- hoje
Autor de grandes sucessos como “Vou festejar”, “Coisinha do pai”, “Malandro” e “Lucidez”, o cantor e compositor Jorge Aragão é o convidado especial do Podcast OA!, que vai ao ar nesta terça-feira, 17 de setembro, às 19h30, no canal do portal O Antagonista, no YouTube.
Conduzida pelo nosso diretor de Jornalismo e profundo conhecedor de samba, Felipe Moura Brasil, a entrevista traz histórias saborosas da carreira, das músicas e dos parceiros de Aragão, desde os tempos em que andava com seu violão em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio de Janeiro, até as vésperas da participação no Rock In Rio, no próximo sábado, 21.
O sambista fala ainda das rodas do Cacique de Ramos, onde ajudou a fundar o Grupo Fundo de Quintal; da convivência com bambas como o trapalhão Mussum, Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Sobrinha e Dona Ivone Lara; dos sambas feitos sob encomenda, como “Moleque atrevido” e “Carnaval Globeleza”; da superação de problemas de saúde e da sua relação com a fé. De quebra, intercala os relatos com uma ou outra palinha, cantando à capela.
Na chamada para o episódio do Podcast OA!, publicada no Instagram, Moura Brasil batuca na lata de lixo do estúdio, enquanto Aragão canta os versos finais de uma de suas parcerias com Cléber Augusto, ex-Fundo de Quintal: “Quando a lucidez se aninhar / pode deixar / quando a solidão apertar / olhe pro lado / olhe pro lado / que estarei por lá” - este último verso, na verdade, adaptado para “estaremos lá”.
https://www.instagram.com/reel/C_8xj00yFx7/?igsh=MXR0ZXNna2lqcnl4ZQ==
O sambista ainda publicou outra chamada em seu próprio Instagram, com imagens de sua passagem pelos bastidores e pelo estúdio de O Antagonista na última sexta-feira, 13, onde recebeu o carinho da nossa equipe e retribuiu tirando fotos, autografando capa de disco e gravando recados em vídeo.
https://www.instagram.com/reel/C__gKFcScCm/?igsh=MWY5NnJ4MjJ2bGM3aA==
O Podcast OA! é um programa de entrevistas com convidados de diversos setores da sociedade. Podcast OA! histórias boas para ver e ouvir.
[https://youtu.be/x3RBSWlBNJ4?si=hIkjka4BWg8AP7GS].
Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:
https://bit.ly/planosdeassinatura
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Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
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O sambista fala ainda das rodas do Cacique de Ramos, onde ajudou a fundar o Grupo Fundo de Quintal; da convivência com bambas como o trapalhão Mussum, Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Sobrinha e Dona Ivone Lara; dos sambas feitos sob encomenda, como “Moleque atrevido” e “Carnaval Globeleza”; da superação de problemas de saúde e da sua relação com a fé. De quebra, intercala os relatos com uma ou outra palinha, cantando à capela.
Na chamada para o episódio do Podcast OA!, publicada no Instagram, Moura Brasil batuca na lata de lixo do estúdio, enquanto Aragão canta os versos finais de uma de suas parcerias com Cléber Augusto, ex-Fundo de Quintal: “Quando a lucidez se aninhar / pode deixar / quando a solidão apertar / olhe pro lado / olhe pro lado / que estarei por lá” - este último verso, na verdade, adaptado para “estaremos lá”.
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https://www.instagram.com/reel/C__gKFcScCm/?igsh=MWY5NnJ4MjJ2bGM3aA==
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NotíciasTranscrição
00:00:00De conversa boa, todo mundo quer participar. O Antagonista também.
00:00:07Nossa equipe recebe convidados especiais para um bate-papo leve e divertido sobre as experiências de cada um.
00:00:15Podcast O.A. Conversa boa de ver e ouvir.
00:00:20Salve, salve! Eu sou Felipe Moura Brasil. Sejam bem-vindos ao Podcast O.A.,
00:00:24esse programa que a gente criou aqui de entrevistas do portal O Antagonista
00:00:28e hoje com um convidado muito especial, que me dá muita alegria de estar aqui.
00:00:32Um dos maiores sambistas e compositores de música popular de todos os tempos do Brasil.
00:00:38Ele que é autor de grandes sucessos, de músicas que, na minha visão, transcenderam o gênero,
00:00:43como Vou Festejar, que hoje é cantada até em estádios de futebol, inclusive pela torcida do meu Flamengo.
00:00:48Coisinha do Pai, que viajou aí no espaço sideral.
00:00:51O Carnaval Globeleza, que é Lá Vô Eu.
00:00:53Pois é, todo ano na TV.
00:00:55Tem os clássicos do samba, como Malandro, como Lucidez.
00:00:59Os já clássicos mais recentes, Já É, Eu e Você Sempre.
00:01:05Está aqui a trilha sonora da minha vida e não é todo dia que a gente entrevista a trilha sonora em pessoa.
00:01:11Jorge Aragão, muito obrigado pela sua presença no Podcast O.A.
00:01:15Obrigado a você, meu amigo.
00:01:16Ainda mais que é uma apresentação dessa, viu?
00:01:18Fico muito feliz, muito contente, porque esse lado do autor, do compositor, sempre foi muito maior comigo.
00:01:27Então, saber até onde estava chegando o meu nome ou a minha música, nunca fez parte do meu interesse.
00:01:35Hoje eu estou tomando muita surpresa porque a coisa cresceu muito, talvez por causa dos veículos de comunicação.
00:01:41Exatamente. A gente teve a oportunidade de se encontrar e se conhecer ali na Brasil Conference, em Boston, nos Estados Unidos, em abril desse ano.
00:01:50Teve ali um jantar de abertura no museu.
00:01:52Quando eu cheguei, dei a sorte de você estar na porta.
00:01:54Fui falar, falei, Jorge, eu estava nesse show tal no Rio, nesse show tal, etc.
00:02:00Anos atrás, décadas, já acompanha a sua trajetória há muito tempo.
00:02:03Acho que era a sua esposa que estava do lado e falou assim,
00:02:05Esse já acompanha há muito tempo mesmo a sua carreira.
00:02:09Aliás, é...
00:02:10Surpresa mesmo, é a surpresa mesmo.
00:02:12Do jeito que você falou, eu falei, muito pouca gente vai falar comigo que esteve em bom sucesso.
00:02:18Porque é onde eu vivi e comecei dali, morando em bom sucesso, muito pertinho de Ramos, Alaria.
00:02:26Foi quando eu fui para o Cacique de Ramos.
00:02:28O primeiro ambiente de samba meu foi ali.
00:02:31Exatamente.
00:02:32Antes de falar dessa história, e tem até uma questão de Flamengo-Vasco aí,
00:02:36que eu preciso citar no meio dessa história.
00:02:37Você vai achar engraçado.
00:02:38Você já até imagina.
00:02:40Mas tem um vídeo recente do Zeca Pagodinho, que é muito engraçado nas redes sociais,
00:02:45está circulando, que ele conta a história que ele estava numa live com a Tereza Cristina.
00:02:49E a Tereza falou de uma música de Você e Dele.
00:02:53E aí ele falou assim, olha, essa música não é minha não.
00:02:56Aí a Tereza falou, Zeca, não, é sua e do Jorge Aragão.
00:02:59Aí ele falou, deixa eu ligar para o Aragão.
00:03:00Aí ele telefonou para você e você falou para ele assim, Zeca, essa música também não é minha não.
00:03:06Aí o Zeca, e agora que dá louco, a música não é de ninguém.
00:03:08Quer dizer, vocês fazem tanta música há tanto tempo que nenhum dos dois lembrava da música,
00:03:12depois foi conferir e era mesmo.
00:03:14Você lembra dessa história?
00:03:15Eu lembro.
00:03:16Isso acontece muito.
00:03:18Muito, Felipe.
00:03:19Antes não tem...
00:03:20Às vezes é difícil de falar porque eu nunca consegui nem fazer as contas de quantas músicas eu tenho.
00:03:31Eu escutava o pessoal falando, tem dois mil, mil e quinhentas, não sei o que.
00:03:35Eu falei, caramba, eu já devo ter passado tudo isso.
00:03:38Então, aí agora, hoje em dia, fica muito mais fácil você saber as coisas.
00:03:44Tudo que eu escutava é que o país não tem memória, ninguém tem memória lá no passado, né?
00:03:49Agora está tudo registrado.
00:03:50Não, não é, você começa a ver.
00:03:52Eu acho que eu não tenho, acho que oitocentas, eu não sei.
00:03:57Mas só que, quer dizer, foram muitas músicas que de repente acabaram acontecendo com cada intérprete, não é?
00:04:04Exato.
00:04:05Então, mas eu mesmo não consigo colocar na cabeça, e a idade também ajuda um bocado para isso,
00:04:12e ele fica me instigando, sabe?
00:04:14Mas ele fica fazendo isso porque ele sabe que eu também fico grudando no pé dele,
00:04:18que ele também não pode ficar tirando foto na padaria de calção descalço, com a barriga do lado de fora,
00:04:23ficar todo mundo olhando também.
00:04:25Você também tem que cumprimentar os outros no meio da rua, tu tem que dar boa noite,
00:04:29porque senão se tu não der boa noite, aí eles vão para cima de mim, aí fica mais por causa de você.
00:04:34E a gente fica nessa confusão o tempo todo, mas é uma coisa muito carinhosa.
00:04:37E isso faz parte, é isso aí, a memória, a minha, nunca guardei muito as coisas da música, não, sabe?
00:04:45Sabe quem guardava, quem era uma enciclopédia, e que lamentavelmente a gente perdeu há pouco tempo,
00:04:50era o Anderson Leonardo do Molejo, que ali agravou aquele pupurri maravilhoso seu,
00:04:54o Amor Estou Sofrendo, que nem eu.
00:04:56É isso mesmo, o Xande também é bom.
00:04:58Xande Pilares é bom, entrevistei o Xande Pilares já, é muito divertido.
00:05:03O Anderson, na pandemia, ele ia nas lives participar, ele foi na live do Pedrinho da Flor,
00:05:07e ele sabia mais música do Pedrinho da Flor que o próprio Pedrinho, né?
00:05:10No começo também é a mesma coisa, acontece, sempre aconteceu isso, rapaz.
00:05:13E eles se juntam, e eu fico assim, pô, não é possível, vocês não estão, como é que é essa música?
00:05:19Aí começa a minha dúvida, mas é de tanto tempo que aí parece que eu escutei com alguém cantando,
00:05:24mas foi eu que fiz.
00:05:27É, agora já que você falou do Cacique de Ramos, eu faço até uma graça,
00:05:31porque eu sou flamengo, e a gente que ama o samba deve a um vascaíno algumas atitudes muito boas, né?
00:05:41O Alcir Portela, o Alcir Capita, que foi capitão do título brasileiro do Vasco em 1974,
00:05:46que morava ali em Bom Sucesso, seu vizinho, mesmo prédio, pois é,
00:05:51e que levou você ali para conhecer o Neossi, filho de João da Baiana, um dos precursores do samba,
00:05:57e depois levou a Bete Carvalho para conhecer toda aquela turma do fundo de quintal,
00:06:02que se uniu ali naquilo que virou o bloco carnavalesco Cacique de Ramos,
00:06:07do qual o presidente é o Bira, por isso que é chamado de Bira-presidente.
00:06:11Como é que era essa figura do Alcir Portela?
00:06:13Ele era um amante mesmo do samba e ia fazendo as conexões?
00:06:17Muito, filho, muito.
00:06:18O tempo que nós pudemos desfrutar da presença dele,
00:06:24sempre foi com essa coisa do envolvimento com o samba,
00:06:27e não era, no meu caso, não era o futebol,
00:06:32porque eu nunca fui essa coisa de ir para o futebol,
00:06:36mas sempre estava ali colado, até sem perceber, né?
00:06:39E ele foi assim, eu não conseguia entender porque o Alcir,
00:06:46primeiro que eu não entendia por que eu estava morando no mesmo prédio que o Alcir,
00:06:49já começou por aí, a família do jeito que é,
00:06:51vem de Padre Miguel e tal, de repente bater naquele lugar.
00:06:54E segundo, que eu quase nem olhava para ele com vergonha,
00:07:02porque com vergonha que eu digo assim,
00:07:05eu sei que é uma pessoa, já era uma pessoa famosa e tal,
00:07:09e todo mundo reverenciando também, né?
00:07:13Mas eu, meu amigo, por isso que eu sei hoje em dia o que é alguém se aproximar
00:07:20para falar comigo e eu perceber como é que a pessoa fica assim,
00:07:24não sabe se fala, se não se fala,
00:07:27porque tem muita história da pessoa procurar ter adoração por uma pessoa
00:07:32e quando chega para poder falar e tal,
00:07:34e recebe um não ou vai embora e tal,
00:07:36e acaba aquele sonho, né?
