:26em relação às evidências necessárias para a conclusão de que ele fez algo repugnante ou maligno, de modo consciente, intencional e deliberado.
00:36Não simpatizar com um indivíduo também aumenta exponencialmente a suscetibilidade das pessoas passionais
00:42à manipulação feita por propagandistas políticos cínicos para que elas repercutam suas ofensas a adversários
00:50como se fossem descrições de fatos objetivos.
00:53Nesses casos, as pessoas passionais funcionam como um cônjuge que, atormentado com a hipótese de traição,
00:59vê em qualquer cumprimento de terceiros uma prova do ato consumado,
01:04sobretudo se manipuladores estiverem espalhando fofocas nesse sentido.
01:08Um exemplo ilustrativo desse fenômeno veio do gesto de Elon Musk na posse de Donald Trump
01:13como presidente pela segunda vez nos Estados Unidos,
01:15que levou a esquerda e seus porta-vozes a associarem o empresário ao nazismo.
01:20O dono da rede social X e agora chefe do Departamento de Eficiência Governamental,
01:24DODGE na sigla em inglês, do governo Trump,
01:27ao discursar empolgado para uma plateia de eleitores republicanos,
01:31agradeceu a eles pela realização de um sonho e foi ovacionado.
01:36Imediatamente colocou a mão no peito e fez um gesto rápido de lançamento do coração para a plateia,
01:41dizendo com todas as letras em seguida,
01:44My heart goes out to you,
01:46o que literalmente significa
01:48meu coração sai, do meu corpo, portanto, para vocês.
01:52Vamos relembrar esse trecho do vídeo.
01:55Pode soltar.
01:55Na imprensa miga da esquerda, porém,
02:19o braço esticado por um segundo com a mão espalmada
02:22foi interpretado como uma saudação nazista.
02:24Alegação turbinada com a edição do vídeo ou o congelamento da imagem e do gesto,
02:29de modo a omitir a frase que o explicou em tempo real, com sentido próprio.
02:34Que alguém com quem não se simpatiza
02:37e que sofra da síndrome de Asperger, como o Elon Musk,
02:42tenha feito um gesto espontâneo e eventualmente desengonçado,
02:46que apenas se assemelha, involuntária e parcialmente,
02:49parcialmente, sim, ou as tropas de Hitler botavam a mão no peito,
02:51ao símbolo de um regime que matou 6 milhões de judeus,
02:56é uma possibilidade vista por pessoas politicamente passionais
02:59como ingenuidade ou erro,
03:02e por manipuladores, claro, como defesa de nazistas.
03:05Essa gente já definiu que Musk é mau
03:08e não quer abrir mão da chance de explorar o episódio
03:11para legitimar a sua tese pré-concebida.
03:14A oportunidade de carimbar como abominável
03:17o indivíduo com quem não se simpatiza,
03:20de modo a persuadir os outros de que ele não merece credibilidade
03:23em seus posicionamentos e opiniões,
03:26é por demais tentadora para manipuladores
03:29e pessoas politicamente passionais
03:31e acaba prevalecendo a necessidade de embasar
03:34com elementos de corroboração
03:36a pior interpretação possível,
03:39tomada como verdade incontestável.
03:43A hipótese mãe de que o Musk é nazista
03:46ainda se desdobra, no entanto,
03:49nas hipóteses secundárias
03:50de que Musk tenha feito o gesto com a intenção maquiavélica
03:53de afagar uma suposta parcela de eleitores simpáticos ao nazismo
03:57ou de despertar uma reação midiática hostil
04:01a fim de apontar a própria histeria esquerdista cinicamente.
04:05Mas qual é a evidência da necessidade
04:08de usar uma estratégia tão arriscada,
04:10capaz de gerar desgaste em outros segmentos
04:12e desviar o foco das primeiras medidas do governo Trump
04:15após a vitória eleitoral consumada?
04:19Nenhuma, claro.
04:20Tampouco há evidência de qualquer ato antissemita
04:24ou estímulo ao ódio contra judeus praticado por Musk,
04:27o que não se pode dizer da esquerda anti-Israel
04:29e de seu braço midiático que vem repercutindo,
04:32como a gente tem mostrado,
04:34em TV, rádio, campos universitários e redes sociais,
04:37as narrativas falseadas do Hamas
04:39sobre o 7 de outubro de 2023
04:41e a reação militar israelense.
04:44Haja vista, por exemplo, o caso do hospital Al-Ali,
04:47tem artigo meu em um antagonista.com.br a respeito.
04:51Pelo contrário, em novembro de 2023,
04:54mês seguinte ao assassinato de mais de 1.200 pessoas
04:57e ao sequestro de outras centenas,
04:59Musk mostrou em painel da cúpula Deal Book,
05:02evento do jornal americano New York Times,
05:04que usava um colar pró-judeus
05:06com os dizeres
05:07tragam-nos de volta,
05:09bring them home,
05:10em referência aos reféns levados para a faixa de Gaza.
05:13e ainda repudiou atos no Ocidente
05:16de apoio ao terror.
05:18Vamos assistir a esse vídeo
05:20que eu legendei em português.
05:21Do you see this thing?
05:23Do you know what it is?
05:24Why don't you tell everybody?
05:27This is...
05:28This says...
05:29It says, bring them home.
05:34The hostages.
05:35It was given to me by the parents
05:39of one of the hostages.
05:42And I said I would wear it
05:43as long as there was a hostage store remaining.