00:07:38E eu imaginava alguma coisa parecida com isso no Alcir.
00:07:43E eu quase era bom dia, boa tarde e tal,
00:07:46era desse jeito.
00:07:47O dia que ele parou para poder perguntar
00:07:50o que eu fazia com o violão,
00:07:52sempre que eu entrava no prédio,
00:07:54foi que eu contei a história para ele.
00:07:55Então eu conheci o Alcir,
00:07:57eu me lembro que uma vez,
00:07:59eu achei que eu ia,
00:08:01eu queria me exercitar um pouquinho,
00:08:03ia andar, correr um bocadinho,
00:08:04ele me levou até lá no Fundão,
00:08:06na Ilha do Governador, né?
00:08:07E eu fui por ali com ele para poder tentar,
00:08:11quer dizer, ele foi correndo lá na frente,
00:08:13eu fiquei andando para lá e para cá e tal.
00:08:15E tem uma pessoa assim,
00:08:17um amigo de cara, né?
00:08:19Você encontrava com ele,
00:08:21já queria,
00:08:22tinha vontade de fazer amizade,
00:08:23falando devagar, falando lento
00:08:25e apaixonado mesmo por música.
00:08:28Olha só, você falando agora,
00:08:29você fica ativando,
00:08:30querendo ativar meu lado.
00:08:34Eu tenho a impressão que eu tenho um samba com ele.
00:08:37Ah, é? Você e Alcir Portiano?
00:08:39Eu vou procurar,
00:08:41acho que no primeiro disco,
00:08:44acho que o primeiro LP,
00:08:46eu vou procurar saber isso aí
00:08:47para poder te falar.
00:08:50Eu tenho quase certeza que eu tenho
00:08:51uma música agora que ele,
00:08:53que era parceiro do meu irmão,
00:08:54só falando.
00:08:55Ah, legal.
00:08:56conversando agora.
00:08:56Essa vale a pena tirar do bolo.
00:08:57Mas é um camarada do bem,
00:08:59maravilhoso e ele,
00:09:02todo mundo em volta fazia,
00:09:04tinha esse carinho com ele
00:09:06e ele retribuía do mesmo jeito, sabe?
00:09:08Sim.
00:09:09Direito como é que ele jogava,
00:09:11eu não sei.
00:09:12Nunca fui,
00:09:13muita coisa do futebol.
00:09:14Eu fui também para o Cacique de Ramos
00:09:16porque eu sabia que ali,
00:09:18eu não jogava bola,
00:09:19não sabia fazer comida,
00:09:20não tinha essas coisas,
00:09:21não sabia jogar baralho.
00:09:22A única coisa que me restou
00:09:24foi o violão mesmo,
00:09:24para poder ficar com o violão
00:09:26tocando ali,
00:09:27foi quando eu sei,
00:09:28esse foi o intuito dele,
00:09:30de saber que o vizinho dele
00:09:32tocava um violão
00:09:33e tinha umas músicas
00:09:34e levava para lá.
00:09:35Muitas músicas e levava para lá.
00:09:37E aí eu,
00:09:38eu fiquei ali no meu canto
00:09:41fazendo aquilo que eles já estavam pedindo,
00:09:45que era cantar,
00:09:45eu canto um sabaceu,
00:09:46um negócio seu assim,
00:09:47foi assim que começou.
00:09:48E aí já tinha malandro?
00:09:50Porque eu sei que você,
00:09:51serviu a aeronáutica
00:09:53e que foi lá que conheceu o JB,
00:09:55que é o seu parceiro da música Malandro,
00:09:57que viria a ser gravada
00:09:58pela Elza Soares.
00:09:59Quando você foi levado lá
00:10:00para conhecer o Nelci,
00:10:01para a galera do Cacique de Ramos,
00:10:03já tinha essa pérola na mão
00:10:05para mostrar?
00:10:06Já.
00:10:07Olha só,
00:10:09não gravado direto,
00:10:12mas essa confusão também
00:10:15está muito pertinho,
00:10:16você vai entender.
00:10:18Quando o Nelci me levou,
00:10:20na noite que o Alcir Portela
00:10:24pediu para que eu,
00:10:27eu falei,
00:10:27eu faço umas músicas e tal,
00:10:28ele cantava uma música,
00:10:29aí nós sentamos na calçada,
00:10:30no nosso prédio mesmo ali,
00:10:33e aí eu falei,
00:10:33eu faço uns sambas e tal,
00:10:35e cantei uns três ou quatro sambas e tal.
00:10:41E...
00:10:41uma dessas aqui era Malandro.
00:10:45Foi quando,
00:10:46no dia seguinte,
00:10:46ele me levou para conhecer o Nelci,
00:10:48o Nelci,
00:10:49depois,
00:10:50logo em seguida,
00:10:51fomos juntos até,
00:10:52atravessamos a linha do trem
00:10:53para poder ir para o lado
00:10:54da Tape Car,
00:10:57que era mais ou menos
00:10:58perto do teatro,
00:11:01que você,
00:11:02acho que você falou,
00:11:03que me viu lá em bom sucesso.
00:11:05A Suan,
00:11:06se não me engano,
00:11:06é Suan?
00:11:07Eu acho que é isso.
00:11:07E aí,
00:11:09ali,
00:11:11quando o Nelci me apresentou
00:11:12o pessoal todo da Tape Car,
00:11:15foi a mesma coisa também.
00:11:16Pô,
00:11:16tem uns sambas e tal,
00:11:18aí eu cantei,
00:11:19uns três sambas também.
00:11:21Um deles era Malandro.
00:11:23Na mesma hora,
00:11:24o presidente
00:11:24ligou para a Elza
00:11:27e...
00:11:29Elza,
00:11:31tem um rapaz aqui,
00:11:32estava fazendo um samba.
00:11:32Presidente da Tape Car.
00:11:36Sim.
00:11:36que depois veio se tornar
00:11:37a ser presidente da RCA,
00:11:39onde tem um estúdio,
00:11:41hoje é a Companhia dos Técnicos,
00:11:43né?
00:11:43Ah, sim.
00:11:44E aí,
00:11:45ali,
00:11:47ligou para a Elza,
00:11:49eu não sei como é que...
00:11:51Eu não lembro,
00:11:51ele tinha fita,
00:11:53cassete,
00:11:53não sei o que que era,
00:11:54mas...
00:11:55Vai ser legal essa entrevista,
00:11:58você sabendo mais
00:11:59da minha vida do que eu.
00:12:00Estamos tentando
00:12:01restabelecer a cronologia,
00:12:02fazendo a arqueologia
00:12:03da história do samba.
00:12:04Pois é,
00:12:05pois é.
00:12:05E ali,
00:12:07ele mostrou o samba para a Elza,
00:12:09a Elza,
00:12:10imediatamente,
00:12:10eu não sei se...
00:12:11Foi ali,
00:12:12alguém foi na casa dela
00:12:14com Maravilha Caré Paguá
00:12:14e depois trouxe de volta
00:12:16e ela,
00:12:17vou gravar,
00:12:17esse samba eu vou gravar,
00:12:18eu vou gravar.
00:12:19Então,
00:12:19essa conversa aqui
00:12:21na Tape Car,
00:12:23já foi
00:12:24esse elo
00:12:26para dar uma continuidade
00:12:27que o Nelci
00:12:28depois e o Alcir
00:12:29também falaram,
00:12:30vamos levar você
00:12:30lá no Cacique de Ramos,
00:12:32que é o bloco
00:12:33que nós vamos.
00:12:34E eu nunca
00:12:35pisei
00:12:36em nada
00:12:37de ambiente
00:12:38assim,
00:12:39de samba mesmo,
00:12:40né?
00:12:40Eu ouvia,
00:12:41até falei com alguém
00:12:43um dia desse,
00:12:44eu ouvia
00:12:45de onde eu morava,
00:12:47lá em Padre Miguel,
00:12:49a minha API
00:12:50na Caixa d'Água
00:12:52e o que eu ouvia
00:12:54de samba
00:12:55era da mocidade,
00:12:57mas porque o vento
00:12:57trazia
00:12:58a sonoridade,
00:12:59aí sumia.
00:13:04O único contato meu
00:13:05com o samba
00:13:06foi esse,
00:13:06não tinha nada.
00:13:09Depois foi
00:13:09que eu,
00:13:11o primeiro
00:13:12pisar
00:13:13num lugar
00:13:13de samba mesmo
00:13:14foi no Cacique de Ramos.
00:13:16Quando eu fui para lá
00:13:17já estava,
00:13:18a Elsa já estava
00:13:19gravando
00:13:20e não tinha
00:13:22começado a tocar
00:13:23ainda não,
00:13:23foi logo
00:13:24a partir disso também.
00:13:25Eu estava até pensando aqui
00:13:26essa parceria
00:13:27do samba com o futebol
00:13:28que eu também
00:13:29respiro porque
00:13:29jogo bola
00:13:30e vou para o samba,
00:13:31mas a Elsa Soares
00:13:32que foi companheira
00:13:33do Garrincha,
00:13:34depois a Bete Carvalho
00:13:35foi para o Cacique de Ramos,
00:13:36foi companheira
00:13:37do Edson Segonha,
00:13:38que era jogador
00:13:39também e tal,
00:13:40quer dizer,
00:13:41sempre teve aí
00:13:42uma intimidade
00:13:43muito grande
00:13:44entre o futebol
00:13:44e o samba.
00:13:45Mas quando a Elsa
00:13:46gravou,
00:13:47ela que já era
00:13:48conhecida também,
00:13:50foi uma alegria imensa
00:13:51e a minha pergunta
00:13:52é a seguinte,
00:13:53até no jornalismo,
00:13:54em qualquer área,
00:13:55quando você faz
00:13:56alguma coisa
00:13:56que estoura,
00:13:58vira um sucesso,
00:13:58viraliza,
00:13:59etc,
00:14:00você tem aquela alegria,
00:14:01ao mesmo tempo
00:14:01você tem aquela
00:14:02responsabilidade,
00:14:03e agora?
00:14:04Qual é a próxima?
00:14:05Em algum momento
00:14:06você sentiu
00:14:06essa responsabilidade?
00:14:08Não.
00:14:09Foi tudo natural,
00:14:10não,
00:14:11foi só alegria.
00:14:12Eu nunca pensei nisso,
00:14:13é...
00:14:14Lipe,
00:14:14eu sempre achei
00:14:15que estava alijado,
00:14:16eu estava fora do meio,
00:14:18não sei o que eu estou fazendo,
00:14:20eu não sei o que eu estou fazendo
00:14:20no cacique,
00:14:21eu não sei o que eu estou fazendo
00:14:22na música,
00:14:24eu sempre tive
00:14:25minha bolha,
00:14:26o meu mundo
00:14:27muito fechado,
00:14:29só fazendo música mesmo,
00:14:30sabe,
00:14:30só queria criar,
00:14:31é como se eu estivesse
00:14:32costurando alguma coisa,
00:14:34sei lá,
00:14:35fazendo tricô,
00:14:36sei lá o que que é,
00:14:37eu não sei,
00:14:39eu nunca aprendi muito
00:14:40as coisas de fora,
00:14:41eu não quis aprender
00:14:42as coisas que estavam
00:14:44acontecendo no mundo,
00:14:45sabe?
00:14:45Estava ali brincando
00:14:46com as palavras,
00:14:47com os acordes.
00:14:48É,
00:14:48eu ficava o tempo todo
00:14:49desse jeito,
00:14:50porque eu lia,
00:14:51gibi,
00:14:52depois comecei a ler
00:14:53uns livros em quadra,
00:14:55era tudo,
00:14:56tudo,
00:14:56só as letrinhas mesmo,
00:14:57daí,
00:14:58aquilo ali
00:14:59que ficou,
00:15:00é jornal,
00:15:01meu pai,
00:15:02eu via meu pai
00:15:03lendo jornal,
00:15:03ficava vendo jornal e tal,
00:15:04mas eu sempre lia
00:15:06e ficava com a coisa
00:15:07da música,
00:15:08foi o meu,
00:15:10eu não sei dizer,
00:15:12mas é onde eu vivo,
00:15:14é onde eu posso pisar
00:15:15com,
00:15:16que eu sinto segurança,
00:15:18sabe?
00:15:19Mas,
00:15:20já faz,
00:15:22fazem alguns anos,
00:15:24eu sei que eu estou
00:15:25à disposição
00:15:26para se precisarem de mim,
00:15:28para algum evento,
00:15:30para alguma coisa
00:15:31que possa ajudar
00:15:32o próximo e tal,
00:15:33eu vou estar,
00:15:34sabe?
00:15:34E aí,
00:15:35por isso que eu sempre
00:15:36usei uma frase
00:15:36que eu vivo,
00:15:38eu vivo do meio,
00:15:40mas eu não vivo no meio,
00:15:42sabe?
00:15:42Mas,
00:15:42sempre me sentia vontade,
00:15:44não era,
00:15:45não era,
00:15:47eu estava num cacique
00:15:48de ramos
00:15:49sem saber,
00:15:49sem saber exatamente
00:15:50o que era aquilo ali,
00:15:52sabe?
00:15:52Mas,
00:15:52era porque tinha vontade
00:15:53de fazer,
00:15:54o único compromisso
00:15:54que eu tive desse tipo
00:15:56que você está falando,
00:15:57foi exatamente
00:16:00nesse início
00:16:01dessas reuniões
00:16:02que acabou virando
00:16:04fundo de quintal
00:16:05e,
00:16:07até um pouquinho
00:16:09antes da Beth,
00:16:11a gente cantava
00:16:11uns sambas
00:16:12e eram poucas pessoas,
00:16:15acho que passavam
00:16:15de 20,
00:16:1725 pessoas
00:16:18no máximo,
00:16:19e ali a gente,
00:16:23todo mundo cantava,
00:16:24não tinha microfone,
00:16:25não tinha nada e tal,
00:16:26então,
00:16:26cantava,
00:16:27todo mundo prestava atenção
00:16:28e guardava música,
00:16:30começava a cantar música,
00:16:32então,
00:16:32era quase como um desafio,
00:16:34pô,
00:16:34semana que vem
00:16:35vou trazer outro samba.
00:16:36É,
00:16:36isso é muito legal,
00:16:37porque aí,
00:16:38gerou até uma competição
00:16:39saudável,
00:16:40vamos dizer assim.
00:16:41a gente ali,
00:16:41eu fazia,
00:16:42o Luiz Carlos da Vila
00:16:43fazia também,
00:16:45né,
00:16:45o Almir nem,
00:16:47o Almir porque estava também,
00:16:48ele já trabalhava
00:16:49com o originário de samba.
00:16:51Ele estava na banda base.
00:16:52São Paulo,
00:16:52é,
00:16:53exatamente.
00:16:56A coisa de,
00:16:57foi natural,
00:16:57mas não essa coisa de,
00:16:58pô,
00:16:58vou fazer um outro samba,
00:17:00vou fazer um outro samba
00:17:01semana que vem,
00:17:01vou trazer e tal,
00:17:02e a gente fazia um,
00:17:04botava um papel,
00:17:05escrevia,
00:17:06tudo,
00:17:07era tudo no papel mesmo,
00:17:08colocava e passava
00:17:09para um,
00:17:09para outro e tal,
00:17:10o mesmo papel passava
00:17:11para as pessoas
00:17:11ir cantarem samba,
00:17:13pegar o jeito como era.
00:17:15Então,
00:17:16eu nunca tive
00:17:17essa coisinha de,
00:17:18vou,
00:17:19o que que eu vou fazer,
00:17:21sabe,
00:17:21e eu,
00:17:22eu tive muita sorte,
00:17:23Felipe,
00:17:24muita sorte,
00:17:24porque também não foi,
00:17:26se eu tivesse que competir hoje,
00:17:28eu acho que eu não,
00:17:28eu não teria espaço nenhum.
00:17:30Eu tenho quase que certeza disso,
00:17:32sabe,
00:17:33ali,
00:17:35como eu falei para você,
00:17:36que eu fiquei fechado nesse mundo,
00:17:37eu fui fazendo músicas
00:17:38e guardava como se fosse
00:17:40num baú,
00:17:41sabe,
00:17:42colocando,
00:17:42colocando ali,
00:17:43o que eu estou dizendo,
00:17:44a sorte é que de repente
00:17:45aquele lugar ali
00:17:46virou uma procura
00:17:47muito grande
00:17:48de muita gente
00:17:50e aí
00:17:51de muitos intérpretes
00:17:52também,
00:17:53sabe,
00:17:53e aí
00:17:55quando chegavam ali
00:17:56e escutavam
00:17:56só aquela turma dali
00:17:58cantando muito,
00:17:59todo mundo sabia as músicas
00:18:01e eram músicas
00:18:01que não tocavam
00:18:02no rádio,
00:18:03já não tocava
00:18:04mesmo direito
00:18:05o samba
00:18:05em rádio
00:18:06nenhuma
00:18:06por aqui
00:18:07e aquela turma
00:18:10via aquela turma
00:18:11o pessoal cantando
00:18:12e aí
00:18:12pô,
00:18:13que essa música
00:18:14pô,
00:18:15vou gravar
00:18:16aí ela chegava lá
00:18:17levava,
00:18:19chegava lá
00:18:19e uma pescaria,
00:18:20né?
00:18:20Tu sabe o que é um
00:18:21Emílio Santiago
00:18:22falar para mim
00:18:23para dizer,
00:18:24pô,
00:18:24você não quer me dar
00:18:24uma música?
00:18:26Que beleza.
00:18:26Pô,
00:18:26eu quase desabei no chão,
00:18:28pô,
00:18:28tá maluco,
00:18:29tá maluco.
00:18:30Aliás,
00:18:31ele gravou uma das músicas
00:18:32mais divertidas,
00:18:33né,
00:18:33logo agora.
00:18:34Isso,
00:18:34logo agora.
00:18:36Aliás,
00:18:36o primeiro show seu
00:18:38que eu fui
00:18:38foi no antigo Canicão
00:18:40e era você
00:18:41e depois
00:18:42era o Bizerra da Silva.
00:18:44Isso faz muito tempo.
00:18:46E aí,
00:18:47eu não conhecia
00:18:48logo agora.
00:18:49E você cantou
00:18:50e eu me lembro
00:18:50de um cara assim
00:18:51na fileira da frente
00:18:52e ele levantou
00:18:53porque ele achava
00:18:53a maior graça
00:18:54e cantava alto
00:18:55e você estava rindo
00:18:56assim com ele
00:18:56porque tem aquele final
00:18:58assim,
00:18:59aquele final quase que,
00:19:00vou dizer a palavra,
00:19:01quase que sacana,
00:19:02né?
00:19:02Se não fez amor com você,
00:19:04faço eu.
00:19:05O cara vai embora
00:19:06e a mulher está ali
00:19:07e troca olhares
00:19:08e tal.
00:19:09É uma música
00:19:09muito engraçada.
00:19:10É isso,
00:19:11é isso.
00:19:11E o Emílio gravou
00:19:12com aquela voz
00:19:12maravilhosa dele,
00:19:13né?
00:19:14É.
00:19:14E você vê que
00:19:15não,
00:19:16olha como é que é.
00:19:18Você perguntou
00:19:19o que eu vou fazer agora.
00:19:22Eu tanto não tinha noção
00:19:24que eu chamo de baú.
00:19:25na mesma época
00:19:29que Beto de Carvalho,
00:19:32uma explosão
00:19:33como vou festejar,
00:19:35que foi uma música
00:19:36para o Cacique de Ramos,
00:19:38eu não fiz uma música
00:19:39para Beto de Carvalho,
00:19:41eu fiz uma música
00:19:42para o desfile
00:19:43do Cacique de Ramos
00:19:44porque estava conhecendo
00:19:45um lugar,
00:19:46um ambiente de samba
00:19:47pela primeira vez
00:19:48e eu escutava aquilo.
00:19:49E ela é bem música
00:19:52de bloco,
00:19:53né?
00:19:53Na raiz.
00:19:53Ela tomou uma proporção
00:19:55imensa,
00:19:55mas se você for olhar...
00:19:56Todo perfil,
00:19:57é todo perfil.
00:19:58E a coisa do tamanco.
00:20:01E foi logo na época
00:20:02mesmo que foi
00:20:03para cantar o samba
00:20:04para a avenida
00:20:05e ela está bem chegando lá.
00:20:07Então foi tudo
00:20:08bem juntinho.
00:20:09É o Chora,
00:20:10não vou ligar,
00:20:11é o Você Pagou com Traição
00:20:12só para o pessoal localizar
00:20:13porque às vezes
00:20:14pelo título
00:20:14o pessoal não é.
00:20:16Você pagou
00:20:18com traição
00:20:19Ah,
00:20:20quem sempre lhe deu
00:20:21a mão uma chora
00:20:23que o nosso time
00:20:24canta diferente
00:20:25no final, né?
00:20:26A palhinha capela
00:20:26é bonita,
00:20:27pode ir permeando
00:20:29aqui a entrevista.
00:20:29Tá bom,
00:20:30então vou fazer isso.
00:20:31E nessa mesma época,
00:20:32aí,
00:20:33quando foi gravado,
00:20:35vou festejar,
00:20:37maior explosão,
00:20:38vou festejar
00:20:40tocando
00:20:40exatamente
00:20:42na mesma época
00:20:44Emílio Santiago
00:20:45cantando logo agora.
00:20:47Então,
00:20:47eu mesmo ficava
00:20:48sem entender
00:20:48o negócio de...
00:20:49Agora entendo
00:20:52o sorriso
00:20:53Ele é que não
00:20:54entendeu
00:20:55Se não fez amor
00:20:57com você
00:20:58Faço eu
00:20:59É difícil
00:21:00ter esse tipo
00:21:01de...
00:21:04Como se tivesse
00:21:05antagônico
00:21:07em uma coisa
00:21:08com outra, né?
00:21:10Totalmente
00:21:11devagarinho,
00:21:12quase um polero
00:21:12e tal
00:21:13e uma música
00:21:13de carnaval
00:21:14de bloco.
00:21:15Então,
00:21:16essas coisas
00:21:16eu comecei
00:21:17a ver
00:21:18que não era
00:21:19porque eu estava
00:21:19programando,
00:21:21não é porque
00:21:21eu estava
00:21:21tentando
00:21:22ter uma carreira,
00:21:24não é?
00:21:24Isso foi
00:21:25assim,
00:21:26orgânico,
00:21:26natural.
00:21:27Espontâneo.
00:21:28É.
00:21:28É,
00:21:29marcou toda a sua
00:21:29trajetória,
00:21:30você tem vários
00:21:31sambas assim
00:21:32mais acelerados,
00:21:33mais carnavalescos
00:21:34e todo esse repertório
00:21:36que, aliás,
00:21:37é uma coisa até
00:21:38engraçada.
00:21:38Eu dizia,
00:21:39eu era adolescente,
00:21:40estava num churrasco
00:21:41na região serrana
00:21:41do Rio de Janeiro
00:21:42e alguém,
00:21:44o cara que estava
00:21:44fazendo churrasco,
00:21:45amigo nosso,
00:21:46falou assim,
00:21:47alguém tem uma música
00:21:48aqui,
00:21:48uma fita para botar?
00:21:49Eu falei,
00:21:49bota essa aqui,
00:21:50era uma fita cassete
00:21:51com as suas músicas
00:21:53que eu tinha gravado,
00:21:54na época a gente fazia
00:21:54gravação na fita cassete
00:21:56que eu pegava
00:21:57outros formatos
00:21:59e colocava ali.
00:22:01Bota essa música aqui,
00:22:03que é a Jorge Aragão,
00:22:04que eu acho que tem
00:22:05tudo a ver com esse
00:22:05clima de churrasco
00:22:06assim na série.
00:22:08E aí um tempo depois,
00:22:09passaram uns anos,
00:22:10você não vai lembrar disso,
00:22:10mas numa entrevista
00:22:11que você deu,
00:22:11a minha música
00:22:12é aquela música
00:22:13do finalzinho do churrasco
00:22:15e tal.
00:22:15Falei,
00:22:15é isso,
00:22:16era isso que eu falava.
00:22:18Então tem essa...
00:22:19Já tinha uma playlist
00:22:21também,
00:22:22já de lá, né?
00:22:23Agora Aragão,
00:22:24você falou do Cacique de Ram,
00:22:25muita gente boa chegou lá,
00:22:26depois vieram
00:22:27Alindo Cruz,
00:22:28Sombrinha,
00:22:29Alindo Luiz Carlos da Vila,
00:22:30você citou o Miguel Neto
00:22:31que veio dos originais
00:22:32do samba,
00:22:33que era o grupo do Mussum.
00:22:34Você chegou a conviver
00:22:35com o Mussum,
00:22:36que depois estourou
00:22:37nos Trapalhões,
00:22:38mas que era um sampista,
00:22:39um tocador ali
00:22:40do ré-corré?
00:22:40Muito,
00:22:42muito.
00:22:42Eu convivi com o Mussum
00:22:44como uma pessoa da família,
00:22:46sabe?
00:22:46Que beleza.
00:22:47E aqui,
00:22:50principalmente aqui em São Paulo,
00:22:52foi quando começou,
00:22:54quando nós começamos
00:22:55a andar juntos,
00:22:58ele é irmão do Chiquinho,
00:23:01também dos originais,
00:23:02perdão,
00:23:03por causa do irmão do Chiquinho,
00:23:05que era irmão do Almir Guinetto,
00:23:07aliás,
00:23:08Chiquinho dos originais
00:23:10e Almir Guinetto,
00:23:11eram irmãos,
00:23:13aí eu fui saber do Mussum.
00:23:17E foi uma coisa imediata,
00:23:18porque o Neuci também,
00:23:19mais uma vez,
00:23:21estava nesse meio do caminho,
00:23:24do Cacique de Ramos,
00:23:25de conhecer,
00:23:26de ter amigo também do Mussum,
00:23:28e eu estava o tempo todo ali
00:23:30e ele querendo que todo mundo
00:23:31ouvisse minha música,
00:23:32todo mundo tinha que escutar
00:23:32minha música.
00:23:34E foi quando eu conheci
00:23:35o Mussum nessa época.
00:23:36e imensamente mais alegre,
00:23:47ele tinha muito mais essa coisa
00:23:48da gente rir com ele
00:23:50do que na televisão.
00:23:52Eu não conseguia nem entender
00:23:54como é que as pessoas
00:23:54não conheciam aquele Mussum
00:23:55que andava na rua com a gente,
00:23:57que brincava de estar com a morte,
00:23:59sabe, no meio da rua,
00:24:00um monte de...
00:24:01Os caras tudo,
00:24:02um cara negão enorme,
00:24:03de madrugada,
00:24:04brincando,
00:24:04conversando,
00:24:05daqui a pouco,
00:24:05eles tinham esse negócio aí,
00:24:07um falava assim,
00:24:08está com a morte, pronto.
00:24:09Aí você tinha que estar
00:24:10tipo com a mão assim,
00:24:11né, para poder...
00:24:13Se proteger?
00:24:13É, como se fizesse uma licença.
00:24:15Não, não estou comigo.
00:24:16Ninguém queria ir
00:24:16com a morte para casa,
00:24:17sabe?
00:24:19A gente conversando,
00:24:20vestido todo mundo,
00:24:21comendo, bebendo,
00:24:22normal e tal,
00:24:23daqui a pouco está com a morte.
00:24:24Aí aquele que estava com a mão
00:24:25queria passar para outro,
00:24:26estava esperando
00:24:27para ver se estava distraído,
00:24:28brincadeira,
00:24:29gente grande,
00:24:30não sei como é que isso acontecia.
00:24:31Eu vi muito tudo isso aí,
00:24:32sabe?
00:24:32Então, foi muito para mim
00:24:36conhecer todo esse povo,
00:24:37o Mussum ali,
00:24:38aqui,
00:24:40e aí foi conhecer o que era
00:24:41a boca do lixo,
00:24:43ele ficava sempre ali
00:24:44na Duca de Caxias
00:24:45com o Barão de Limeira
00:24:46aqui em São Paulo,
00:24:49porque o Chiquinho
00:24:50tinha um apartamento ali também,
00:24:52e aí de repente
00:24:53todo mundo dormia
00:24:54no mesmo apartamento e tal.
00:24:55foi assim que eu conheci
00:24:58Mussum,
00:25:00São Paulo,
00:25:02ele morava em cima
00:25:03de um cinema
00:25:07de filme pornô
00:25:10e tal,
00:25:11tinha muito aqui
00:25:11pelo centro,
00:25:12não sei se ainda existe isso,
00:25:13mas aí nessa época
00:25:14era onde nós ficávamos
00:25:16rondando por ali,
00:25:17fazendo música.
00:25:18Legal.
00:25:19E no Cacique de Ramos,
00:25:20o Birani,
00:25:21além dele introduzir
00:25:22o repique de mão,
00:25:24pegou a caixa de bateria,
00:25:25virou, criou aquela batida
00:25:27que depois muita gente
00:25:28veio a reproduzir,
00:25:29desenvolver.
00:25:30Isso.
00:25:30Ele tocava uma caixa bonita,
00:25:32né?
00:25:32Era uma caixa de remédio,
00:25:33você falou uma vez?
00:25:34É,
00:25:35parecia uma caixinha de metal
00:25:36de remédio.
00:25:37É,
00:25:37que é linda assim
00:25:39no fundo de alguma...
00:25:40Eu tenho a impressão
00:25:40de que Barra da Esquina,
00:25:41aquela primeira gravação,
00:25:42acho que é do fundo
00:25:43do nosso quintal 1980 ali,
00:25:44o primeiro LP de vocês,
00:25:46eu acho que tinha Barra da Esquina
00:25:48com uma caixinha no fundo,
00:25:49eu acho que era o Birani ali,
00:25:51fazia uma batida elegante, né?
00:25:53Aquilo ali,
00:25:55o ombro dele fazendo assim já era...
00:25:57É o não,
00:25:58não tem mais jeito,
00:25:59melhor ele...
00:25:59Parece que ele estava
00:26:00sendo filmado, sabe?
00:26:02Ele sempre foi desse jeito, né?
00:26:04Então,
00:26:04ali ele já estava usando
00:26:05essa caixa,
00:26:06chamava de caixetinha
00:26:07na época.
00:26:08Caxeta, é.
00:26:09Mas aquele som
00:26:10que ele tirava ali,
00:26:12eu não via com ninguém,
00:26:13alguma coisa parecida,
00:26:15como se fosse
00:26:15a caixa de fósforo
00:26:17mais antigo
00:26:19que se usava, né?
00:26:20Para batucar,
00:26:23mas aquilo ali foi...
00:26:25Várias vezes eu pedi
00:26:26muito ao Birani
00:26:28para poder participar
00:26:29comigo tocando
00:26:30aquela caixetinha, sabe?
00:26:31Nunca vi ninguém mais...
00:26:34Perto um pouquinho,
00:26:35talvez,
00:26:35do Marcelinho Moreira
00:26:36hoje em dia.
00:26:37Grande Marcelinho,
00:26:37eu conheço o Marcelinho.
00:26:39Marcelinho é uma figura
00:26:40raríssima.
00:26:41E toca muito bem.
00:26:41Esse aí precisava
00:26:42de autorização de viagem
00:26:43dos pais,
00:26:44para poder ir em turnê,
00:26:46que ele tocava
00:26:46desde moleque.
00:26:48Gigante, né?
00:26:49Isso mesmo, amigo.
00:26:51Eu via muito o Marcelinho
00:26:52tocando o repique de mão
00:26:53na banda do Arlindo Cruz,
00:26:56no pagode do Arlindo,
00:26:57no Teatro Rival.
00:26:58E aí eu ia no Teatro Rival
00:26:59ver o pagode do Arlindo
00:27:00e depois o Arlindo saía de lá
00:27:01e ia para o Barril 8000
00:27:02lá no final da Praia da Barra
00:27:03e às vezes,
00:27:04bom tempo que eu tinha tempo
00:27:05para fazer isso,
00:27:06eu ia atrás
00:27:07e assistia dois pagodes do Arlindo
00:27:09na mesma noite.
00:27:10Era segunda-feira,
00:27:11se não me engano.
00:27:11Era segunda-feira,
00:27:12exatamente.
00:27:14Pois é,
00:27:14hoje é impensável fazer isso.
00:27:15Eu consegui uma vez.
00:27:17E quem conseguiu uma vez?
00:27:19Era,
00:27:20já é bastante cheio, né?
00:27:21Mas peguei ali
00:27:22desde o começo.
00:27:23E quem fazia
00:27:24junto com o Marcelinho
00:27:26aquela dupla de percussão,
00:27:27hoje está na sua banda,
00:27:28Nene Brown.
00:27:29Nene Brown.
00:27:31O grande mestre do Tantan, né?
00:27:33O pai de Nene Brown
00:27:34não consigo acertar
00:27:35que é uma figuraça
00:27:36também engraçada, né?
00:27:37que ele tem uma roda
00:27:38de samba aí,
00:27:39mas eu não consigo
00:27:40toda vez.
00:27:41Um ano e no outro,
00:27:43ele marca um dia,
00:27:44é o dia que eu estou ocupado.
00:27:45Ele marca o dia
00:27:46outro dia que eu estou ocupado.
00:27:47Aí, Nene Brown,
00:27:47ficou aí pedindo desculpa
00:27:49do Jorge Aragão.
00:27:50Qualquer hora ele vai, hein?
00:27:51Qualquer hora ele consegue.
00:27:52Vai, vai.
00:27:52Ainda mais em Padre Miguel,
00:27:54ali na Moça Bonita,
00:27:55ali onde é a Moça Bonita,
00:27:56o chamado.
00:27:57Eu sou doido
00:27:59para poder estar ali
00:28:00porque é o meu lugar
00:28:01de infância,
00:28:03é o meu lugar
00:28:04de andar para ir para casa.
00:28:04E é bonito ver
00:28:05a nova geração, né?
00:28:06Porque você tem
00:28:06essa geração
00:28:07de percussionistas ali,
00:28:08do Sereno,
00:28:10do Birani,
00:28:11do Bira Presidente,
00:28:12e agora tem Nene Brown,
00:28:13Marcelinho Moreira,
00:28:14Mildinho e outros
00:28:15desses grupos,
00:28:17como o Rogerinho
00:28:18e vários outros
00:28:18que fazem esse solo todo.
00:28:20Ainda bem que tem.
00:28:21Aí tem discussões, né?
00:28:22Se deve gruvar,
00:28:24se deve tocar para o artista
00:28:25ou se deve solar.
00:28:26Agora, nas redes sociais
00:28:28tem um monte dessas brilhas.
00:28:29Aí vai o Beloba, né?
00:28:30Que é daquela turma
00:28:31mais antiga.
00:28:32Tem que tocar para o artista,
00:28:33etc.
00:28:34Mas todos se respeitam,
00:28:36se adoram e aprendem
00:28:38uns com os outros.
00:28:38É uma coisa que hoje
00:28:38das pessoas saberem
00:28:39de tudo,
00:28:41tem hora que eu fico rindo
00:28:42em casa,
00:28:43que eu vejo
00:28:43umas coisas assim.
00:28:46Um dia desse,
00:28:47eu estava vendo
00:28:49a internet,
00:28:52rapaz,
00:28:53uma discussão enorme
00:28:54como é que a Beth
00:28:55tinha ido
00:28:55parar no Cacique de Ramos.
00:28:59Ah, é?
00:29:00Problematizaram isso?
00:29:00Meu amigo,
00:29:01era tanta gente
00:29:01que sabia tanta coisa
00:29:03de como ela chegou lá
00:29:04que eu ficava assim,
00:29:05não,
00:29:06não é possível
00:29:07que eu estou lendo isso,
00:29:08não é possível.
00:29:08Não é possível.
00:29:10Aí dá vontade de entrar
00:29:11e também não é toda hora
00:29:12que você deve
00:29:13se infiltrar
00:29:17e entrar
00:29:18numa conversa.
00:29:19eu estou aprendendo
00:29:20isso aos poucos
00:29:21também.
00:29:22Sabe?
00:29:22Virtualmente.
00:29:22A gente é bem
00:29:23escolado nisso.
00:29:24É,
00:29:24se a pessoa achar
00:29:25que não souber
00:29:27que você leu
00:29:28aquilo ali,
00:29:29parece que fica melhor
00:29:29para mim,
00:29:31né?
00:29:32Então,
00:29:33eu fico quieto,
00:29:33mas eu fico agoniado.
00:29:35Sabe,
00:29:36a vontade de falar,
00:29:36gente,
00:29:37eu estava ali,
00:29:37olha,
00:29:38Alci,
00:29:40Alci Portela,
00:29:41Neuci,
00:29:43Dida
00:29:44e eu
00:29:45debaixo do Orelhão
00:29:46na Rua Uranos
00:29:48ligando para Beto de Carvalho
00:29:50para ir até o cacique de Ramoná,
00:29:52na frente da quadra do cacique.
00:29:54Mas o debate
00:29:55era enorme
00:29:56de como ela chegou,
00:29:57quem levou,
00:29:57quem foi que fez,
00:29:58de repente ela apareceu lá,
00:30:00não sei o que,
00:30:00só estou vendo,
00:30:01que chegou com um monte de gente,
00:30:03então eu falei,
00:30:04caramba,
00:30:05como é que é isso agora,
00:30:06né?
00:30:06A gente tem as pessoas
00:30:07que eu não sei de onde
00:30:08elas tiram isso,
00:30:09mas de repente falam
00:30:10porque
00:30:10ou querem ser,
00:30:13tem que ser notadas
00:30:14às vezes,
00:30:14tem muito isso também,
00:30:15né?
00:30:15É,
00:30:15exatamente.
00:30:16Tem uma época
00:30:17que eu achava,
00:30:18eu vejo isso
00:30:19como antigamente
00:30:21a pessoa,
00:30:22as meninas passavam e tal,
00:30:23e alguém chegava
00:30:24e mexia no cabelo dela.
00:30:28Se ela olhasse para trás,
00:30:30saia,
00:30:30então está muito satisfeito,
00:30:32ela notou,
00:30:32então,
00:30:33se passasse direto,
00:30:34eu não sabia nem
00:30:35se ela tinha percebido
00:30:36que tinha puxado o cabelo dela,
00:30:38né?
00:30:39Era uma forma
00:30:39de querer se mostrar,
00:30:40querer aparecer,
00:30:41isso aqui às vezes
00:30:42parece com a internet,
00:30:43como o que eu acho.
00:30:44Fiquei começando.
00:30:45Exatamente.
00:30:46E,
00:30:47Sombrinha,
00:30:48Arlindo Cruz,
00:30:49eles chegaram depois de você
00:30:50lá no Cacique,
00:30:52sempre foram próximos.
00:30:53Sombrinha já
00:30:54começamos juntos,
00:30:55porque quando nós
00:30:56estávamos nessa época
00:30:57de andanças
00:30:59entre Bom Sucesso
00:31:00e Ramos,
00:31:03no Cacique,
00:31:04fomos a São Paulo também
00:31:06algumas vezes,
00:31:07São Vicente,
00:31:08e lá conhecemos
00:31:09o Sombrinha
00:31:10e...
00:31:11É,
00:31:11o Sombrinha de São Vicente.
00:31:12São Vicente.
00:31:12São Vicente, né?
00:31:12É.
00:31:14E aí,
00:31:16ele veio para o Rio,
00:31:17que ele queria muito fazer isso,
00:31:18o Nelcy já abriu as portas
00:31:19da casa dele,
00:31:20também foi para a casa
00:31:21do Nelcy,
00:31:23e aí fomos,
00:31:24um instante,
00:31:25ele entrou nessa coisa
00:31:26de começar aquela
00:31:27rosa de samba
00:31:28que nós tocávamos ali,
00:31:29né?
00:31:29Muito,
00:31:30muito,
00:31:30muito bom,
00:31:31tanto quanto o Cavaquinho
00:31:32e sete cordas também,
00:31:35é,
00:31:36exime mesmo.
00:31:37É,
00:31:37porque ele também veio do violão
00:31:37e pegou o Cavaquinho.
00:31:38Quando é que você pegou o Cavaquinho?
00:31:42Depois que o Almir Guinetto
00:31:44falou que era fácil.
00:31:48Porque o Arlindo fala a mesma coisa,
00:31:49né?
00:31:49O Arlindo fala,
00:31:50não,
00:31:50cheguei no Cacique de Ramos,
00:31:51aí eu vi o Almir Guinetto
00:31:52tocando aquele banjo
00:31:53daquela maneira,
00:31:54falei,
00:31:54tem que aprender isso e tal.
00:31:56Ele foi assim,
00:31:57uma referência ali,
00:31:58de...
00:31:59Não,
00:32:00pode tocar aí que é fácil e tal.
00:32:01Lembra que o violão
00:32:02seis cordas,
00:32:03eu vi o Cavaquinho com quatro.
00:32:05E eu falava,
00:32:06eu nunca vou tocar isso,
00:32:07porque eu não vou saber
00:32:08com os outros deuses
00:32:08o que é que eu vou fazer
00:32:09para poder completar o acorde,
00:32:11né?
00:32:11E foi Almir Guinetto
00:32:12quem chegou para mim,
00:32:15porque quando eu disse
00:32:16que eu falei,
00:32:16um dia que eu falei para ele
00:32:17que era muito difícil,
00:32:19ele falou,
00:32:19não,
00:32:19não,
00:32:20major.
00:32:21Ele já chamou,
00:32:22agora ele chama a gente
00:32:23de major desde aquela época.
00:32:26Não,
00:32:26major,
00:32:27eu faço igual o violão.
00:32:30Eu falei,
00:32:30Guinetto,
00:32:30como é que faz igual o violão?
00:32:32Com menos duas cordas.
00:32:34Não,
00:32:34é que o Ré,
00:32:35o Ré não é aqui assim?
00:32:37Então,
00:32:37aí,
00:32:38se você fizer o Ré assim
00:32:39no violão,
00:32:41se você tirar a corda de cima,
00:32:42é a mesma coisa que o violão,
00:32:43não é?
00:32:44É,
00:32:45Ré,
00:32:46Sol,
00:32:47Cló,
00:32:47Si,
00:32:48aí ficava assim,
00:32:50é,
00:32:50mas não é isso mesmo e tal.
00:32:52Então,
00:32:53então eu não toco,
00:32:53eu toco como os acordes
00:32:55do violão.
00:32:56então,
00:32:57eu não faço o acorde,
00:32:58que aí é Ré,
00:33:00Sol, Si,
00:33:00Ré,
00:33:02é mais ou menos Ré,
00:33:03Sol, Si,
00:33:04Mi,
00:33:04alguma coisa assim que tinha,
00:33:05que ele sempre falava, né?
00:33:06E eu ficava,
00:33:07não, não, não,
00:33:08mas não dá,
00:33:09não dá.
00:33:09Não,
00:33:10a gente toca igual o violão.
00:33:11Aí ele começou a fazer os acordes,
00:33:13eu olhava assim,
00:33:13eu falei,
00:33:13caramba,
00:33:15parece mesmo o acorde de violão,
00:33:16só que,
00:33:17como se tivesse menos dois dedos,
00:33:19nem duas cordas que eu ficava imaginando.
00:33:21E eu ficava,
00:33:22ficava,
00:33:23ficava,
00:33:23aí eu comecei a,
00:33:25caramba,
00:33:26é,
00:33:26é mais ou menos essa sonoridade,
00:33:28que é igual do violão.
00:33:29Foi quando eu comecei a arriscar alguma coisinha,
00:33:31porque era só o violão,
00:33:32não tocava nada de,
00:33:34eu fui guitarrista de banda de baile,
00:33:36eu fui banda de,
00:33:37é,
00:33:37eu era solista de,
00:33:39eu vi o West Montgomery,
00:33:40eu queria solo oitavados,
00:33:41aquele negócio,
00:33:42sabe?
00:33:42Então,
00:33:43por isso que o,
00:33:44que pisar no cacique foi fundamental,
00:33:46hein?
00:33:46Teve seu tempo de crooner,
00:33:47né,
00:33:48que se chama na noite,
00:33:48Sim,
00:33:49sim,
00:33:49exatamente,
00:33:49exatamente.
00:33:50Então,
00:33:50pisar no cacique foi realmente a,
00:33:52a,
00:33:52a,
00:33:53o meu passaporte dentro do samba ali,
00:33:55que eu senti a pulsação,
00:33:57tum,
00:33:58tum,
00:33:58aí eu fiquei,
00:33:59caramba,
00:34:00eu gosto disso.
00:34:01Agora você chegou a falar,
00:34:02é,
00:34:02que as pessoas passaram a pedir música também,
00:34:05isso aconteceu muito ao longo das décadas,
00:34:06porque,
00:34:07assim,
00:34:07eu queria chegar em dois exemplos que são até mais recentes,
00:34:09né,
00:34:09vieram bem depois aí dessa época do cacique de rama,
00:34:12que é o moleque atrevido,
00:34:13que eu sei que veio de um pedido,
00:34:15e também,
00:34:16é,
00:34:16perguntar como é que aconteceu o Carnaval Globeleza.
00:34:19É,
00:34:20as pessoas já vinham pedindo música,
00:34:22etc,
00:34:22já tinha uma distribuição,
00:34:24Jorge Aracan,
00:34:25nessa indústria,
00:34:26assim,
00:34:27você tem que ir pra casa e produzir,
00:34:28né?
00:34:29Sim,
00:34:29então,
00:34:29bom,
00:34:30eu esqueci de falar sobre o negócio do Arlindo,
00:34:31o Arlindo foi bem depois,
00:34:33ah,
00:34:33sim,
00:34:33que ele já andava com umas roças de samba pro lado de Cascadura,
00:34:37alguma coisa assim.
00:34:38É,
00:34:38Cascadura.
00:34:38É,
00:34:38aí,
00:34:40quando ele começou a aparecer no cacique,
00:34:43é,
00:34:44eu comecei a perceber também uma pessoa que já tava tocando,
00:34:48e que é compositor,
00:34:49e o Zeca também tava sempre junto dele,
00:34:52é,
00:34:52ele já veio com uma coisa mais do lado,
00:34:55com o Beto Sem Braços também,
00:34:56que era quase como um outro,
00:34:57um outro nicho de compositores,
00:34:59e ali eu tive a felicidade de quando eu optei por continuar só como compositor,
00:35:06colocar o Arlindo no meu lugar.
00:35:09Então,
00:35:09eu fico muito feliz de indicar o Arlindo Cruz pro fundo de quintal.
00:35:13Que beleza.
00:35:14Te agradeço por isso.
00:35:15Não é?
00:35:17Então,
00:35:17porque já tinha história ali.
00:35:19Júlio Aragão de um lado,
00:35:19o Arlindo confundou,
00:35:21depois sai e tal,
00:35:22porque faz parte aí,
00:35:24cada um sente a sua hora,
00:35:25e aí fez a dupla com Sombrinha durante um tempo,
00:35:28aí depois foi cada um pro lado,
00:35:29eu fui num dos primeiros shows da dupla Arlindo Cruz e Sombrinha,
00:35:33no antigo Teatro Dulcina,
00:35:35lá no centro do Rio de Janeiro,
00:35:37pois é,
00:35:37faz tempo pra caralho,
00:35:39mas acompanhei bastante.
00:35:40Ah, pô,
00:35:40você fez plástica,
00:35:41não é possível,
00:35:41como é que tá andando com ele?
00:35:43É,
00:35:43é muita história,
00:35:44mas eu era um molequinho,
00:35:45né,
00:35:46adolescente,
00:35:46já tava aí atrás de vocês.
00:35:48Que bom,
00:35:48que bom,
00:35:49que bom.
00:35:49Mas aí essas encomendas,
00:35:50como é que passou,
00:35:52o pessoal passou a pedir,
00:35:53outro dia eu vi uma entrevista com o Martim da Vila,
00:35:55ele conta uma história engraçada,
00:35:56que a Alcione e a Maria Bethânia iam fazer um disco,
00:35:59e uma turnê.
00:36:00E aí Alcione falou,
00:36:01encontrou o Martim e falou,
00:36:03Martim,
00:36:03a gente vai fazer um disco assim,
00:36:04você não pode mandar uma música pra mim?
00:36:06Mas qual tema e tal?
00:36:07Não sei,
00:36:07você pensa e tal.
00:36:08Aí ele ficou sem saber exatamente o que fazer.
00:36:11Aí depois encontrou a Maria Bethânia em uma outra oportunidade,
00:36:13ela falou a mesma coisa,
00:36:14Martim,
00:36:15não dá pra fazer um samba pra gente?
00:36:16Mas o que que você quer e tal?
00:36:18É lá esses sambas seus,
00:36:20tudo girando e tal.
00:36:21Aí o Martim,
00:36:22tudo girando,
00:36:23é um tema.
00:36:24Aí ele fez Roda Ciranda,
00:36:26que é aquela música que você for ver,
00:36:29todos os versos,
00:36:30é tudo que gira.
00:36:31Ficou uma música engraçada,
00:36:32mas bem com aquele espírito de samba de roda,
00:36:35meio baiano,
00:36:35meio carioca,
00:36:36e aí casou perfeitamente.
00:36:38Muito bacana.
00:36:38Mas veio de pedido, né?
00:36:40É.
00:36:40Eu não,
00:36:42primeiro que foi,
00:36:43como eu te falei,
00:36:44eu fazia música assim,
00:36:45como se fosse pra colocar dentro de um baú.
00:36:47Pra mim.
00:36:49Era guardar aquele baú,
00:36:50era meu.
00:36:51Música é minha,
00:36:52não é de ninguém,
00:36:53dá pra ninguém.
00:36:54O que é que eu vou fazer?
00:36:55Vamos tragar minha música?
00:36:57Pois é.
00:36:58Eu ficava com a cabeça,
00:36:59falei,
00:36:59meu Deus do céu,
00:37:00mas nunca imaginei que fosse alguém,
00:37:01as pessoas começarem a puxar músicas ali.
00:37:04E isso é muito,
00:37:05é uma onda que até hoje ela acontece.
00:37:07De repente alguém faz um negócio,
00:37:09todo mundo em cima daquele livro,
00:37:11e acha que tem que ter sempre algum sucesso na manga,
00:37:14sempre tem que fazer músicas as melhores possíveis.
00:37:17e tem hora que a gente tem vontade de chutar o balde,
00:37:20na hora que você quer escrever qualquer coisa,
00:37:22a formiga andou de paraquedas,
00:37:25qualquer coisa,
00:37:25você quer escrever,
00:37:26mas quer fazer alguma coisa, sabe?
00:37:28E eu...
00:37:30Pedir músicas sempre foi um negócio muito difícil pra mim,
00:37:35de eu atender,
00:37:37porque eu não entendia isso,
00:37:40e é por isso que eu até hoje
00:37:42não consigo me adaptar muito com o sombre-enredo.
00:37:45Não consigo.
00:37:45Foi muito, muito, muito, muito...
00:37:47Mas aquele negócio de já dar um tema,
00:37:50e aí você tem que rimar daquele jeito,
00:37:52você tem que fazer daquilo ali,
00:37:54mas você não consegue criar, sabe?
00:37:56Você tem que ir por alguém
00:37:57que está indicando os caminhos pra você andar.
00:38:01E aí pra mim perde o sentido
00:38:03de criar mesmo,
00:38:05de ser compositor, né?
00:38:07E ficou muito acelerado,
00:38:09você tem essas parcerias com 12 pessoas,
00:38:10na equipe da Veja Flor,
00:38:11outro dia deu uma criticada nisso aí.
00:38:13Não é, é isso mesmo.
00:38:15Mas é o que eu vejo nesse mercado.
00:38:18Mas a fidelidade já nem existe mais também.
00:38:21Cada um, você é daqui, é daqui, acabou.
00:38:23Acabou isso aí.
00:38:24E aí, meu amigo, eu ficava...
00:38:27Como eu já tinha uns sambos,
00:38:28quando alguém pedia alguma coisa,
00:38:29eu achava esquisitíssimo aquilo ali.
00:38:32Isso foi o caso de Globaliza.
00:38:33Eu falava com o Franco falecido,
00:38:38Franco, meu parceiro.
00:38:41Franco, não dá, Franco.
00:38:42É muito feio isso, velho.
00:38:46Globaliza.
00:38:47Uma empresa dessa falava...
00:38:50Uma marca dessa tão forte,
00:38:51misturar com o Globaliza.
00:38:54E tu acha isso bonito?
00:38:56Rapaz.
00:38:56E ele ficava parceiro, pelo amor de Deus,
00:38:59parceiro, vai dar um dinheirinho legal,
00:39:01vamos fazer, vamos fazer.
00:39:02Não quero fazer, não quero fazer.
00:39:04Mas foi assim uma noite,
00:39:05duas madrugadas inteiras,
00:39:07assim, para fazer Globaliza.
00:39:09Foi difícil, sabe?
00:39:11Porque eu não queria abrir.
00:39:12Depois é que eu vim entender.
00:39:13Muito tempo depois que eu entendi que...
00:39:16Fui saber, aliás, que...
00:39:18E era...
00:39:20Meu Deus...
00:39:23Era um outro parceiro,
00:39:25uma outra pessoa que fez o samba.
00:39:29E aquele samba dele tinha a palavra Globaliza.
00:39:34Aí, na época,
00:39:35quem estava comandando a coisa do carnaval,
00:39:37na televisão,
00:39:41gostou daquela palavra,
00:39:43a palavra ali,
00:39:44mas gostou mais do nosso samba.
00:39:46Aí ele quis,
00:39:48vem cá,
00:39:48você pagou o mesmo valor para ele.
00:39:52Caramba, quem foi o...
00:39:53Agora, eu vou querer me lembrar daqui a pouco.
00:39:55Famoso para caramba.
00:39:57É a memória.
00:39:58Aí, para tirar a palavra Globaliza daqui,
00:40:01ele pagou o mesmo valor
00:40:02como se tivesse ganho o samba
00:40:04e pediu para nós fazermos
00:40:05para colocar um no nosso.
00:40:07Foi aí que começou essa história aí
00:40:09para poder ter
00:40:10essa palavra Globaliza.
00:40:12Então, isso foi poucas vezes, sabe?
00:40:15Rendeu um dinheiro em bom, então?
00:40:16Que nem o Fran queria,
00:40:17rendeu um dinheiro em bom?
00:40:18Deu.
00:40:18Deu sim, deu sim, deu sim.
00:40:20Eu já lembro ali,
00:40:21naquela época,
00:40:22eu já tinha comprado...
00:40:24Não.
00:40:25Mas eu já estava com carro,
00:40:26eu já tinha saído do Fusca.
00:40:28Já sim.
00:40:29Primeiro carrinho da minha vida.
00:40:32E aí...
00:40:33Até no show,
00:40:34tem o momento que tem o refrão, né?
00:40:36Na tela da TV,
00:40:37no meio desse povo,
00:40:38a gente vai se ver.
00:40:39E aí, muitas vezes,
00:40:40você, para não ficar repetindo a marca,
00:40:42você fala de novo.
00:40:43Exatamente.
00:40:43Porque eu vou encontrar você também,
00:40:45as pessoas, né?
00:40:46Eles falam na Globo, né?
00:40:48Mas no show,
00:40:48se quiser tirar a marca,
00:40:49você fala de novo.
00:40:50Eu canto, é.
00:40:51Eu canto na Globo.
00:40:53Normalmente,
00:40:53eu junto uma coisa com outra,
00:40:55porque eu quero cantar,
00:40:56que eu vou ver você de novo.
00:40:59E, na realidade,
00:41:00todo canto é difícil para mim.
00:41:02Eu levo muita coisa para o coração.
00:41:03Acho que é por isso que eu fico em casa,
00:41:05porque é melhor para mim, sabe?
00:41:06Tem hora que você vê no meio do público,
00:41:10a gente vai se ver na Globo.
00:41:15Aquilo carrega para mim.
00:41:18Pode ter 5 mil pessoas ali.
00:41:20Parece que eu vi aquilo ali.
00:41:22é só aquele que não sai da minha cabeça,
00:41:24da minha memória,
00:41:25que estava fazendo um negocinho e pronto.
00:41:27Aí eu vou para casa,
00:41:28já não fico agoniado com um negócio desse assim.
00:41:30E tem que cantar naturalmente,
00:41:31como é a música, né?
00:41:32Independente.
00:41:33Mas a música é gostosa, né?
00:41:34A música fica na cabeça.
00:41:35E assim,
00:41:36desse jeito,
00:41:38é que às vezes ficou muito difícil para fazer.
00:41:42Uma vez eu quase saí
00:41:43de um disco de Alcione,
00:41:48porque foi pedido para mudar a primeira vez,
00:41:51um negócio da segunda parte,
00:41:52a segunda.
00:41:53Quando veio a terceira vez,
00:41:54eu falei,
00:41:55parou.
00:41:56Não, acho que ela...
00:41:56Acho que nem...
00:41:57Não, mandou.
00:41:59Mas eu não fiz a terceira vez.
00:42:00Ele falou,
00:42:01não, pô.
00:42:01Eu não mexo.
00:42:02Acabou.
00:42:03Não mexo mais.
00:42:04Se não quiser gravar,
00:42:05porque eu estava percebendo
00:42:07que era um pedido só de um produtor.
00:42:08não era da Alcione.
00:42:12Era um produtor que estava querendo mexer.
00:42:14Eu falei,
00:42:15não tem cabimento isso.
00:42:16Não tem cabimento.
00:42:17Chegamos onde tínhamos que chegar, sabe?
00:42:20E aí eu acho que não...
00:42:21E não mexi mesmo, não, sabe?
00:42:23Então é ruim para mim.
00:42:25Por isso que a coisa do Sambirredo
00:42:27também fica complicado.
00:42:28E Moleque Atrevido
00:42:29foi da turma ali do Exalta Samba?
00:42:32Foi.
00:42:33Foi Exalta, né?
00:42:34É o Pélices ainda.
00:42:35É, com o Pélices ainda.
00:42:37O menino que saiu...
00:42:39O Lourinho.
00:42:40O Krigor.
00:42:41Krigor.
00:42:44O menino levou para mim
00:42:45que havia um grupo aqui em São Paulo
00:42:47que andava muito, muito,
00:42:53caminhava muito bem
00:42:54para dentro do Samba mesmo e tal.
00:42:56Mas porque eles andavam
00:42:57com a calça tudo apertadinha,
00:42:59aí pintava o cabelo de louro e tal,
00:43:00não sei o quê.
00:43:01Aí tinha uns dois jornalistas
00:43:03que desciam o cacete nele e tal
00:43:05para não...
00:43:06Que aí não podia ser e tal.
00:43:08E aí...
00:43:09Eu acho que foi o Bira Vair,
00:43:11se não me engano.
00:43:13Eu acho que foi.
00:43:14Que pediu?
00:43:15É, pediu para eu poder fazer,
00:43:16ver se tinha música
00:43:17para poder cantar para eles.
00:43:20Aí eu sabia que eu tinha
00:43:21já essa música ali, exatamente.
00:43:23Só para dizer...
00:43:26Mas peraí, foi Moleque Atrevido?
00:43:27Moleque Atrevido que você falou, né?
00:43:27Moleque Atrevido, é.
00:43:29Quem foi que falou
00:43:30que eu não sou Moleque Atrevido?
00:43:31Respeite quem pôde chegar
00:43:32onde a gente chegou.
00:43:34É.
00:43:35Mas é...
00:43:36Essa história, Bira,
00:43:37que você contou.
00:43:38Eu estou fazendo uma confusão?
00:43:39Estou te falando?
00:43:40Não, mas é isso mesmo.
00:43:41Acho que você vai ter que me chamar
00:43:42aqui de novo,
00:43:42se eu estiver errado.
00:43:44Sabe?
00:43:44Para poder comentar,
00:43:45por exemplo,
00:43:45alguma coisa que falava
00:43:47que era...
00:43:49que...
00:43:51Estou fazendo confusão.
00:43:53Eu vi anos atrás
00:43:54você contando essa história.
00:43:55dizer que você até não conhecia
00:43:59tanto assim ainda
00:44:00eles e tal
00:44:01e você quis se certificar
00:44:02mas eles conhecem,
00:44:03eles são bons e tal
00:44:04porque assim,
00:44:05a sua letra foi saindo
00:44:07como alguém
00:44:07que está respondendo
00:44:09mas que conhece a tradição,
00:44:10que assimila o conhecimento.
00:44:12Aquilo que eu estava falando
00:44:13para você
00:44:13até nos bastidores aqui.
00:44:15E essa música
00:44:16casa perfeitamente com você, né?
00:44:18Pois é.
00:44:18Ela...
00:44:19Para tanta gente
00:44:20de nova geração
00:44:21que vem chegando
00:44:22alguns botando banca
00:44:23outros não e tal
00:44:24mas você que
00:44:26cuja história
00:44:27se confunde com o samba
00:44:28cantar aquilo, né?
00:44:29Tem um...
00:44:30Tem um...
00:44:31Olha, chega devagar aí
00:44:32que eu venho lá
00:44:33daquele tempo
00:44:34a gente ajudou
00:44:35a construir isso tudo, né?
00:44:37E hoje eu estou abrindo
00:44:38cantando o Respeito
00:44:39quem pode chegar
00:44:40onde a gente chegou
00:44:41Respeito quem pode chegar
00:44:45onde o vovô chegou
00:44:46Eu falo muito do vovô
00:44:47Já virou vovô mesmo?
00:44:49Porque eu me sinto muito
00:44:49à vontade com isso.
00:44:50Já tem seus netinhos?
00:44:51É, quatro.
00:44:52Quatro netos?
00:44:53Que beleza.
00:44:54Feliz da vida.
00:44:56Já tem que estar
00:44:56todo mundo já se envolvendo
00:44:57comigo
00:44:58de trabalhar
00:45:00de alguma forma, né?
00:45:01Hoje eu trabalho
00:45:01eu trabalho
00:45:02minha Vânia, Tânia
00:45:03que estão por aqui
00:45:05e eu sempre tem
00:45:06achei que não
00:45:07não poderia
00:45:08tê-las comigo
00:45:09porque
00:45:11via também
00:45:12esse meio
00:45:13como uma arena
00:45:14de pessoal
00:45:16vinha aqui na garganta
00:45:17e tal
00:45:17então eu quis evitar
00:45:19o máximo que pude
00:45:20sabe?
00:45:21Mas
00:45:21estava certo
00:45:24e estava errado
00:45:24também ao mesmo tempo
00:45:25sabe?
00:45:26Está sendo muito bom
00:45:27para que eu possa
00:45:28tê-las
00:45:29ao meu entorno
00:45:30e nós
00:45:32trabalhar
00:45:33e conversar melhor
00:45:34e eu tentar entender
00:45:35e aprender
00:45:36muita coisa
00:45:36que é o perfil
00:45:38hoje em dia
00:45:38de mercado
00:45:40digamos assim
00:45:40né?
00:45:41Por estar afastado
00:45:42achar que
00:45:44bom
00:45:44eu tenho que
00:45:44me proteger
00:45:45e proteger
00:45:46meus iguais
00:45:47e nem sempre
00:45:49é isso
00:45:49né?
00:45:49Depois você fica
00:45:50imaginando
00:45:51que se você não
00:45:53largar lá
00:45:53também nunca vai
00:45:54aprender como é
00:45:55que é brigar
00:45:55como é que é
00:45:56apanhar
00:45:57principalmente
00:45:57né?
00:45:58Então a gente está
00:45:59trocando
00:45:59esses conhecimentos
00:46:01que está sendo
00:46:01muito bom
00:46:02Legal
00:46:02Madeleine Lasco
00:46:04que é colunista
00:46:05do portal
00:46:05O Antagonista
00:46:06e é fã
00:46:07do Jorge Aragão
00:46:08fez questão
00:46:08de mandar em vídeo
00:46:09uma pergunta
00:46:10para ele
00:46:10vamos soltar a produção
00:46:11pode colocar
00:46:12Oi Felipe
00:46:14pessoal do Antagonista
00:46:16obrigada Felipe
00:46:17pela generosidade
00:46:18de me deixar
00:46:18fazer uma pergunta
00:46:19de fã
00:46:20porque eu sou
00:46:21muito fã
00:46:22do Jorge Aragão
00:46:24muito
00:46:25todo o hino
00:46:27e amigo meu
00:46:28foi celebrado
00:46:29com o
00:46:29Vou Festejar
00:46:30desde sempre
00:46:32amo a parceria
00:46:34do Jorge Aragão
00:46:35com Almir Guinetto
00:46:36coisinha do pai
00:46:38que meu pai
00:46:39ouvia
00:46:39mas enfim
00:46:40para de tjetar
00:46:41eu quero fazer
00:46:42aqui uma pergunta
00:46:43de fã também
00:46:45espiritual
00:46:46você passou
00:46:47recentemente
00:46:49por um grande
00:46:49desafio de saúde
00:46:51na sua vida
00:46:52e ficou mais
00:46:53pública
00:46:54né?
00:46:55a sua fé
00:46:56em São Jorge
00:46:58eu sou pessoa
00:46:59de muita fé
00:47:00a gente viu
00:47:01as suas declarações
00:47:04você tem até
00:47:04samba
00:47:05para São Jorge
00:47:06mas enfim
00:47:06eu queria saber
00:47:07qual é exatamente
00:47:08o papel da fé
00:47:09na sua vida
00:47:11e se depois
00:47:12desse calvário
00:47:14que você atravessou
00:47:15e está tão bem
00:47:15aqui com a gente
00:47:16isso mudou
00:47:18de alguma forma
00:47:20se depois
00:47:21da gente chegar
00:47:22na idade madura
00:47:23a fé também
00:47:24cresce
00:47:25é isso
00:47:27obrigada
00:47:28beijo
00:47:28para todo mundo
00:47:29aí
00:47:29fundamental
00:47:31a coisa
00:47:31da fé
00:47:33eu
00:47:33na família
00:47:35católica
00:47:37passaram por
00:47:39um bandista
00:47:40também
00:47:40fases na vida
00:47:42da minha família
00:47:44né?
00:47:45e
00:47:46atualmente
00:47:48depois mais
00:47:50para cá
00:47:50ficaram
00:47:51jorei
00:47:52né?
00:47:53foram fazer
00:47:53é
00:47:55mexução
00:47:57eu escutei
00:47:58sempre tudo isso
00:47:59na minha vida
00:48:00então
00:48:01só mistura
00:48:02muito
00:48:02de tudo isso
00:48:04que eu
00:48:04com as quais
00:48:06eu convivi
00:48:06e
00:48:08essa fé
00:48:11eu acho que ela
00:48:12acabou
00:48:12é
00:48:13ela naturalmente
00:48:15agarrada
00:48:16eu agarrado com ela
00:48:18porque
00:48:20já desde
00:48:22o início
00:48:22do ano 2000
00:48:23é que eu
00:48:26comecei
00:48:27a sentir
00:48:29essas coisas
00:48:31do que é viver
00:48:31perigosamente
00:48:32quando foi
00:48:34quando abri o peito
00:48:35é
00:48:36serrado
00:48:38mesmo
00:48:38feito
00:48:39para poder
00:48:39fazer
00:48:41tristafenas
00:48:42amamara e tal
00:48:44já era coisa do coração
00:48:45sabendo do histórico
00:48:47também da minha família
00:48:49todos os
00:48:50os homens
00:48:51do lado do meu pai
00:48:53né?
00:48:54avô
00:48:54tios
00:48:55todo mundo
00:48:56foi
00:48:58foi todo mundo cardiopata
00:48:59todo mundo coraçãozinho
00:49:00tem que bater
00:49:00o pum
00:49:01foi embora
00:49:01tem que bater
00:49:02foi embora
00:49:02todo mundo
00:49:02e eu
00:49:04porque que eu iria
00:49:05ser diferente
00:49:06né?
00:49:06então já isso
00:49:07nessa época
00:49:09eu já comecei
00:49:11a me agarrar
00:49:12a acreditar
00:49:13em alguma coisa
00:49:14porque
00:49:14era
00:49:15foi muito
00:49:16muito
00:49:16era muito assim
00:49:18parecia perigoso
00:49:19olhar pra mim mesmo
00:49:20e ver aí
00:49:21uma espécie de um buraco
00:49:22e ver o tempo todo
00:49:23ele
00:49:24ele
00:49:24ele
00:49:24de dentro pra fora
00:49:26porque é assim
00:49:27que você vai curando
00:49:28né?
00:49:28eu nunca tinha reparado nisso
00:49:30mas você fazendo
00:49:31os curativos
00:49:34né?
00:49:34você vai vendo
00:49:34cada dia
00:49:35vai
00:49:35e até ficar de novo
00:49:37isso aqui
00:49:39reto
00:49:39então tudo isso
00:49:42é
00:49:42a gente tem que se apegar
00:49:43a alguma coisa
00:49:44você tem que rezar
00:49:45alguém falou que
00:49:47quando o avião treme
00:49:50começa a balançar
00:49:50não tem ateu
00:49:51né?
00:49:51que existe
00:49:52que resista
00:49:53alguma coisa assim
00:49:54é
00:49:55e eu
00:49:57eu aprendi isso
00:49:58então
00:49:58tudo aquilo que eu tive
00:50:00em casa
00:50:00meu ensinamento
00:50:01a infância
00:50:01que eu convivi
00:50:04eu assimilei
00:50:05e acabei
00:50:06carregando comigo
00:50:09São Jorge
00:50:10como
00:50:11assim
00:50:14um escudo
00:50:15não é?
00:50:17abaixo de Deus
00:50:18então
00:50:20isso tudo
00:50:21de poder
00:50:21de vez em quando
00:50:22também falar
00:50:23ou deixar inserido
00:50:24nas entrelinhas
00:50:26que eu tenho
00:50:29esse contato
00:50:30com a fé
00:50:31e gosto
00:50:31eu sempre que puder
00:50:34eu vou fazer
00:50:35e vou falar
00:50:35e na maioria
00:50:37das vezes
00:50:37quase ninguém
00:50:38percebeu
00:50:38que eu estava
00:50:39falando
00:50:39de religião
00:50:40sabe?
00:50:41pouquíssimas vezes
00:50:42ser maravilhoso
00:50:45é uma delas
00:50:46que eu falo
00:50:46mas também
00:50:48não quis me questionar
00:50:49o que as pessoas
00:50:50vão pensar
00:50:51dessa música aqui
00:50:52sabe?
00:50:53falsos avatares
00:50:54aos milhares
00:50:54Cristo disse bem
00:50:56chegariam
00:50:58para fazer
00:50:59do povo
00:51:00seu refém
00:51:00mas o sopro
00:51:03de uma fé
00:51:04é bem mais forte
00:51:04que o pilar
00:51:05de um templo
00:51:06faz tempo
00:51:07deixe quem quiser
00:51:10cantar a lira
00:51:12alguma coisa assim
00:51:13é perdido
00:51:14né?
00:51:15que beleza
00:51:15mas eu falo isso
00:51:17naturalmente
00:51:18mas não estava
00:51:18não fico preocupado
00:51:20que alguém vai perceber
00:51:21que é
00:51:21e tem várias músicas
00:51:23assim
00:51:23que eu falo
00:51:24da religião
00:51:25que Deus manda
00:51:26você vê?
00:51:27na hora que mais se precisa
00:51:28mandou para você
00:51:30estou falando que eu tenho que voltar aqui
00:51:33e aí meu amigo
00:51:36querida
00:51:38Amadá
00:51:38Amadá
00:51:39Amadá né?
00:51:39é dessa forma
00:51:41que eu
00:51:41que eu
00:51:43eu tenho meu dia a dia
00:51:45e fico
00:51:46vendo
00:51:47convivendo
00:51:48naturalmente
00:51:52porque
00:51:52foram muitas
00:51:55hoje eu tenho
00:51:55eu tenho 28
00:51:56estentes no coração
00:51:57depois daquilo ali
00:51:59vieram os estentes
00:52:00ainda bem que eu estou
00:52:01vindo junto
00:52:01com o que eu mais amo
00:52:03que é a tecnologia
00:52:04de aprender
00:52:06desde o início
00:52:06de ver desde o início
00:52:08chegando tudo aqui
00:52:09e eu fiquei muito
00:52:10muito assim
00:52:11curioso
00:52:12interessado
00:52:12e até hoje
00:52:13eu convivo com
00:52:15com o que tem
00:52:16assim
00:52:16de mais moderno
00:52:18da tecnologia
00:52:19eu estou ali
00:52:20junto comigo
00:52:21dentro de casa
00:52:21e só
00:52:22para fazer música
00:52:23é gostado
00:52:25que eu não uso
00:52:25para nada
00:52:25que eu tenho que ter
00:52:27um smartphone aqui
00:52:28o outro aqui
00:52:29daí boto uma caixinha
00:52:30pequenininha
00:52:31eu fico assim
00:52:31nova ferramenta de trabalho
00:52:34exatamente
00:52:35é pequenininho
00:52:36onde eu gosto
00:52:37de ficar
00:52:38sabe
00:52:38nada grande não
00:52:40mas eu convivo
00:52:41com essas coisas
00:52:42então
00:52:42de 28 estentes
00:52:44então cada um
00:52:45cada vez que eu ia
00:52:46para um evento desse
00:52:47quer dizer
00:52:48só sendo
00:52:49tendo fé mesmo
00:52:50senão você não vai
00:52:51conseguir passar
00:52:52por nada
00:52:53quando chegou
00:52:55a época do covid
00:52:57desviei de tudo
00:52:59quanto é lado
00:52:59para não pegar
00:53:00mas eu peguei
00:53:01quem é
00:53:03que ia colocar
00:53:03na minha cabeça
00:53:04meu amigo
00:53:05que eu
00:53:07gordo
00:53:08idoso
00:53:09cardiopata
00:53:10diabético
00:53:12quem é que
00:53:13ia botar
00:53:13na minha cabeça
00:53:14que eu ia passar
00:53:14ia conseguir
00:53:16superar
00:53:17era tudo
00:53:19que
00:53:19a covid
00:53:20estava levando
00:53:20milhares
00:53:22milhares
00:53:22passeio
00:53:26conseguiu
00:53:26superou
00:53:27está aqui com a gente
00:53:28cada ida
00:53:28dessa sua
00:53:29hospital
00:53:29foi um susto
00:53:30na gente
00:53:30também
00:53:31mas eu falo
00:53:33sempre para as pessoas
00:53:33eu sou o primeiro
00:53:34a tomar susto
00:53:35não fica pedindo
00:53:36para não dar susto
00:53:37não porque eu sou o primeiro
00:53:37a sentir esse susto
00:53:39e aí
00:53:39eu vou lembrar
00:53:42de uma música
00:53:43também que eu fiz
00:53:43logo depois
00:53:44que eu saí disso
00:53:45do covid
00:53:49o ano passado
00:53:52exatamente em junho
00:53:54comecei a ter
00:53:56os sintomas
00:53:57do linfoma
00:53:58e aí de novo
00:54:01não tem
00:54:01acho que não tem
00:54:02ninguém que possa
00:54:03ouvir dizer
00:54:03que está com câncer
00:54:05que alguém de novo
00:54:05vai ficar curado
00:54:06aí
00:54:06você imagina
00:54:08que são só palavras
00:54:08de conforto
00:54:10de dar força
00:54:11e tal
00:54:11aí mais uma vez
00:54:14não
00:54:15agora realmente
00:54:17essa coisa
00:54:19do cardiopata
00:54:20é tão forte
00:54:20mas acabou
00:54:21vindo um câncer
00:54:24que não vai
00:54:25não vai dar
00:54:26acho que agora
00:54:28não tem mais jeito
00:54:29não
00:54:30um ano depois
00:54:32eu estou
00:54:32com uma agenda
00:54:33que eu nunca tive
00:54:34na minha vida
00:54:35nunca
00:54:35nunca
00:54:36meu cabelo
00:54:38ficou liso
00:54:38está mais liso
00:54:39do que o seu
00:54:39eu não sei
00:54:41como é que é isso
00:54:41aqui
00:54:41o cabelo
00:54:42começou
00:54:42eu fico rindo
00:54:44muito
00:54:44cadê meu cabelo
00:54:46pichão
00:54:46tinha um cabelo
00:54:47pichão
00:54:48que assim
00:54:48fez um vídeo
00:54:49outro dia
00:54:50para dizer
00:54:50não uso o boina
00:54:51para esconder a careca
00:54:52não
00:54:52é o hábito
00:54:54pois é
00:54:54o chapéu
00:54:55eu sempre usei
00:54:56as pessoas perguntam
00:54:57mas desde
00:54:57de garoto
00:54:58que eu uso o chapéu
00:55:00então essa é a minha vida
00:55:02que bom
00:55:03que está aí
00:55:04com a fé em acreditar
00:55:05que realmente
00:55:05eu vou
00:55:06continuar seguindo
00:55:08por aí
00:55:08e agora
00:55:09mais ainda
00:55:10porque
00:55:10eu tenho
00:55:12a noção
00:55:13totalmente clara
00:55:16que eu
00:55:18eu posso ir
00:55:20para onde
00:55:20Deus
00:55:20queira me levar
00:55:22né
00:55:23porque
00:55:25eu
00:55:26eu vou deixar
00:55:28as pessoas
00:55:29cantando
00:55:29como se eu tivesse
00:55:31plantado uma árvore
00:55:32né
00:55:32é
00:55:33sua voz é eterna
00:55:34suas músicas são eterna
00:55:35a gente já está caminhando
00:55:36para o final
00:55:36mas tem uma pessoa
00:55:38já que a gente deu um toque feminino
00:55:39trazendo a Madá
00:55:40eu não posso deixar de citar
00:55:41que é Doni Vonilar
00:55:42você sabe que
00:55:43uns 20 anos atrás
00:55:44eu cheguei a
00:55:46abordar você
00:55:47você não vai lembrar
00:55:48evidentemente
00:55:49eu era um garoto ali
00:55:50ali na
00:55:51Tibé Filme
00:55:52Estúdios Mega
00:55:52lá no Maitá
00:55:54você ia lá gravar
00:55:55porque a Indie Records
00:55:56era parceira do grupo
00:55:57e aí
00:55:58eu acompanhei
00:55:59umas gravações sul
00:56:00acompanhei do fundo de quintal
00:56:02e tal
00:56:02porque eu estava lá
00:56:03roteirizando
00:56:03querendo fazer filme
00:56:04e tal
00:56:05e eu fiz um filme
00:56:05do aniversário de 85 anos
00:56:07da Doni Voni
00:56:08e aí eu peguei
00:56:09um depoimento seu
00:56:10ali entre uma gravação
00:56:11e outra e tal
00:56:12para você mandar
00:56:13um abraço para ela
00:56:14e você fez
00:56:15assim de uma maneira
00:56:16fantástica
00:56:17e contou um pouco
00:56:17da história do enredo
00:56:18do meu samba
00:56:19que é uma parceria
00:56:19de vocês
00:56:20aí acho que ela
00:56:21tinha mandado a primeira
00:56:22você completou
00:56:24e tal
00:56:24que é
00:56:25ali tem alguns sambas
00:56:26com essa temagem
00:56:27que é o amor
00:56:27na metáfora do samba
00:56:29como é que foi
00:56:30a sua parceria
00:56:31a sua convivência
00:56:31com a Doni Voni
00:56:32essa mistura
00:56:33primeiro é o melhor do mundo
00:56:34porque você já saia
00:56:35para poder fazer um samba
00:56:37e que você sabia
00:56:38que você ia comer
00:56:39também bem
00:56:40né
00:56:40porque a gente tinha
00:56:41que fazer
00:56:42eu fazer música com ela
00:56:43era sinônimo
00:56:44de que ela ia fazer
00:56:45uma comida
00:56:45e eu saia
00:56:46também
00:56:46satisfeito
00:56:48e aí
00:56:49foi bem tranquilo
00:56:50o difícil
00:56:52foi
00:56:52eu não consegui
00:56:54na época
00:56:55passar para ela
00:56:56que eu estava
00:56:56fazendo samba
00:56:57de amor
00:56:58mas eu estava
00:56:59misturando com o desfile
00:57:01das escolas de samba
00:57:02alguns momentos
00:57:03né
00:57:03que eu usava
00:57:04o que que era
00:57:05do desfile
00:57:05o que que era
00:57:06o que é uma relação
00:57:07das pessoas
00:57:08né
00:57:09eu quis muito
00:57:10essa mistura
00:57:11para poder escrever
00:57:12eu gosto disso até hoje
00:57:13de fazer essa
00:57:14descrever
00:57:16como se fosse
00:57:17deixar a coisa subjetiva
00:57:19né
00:57:19se eu puder
00:57:20não falar claramente
00:57:22aquilo que eu quero
00:57:23fica melhor
00:57:24que eu continuo
00:57:25no meu mundo
00:57:26aqui escondidinho
00:57:26as pessoas pensando
00:57:27no negócio
00:57:28eu estou falando
00:57:28nada disso
00:57:29mas é
00:57:29é o jeito de cada um
00:57:31Jorge Dragão
00:57:32senhoras e senhores
00:57:33eu acho que eu vou ter
00:57:34que pedir uma palhinha
00:57:35final né
00:57:35qual seria
00:57:37assim uma música
00:57:38para você deixar
00:57:39tanto assunto
00:57:40para a gente falar
00:57:40tem que voltar
00:57:41mais vezes aqui
00:57:42para a gente falar
00:57:42de Ave Maria
00:57:43de Vila Lobos
00:57:44de parceria
00:57:46com Kleber Augusto
00:57:47né
00:57:47Lucidez
00:57:47Minhas Andanças
00:57:48né
00:57:49tanto assunto
00:57:50é que nem o show dele
00:57:51ele vai no show
00:57:52eu vou no show
00:57:53do Jorge Dragão
00:57:54aí ele canta
00:57:54todas aquelas músicas
00:57:55e eu falo
00:57:55faltou essa
00:57:56faltou essa
00:57:56porque não cabe
00:57:57não cabe no show
00:57:59eu era moleque
00:57:59eu ia lá
00:58:00levava até cartaz
00:58:01com o nome da música
00:58:02lembra que eu perguntei
00:58:02lá na Brasil Conference
00:58:03Conquistador de Cera
00:58:05que é aquela
00:58:05que se passa em Brasília
00:58:06não estava no repertório
00:58:08do show
00:58:08e eu queria que cantasse
00:58:09porque né
00:58:10tem aquela música
00:58:11lá do B
00:58:12né
00:58:12que não entra nos hits
00:58:14e tal
00:58:14mas que a gente adora
00:58:15né
00:58:15que conhece mais
00:58:16que bom
00:58:17qual seria aí
00:58:19uma palhinha final
00:58:20do Jorge Dragão
00:58:21aqui no podcast
00:58:22o A
00:58:22dá tempo de ser
00:58:25com uma história
00:58:25é uma inédita
00:58:27pode ser
00:58:28se você puder
00:58:29pode passar por tudo
00:58:29quanto é lado aí
00:58:30andando
00:58:31as pessoas perguntando
00:58:32de qual escola de samba
00:58:36eu pertenço
00:58:37para a qual eu torço
00:58:38e eu sempre respondendo
00:58:39a mesma coisa
00:58:40eu gosto
00:58:40a mesma coisa
00:58:41eu gosto do carnaval
00:58:41não é
00:58:42eu nunca
00:58:43infelizmente
00:58:44nunca fiquei
00:58:44pertencendo
00:58:45a uma escola
00:58:46de samba
00:58:47memorando
00:58:48em Padre Miguel
00:58:48depois
00:58:50lá no Cacique de Ramos
00:58:52achava que era
00:58:52da Imperatriz
00:58:54Lepoldinense
00:58:54com Martinho
00:58:56na Vila Isabel
00:58:56e aí teve uma época
00:58:58que o Beto Sembrassa
00:58:59que era o compositor
00:59:00perdão
00:59:01era o diretor
00:59:03da aula de compositores
00:59:05e eu fiz uma música
00:59:06o Martinho me impediu muito
00:59:07porque o Beto Sembrassa
00:59:09empurrava muito ele
00:59:09para poder fazer isso
00:59:11para que eu fosse
00:59:12para lá
00:59:13para a aula de compositores
00:59:14e aí eu fiz uma música
00:59:15e eu estava
00:59:15no início da minha carreira
00:59:16ainda também
00:59:17e aí eu fiz
00:59:19eu escrevi assim
00:59:20falando com o Martinho
00:59:24para dar recado
00:59:25para o Beto Sembrassa
00:59:26eu agradeço
00:59:27porque fui lembrado
00:59:29tanto não mereço
00:59:30duas vezes obrigado
00:59:32a primeira vez
00:59:33porque
00:59:34ouvi meu nome
00:59:35ventilado
00:59:36para fazer parte
00:59:37da escola
00:59:38para entender
00:59:39mais do riscado
00:59:40a segunda vez
00:59:41por ter
00:59:42meu canto
00:59:42considerado
00:59:43sem falar
00:59:45do privilégio
00:59:46de fazer samba
00:59:47ao seu lado
00:59:47que é o Martinho
00:59:48né
00:59:48alguém da raiz
00:59:50do samba
00:59:51ainda espera
00:59:52a sua hora
00:59:53como eu vou
00:59:54para o seu lugar
00:59:55se eu cheguei
00:59:56para o samba
00:59:57agora
00:59:57caso eu esteja
00:59:59errado
00:59:59depois conto
01:00:00como foi
01:00:01e você
01:00:02Beto Sembrassa
01:00:04se possível
01:00:04me perdoe
01:00:06foi isso
01:00:07que beleza
01:00:07Jorge Aragão
01:00:09senhoras e senhores
01:00:09que alegria imensa
01:00:11muitíssimo obrigado
01:00:12pela participação
01:00:13muito contente
01:00:14obrigado por conduzir
01:00:15é muito difícil
01:00:16de eu falar
01:00:16de eu querer
01:00:17abrir muito
01:00:18o que eu tenho
01:00:19que contar
01:00:20mas
01:00:20quando você tem
01:00:21uma pessoa
01:00:21como você
01:00:22para conduzir
01:00:22eu fiquei muito feliz
01:00:23muito contente
01:00:24a gente também
01:00:25e está
01:00:25dia 21 agora
01:00:27de setembro
01:00:27de 2024
01:00:28que eu sei
01:00:28que esse vídeo
01:00:29vai ser visto
01:00:30nos próximos anos
01:00:31nas próximas décadas
01:00:32tem Jorge Aragão
01:00:32até no Rock in Rio
01:00:34ele ultrapassou
01:00:35todas as fronteiras
01:00:36e a gente
01:00:37continua aqui
01:00:38nesse trabalho
01:00:38expandindo os nossos temas
01:00:40tratando o universo
01:00:41cultural
01:00:41acompanhe também
01:00:42o Papo Antagonista
01:00:43de segunda a sexta
01:00:44às 18h
01:00:45ao vivo
01:00:46no canal de Youtube
01:00:46de O Antagonista
01:00:47e o nosso portal
01:00:48oantagonista.com.br
01:00:50um grande abraço
01:00:51a todos vocês
01:00:52e até o próximo
01:00:53podcast O.A.
01:00:54valeu Aragão
01:00:55obrigado
01:00:55obrigado
01:00:55a todos vocês
01:00:57a todos vocês
01:00:57a todos vocês
01:00:59Legenda por Sônia Ruberti